Mark Weber |
A
definir “judeu” nunca tem sido simples. É ele alguém que pratica o judaísmo, a
religião judaica, ou é ele identificado por sua ascendência? Enquanto muitos
americanos assumem que os judeus são essencialmente um grupo religioso, os
próprios judeus tomam por admitido que a comunidade deles é muito mais
étnica-nacional do que é religiosa.
Benjamin
Netanyahu, que tem servido como Primeiro Ministro de Israel, francamente vê os
judeus como membros de um grupo racial. Falando para uma reunião de quase mil
judeus no Sul da Califórnia, ele disse: “Se Israel não tivesse vindo à
existência após a Segunda Guerra Mundial [sic] eu estou certo que a raça
judaica não teria sobrevivido.” (Daily Pilot, Newport Beach / Costa
Mesa, 8 de fevereiro, 2000, primeira página).
O
líder israelense passou a exortar sua audiência: “Eu me posto diante de vocês e
digo que vocês que devem fortalecer seu compromisso para com Israel. Vocês
devem tornarem-se líderes e levantarem-se como judeus. Nós devemos estar
orgulhosos de nosso passado, sermos confiantes de nosso futuro.” (Similares
apelos diretos por não-judeus para orgulho racial étnico são, naturalmente,
rotineiramente condenados como “racistas” ou “neonazistas.”).
Ecoando
Netanyahu, um jornal influente da comunidade judaica com um público de alcance
nacional referiu-se aos judeus como um grupo racial. Um editorial intitulado “Alguma
outra raça” em 17 de março de 2000, edição do semanário de Nova Iorque Foward
instigou os leitores a preencherem um formulário do censo do governo
federal. Prosseguindo ele sugere: “... na questão oito [do formulário, a qual
pergunta sobre raça], você deve considerar fazer mais que um membro de nosso
redaktzia [redação editorial] tem feito: verificando o formulário: 'alguma
outra raça' e escrevendo a palavra 'Judeu'.”
Charles
Bronfman, um proeminente patrocinador dos $210 milhões do projeto “Birthright
Israel” para “auto consciência” dos judeus americanos, expressou um sentimento
similar. Ele é co-presidente da poderosa companhia Seagram, e irmão de Edgar
Bronfman, presidente do Congresso Mundial Judaico. “Você pode viver uma vida perfeitamente
decente não sendo judeu,” disse Charles Bronfman, “mas eu acho que você está
perdendo muito – perdendo o tipo de sentimento que você tem quando você sabe
[que] através do mundo existem pessoas que de algum modo ou outro tem o mesmo
tipo de DNA que você tem.” (“Project
Reminds Young Jews of Heritage,” The Washington Post, 17 de janeiro de
2000, página A 19).
Theodor
Herzl, o fundador do movimento sionista moderno, enfatizou em seu livro seminal
Der Judenstaat (“O Estado Judeu”), publicado em 1896, que os judeus
envolta do mundo constituem um Volk, isto é, um povo ou nacionalidade,
com interesses diferentes daqueles dos não-judeus entre os quais eles vivem. Em
acordo a isso figuras políticas israelenses e os líderes da comunidade judaica
nos Estados Unidos rotineiramente falam do “povo judeu”.
Consistente
com isso, os líderes judeus expressam alarme que muitos judeus estão se casando
com não judeus (uma atitude que é denunciada como “racista” se expressada por
não-judeus). Charles S. Liebman, um professor na Universidade Bar-llan em
Israel, direta e francamente declara que o casamento interracial “viola as mais
básicas normas de judaísmo [e] ameaça a sobrevivência judaica.” (Los Angeles
Times, 17 de abril, 2000).
Por
décadas um pequeno número de judeus americanos – notavelmente Alfred Lilienthal,
autor de Zionist Connection, e o Rabino Elmer Berger, líder do Conselho
Americano para o Judaísmo – trabalharam duro para convencer companheiros judeus
a rejeitar o nacionalismo judaico (Sionismo), e ao invés, ver a eles mesmos
como um grupo religioso. Surpreendentemente, porém, os judeus têm rejeitado
tais apelos. De fato, algumas das mais proeminentes personalidades judaicas do
século passado – incluindo Albert Einstein, Ilya Ehrenburg, e o Primeiro
Ministro de Israel, David Ben-Gurion – têm sido não-religiosas[1].
Como
uma questão de básica política estatal, a atividade de Israel encoraja a
imigração de judeus – definidos por ascendência – de todo o mundo, enquanto ao
mesmo tempo desencorajam fortemente o assentamento por não-judeus, mesmo proibindo
imigração de não-judeus que nasceram no que é agora Israel.
Tradução por Mykel Alexander
Nota
[1] Nota do tradutor: A relação de Albert
Eistein com a religião sempre foi motivo de polêmica dada a popularidade e uso
da imagem deste cientista, contudo, o parecer religioso dele não se encontra
nem no extremo materialista ou no ateísmo e nem no extremo do fanatismo
religioso, na verdade se encontrando mais próximo das correntes tradicionais
não abraâmicas, tais como as que combinam religião, ciência e filosofia
presentes entre hindus, chineses e greco-romanos por exemplo, se termos em
conta as afirmações abaixo emitidas por Einstein:
“Não posso
imaginar um Deus pessoal que influencia diretamente a ação das pessoas... Minha
religiosidade consiste em uma humilde admiração do espírito infinitamente
superior que se revela no pouco que compreendemos de nosso próprio mundo. A
profunda convicção na presença de um poder superior, que aparece no universo
incompreensível, forma minha ideia de Deus”, disse Einstein em carta de 1927,
publicada em seu obituário no Times,
em 1955.
Fonte: “Ateu, agnóstico,
religioso? Entenda relação de Einstein com Deus - Carta em que cientista
escreveu sobre assunto no fim da vida foi leiloada por R$ 11 milhões”, O Globo,
05/12/2018 - 15:57 / Atualizado em 05/12/2018 - 16:06.
Fonte: Este item levemente
editado pelo próprio autor, foi primeiro publicado no Jornal do Institute of Historical Review,
Março-Abril 2000 (Vol. 19, nº 2), página 63.
Sobre o autor: Mark weber é um
historiador americano, escritor, palestrante e analista de questões atuais. Ele
estudou história na Universidade de Illinois (Chicago), na Universidade de
Munique (Alemanha), e na Portland State University. Ele possui um mestrado em
História Europeia da Universidade de Indiana. Desde 1995 ele tem sido diretor
do Institute for Historical Review, um centro independente de
publicações, educação e pesquisas de interesse público, no sul da Califórnia,
que trabalha para promover a paz, compreensão e justiça através de uma maior
consciência pública para com o passado.
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Relacionado, leia também:
Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber
Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen
Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton
American Jewry Raised $1 Billion for Israel in First Month of War, Scholars Say
ResponderExcluirThe Times of Israel
https://www.timesofisrael.com/american-jewry-raised-1-billion-for-israel-in-first-month-of-war-scholars-say/
North American Jewry raised about $1 billion for Israel in the first month of its war with Hamas, the authors of a new report estimated. The Jewish Federations of North America raised more than $600 million for Israel within a month of the outbreak of war, according to the report by scholars at Haifa University’s Ruderman Program for American Jewish Studies published Wednesday. The remaining $400 million figure is an estimation of donations raised in multiple campaigns by other communal and private organizations with a Jewish affiliation, including friendship associations supporting Israeli hospitals, universities and emergency services …
Eis a questão: as lideranças judaicas promovem atritos e conseguem arregimentar poder e recursos do próprio segmento judaico.
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