sábado, 17 de junho de 2023

Uma visão bizantina da Rússia e da Europa - por Laurent Guyénot

 

Laurent Guyénot


O próximo milênio russo

“Russianismo” é a promessa de uma cultura futura à medida que as sombras da noite se tornam cada vez mais longas sobre o mundo ocidental. As distinções entre o espírito russo e o ocidental não podem ser traçadas com muita precisão. Por mais profunda que seja a divisão entre o espírito, a religião, a política e a economia da Inglaterra, Alemanha, América e França, quando comparadas com a Rússia, essas nações subitamente aparecem como um mundo unificado.1

Assim escreveu Oswald Spengler#1 em Prussian Socialism,*1 publicado em 1919, entre os dois volumes de A Decadência do Ocidente.*2 Neste último, Spengler também previu que após o colapso do “Ocidente Faustiano”, uma nova força civilizacional surgiria na Rússia.

O Ocidente Faustiano se opõe a isso com todas as suas forças. Mas aconteça o que acontecer, o sol nascerá no leste para os povos europeus. O renascimento da fé e dos valores morais na Rússia veio para ficar, graças a uma forte aliança entre Estado e Igreja para a defesa dos valores familiares tradicionais. Para medir a distância com o Ocidente, deixe-me simplesmente recordar a lei federal ratificada em 2013 que proíbe e pune “propaganda de relações sexuais não tradicionais na frente de menores”. Nós só podemos sonhar com isso aqui. Em 4 de dezembro de 2015, Vladimir Putin, dirigindo-se à Assembleia Federal da Rússia*3 como todos os anos, colocou no topo das prioridades da Rússia “famílias saudáveis e uma nação saudável, [e] os valores tradicionais os quais herdamos de nossos antepassados”. Por isto somente a Rússia tornou-se agora o eixo da civilização em torno do qual a Europa deveria gravitar.

“Nossa salvação virá da Rússia”, afirmou o líder da oposição francesa Alain Soral há quatro anos (assista aqui*4 e mais vídeos com legendas em inglês aqui)*5. Dada a degeneração moral da população francesa, Soral desejava que as provocações bélicas da OTAN contra a Rússia acabassem por forçar Putin a travar uma blitzkrieg {uma investida bélica fulminante} preventiva na Europa Ocidental. Isso, disse ele, poderia “criar as condições para uma revolução nacional para restaurar a França”. As previsões de Soral muitas vezes se mostraram corretas, por exemplo, quando, em Understand the Empire, publicado há dez anos e agora traduzido para o inglês, ele viu o Ocidente caminhando em direção à “governança global em nome da saúde pública sob o ditame da Organização Mundial da Saúde, ” usando as pandemias como “outra construção baseada em fraude que permitirá à oligarquia global aterrorizar populações inteiras e subjugá-las a políticas autoritárias: vacinação obrigatória sob a supervisão das forças armadas, banimento de assembleias e assim por diante”. No ponto!

A visão de que um reavivamento espiritual e moral pode vir da Rússia para a Europa parece cada dia mais convincente. A Rússia preenche todas as condições para um equilíbrio frutífero entre nacionalismo e cristianismo. A Ortodoxia Russa é a união entre uma nação e sua Igreja. Isso faz uma inteira diferença com o catolicismo. Imagine que Putin tinha que buscar a bênção de um papa argentino em Roma! Nenhum impulso patriótico poderia surgir disso. Mais de 70% dos russos se identificam como cristãos ortodoxos porque ortodoxia significa ser russo.2

A Igreja Russa também tem o karma a seu lado: um grande número de mártires sob Lenin e Stalin. Embora não ela tenha absolutamente vivido sob este papel, a Igreja Russa simboliza a resistência da fé contra a ditadura comunista e seu materialismo ideológico, e pode afirmar ter sido ressuscitada com o sangue dos mártires.

Muito inteligente e habilmente, alguns diriam, a Igreja canonizou a família Romanov, que agora é homenageada na Igreja de Todos os Santos, construída no local de sua execução pelos bolcheviques judeus.#2 Enquanto a América desparafusa as estátuas de seus heróis, a Rússia descobre novas e as transforma em semideuses a partir delas. Imagine uma igreja católica sendo consagrada em homenagem a JFK no local de sua execução pela máfia judaica6.

Construir e reconstruir igrejas é uma parte chave da reconstrução da Igreja. A primeira e mais simbólica das dezenas de milhares de belas igrejas abertas desde 1991 é a Catedral de Cristo Salvador, não muito longe do Kremlin. Ela tinha sido explodida em 1931 e reconstruída 60 anos depois, graças a investimentos maciços do governo e de empresas privadas.

Admitidamente a fusão entre religião e patriotismo, incentivada pela Igreja e pelo Estado, alcança formas alarmantes, inéditas nos tempos czaristas, como a Catedral das Forças Armadas Russas, celebrando a “Vitória na Grande Guerra Patriótica”. Ela foi inaugurada em 22 de junho de 2020, aniversário da Operação Barbarossa, que é o “Dia da Lembrança e da Dor”. Ela não possui nenhuma estátua de Stalin, mas ordens do Exército Vermelho em seus vitrais, um claro lembrete de que a história da Segunda Guerra Mundial patrocinada pelo Estado é sagrada, pour les siècles des siècles. O revisionismo à la Suvorov*7 é uma blasfêmia. Isso é lamentável, especialmente porque a razão de Putin para invadir a Ucrânia preventivamente é muito semelhante ao motivo de Hitler para invadir a Rússia em 1941, se Suvorov e Sean McMeekin estiverem certos, como eu acredito que eles estejam.

A arquitetura da maioria das igrejas russas, velhas ou novas, tem um caráter decididamente nacional. As basílicas abobadadas são de fato uma elaboração do estilo bizantino. E isso é bastante natural, porque a Rússia moscovita é a herdeira espiritual de Bizâncio. A águia de duas cabeças no brasão da Rússia foi dada a Ivan, o Grande (1462-1505) como dote quando ele se casou com a sobrinha do último imperador bizantino. A moribunda Constantinopla confiou assim sua alma a Moscou. A partir de então, a Rússia foi o único reino ortodoxo. Assumindo que Moscou era agora a Terceira Roma, os governantes russos assumiram o título de “czar”, a eslavização de “César”.

A conversão à ortodoxia bizantina remonta à Rússia de Kiev, quando o rei Vladimir (980-1015) foi batizado e casado com uma irmã do imperador bizantino Basílio II. É dito que Vladimir abraçou o cristianismo ao invés do islamismo ou judaísmo depois que seus emissários lhe contaram sobre a beleza do culto bizantino em Constantinopla:

“nós não sabíamos se estávamos no céu na terra. Pois na terra não há tal esplendor ou tal beleza, e não sabemos como descrevê-los. Sabemos apenas que Deus habita entre os homens, e seu serviço é mais justo do que as cerimônias de outras nações.3

Vladimir e seu filho Yaroslav fizeram com que arquitetos bizantinos construíssem em Kiev uma basílica de Santa Sofia inspirada na de Constantinopla. A partir dessa época, explica John Meyendorff em Byzantium and the Rise of Russia: “a influência da civilização bizantina sobre a Rússia tornou-se o fator determinante da civilização russa”.4 Durante o cisma de 1054 e durante todas as vicissitudes de Constantinopla, a Rússia permaneceu fiel ao rito bizantino. Mesmo depois de 1261, quando Constantinopla era apenas uma sombra de seu passado glorioso, manteve seu prestígio e influência sobre as terras eslavas e, em particular, sobre o grande principado de Moscou.

            Conforme Nicolai Berdyaev escreveu em The Russian Idea (1946), a Rússia “une dois mundos e, dentro da alma russa, dois princípios estão sempre em íntimo conflito – o oriental e o ocidental”. Também nessa tensão interna, a Rússia é herdeira de Bizâncio, a antiga ponte entre a Ásia e a Europa.

A Rússia nunca esqueceu Constantinopla. Catarina II, imperatriz de todas as Rússias de 1762 até sua morte em 1796, esperava reconstruir o Império Bizantino incluindo Grécia, Trácia e Bulgária, e passá-lo para seu neto Constantino. Se o Império Otomano sobreviveu, foi principalmente graças aos britânicos. Na Guerra da Criméia (1853-1856), o sultão recebeu ajuda do Reino Unido e da França, que impuseram o Tratado de Paris à Rússia. Vinte anos mais tarde, o czar Alexandre II mais uma vez foi à guerra contra os otomanos que tinham acabado de afogar a revolta dos sérvios e búlgaros em um banho de sangue. Os otomanos capitularam com os russos às portas de Istambul. Mas o Império Britânico e a Áustria-Hungria vieram em socorro dos otomanos e, no Congresso de Berlim, devolveram a eles as nações cristãs emancipadas pelo czar, incluindo a Armênia, para maior de seus infortúnios.

Neste artigo, eu desejo mostrar que a geoestratégia do Grande Jogo, pela qual os britânicos e agora os americanos estão tentando cavar uma trincheira entre a Rússia e a Europa, é a continuação de uma guerra travada pela Europa Ocidental contra o Império Bizantino do século XI ao XV. Esta tese parece paradoxal se pensarmos que Constantinopla agora se chama Istambul, mas não se entendermos a filiação espiritual entre Constantinopla e Moscou. E se nós entendermos essa filiação, então um pano de fundo milenar aparece de repente por trás do conflito geopolítico que está tomando lugar atualmente. É esse pano de fundo que eu gostaria de traçar aqui em traços largos. Ou melhor redesenhar, pois é conhecido no ocidente em uma versão invertida que é, obviamente, a versão do vencedor. Este tipo de revisionismo é, na minha opinião, uma condição necessária para que a Europa aceite o seu destino eurasiano.

A Rússia é de alguma forma assombrada pela Bizâncio imperial. É assim, a despeito de si mesma, pois os próprios russos não sentem um chamado imperial e podem realmente sofrer em sua identidade nacional por se tornarem imperiais.  É a Europa que precisa da Rússia como um novo farol de civilização, como precisou de Constantinopla durante a Idade Média. Pois a Europa não pode existir sem alguma forma de unidade imperial ou federal; e como não pode haver unidade sem liderança, a escolha agora é entre os EUA (governando através da OTAN e da União Europeia) e a Rússia.

Em Origins of Nationalism (um livro que conheci no interessante artigo de James Lawrence*8), Caspar Hirschi defende a tese de que o pensamento político na Europa durante a Idade Média foi dominado pela visão imperial: “a cultura medieval, pelo menos nos estratos superiores, pode ser descrita como uma secundária civilização romana.” As grandes nações europeias surgiram tentando herdar o Império, através de “uma intensa e interminável competição pela supremacia; todos os principais reinos visavam o domínio universal, mas impediam uns aos outros de alcançá-la.”5 Eu acho essa perspectiva bastante esclarecedora. Contudo, quando Hirschi descreve a ordem surgida no século XII como “o produto de um anacronismo duradouro e contundente”, ele é enganado pelo preconceito comum aos historiadores ocidentais: o Império Romano não era então – ou não somente – uma memória distante, mas uma realidade viva. Roma era então Constantinopla. Isto é o porquê, até o Grande Cisma, todos os pretendentes à herança romana competiam por alianças matrimoniais com a dinastia bizantina, começando por Carlos Magno (que queria casar sua filha Rotrude com o filho da imperatriz Irene), Otto Ist (que casou seu filho, o futuro Otto II, com a princesa bizantina Teofânia, mãe de Otto III), depois Hugo Capeto (que solicitou uma princesa bizantina para si, sem sucesso).6 Até Frederick II Hohenstaufen (1215-1250), a última esperança de reunir o Oriente e o Ocidente, os rituais cerimoniais imperiais ocidentais foram emprestados de Bizâncio.7 É apenas na medida em que, por rivalidade mimética, os reis ocidentais assumiam uma postura imperial (Filipe II chamando a si mesmo de Augusto, por exemplo), que eles viam seus reinos como mais do que apenas possessões territoriais. A civilização sempre pertenceu ao império.

Quer gostemos ou não, a Europa nunca foi realmente uma Europa de nações sem unidade imperial, pelo menos como visão e meta. Ela nunca a será. Desde a Segunda Guerra Mundial, após o fracasso da Alemanha em conquistar a liderança e a ruína do império britânico arquitetado por Roosevelt, a Europa tem de facto sido parte do imperium americano. Para se livrar dela, os europeus têm apenas um caminho a percorrer: ser puxados para o campo civilizacional da Rússia, que, como Bizâncio, é menos um império do que um Oikoumene, uma comunidade. E isso requer uma abertura à Ortodoxia Russa, pois é a raiz da civilização russa.

 

Bizâncio Desconhecido

Nós, ocidentais, não sabemos o que é a Rússia, porque nós não sabemos o que foi Bizâncio. A civilização bizantina esteve no centro do mundo conhecido durante os mil anos da Idade Média, mas você pode passar anos estudando “a Idade Média” na universidade sem jamais ouvir falar sobre ela. Nada tem realmente mudado desde que Paul Stephenson reclamou em 1972: “A exclusão da história bizantina dos estudos europeus medievais realmente me parece uma ofensa imperdoável contra o próprio espírito da história”.8

Quando a historiografia ocidental menciona o Império Bizantino, é quase como um fantasma do Império Romano do Ocidente. De acordo com o paradigma da translatio imperii fabricado pela historiografia católica, o Império Romano do Oriente é apenas a transferência do Império Romano da Itália para o Bósforo, que logo será transferido novamente para Aachen. Mas essa representação é enganosa. Quando Constantino estabeleceu sua capital em Bizâncio, Roma tinha deixado de ser a capital do Império por meio século, tendo sido substituída por Milão após a “Crise do Terceiro Século”. É admitido que o próprio Constantino pisou em Roma apenas uma vez, para conquistá-la de Maxêncio. Como seu pai Constâncio Cloro, Constantino era dos Bálcãs (nascido em Naissus, hoje Niš na Sérvia), na região então chamada Moesia. Assim como seu predecessor Diocleciano, que é citado como “Duque da Moésia” nas crônicas bizantinas, e cujo palácio ainda pode ser visto em Split, hoje na Croácia.

A ideia comum de que Constantinopla é uma pálida cópia de Roma é, portanto, singularmente carente de perspectiva histórica. Constantinopla era filha de Atenas, não de Roma. Suas tradições filosóficas, científicas, poéticas, mitológicas e artísticas vieram diretamente da Grécia clássica, sem qualquer contribuição romana. Foi Constantinopla que transmitiu a riqueza cultural da Grécia para Roma. Sem o trabalho de conservação da Biblioteca Imperial de Constantinopla, não conheceríamos Platão, Aristóteles, Tucídides, Heródoto, Ésquilo, Sófocles, Eurípides ou Euclides. Em Constantinopla, a luz da Grécia clássica nunca sofrido um eclipse. Embora Constantinopla conheça o conflito entre cristianismo e humanismo, a dualidade cultural nunca tinha sido questionada,9 e foi Fócio, patriarca de Constantinopla de 858 a 867, quem se tornou o melhor defensor do Renascimento macedônio por seu trabalho de conservação de livros gregos antigos.

A cultura grega irradiou de Constantinopla até os confins do mundo conhecido, da Pérsia ao Egito e da Irlanda à Espanha. Os séculos XI e XII viram um vasto movimento de tradução do grego para o latim de obras filosóficas e científicas (medicina, matemática, geografia, astronomia, etc.). Em Aristote au mont Saint-Michel. Les racines grecques de l'Europe chrétienne (traduzido em alemão e grego, mas não em inglês), o historiador Sylvain Gouguenheim desmascara a opinião comum de que a disseminação da filosofia e da ciência gregas na Idade Média deve ser creditada principalmente aos muçulmanos. A herança grega foi transmitida às cidades italianas diretamente de Constantinopla.10 Entre os séculos V e XIII, a Europa gravitou em torno de Constantinopla.

Se hoje esta realidade nos escapa, é por causa do nosso incurável eurocentrismo, que Oswald Spengler denunciou, mas em vão:

O solo da Europa Ocidental é tratado como um pólo estável, um pedaço único escolhido na superfície da esfera, ao que parece, pelo fato de vivermos nele – e grandes histórias de duração milenar e poderosas Culturas distantes são feitas para girar em torno deste pólo em toda a modéstia. É um sistema estranhamente concebido de sol e planetas. Selecionamos um único pedaço de solo como o centro natural do sistema histórico e o tornamos o sol central.   A partir dela todos os eventos da história recebem sua luz real, a partir dela sua importância é julgada em perspectiva. Mas é apenas em nossa própria concepção da Europa Ocidental que essa “história mundial” fantasma, a qual um sopro de ceticismo dissiparia, é representada.11

Para entender o que separava Constantinopla de Roma, vamos primeiro ter em mente que Constantinopla nasceu cristã, enquanto em Roma o cristianismo era um culto oriental importado. Foi Constantinopla que deu o cristianismo a Roma, e não o modo contrário. A unidade doutrinária da Igreja foi elaborada e pactuada perto de Constantinopla, por meio dos chamados “concílios ecumênicos” (ligando o Oikoumene, isto é, o mundo colocado sob a autoridade do imperador), cujos participantes eram quase exclusivamente orientais. Christopher Dawson nos lembra dessa evidência em Religion and the Rise of Western Culture (1950), e insiste:

Assim, ao contrário da Bizâncio cristã, a Roma cristã representa apenas um breve interlúdio entre o paganismo e a barbárie. Passaram-se apenas dezoito anos entre o fechamento dos templos por Teodósio e o primeiro saque da Cidade Eterna pelos bárbaros. A grande era dos Padres Ocidentais, de Ambrósio a Agostinho, foi comprimida em uma única geração, e Santo Agostinho morreu com os vândalos no portão.12

A estrutura política de Constantinopla também é muito diferente da de Roma. Os termos militares latinos de imperium e imperator são inadequados para descrever o mundo bizantino. O que hoje chamamos de Império Bizantino se autodenominava uma basiliea, um reino, chefiado por um basileus, um rei – uma espécie de “rei dos reis” no estilo persa. Os estudiosos bizantinos descrevem o mundo bizantino como uma “Comunidade”, ou seja, nas palavras de Dimitry Obolensky, “a ideia supranacional de uma associação de povos cristãos, à qual o imperador e o ‘patriarca ecumênico’ de Constantinopla forneceram uma liderança – mesmo que cada um desses povos fosse totalmente independente política e economicamente”.13 Ao contrário dos romanos, diz Anthony Kaldellis, “os bizantinos não eram um povo guerreiro. [...] Dinheiro, seda e títulos eram os instrumentos preferidos de governança e política externa do império, sobre espadas e exércitos.”14

O poder bizantino tem uma estrutura de duas cabeças, que os historiadores ocidentais chamam pejorativamente de “cesaropapismo”, mas que os bizantinos definiram como uma sinfonia, uma colaboração harmoniosa; a autoridade suprema é mantida pelo basileus, mas sob a condição da bênção do patriarca de Constantinopla.

O patriarca é o protetor da ortodoxia, mas o basileus é o guardião de todos os cristãos. Este equilíbrio de poder político e espiritual significa que, embora o patriarca possa ocasionalmente desempenhar um papel diplomático, ele não exerce poder político direto e nunca convocou uma “guerra santa”, nem a queima de hereges. Assim coexistem, à margem da Igreja Ortodoxa, uma variedade de Igrejas independentes, como a Armênia ou a Igreja Maronita. Mesmo as igrejas totalmente “ortodoxas” ainda mantêm uma forte identidade nacional, como os sérvios, com, por exemplo, sua festa familiar de Slava, uma sobrevivência do culto aos ancestrais.*9

 

O Grande Cisma

Durante o período chamado de “Papado Bizantino” (537-752). Roma era uma cidade decadente, enquanto Ravenna, retomada dos ostrogodos por Justiniano (527-565), era a capital ocidental do Império Bizantino, governada pelo representante do imperador chamado “exarca”. O bispo de Roma (que compartilhava com todos os bispos o afetuoso título grego de pappas) era nomeado diretamente pelo imperador bizantino ou seu exarca, geralmente dentre os “apocrisiários” (embaixadores em Constantinopla) de seu predecessor.

{Basílica de São Vital, em Ravenna, Itália.}

Ravenna é uma cidade bizantina, como evidenciado por sua Basílica de São Vital, com seus mosaicos. A razão pela qual os ícones do imperador Justiniano e sua esposa Teodora são exibidos lá é porque uma basílica significa um edifício “real” (basilikos) destinado a abrigar reuniões públicas sob a autoridade do basileus. A etimologia revela o que a história dos livros didáticos está escondendo.

A primeira crise séria na unidade conciliar da Igreja foi iniciada pelo Papa Gregório I (590-604), notoriamente helenofóbico como seu mentor Agostinho. Ele desafiou o Patriarca de Constantinopla sobre o uso do título “ecumênico”, então, em 602, quando o imperador Maurício foi massacrado com toda a sua família por um general faccioso chamado Focas, ele congratulou o usurpador. Este último, persistentemente evitado pelo patriarca, agarrou a mão estendida por Roma e emitiu uma proclamação imperial colocando oficialmente a Igreja de Roma como “a cabeça de todas as Igrejas”.15

{Cúpula central da Basílica de São Vital, em Ravenna, Itália.}


Em 751, os lombardos capturaram Ravenna e, vinte anos depois, marcharam sobre Roma. Carlos Magno subjugou os lombardos e explorou as reivindicações supremacistas do bispo de Roma para sua própria ambição imperial. Se apoiando em que os francos estavam ausentes do Segundo Concílio de Nicéia (787), ele o ignorou e provocou uma disputa litúrgica ao defender uma versão do Credo diferente do Credo Niceno; segundo este último, o Espírito Santo “procede do Pai” (ex Patre procedit), mas uma fórmula diferente, originária dos visigodos, afirmava que o Espírito Santo “procede do Pai e do Filho” (ex Patre Filioque procedit). A variante, embora inquestionavelmente heterodoxa, não suscitou sérias controvérsias até que Carlos Magno decidiu que seria a única autorizada e obrigatória. O Filioque tornou-se o pretexto para os imperadores e papas francos minarem a autoridade de Constantinopla e para o cisma de 1054.

Em 1048, o imperador germânico Henrique III (1017-1056) nomeou como papa seu primo Bruno de Eguisheim-Dagsbourg. Mas após a morte de Henrique III, papas e imperadores (todos francos) entraram em uma luta pelo poder. Isso deu início à Reforma Gregoriana, nomeada em homenagem a Gregório VII, cujo projeto era fazer do papado a sede de um novo poder imperial. Ele se proclamou o único chefe da Igreja universal e postulou, em seu Dictatus Papae na proposição 27:

2. Que só o Bispo de Roma é por direito chamado universal. 3. Que ele somente pode depor ou restituir os bispos. […] 8. Que ele somente pode usar a insígnia imperial. 9. Que o Papa é o único homem cujos pés serão beijados por todos os príncipes. […] 12. Que ele possa depor imperadores. […] 19. Que ele não deve ser julgado por ninguém. […] 22. Que a igreja romana nunca errou, nem, como testemunha a Escritura, jamais o cometerá.

A nova arma psicológica de excomunhão, pela qual o papa poderia provocar inquietante agitação popular e liberar os súditos do imperador de seu juramento de lealdade, forçou Henrique IV a se ajoelhar diante do papa em Canossa (1077).

{Manuscrito nos Arquivos do Vaticano do Dictatus Papae. Wikipedia português.}

Conforme ganhavam ascendência sobre imperadores e reis, os papas conspiravam contra Constantinopla, não apenas com armas teológicas, mas também poderio militar, mobilizando a formidável classe guerreira franca em guerras santas. Os bizantinos preocuparam-se com razão quando, em 1095, viram chegar o exército convocado pelo Papa Urbano II para a “libertação” de Jerusalém, sob o comando de um legado papal. “[O imperador] Aleixo e seus conselheiros viram a cruzada que se aproximava não como a chegada de aliados há muito esperados, mas como uma ameaça potencial ao Oikoumene”, escreve Jonathan Harris.16

A Primeira Cruzada resultou no estabelecimento de quatro estados latinos na Síria e na Palestina, os quais formaram a base de uma presença franca que durou até 1291. Em 1198, tendo Jerusalém sido reconquistada por Saladino, o jovem Papa Inocêncio III proclamou uma nova cruzada, a quarta segundo a numeração moderna. Desta vez, o medo dos bizantinos de uma agenda oculta provou ser plenamente justificado. Em 1204, em vez de ir para Jerusalém via Alexandria como anunciado oficialmente, os cavaleiros francos se dirigiram para Constantinopla, tomaram-na à força e saquearam-na durante três dias. Palácios, igrejas, mosteiros, bibliotecas foram sistematicamente saqueados e a cidade se tornou uma confusão. O historiador britânico Steven Runciman escreveu:

Nunca houve um crime maior contra a humanidade do que a Quarta Cruzada. Não só ela causou a destruição ou dispersão de todos os tesouros do passado que Bizâncio havia devotadamente guardado, e o ferimento mortal de uma civilização que ainda era grande e ativa; mas também foi um ato de gigantesca carência de sentido político. Não trouxe ela nenhuma ajuda para os cristãos na Palestina. Em vez disso, roubou-lhes potenciais ajudantes. E perturbou toda a defesa da cristandade... Na ampla extensão da história mundial, os efeitos foram totalmente desastrosos. Desde o início de seu Império, Bizâncio foi o guardião da Europa contra o Oriente infiel e o Norte bárbaro. Ela se opôs a eles com seus exércitos e os domesticou com sua civilização. Ela havia passado por muitos períodos de ansiedade quando parecia que seu destino havia chegado, mas até então ela tinha sobrevivido a eles.17

Como um todo, as Cruzadas não somente desferiram um golpe mortal no império cristão oriental que eles reivindicavam salvar. Eles também cavaram uma divisão intransponível entre o mundo muçulmano e o mundo cristão. O massacre dos cruzados em Jerusalém em 1099, em particular, deixou uma ferida incurável, como observou Runciman:

Foi essa prova sanguinária do fanatismo cristão que recriou o fanatismo do Islã. Quando, mais tarde, os latinos mais sábios do Oriente procuraram encontrar alguma base na qual cristãos e muçulmanos pudessem trabalhar juntos, a memória do massacre sempre esteve em seu caminho.18

O Império Franco-Latino do Oriente, construído sobre as fumegantes ruínas de Constantinopla após a Quarta Cruzada, durou somente meio século. Os bizantinos, entrincheirados em Nicéia (Iznik), recuperaram lentamente parte de seu antigo território e, em 1261, sob o comando de Miguel VIII Paleólogo, expulsaram os francos e latinos de Constantinopla. Mas a cidade era somente o fantasma de seu antigo eu. O Papa Urbano IV imediatamente pregou uma nova cruzada, desta vez dirigida explicitamente contra os bizantinos. Seu chamado suscitou poucas vocações. Mas em 1281, o Papa Martinho IV apoiou o projeto de Carlos de Anjou de retomar Constantinopla para fundar um novo império católico. Em última análise, Constantinopla cairia para os turcos otomanos em 1453.

 

A falsificação da história

Embora a Quarta Cruzada causou a destruição de tesouros inestimáveis (dois terços dos livros mencionados por Fócio em sua Bibliotheca estão perdidos para sempre), foi o ponto de partida de uma transferência cultural que culminou no Concílio de Florença em 1438. “Culturalmente”, escreve Jerry Brotton em The Renaissance Bazaar, “a transmissão de textos clássicos, ideias e objetos de arte de leste a oeste que ocorreu no Concílio teve um efeito decisivo na arte e na erudição do final da Itália do século XV.”19 E quando, depois de 1453, os últimos estudiosos e artistas bizantinos fugiram da dominação otomana, muitos vieram contribuir para o Renascimento italiano.

            Mas, ao mesmo tempo em que se apropriavam da herança grega, os humanistas e clérigos italianos fingiam ignorar sua dívida para com Constantinopla, usando até mesmo o filelenismo para denegrir os bizantinos.20 Conforme escreve Runciman:

A Europa Ocidental, com memórias ancestrais de inveja da civilização bizantina, com seus conselheiros espirituais denunciando os ortodoxos como cismáticos pecadores e com um sentimento de culpa assombroso por ter ela falhado com a cidade no final, escolheu por esquecer Bizâncio. Não poderia esquecer a dívida que tinha com os gregos; mas viu a dívida como débito somente à idade clássica.21

Não houve somente uma negação da dívida para com Constantinopla, mas uma falsificação sistemática da história. Mesmo hoje, o saque de Constantinopla em 1204 é comumente atribuído a uma infeliz série de eventos imprevistos que atraíram os cruzados a Constantinopla contra sua vontade; ou mesmo os banqueiros venezianos, credores dos cruzados, são designados como os únicos instigadores desse desvio. Aplicada à história contemporânea, a primeira teoria equivaleria a afirmar que os Estados Unidos destruíram o Iraque, a Líbia e a Síria inadvertidamente, enquanto tentavam trazer-lhes a Democracia. A segunda teoria, por outro lado, esquece que foram principalmente os francos que destruíram Constantinopla, e que mesmo as crônicas ocidentais admitem que os legados papais embarcados com os cruzados nada fizeram para desencorajá-los. De fato, toda a cristandade latina foi convidada a regozijar-se com a vitória de Roma, e cantaram-se hinos para celebrar a queda da cidade ímpia, comparada à Babilônia bíblica.22

Concernindo à Primeira Cruzada, ainda somos nós ensinados que foi a resposta generosa da Igreja Romana a um apelo desesperado do imperador bizantino Aleixo Comneno lutando contra os turcos seljúcidas. Isto é, de fato, como os cronistas latinos a apresentaram, citando uma carta de Aleixo ao conde de Flandres, na qual o primeiro implorava humildemente a ajuda do segundo. Esta carta é agora considerada uma falsificação.23 A tese de que “a primeira cruzada não tinha como meta visada inicial a constituição de estados organizados na Terra Santa [mas] entregar os Lugares Santos”, para citar um livro recente24 sobre o assunto, é totalmente ingênua e não resiste à mesmo um escrutínio superficial. A verdade é que, tal como hoje, a guerra santa contra o Islão escondia um projeto de desestabilização e conquista do Médio Oriente. Para tomar apenas um exemplo: um dos principais líderes cruzados, Bohemond de Taranto, era filho do normando Robert Guiscard que, com a bênção do papa, já havia tentado tomar Constantinopla em 1081. Durante uma viagem diplomática pela Europa em 1105-1107, Bohemond levantou fundos e tropas para uma nova expedição dirigida expressamente contra Constantinopla, distribuindo cópias da Gesta Francorum, um relato da cruzada escrito para sua própria glorificação e apresentando “o Abominável Imperador”. Alexios como um traidor cujas ações foram motivadas exclusivamente pela destruição do exército dos cruzados.25 Este texto seminal da historiografia das Cruzadas, que mais do que qualquer outro contribuiu para a imagem negativa dos bizantinos, efeminados e enganadores, e para a imagem heroica dos francos, é um bom exemplo de propaganda medieval.

{Uma cópia de Gesta Francorum (Feitos dos Francos). Biblioteca Estatal de Berlim.}

            As cruzadas não foram direcionadas apenas para o Oriente. Na esteira da Quarta Cruzada, Inocêncio III decretou uma nova guerra santa contra todos os hereges (ou seja, os cristãos que rejeitaram sua autoridade absoluta) no sul da França. Com uma crueldade sem precedentes, Simon de Montfort, um pequeno senhor da Île-de-France, tomou grandes partes do vasto condado de Toulouse e obrigou a população a assistir à missa católica “inteiramente” todos os domingos (Statuts de Pamiers, 1212).26 Várias cruzadas também foram dirigidas contra a região do Báltico, e uma contra a própria Rússia Ortodoxa, liderada pelos Cavaleiros Teutônicos, repelida por Alexander Nevsky (1221-1263), hoje santo nacional.27

            A falsificação da história medieval vai muito além das Cruzadas. A versão católica das controvérsias doutrinárias que as precederam é singularmente tendenciosa. Ela é fundada em uma falsificação de escala industrial. As primeiras biografias de papas romanos incluídas no Liber Pontificalis, apresentando-os como ocupando o “trono de São Pedro” em uma cadeia ininterrupta que remonta ao primeiro apóstolo de Cristo, são agora consideradas fictícias, assim como a Acta Petri, a qual transpôs em Roma a disputa entre Pedro e Simão Mago localizada em Samaria em Atos 8:9-23. A lenda de Pedro em Roma não nos diz nada sobre eventos reais, mas nos informa sobre a propaganda implantada pelo papado para reivindicar precedência sobre a Igreja Oriental. (Constantinopla respondeu reivindicando, como bispo fundador, o irmão de Pedro, André, a quem os Evangelhos designam como o primeiro a ter respondido ao chamado de Cristo.)28

            A falsificação medieval mais famosa dos papas francos é a Doação de Constantino, o Grande, pela qual o imperador supostamente cedeu ao “Papa do Universo” todas as “províncias ocidentais” e confiou a ele o governo de “todas as igrejas da Deus através do mundo”.29 Essa falsificação foi a peça central de uma centena de outros decretos falsificados ou atos sinodais, atribuídos aos primeiros papas ou outros dignitários da Igreja, e conhecidos hoje como Decretos Pseudo-Isidorianos. O principal propósito desses documentos forjados era inventar precedentes para o exercício da autoridade soberana do Bispo de Roma sobre todos os bispos, por um lado, e sobre todos os soberanos, por outro. Nós devemos também mencionar as falsificações de Symmachians, precedentes legais fictícios usados para imunizar o papa contra qualquer acusação. O pai de Carlos Magno também foi usado com a falsa Doação de Pepino.

Foi somente em 1440, quando Bizâncio foi sitiada pelos otomanos e tinha acabado de se render no Concílio de Florença, que a natureza fraudulenta da Doação de Constantino foi reconhecida. Mas nada mudou fundamentalmente na narrativa ocidental, marcada por uma amnésia quase total em relação a Bizâncio, por um eurocentrismo incurável e por uma cegueira deliberada à enormidade da fraude romana.

Repetindo: a obliteração quase completa de Constantinopla dos livros de história europeus é indiscutivelmente o maior engano de toda a história europeia. As razões dessa ocultação mudaram, mas não têm desaparecido. Pois, como eu disse, nossa ignorância e preconceito sobre Constantinopla alimenta nossa ignorância, preconceito e hostilidade em relação a seu herdeiro espiritual: a Rússia Ortodoxa. A história se repete.

A história que o bispo de Roma criou para si mesmo como chefe da cristandade precisa de um sério trabalho de revisionismo. Este é um trabalho que os historiadores gregos têm naturalmente assumido. Jean Meyendorff e Aristeides Papadakis nos lembram que antes do século XII, “o frágil domínio do papa sobre a cristandade ocidental era em grande parte imaginário. O mundo paroquial da política romana era, na verdade, o único domínio do papado”.30

O catolicismo romano agora tem dado uma volta completa. Quem ouve o papa, hoje em dia? Acontece que a Igreja Católica, por sabotar deliberadamente o organismo conciliar da Igreja, em última instância tem falhando em seu plano hegemônico e agora se encontra cortada do renascimento ortodoxo.

O catolicismo romano, como sistema de crença e prática de adoração, está quase morto. O mesmo se aplica às suas ramificações protestantes. Oswald Spengler escreveu em Prussian Socialism (1919)*10:

Para nós, cidadãos do mundo ocidental, a religião acabou. Em nossas almas urbanas, o que antes era verdadeira religiosidade há muito tempo foi intelectualizado como “problemáticas”. A Igreja alcançou seu cumprimento no Concílio de Trento. O puritanismo se transformou em capitalismo e o pietismo agora é socialismo. As seitas anglo-americanas representam apenas a necessidade nervosa do homem de negócios por passatempos teológicos.

Por outro lado, a Ortodoxia Russa é cheia de vida e respira uma alma vigorosa na sociedade russa. Assim, parece-me que a Europa só pode sair de sua atual crise espiritual e moral entrando na órbita da Rússia. Portanto, os católicos devem trabalhar com humildade para a reconciliação do catolicismo e da ortodoxia. Para isso, eles necessitam de uma aula de história, que acabei de dar. Os católicos franceses, em particular, devem entender que sua nacionalidade romana (a França como filha mais velha da Igreja) é, assim como a narrativa papal da qual depende, uma construção que beira a falsificação e, aos olhos dos ortodoxos, o sinal de uma arrogância diabólica. É uma ilusão estéril e perigosa.

Eu não estou qualificado para julgar os respectivos méritos da teologia católica e ortodoxa (a própria possibilidade de uma “ciência de Deus” me escapa). Mas para o inferno com o Filioque! Pessoalmente, desejo uma bela igreja russa, ou mesmo grega, em minha cidade. Gosto de ícones, cantos ortodoxos*11 e o estilo contemplativo das missas ortodoxas. Caso contrário, continuarei a seguir os passos de Simone Weil, uma apaixonada estudiosa helenista que se converteu a Cristo porque viu nele o herói grego mais sublime*12, mas recusou o batismo porque Roma incorporou para ela o espírito de Jeová – que ela conhecia bem, sendo criada como judia. “A maldição de Israel pesa sobre o cristianismo [ela se referia ao catolicismo]. As atrocidades, a Inquisição, o extermínio de hereges e infiéis, isso era Israel”, escreveu ela em Gravity and Grace.*13

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Notas

1 Nota de Laurent Guyénot: Oswald Spengler, Prussian Socialism, 1919, página 67.  

#1 Nota de Mykel Alexander: Para uma introdução em Oswald Spengler ver:

 - Oswald Spengler: Uma introdução para sua Vida e Ideias, por Keith Stimely, 04 de maio de 2018, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/05/oswald-spengler-uma-introducao-para-sua.html

- Oswald Spengler: crítica e homenagem, por Revilo Oliver, 08 de maio de 2020, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/05/oswald-spengler-critica-e-homenagem-por.html

- Noções de cultura e civilização em Oswald Spengler, por Mario Góngora, 04 de maio de 2019, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2019/05/nocoes-de-cultura-e-civilizacao-em.html  

*1 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: https://archive.org/details/prussian-socialism 

*2 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: https://archive.org/details/declineofwest01spenuoft 

*3 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Presidential Address to the Federal Assembly: Vladimir Putin delivered the annual Presidential Address to the Federal Assembly. The Address was traditionally delivered at the Kremlin’s St George Hall before an audience of over 1,000 people. 04 de dezembro de 2014. Kremlin, Moscou.

http://en.kremlin.ru/events/president/news/47173  

*5 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: https://odysee.com/@ERTV-International:9?order=new  

2 Nota de Laurent Guyénot: Scott M. Kenworthy and Alexander S. Agadjanian, Understanding World Christianity: Russia, Fortress Press, 2021, página 8.  

#2 Nota de Mykel Alexander: Ver especialmente: A liderança judaica na Revolução Bolchevique e o início do Regime soviético - Avaliando o gravemente lúgubre legado do comunismo soviético, por Mark Weber, 14 de novembro de 2020, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/11/a-lideranca-judaica-na-revolucao.html  

6 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: The Umbrella Man, the Sins of the Father, and the Kennedy Curse, por Laurent Guyénot, 22 de novembro de 2019, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/the-umbrella-man-the-sins-of-the-father-and-the-kennedy-curse/  

*7  Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Barbarossa: Suvorov's Revisionism Goes Mainstream, por Laurent Guyénot, 08 de maio de 2021, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/barbarossa-suvorovs-revisionism-goes-mainstream/  

3 Nota de Laurent Guyénot: Kenworthy and Agadjanian, Understanding World Christianity, Fortress Press, 2021, página 64.  

4 Nota de Laurent Guyénot:  John Meyendorff, Byzantium and the Rise of Russia, Cambridge UP, 1981, página 10.  

*8 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: The demise of nationalism (part 2: the western imperial tradition), por James Lawrense, 01 de novembro de 2020, Affirmative Right.

https://affirmativeright.blogspot.com/2020/11/the-demise-of-nationalism-part-2.html  

5 Nota de Laurent Guyénot:  Caspar Hirschi, The Origins of Nationalism: An Alternative History from Ancient Rome to Early Modern Germany, Cambridge UP, 2012, página 14.  

6 Nota de Laurent Guyénot:  George Duby, Le Chevalier, la femme et le prêtre. Le mariage dans la France féodale, Hachette, 1981, página 87.  

7 Nota de Laurent Guyénot:  Sylvain Gouguenheim, Frédéric II, Perrin, 2021, página 250.  

8 Nota de Laurent Guyénot:  Paul Stephenson, The Byzantine World, Routledge, 2012, página xxi.  

9 Nota de Laurent Guyénot:  Jonathan Harris, Byzantium and the Crusades, 2nd ed, Bloomsbury, 2014, édition kindle, k. 465-94.  

10 Nota de Laurent Guyénot:  Sylvain Gouguenheim, Aristote au Mont Saint-Michel. Les racines grecques de l’Europe chrétienne, Seuil, 2008.  

11 Nota de Laurent Guyénot:  Oswald Spengler, The Decline of the West, vol. 1, George Allen & Unwin Ltd, 1926, página 17.  

12 Nota de Laurent Guyénot:  Christopher Dawson, Religion and the Rise of Western Culture, Doubleday, 1950, em archive.org, pp. 29-30.

https://archive.org/details/DawsonReligionAndTheRiseOfWesternCulture

 

13 Nota de Laurent Guyénot:  Citado em John Meyendorff, Byzantium and the Rise of Russia, Cambridge UP, 1981, página 2.  

14 Nota de Laurent Guyénot:  Anthony Kaldellis, Streams of Gold, Rivers of Blood: The Rise and Fall of Byzantium, 955 A.D. to the First Crusade, Oxford UP, 2019, página xxvii.  

*9 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:  Bring Out Your Dead ...Back on the Family Altar, por Laurent Guyénot, 22 de outubro de 2021, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/bring-out-your-dead/  

15 Nota de Laurent Guyénot:  Andrew Ekonomou, Byzantine Rome and the Greek Popes: Eastern Influences on Rome and the Papacy from Gregory the Great to Zacharias, A.D. 590-752, Lexington Books, 2007kindle, e. 1322-31.

16 Nota de Laurent Guyénot:  Jonathan Harris, Byzantium and the Crusades, Hambledon Continuum, 2003, página 56.  

17 Nota de Laurent Guyénot:  Steven Runciman, A History of the Crusades, vol. 3: The Kingdom of Acre and the Later Crusades (1954), Penguin Classics, 2016, página 130.  

18 Nota de Laurent Guyénot:  Steven Runciman, A History of the Crusades, vol. 1: The First Crusade and the Foundation of the Kingdom of Jerusalem (1951), Penguin Classics, 2016, página 229.  

19 Nota de Laurent Guyénot: Jerry Brotton, The Renaissance Bazaar: From the Silk Road to Michelangelo, Oxford UP, 2010, página 103. 20 Nota de Laurent Guyénot:  Sylvain Gouguenheim, La Gloire des Grecs, Éditions du Cerf, 2017, página 62.  

21 Nota de Laurent Guyénot:  Steven Runciman, The Fall of Constantinople 1453, Cambridge UP, 1965, página 190.  

22 Nota de Laurent Guyénot: Steven Runciman, The Eastern Schism: a Study of the Papacy and the Eastern Churches During the Xith and XIIth Centuries (1955), Hassell Street Press, 2021, página 141; Steven Runciman, A History of the Crusades, vol. 2: The Kingdom of Jerusalem and the Frankish East (1100-1187) (1952), Penguin Classics, 2016, página 115.  

23 Nota de Laurent Guyénot: Einar Joranson, “The Problem of the Spurious Letter of Emperor Alexis to the count of Flanders,” The American Historical Review, vol. 55 n°4 (julho 1950), páginas 811-832, em:

http://www.jstor.org./  

24 Nota de Laurent Guyénot: Thierry Delcourt, Les Croisades. La plus grande aventure du Moyen Âge, Nouveau Monde Éditions, 2007, página 60.  

25 Nota de Laurent Guyénot: Jonathan Harris, Byzantium and the Crusades, Hambledon Continuum, 2003, kindle ed., 2091-2113.  

26 Nota de Laurent Guyénot: Michel Roquebert, Simon de Montfort, bourreau et martyr, Perrin, 2005, página 120.  

27 Nota de Laurent Guyénot: Eric Christiansen, The Northern Crusades: The Baltic and the Catholic Frontier (1980), 2ª edition, Penguin, 1997.  

28 Nota de Laurent Guyénot: Heinrich Fichtenau, Living in the Tenth Century: Mentalities and Social Orders, tradução Patrick Geary, University of Chicago Press, 1991 (German edition 1984), página 13.  

29 Nota de Laurent Guyénot: Sylvain Gouguenheim, La Réforme grégorienne: De la lutte pour le sacré à la sécularisation du monde, Temps Présent, 2010 , kindle, e. 457-66.  

30 Nota de Laurent Guyénot: John Meyendorff e Aristeides Papadakis, The Christian East and the Rise of the Papacy, St. Vladimir’s Seminary Press, 1994, página 27.  

*10 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://archive.org/details/prussian-socialism  

*11 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://www.youtube.com/watch?v=C7vvPXz-Qes&t=2s  

*12 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Simone Weil, Intimations of Christianity Among the Ancient Greeks. 

*13 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Simone Weil, Gravity and Grace.

 

Fonte: A Byzantine View of Russia and Europe, por Laurent Guyénot, 10 de março de 2022, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/a-byzantine-view-of-russia-and-europe/

Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).

Entre seus livros estão:

LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.

Jésus et Jean Baptiste: Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.

Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.

Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.

Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.

La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.

La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.

JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.

Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.

Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.

“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.

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O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 1 (demais duas partes na sequência do próprio artigo)

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1

Êxodo recorrente: Identidade judaica e Formação da História - Por Andrew Joyce, Ph.D., {academic auctor pseudonym}

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (parte 2 na sequência do próprio artigo)

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

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