Institute for Historical Review
Relembrando Oswald Spengler (29 de maio de 1880 – 8 de maio de 1936)
Keith Stimely |
Oswald
Spengler nasceu em Blankenburg (Harz) na Alemanha central em 1880, o mais velho
dos quatro filhos, e único menino. O lado materno de sua família era
inteiramente inclinado artisticamente. Seu pai, que tinha originalmente sido um
técnico de mineração e veio de uma longa linhagem de mineradores, foi um
oficial da burocracia postal alemã, e providenciou a sua família um simples, mas
confortável lar de classe média.
O
jovem Oswald nunca usufruiu o melhor da saúde, e sofreu de dores de cabeça e
enxaquecas que foram atormentá-lo durante toda sua vida. Ele também tinha um
complexo de ansiedade, embora ele não estava sem pensamentos grandiosos – o qual
por causa de sua frágil constituição tinha de ser atendido apenas em
devaneios.
Quando
ele tinha dez anos a família moveu-se para a cidade universitária de Halle.
Aqui Spengler recebeu uma educação ginasial clássica, estudando grego, latim,
matemática e ciências naturais. Aqui também ele desenvolveu sua forte afinidade
para as artes – especialmente poesia, drama e música. Ele envolveu-se em
algumas criações artísticas na juventude, umas poucas as quais têm sobrevivido
– elas são indicativos de um tremendo entusiasmo, mas não muito mais. Nesta
época ele adentrou-se na influência de Goethe e Nietzsche, duas figuras cuja
importância para Spengler o jovem e o homem não podem ser superestimadas.
Após
a morte de seu pai em 1901, Spengler, então com 21 anos, entrou na Universidade
de Munique. De acordo com o costume do estudante germânico de então, depois de
um ano ele avançou para outras universidades, primeiro Berlim e então Halle.
Seus principais percursos de estudo foram nas culturas clássicas, matemática, e
ciências físicas. Sua educação universitária foi financiada e, grande parte
pela herança de uma falecida tia.
Sua
dissertação de doutorado em Halle foi sobre Heráclito, o “filósofo obscuro” da
antiga Grécia cuja mais memorável linha era “Guerra é o Pai de todas as
coisas”. Ele falhou em passar em seu primeiro exame por causa de “insuficientes
referências” – uma característica de todos seus posteriores escritos que alguns
críticos assumiram grande deleite em apontar. Todavia, ele passou num segundo
exame em 1904, e então colocou-se a escrever a dissertação secundária
necessária para qualificar-se como um professor escolar universitário. Isto
veio a ser o Desenvolvimento do Órgão de Visão nos reinos superiores do Reino
Animal. Ele foi aprovado, e Spengler recebeu seu certificado de professor.
Seu
primeiro posto foi na escola em Saarbrücken. Então ele moveu-se para Düsseldorf
e, finalmente, Hamburgo. Ele ensinou matemática, ciências físicas, história, e
literatura germânica, e por todos os relatos foi um bom e consciente instrutor.
Mas seu coração não estava realmente nisso, e quando em 1911 a oportunidade
apresentou-se a ele para ir “por seu próprio caminho” (sua mãe tinha morrido e
deixou a ele uma herança que garantiu a ele um meio de independência
financeira), ele pegou-a. E deixou a profissão de instrutor por uma boa causa.
Explicação histórica para
as atuais tendências
Ele
estabeleceu-se em Munique, para viver a vida de um independente
erudito/filósofo. Ele começou escrevendo um livro de observações das políticas
contemporâneas cujas ideias tinham preocupado-o por algum tempo. Originalmente
para ser intitulado Conservador e Liberal,
o livro foi planejado como uma exposição e explicação das atuais inclinações na
Europa – uma acelerada corrida armamentista, o “elgolfamento” da Alemanha pela
Entente, uma sucessão da crise internacional, aumento da polaridade das nações
– e onde elas foram levadas. Todavia no fim de 1911 ele foi subitamente
atingido pela noção que os eventos de então poderiam somente ser interpretados
em termos “globais” e “cultural-total”. Ele viu a Europa como marchando para o
suicídio, o primeiro passo frente ao falecimento final da cultura europeia no
mundo e na história.
Oswald Spengler - foto do site Fine Art America |
A
Grande Guerra de 1914 – 1918 somente confirmou em sua mente a validade das
teses já desenvolvidas. Seu trabalho planejado manteve-se em amplo escopo,
muito além dos limites originais.
Spengler
tinha vinculado a maioria de seu dinheiro em investimentos estrangeiros, mas a
guerra tinha invalidado eles, e ele foi forçado a viver os anos da guerra em genuína
pobreza. Apesar de tudo ele manteve-se em seu trabalho, frequentemente
escrevendo a luz de vela, e em 1917 estava pronto para publicar. Ele encontrou
grandes dificuldades em encontrar uma publicadora, parcialmente por causa da
natureza do trabalho, e em parte por causa das condições caóticas prevalecentes
naquele tempo. Todavia, no verão de 1918, coincidentemente com o colapso
alemão, finalmente apareceu o primeiro volume de Declínio do Ocidente, subintitulado Forma e Atualidade.
Sucesso
de publicação
Nenhuma
surpresa por parte de ambos Spengler e sua publicadora, o livro foi um imediato
e sem precedente sucesso. Ele oferecia uma explicação racional para o grande
desastre europeu, explanando ele como parte de um inevitável processo histórico.
Leitores alemães especialmente acolheram isso de coração, mas o trabalho logo
provou-se popular através da Europa e foi rapidamente traduzido em outras
línguas.
Historiadores
profissionais, todavia, ficaram com grande ressentimento deste pretencioso
trabalho de um amador (Spengler não era um historiador treinado), e o
criticismo deles – particularmente dos numerosos erros de fato e da única e não
apolegética “não-científica” aproximação do autor – preencheram muitas páginas.
É mais fácil agora que era então descartar esta linha de rejeição-criticismo. De
qualquer maneira, com vista para a validade de seu postulado do rápido declínio
do Ocidente, a necessidade contemporânea spengleriana necessitava somente dizer
para esses críticos: Olhe ao redor de vocês. O que vocês veem?
Em
1922 Spengler emitiu uma edição revisada do primeiro volume contendo correções
menores e revisões, e um ano após viu o aparecimento do segundo volume, subintitulado
Perspectivas da História Mundial. Ele posteriormente permaneceu satisfeito com
o trabalho e todos seus posteriores trabalhos e pronunciamentos são somente
ampliações sobre o tema que ele estabeleceu em Declínio do Ocidente.
Uma aproximação direta
A
ideia básica e componentes essenciais de Declínio
do Ocidente não foram difíceis de compreender ou delinear. (De fato, é a
grande simplicidade do trabalho que foi demasiada para seus críticos
profissionais). Primeiro, porém, uma adequada compreensão requer um
reconhecimento da especial abordagem da história por Spengler. Ele mesmo chama
isso a abordagem “fisiognomonista[1]”
– procurar as coisas diretamente na face ou no coração, intuitivamente, mais
que estritamente cientificamente. Também frequentemente o real significado das
coisas é obscurecido por uma máscara de “fatos” cientificamente mecânicos.
Portanto a cegueira dos historiadores profissionais de “tipo científico”, cuja
grande carência de imaginação veem somente o visível.
Utilizando
sua abordagem fisiognomonista, Spengler era confiante de sua habilidade para
decifrar os enigmas da história – mesmo, enquanto ele afirma em Declínio a primeira sentença, para
predeterminar a história.
A
seguir estão seus postulados básicos:
1.
A visão “linear” da história deve ser rejeitada, em favor da visão cíclica. A
história até agora, especialmente a história ocidental, tem sido vista como uma
progressão “linear” do baixo para o alto, como degraus numa escada – uma
ilimitada evolução vertical. A história ocidental é assim vista como um
desenvolvimento progressivo: Grécia →
Roma → Medieval → Renascimento →
Moderno, ou Antigo → Medieval → Moderno. Este conceito, Spengler insistiu é
somente produto do ego do homem Ocidental – como se tudo no passado apontasse
para ele, existiu de modo que ele pudesse existir como uma ainda mais perfeita
forma.
Este
“esquema insípido e sem significado” pode ser substituído por um esquema, agora
discernível, o de uma vantajosa visão de anos e de um maior e mais fundamental
conhecimento do passado: a noção da história como movendo-se em ciclos definidos,
observáveis, e – exceto em situações menores – não relacionados.
'Altas Culturas'
2.
Os movimentos cíclicos da história não são aqueles das meras nações, estados,
raças, ou mesmo eventos, mas das Altas Culturas. A história registrada nos dá
oito de tais “altas culturas”: a indiana, a babilônica, a egípcia, a chinesa, a
mexicana (maia e asteca), a árabe (ou “mágica”), a clássica (Grécia e Roma), e
a europeia-ocidental.
Cada cultura tem como marca distinta um “símbolo
primário”. O símbolo egípcio, por exemplo, foi o “Caminho” ou “Trilha”, a qual
pode ser vista na preocupação dos antigos egípcios – na religião, arte e
arquitetura (as pirâmides) – com as sequenciais passagens da alma. O símbolo
primário da cultura clássica foi a preocupação com o “momento – presente”, que
é, a fascinação com o próximo, o pequeno, o “espaço” de imediata e lógica
visibilidade: nota-se aqui a geometria euclidiana[2],
os estilos bi-dimensional de pintura clássica e escultura em relevo (você nunca
irá ver o ponto de fuga no fundo, isto é, onde há cenário em tudo), e
especialmente: a carência de expressão facial dos bustos e estátuas gregas,
significando nada atrás ou além do que a expressão de vislumbre.
O
símbolo primário da cultura ocidental é a “Alma Faustiana” (da história do
Doutor Fausto), simbolizando o alcance vertical para nada menos que o
“Infinito”. Isto é basicamente um trágico símbolo, porque ela busca o que ela
mesma sabe que é inalcançável. Isso é exemplificado, por exemplo, pela
arquitetura Gótica (especialmente o interior das catedrais góticas, com suas
linhas verticais e parecendo alturas sem um teto).
O
“símbolo primário” atua em tudo numa cultura, manifestando-se ele mesmo na
arte, ciência, técnica e politica. Cada símbolo-alma de uma cultura expressa-se
ele próprio especialmente na arte, e cada cultura tem uma forma de arte que é
mais representativa de seu próprio símbolo. Na clássica, eles foram a escultura
e drama. Na cultura ocidental, depois da arquitetura na era gótica, a grande
forma representativa foi a música – na verdade a mais que perfeita expressão da
alma faustiana, transcendendo como ela faz os limites da visão para o
“ilimitado” mundo do som.
Desenvolvimento 'orgânico'
3.
As altas culturas são coisas “vivas” – orgânica na natureza – e podem passar
através dos estágios de nascimento – desenvolvimento – plenitude – declínio –
morte. Daqui uma “morfologia” da história. Todas as anteriores culturas têm
passado através destes distintos estágios, e a cultura ocidental não pode ser
uma exceção. De fato, seu presente estágio no processo de desenvolvimento
orgânico pode ser localizado.
A destacada marca d'agua[3]
de uma Alta Cultura é a fase de plenitude – chamada a fase da “cultura”. O
início do declínio e decadência numa Cultura é o ponto de transição entre a
fase da “cultura” e a fase da “civilização” que inevitavelmente sucede.
A
fase de “civilização” testemunha drásticas reviravoltas sociais, movimentos de
massas das pessoas, guerras contínuas e crises constantes. Tudo isto toma lugar
junto com o crescimento das grandes “megalópolis” – gigantescos centros urbanos
e suburbanos que minam a alma, força, intelecto e vitalidade das regiões
adjacentes. Os habitantes destes conglomerados urbanos – agora o grosso da
população – são massas materialistas sem raízes, sem almas e sem deus, que amam
nada mais que pão e circo. Destes procedem os sub-humanos “selvagens-urbanos” –
os atores protagonistas de uma cultura que está morrendo.
Com
a fase da civilização vem a domínio do dinheiro e de suas ferramentas gêmeas, a
Democracia e a Imprensa. Dinheiro manda sobre o caos, e somente o Dinheiro tira
proveito disso. Mas os verdadeiros portadores da cultura – os homens cujas
almas estão ainda junto com a Alma da Cultura – estão indignados e repelidos pelo
poder do Dinheiro e dos “selvagens-urbanos” abaixo deste último, e atuam para
quebrar este poder, conforme são compelidos a fazer isso – e conforme a Alma da
Cultura de Massas compele finalmente o fim da ditadura do dinheiro. Assim a
fase da civilização conclui com a Era do Cesarismo[4],
na qual grande poder vem nas mãos de um grande homem, ajudado pelo caos do
recém morto Poder do Dinheiro. O advento dos Césares traz a marca do retorno da
Autoridade e do Dever, da Honra e “Sangue”, e o fim da democracia.
Com
isto chega o estágio “imperialista” da civilização, na qual os Césares com seus
bandos de seguidores enfrentam uns aos outros pelo controle da terra. As
grandes massas ficam sem compreender e indiferentes; a megalópolis lentamente
começa a se despovoar, e as massas gradualmente “retornam para a terra”,
ocupando-se então elas mesmas com as mesmas tarefas que seus ancestrais fizeram
séculos antes. O tumulto dos eventos continua acima de suas cabeças. Agora, em
meio a todo o caos dos tempos de então, ocorre a vinda de uma “segunda
religiosidade”; um longo retorno dos velhos símbolos da fé da cultura.
Fortificada assim, as massas num tipo de contentamento resignado, enterram suas
almas e seus esforços no solo do qual eles e a cultura deles surgiu, e contra
este antecedente a morte da Cultura e a civilização que ela criou é jogada
fora.
Predizíveis
ciclos de vida.
Cada
período de vida de uma Cultura pode ser visto durar aproximadamente mil anos: O
clássico existiu de 900 a.C até 100 d.C; o árabe (hebráico-semítico /
cristã-islâmica) de 100 a.C até 900 d.C; o ocidental de 1000 d.C até 2000 d.C.
Todavia, este período é o ideal, no sentido que um período ideal de vida do
homem é de 70 anos, embora ele possa nunca alcançar esta idade, ou possa viver
muito além dela. A morte de uma Cultura pode de fato ser desenvolvida por além de
centenas de anos, ou ela pode ocorrer instantaneamente por causa de forças
externas – como no caso do súbito final da cultura mexicana.
Também,
embora cada cultura tenha sua Alma única e é em essência uma entidade especial
e separada, o desenvolvimento do ciclo de vida é paralelo em todos eles: Para
cada fase do ciclo em dada cultura, e para todos grandes eventos afetando elas naturalmente,
existe uma contraparte na história de cada outra cultura. Assim, Napoleão, quem
inaugurou a fase do Ocidente, encontra sua contraparte em Alexandre da
Macedônia, que fez o mesmo pelo período clássico. Por isso a
“contemporaneidade” de todas as altas culturas.
No
mais simples esboço estes são os essenciais componentes da teoria de
ciclos-culturais históricos. Em umas poucas sentenças pode ser assim resumida:
A história humana é o registro cíclico da ascensão e queda de independentes Altas Culturas. Estas culturas são na realidade superformas de vida, isto é, elas são orgânicas na natureza, e como todos organismos devem passar através das fases de nascimento – vida – morte. Embora entidades separadas em si mesmas, todas Altas Culturas experimentam desenvolvimento paralelo, e eventos e fases em qualquer uma encontra seus eventos e fases correspondentes nas outras culturas. E é possível do ponto de vista do século vinte colher do passado o significado da história cíclica, e assim predizer o declínio e queda do Ocidente.
Desnecessário
dizer, que tal teoria – embora anunciada precursoramente no trabalho de
Giambattista Vico[5]
e no do russo Nikolai Danilevsky[6]
no século XIX, bem como em Nietzsche – estava destinada a abalar as fundações
do mundo intelectual e semi-intelectual. Fê-lo em pouco tempo, parcialmente
devido ao momento afortunadamente apropriado, e em parte devido ao brilho
(embora não sem falhas) com o qual Spengler apresentou tal teoria[7].
Estilo
Polêmico
Existem
livros mais fáceis de ler que Declínio
– existem também mais difíceis – mas uma grande razão para sua aparição como um
sucesso popular sem precedentes (para tal tipo de trabalho) foi a mesma razão
da sua rejeição pela crítica instruída: o estilo. Desprezando o tipo de
“erudição” que exigiram somente cuidadas e judiciosas afirmações – todas
embasadas por notas de rodapé – Spengler deu livre passagem para suas opiniões
e julgamentos. Muitas passagens são no estilo de uma polêmica, da qual nenhuma
discordância pode ser tolerada.
Para
ser exato, os dois volumes de Declínio,
não importa o estilo opinativo e metodologia incomum, são essencialmente uma
justificação das ideias apresentadas, retiradas da história das diferentes
Altas Culturas. Ele utilizou o método comparativo o qual, naturalmente, é
apropriado se de fato todas as fases de uma Alta Cultura são contemporâneas com
suas respectivas fases em qualquer outra cultura. Nenhum homem possivelmente
poderia ter um igualmente compreensivo conhecimento de todas as culturas
pesquisadas, portanto, o tratamento de Spengler é desigual, e ele gasta
relativamente pouco tempo nas culturas mexicana, indiana, egípcia, babilônica,
e chinesa – concentrando-se na árabe, clássica e ocidental, especialmente estas
últimas duas. A mais valiosa porção do trabalho, como mesmo seus críticos
reconhecem, é sua delineação do desenvolvimento paralelo das culturas clássica
e ocidental.
O
vasto conhecimento de Spengler nas artes permitiu ele colocar erudita ênfase na
importância delas no simbolismo e significado interno de uma cultura, e as
passagens nas formas de arte são geralmente consideradas como estando entre as
mais provocantes. Também de levantar as sobrancelhas é um capítulo (o primeiro,
após a introdução) sobre “O Significado dos Números”, no qual ele asseverou que
mesmo matemáticos – supostamente o mais autorizado “universalmente” campo de
conhecimento – tem um diferente significado em diferentes culturas: números são
relativos para as pessoas que usam eles.
“A
Verdade” é também relativa, e Spengler admitiu que o que era verdadeiro para
ele pode não ser para outro – mesmo outro totalmente da mesma cultura e era.
Assim o maior avanço de Spengler pode talvez ser sua postulação da não
universalidade das coisas, a “diferença” ou distinção de diferentes povos e
culturas (a despeito de seu destino final comum) – uma ideia que está começando
a ganhar espaço no Ocidente moderno, a qual começou neste século[8]
supremamente confiante da sabedoria e possibilidade de fazer o mundo ao redor à
sua imagem.
Idade
dos Césares
Mas
foi sua colocação do atual Ocidente em seu esquema histórico que levantou o
maior interesse e a maior polêmica. Spengler, conforme o título que seu
trabalho sugere, viu o Ocidente como condenado para a mesma eventual extinção
que todas as outras Altas Culturas tinham enfrentado. O Ocidente, ele disse,
estava agora no meio de sua fase de “civilização”, a qual tinha começado a
grosso modo, com Napoleão. A vinda dos Césares (o qual Napoleão foi somente um
prenúncio) estava, talvez, somente a décadas de distância. Ainda Spengler não
aconselhou qualquer tipo de tipo de suspiro e resignação ao destino, ou a
aceitação satisfatória da derrota vindoura e morte. Num ensaio posterior, Pessimismo? (1922), ele escreveu que o
homem do Ocidente deve ainda ser homem, e diz que todos eles podem imaginar as
imensas possibilidades ainda abertas para eles. Acima de tudo, eles devem
abraçar um imperativo absoluto: A destruição do Dinheiro e democracia,
especialmente no campo das políticas, esse grande e todo abrangente campo de
atuação.
Socialismo
'Prussiano'
Depois
da publicação do primeiro volume de Declínio,
os pensamentos de Spengler viraram cada vez mais para a política contemporânea
na Alemanha. Depois de experimentar a revolução bávara e a decorrente República
Soviética Bávara, de curta duração, ele escreveu um sintético volume intitulado
Prussianismo e Socialismo. Seu tema
era um trágico mal entendimento dos conceitos ali tratados: Conservadores e
socialistas, ao invés de manterem-se em embate, deveriam unirem-se sob a
bandeira de um verdadeiro socialismo. Isto não era a abominação
marxista-materialista disse ele, mas essencialmente a mesma coisa que o
Prussianismo: um socialismo da comunidade germânica, baseada em seu único
trabalho ético, disciplina e hierarquia orgânica, ao invés de “Dinheiro”. Este
socialismo “prussiano” ele contrastou agudamente com ambas ética do capitalismo
da Inglaterra e o “socialismo” de Marx (!), cujas teorias chegaram ao
“capitalismo para o proletariado”.
Em
suas propostas de estado corporativo Spengler antecipou os fascistas, embora
ele nunca foi um, e seu “socialismo” era essencialmente aquele dos Nacionalsocialistas
(mas sem o racialismo cultural popular). Sua avaliação inicial de uma
corporação para a qual o Estado teria controle direcional mas não a propriedade
ou responsabilidade direta sobre vários segmentos da economia soaram muito
parecidos com a posterior revisão favorável da economia Nacional Socialista
feita por Werner Sombart[9]
no livro que este escreveu chamado Uma
Nova Filosofia Social [Princeton Univ. Press, 1937; original em alemão como
Deutscher Sozialismus (1934)].
Prussianismo e Socialismo não encontrou
com uma reação favorável dos críticos ou do público – embora o público tinha
sido, à princípio, interessadíssimo em aprender as visões de Spengler. A mensagem
do livro foi considerada “visionária” e excêntrica – e também cortou através de
muitas linhas partidárias. Os anos de 1920 – 23 viram Spengler recuar numa
preocupação com a revisão do primeiro volume de Declínio do Ocidente, e a conclusão do segundo volume. Ele
ocasionalmente deu palestras, e escreveu alguns ensaios, somente uns poucos dos
quais têm sobrevivido.
Envolvimento Político
Em
1924, seguindo o irrompimento social-econômico da terrível inflação, Spengler
entrou na briga política num esforço para trazer o general do Reichswehr[10]
Hans von Seekt para o poder como um líder do país. Mas o esforço veio a ser
totalmente ineficaz. Spengler provou-se totalmente inefetivo em política
prática. Foi a velha história do pretenso “rei-filósofo”, que era mais filósofo
que rei (ou fazedor de reis).
Depois
de 1925, no início do muito breve período de tranquilidade no início da
República de Weimar, Spengler devotou a maioria de seu tempo para suas
pesquisas e escritos. Ele estava particularmente preocupado que ele tinha
deixado uma importante lacuna em seu grande trabalho – o da pré-história do
homem. Em Declínio do Ocidente ele
tinha escrito que o homem pré-histórico foi basicamente sem uma história, mas
ele reviu sua opinião. Seu trabalho no assunto foi somente fragmentário, mas 30
anos depois de sua morte uma compilação foi publicada sob o título de Período Inicial da História do Mundo.
Sua
principal tarefa como ele via-a, todavia, foi um grande e todo englobado
trabalho em sua metafísica – do qual Declínio
do Ocidente tinha somente dado insinuações. Ele nunca finalizou isto,
embora Questões Fundamentais, sua
principal coleção de aforismos no assunto, foi publicado em 1965.
Em
1931 ele publicou o Homem e a Técnica,
um livro que refletiu sua fascinação com o desenvolvimento e utilização,
passada e futura, da técnica. O desenvolvimento da avançada tecnologia é único
no Ocidente, e ele predisse onde isso iria chegar. Homem e a Técnica é um trabalho racialista, embora não no sentido
“germânico” estreito. Mais ainda ele adverte o europeu ou as raças brancas do
perigo e pressão das raças exteriores de outras cores. Ele predisse um tempo
quando os povos de cor da terra iriam utilizar a tecnologia do Ocidente para
destruir o Ocidente.
Reservas
sobre Hitler
Existe
muito no pensamento de Spengler que permite-se caracterizar ele como um tipo de
“proto-nazi”: Sua chamada para o retorno da Autoridade, seu ódio da “decadente”
democracia, sua exaltação do espírito do “Prussianismo,” sua ideia da guerra
como essencial para a vida. Todavia, ele nunca juntou-se ao partido Nacionalsocialista,
a despeito das repetidas solicitações de luminares Nacionalsocialistas como
Gregor Strasser[11] e
Ernst Hanfstängl[12].
Ele via os Nacional Socialistas como imaturos, fascinados com bandas de marcha
e slogans patrióticos, brincando com o brinquedo do poder, mas sem perceber a
significância filosófica e novos imperativos da época. De Hitler ele teria
supostamente dito que a Alemanha necessitava de um herói, não um tenor heroico.
Ainda, ele votou em Hitler contra Hindenburg[13]
na eleição de 1932. Ele encontrou Hitler em pessoa somente uma vez, em julho de
1933, mas Spengler saiu indiferente da longa discussão deles.
Suas
visões sobre os Nacionalsocialistas e a direção que a Alemanha deveria adequadamente
tomar veio à tona no final de 1933, em seu livro Anos de Decisão [tradução de Die
Jahre der Entscheidung]. Ele começou-o afirmando que ninguém poderia olhar
a frente para a revolução Nacionalsocialista com maior anseio que ele. No curso
de seu trabalho, porém, ele expressou (algumas vezes em forma velada) suas
reservas sobre o novo regime. Germanófilo embora ele certamente era, no
entanto, ele via os Nacionalsocialistas como muito estreitamente de caráter
alemão, e não suficientemente europeu.
Embora
ele continuou o tom racialista de o Homem
e a Técnica, Spengler depreciou o que ele via como a exclusividade do
conceito de raça do Nacionalsocialismo. Na face de perigos estrangeiros, o que
deve ser enfatizado é a unidade das várias raças europeias, não a fragmentação
delas. Além de um reconhecimento fatual do “perigo de cor” e a superioridade da
civilização branca, Spengler repetiu seu próprio “não-materialista” conceito de
raça (o qual ele tinha já expressado em Declínio
do Ocidente): Certos homens – de qualquer ancestralidade – tem “raça” (um
tipo de força de vontade), e estes são os fazedores da história.
Prevendo
uma segunda guerra mundial. Spengler avisou na obra Anos de Decisão que os nacionalsocialistas não estavam
suficientemente vigilantes das poderosas forças hostis fora do país que iriam
mobilizar-se para destruir eles, e a Alemanha. Seu mais direto criticismo foi
formulado neste jeito: “E os nacionalssocialistas acreditam que eles podem
permitirem-se ignorar o mundo ou opor-se a ele, e construir os seus castelos no
ar sem criar uma possivelmente silenciosa, mas palpável, reação do exterior”.
Finalmente, mas depois que o livro já tinha alcançada uma vasta circulação, as
autoridades proibiram a continuação da distribuição do livro.
Oswald
Spengler, logo após predizer que em uma década não existiria mais um Reich
Germânico, morreu de um ataque do coração em 8 de maio de 1936, em seu
apartamento em Munique. Ele foi até sua morte convencido que ele tinha estado
certo, e que os eventos se desenrolavam em cumprimento pleno do que ele tinha
escrito em Declínio do Ocidente. Ele
estava certo que ele viveu no período de crepúsculo de sua cultura – a qual a
despeito de seus pronunciamentos sombrios e augúrios, ele amou e cuidou dela
profundamente até o fim.
Tradução por Mykel Alexander
Notas
Informação Bibliográfica
[1] Nota do tradutor: Fisiognomonista procede da
fisiognomonia do grego phusiognōmonia, ‘fisionomia, arte de
julgar alguém por sua aparência, sua fisionomia’. Ver Dicionário Houaiss, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, 1ª
Edição.
[2] Nota do tradutor: Refere-se ao matemático
Euclides de Alexandria, cerca de 300 a.C. (Sir Thomas Hearth, A History of Greek Mathematics, Vol. I – From Thales to Euclid, cap. 11
Euclid). Exemplar da Editora Dover, 1981.
[3] Nota do
tradutor: Keith Stimely, fez uma analogia da característica que é a
marca de fundo que permeia toda uma cultura, como se fosse a Marca d'água
de tal cultura.
[4] Nota do
tradutor: Cesarismo, referente ao
governo de Imperadores inaugurado por um processo iniciado por Júlio César e
consumado por seu sucessor Otávio Augusto, foi um termo que difundiu-se no
século XIX, de vaga exatidão, mas com a conotação geral de governo tirânico ou
mesmo usurpador acrescido de uma aprovação das massas em decorrência do carisma
do governante. O termo cesarismo foi
tornando-se sinônimo de oposição dos governos republicanos que iam se formando
no século XIX, opostos às monarquias europeias que ainda vigoravam, e as origens
modernas do termo procedem do resgate da figura de Júlio César durante o século
XVI no período renascentista. (Peter Baehr, Caesarism,
Charisma and Fate, Transaction Publishers, 2008, páginas 11-13).
É
fundamental registrar que a visão de um governante autoritário como sendo
necessariamente ruim é um fenômeno moderno da globalização e das democracias
atuais. Em todas grandes civilizações a centralização do poder esteve presente
quase sempre nos momentos de maior esplendor cultural e civilizatório. Do mesmo
modo a centralização de poder também deixou marcas de exploração entre os
povos, marcando a decadência de uma época. A diferença da mentalidade moderna e
contemporânea para a tradicional das grandes civilizações é que nestas a figura
que centralizava o poder podia ser tanto boa para seu povo, exemplo grego do monarca da realeza (como exposto por
Platão na obra O Político e na obra a
República), como podia ser ruim para o
povo, quando recebia a denominação de Tirano (como exposto
por Platão na República), num outro exemplo, em Roma o ditador era um cargo
utilizado para enfrentar situações de ameaças externas ou sedições internas,
não uma posição ocupada por um explorador do povo, embora tal posto de poder próximo do poder absoluto vigorava não temporariamente, mas sim definitivamente em outros Estados latinos vizinhos (ver Oxford
Classical Dictionary, vocábulo Dictator, página 276 da edição de 1953 pela
Oxford Clarendon Press), por outro lado, eis o problema, na concepção moderna usa-se
indistintamente as palavras realeza, tirano e ditador com uma conotação de serem necessariamente ruins para o
povo, sendo que somente corresponde necessariamente à exploração do povo o
termo tirano. Também, da mesma maneira como houveram césares bons, houveram césares ruins na história de Roma, de modo que a palavra cesarismo, assim como as palavras realeza
e ditador, foi corrompida pelas manipulações dos tempos modernos e contemporâneos.
[5] Nota do
tradutor: (Giambattista Vico (1668 – 1744) foi um jurisconsulto, historiador,
filósofo e pedagogo italiano. Sua obra Ciência Nova (de 1744, edição
definitiva, intitulada originalmente como Scienza Nuova) foi uma das
mais importantes obras de filosofia da história (Ver introdução de Antônio M.
Barbosa de Melo, Editora Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2005).
[6] Nota do
tradutor: Nikolay Yakovlevich Danilevsky (1822 – 1885) – Foi um historiador,
filósofo, naturalista, físico, matemático e economista russo. Trabalhou no
Departamento de Agricultura do Estado. Argumentou pela identidade racial e
cultural russa e teve marcante influência sobre Oswald Spengler. (Ver Encyclopaedia Britannica – on-line,
consulta em 04/05/2018 – 01:56).
[7] Nota do
tradutor: É preciso registrar que Giambattista Vico, Nikolai Danilevsky e Friedrich
Nietzsche são apenas precursores contemporâneos de concepções cíclicas da
história, pois estas já existiam nas civilizações tradicionais, como Mesopotâmia,
Índia, Maia, Irã, Grécia e Roma, e mesmo nos povos arcaicos pré-históricos. Uma
obra fundamental e introdutória ao tema é O
Mito do Eterno Retorno de Mircea Eliade.
[8] Nota do tradutor: Século XX.
[9] Nota do tradutor: Werner Sombart (1863 –
1941) foi um dos maiores nomes da sociologia nos séculos XIX e XX, graduado em
Direito e Economia.
[10]
Nota do tradutor: Reichswehr era a
organização militar alemã de 1919 até 1935.
[11]
Nota do tradutor: Gregor Strasser (1892 – 1934) foi um nacionalsocialita
(nazista) morto por traição na chamada Noite
das facas longas (Dominique Venner, O
Século de 1914, Editora Civilização, Porto, 2009, página 316).
[12] Nota
do tradutor: Ernst Franz Sedgwick Hanfstaengl (1887 – 1975) foi um importante
nacionalsocialista (nazista) que colaborou com ascensão do movimento, era
relativamente íntimo de Hitler, e que deserdou para os EUA em 1937 (Peter
Conradi, O Pianista de Hitler, José
Olympo Editora, São Paulo, 2009).
[13]
Nota do tradutor: Refere-se ao marechal e herói alemão da Primeira Guerra
Mundial Paul von Hindenburg (1847 – 1934).
Bibliografia:
Dakin, Edwin F. Today and Destiny: Vital Excepts from the Decline of the West of Oswald
Spengler. New York: Alfred A. Knopf, 1962
Fennelly, John F. Twilight of the Evening Lands: Oswald Spengler a Half Century Later.
New York: Brookdale Press, 1972.
Fischer, Klaus P. History and Prophecy: Oswald Spengler and the Decline of the West.
Durham: Moore, 1977 [New York: P. Lang, 1989]
Hughes, H. Stuart. Oswald Spengler: A Critical Estimate. New York: Scribner's, 1952
[edição revisada, 1962].
Oliver, Revilo P. “The Shadow of Empire:
Francis Parker Yockey After Twenty Years,” American
Mercury (Houston), Junho 1966.
Spengler, Oswald. Aphorisms. Chicago: Gateway/ Henry Regnery, 1967.
Spengler, Oswald. The Decline of the West (Vol. 1, “Form and Actuality”; Vol. 2, “Perspectives
of World History”). New York: Alfred A. Knopf, 1926 e 1928.
Spengler, Oswald. The Hour of Decision. New York: Alfred A. Knopf, 1934.
Spengler, Oswald. Man and Technics. New York: Alfred A. Knopf, 1932.
Spengler, Oswald. Selected Essays. Chicago: Gateway/ Henry Regnery, 1967.
Yockey, Francis Parker. Imperium: The Philosophy of History and Politics. Noontide
Press, 1962.
Informação Bibliográfica
Autor
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Keith Stimely
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Título
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Oswald
Spengler: An Introduction to his Life and Ideas
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Fonte
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Data
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Março – abril - 1998
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Fascículo
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Volume 17 número 2
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Localização
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Páginas 2 e seguintes
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Endereço
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Sobre o autor: Keith Stimely nasceu em 9 de abril de 1957, em
Connecticut, mas cresceu e foi educado na Costa Oeste. Ele estudou na San Jose
State University e na Universidade de Oregon, onde ele graduou-se em 1980 com
um bacharel em História. (Este ensaio foi escrito em dezembro de 1978 para uma
aula de história na Universidade de Oregon). Stimely então juntou-se ao
Exército dos EUA, servindo como um oficial da reserva. Seu interesse em
história revisionista começou no ensino médio, e em 1980 ele palestrou na segunda
conferência do Institute for Historical Review (Pomona College). Ele juntou-se
à equipe do Journal for Historical Review
em junho de 1982, e serviu como seu editor chefe de fevereiro de 1983 até
fevereiro de 1985. Ele compilou a 1981
Revisionist Bibliography (não mais em catálogo), e foi um talentoso artista
e pianista. Ele morreu em Portland, Oregon, em 19 de dezembro de 1992.
Caro Mykel,
ResponderExcluirMuito bom o material, não conhecia o Oswald Spengler, mas percebo muito de meu entendimento nesse resumo da obra dele!
Entretanto percebo falhas crassas, provavelmente por conta da fragilidade orgânica dele, a fragilidade da engenharia dele.
Para explicitar essas falhas vou me ater à engenharia e seus desdobramentos.
Nas engenharias, inclusive as arquitetônicas, percebemos a dependencia intrínseca da proposta coletivista, pois em sua maior parte a engenharia é impossível de ser praticada individualemente a partir do nada, ou seja, para criarmos dentro da engenharia dependemos sempre de engenharias anteriores.
Não é possível fazer um automóvel sem que tenhamos uma infraestrutura de fundição só para iniciar, ou seja, caimos nas engenharias de fornos, e por aí vai, todas as engenharias passam pela engenheirização e reengenherização dos recursos naturais. Podemos até deixar quase de fora a engenharia carpinteira sobretudo na área dos bambús, que meio que do "nada" conseguimos contruir tudo!
O que se percebe é que Spengler não tinha esse conhecimento engenheiro que é fundamental para a compreensão social. A sociedade e todas as civilizaçoes são obras de engenharia, se forte ela pode ser estender bem mais que os mil anos propostos por ele, fortes as civilizações podem sobretudo transpor o umbral da limitação temporal dimensional (esse tema é mais compléxo não pertinente ao que quero colocar).
E a razão da interdependencia da sociedade e a engenharia é simples, grandes sistemas demandam mão de obra que mesmo com as mais soberbas alavancas não se faz possível no decorrer da vida de um só homem! Ou seja, esse homem precisará dos músculos dos outros por mais que seu cérebro e sua capacidade criativa sejam bastantes em si mesmos!
Com isso, todas as obras grandiosas de civilizações só foram possíveis graças à própria civilização e seus atores, o povo.
Não é possível fazer uma pirâmide sem que haja muitos em ação! Embora eu esteja colocando a pirâmide na forma que entendo possível de fazê-la, por ressonancia e alteração do estado da matéria e não por cinzelamento/modelagem e superposição de peças. Mesmo por método ressonante, onde se aglutina areia em caixas de papiro (comum naquela região) já colocadas no lugar a serem acentadas, e através de ressonância de micro ondas se sinteriza a areia em rocha bruta, o mesmo que catalíticos minerais fazem com o cimento e gesso, fica impossível para um só homem erigir uma pirâmide, sobretudo por falta de tempo durante o período vivente.
Ou seja, não é possível o surgimento de civilizações sem a harmonização do tosco com o capaz, o capaz se far maestro e o tosco instrumento! Essa é uma condição axiomática e ela por si só condena a civilização, pois o tosco em um dado momento se perceberá como coautor da obra e arrogará para si a presunção de capaz!
Continua
Como mostro não é possível conciliar o uso do músculo alheio com a evolução, o que nos leva a uma situação irredutível, só existe evolução individual, a evolução coletiva é uma ilusão diretamente proporcional à qualidade maestra dos líderes carismáticos, se grande, esse lider até controla a massa em seu devido lugar! Mas todos somos mortais e os líderes carismáticos idem, logo ele pode até manter as rédeas curtas enqaunto vivo, pode até preparar seus filhos para também serem eficazes como ele, mas ele não tem como fazer os filhos nascerem com sua mesma capacidade, até porque cada momento é um momento e esses NUNCA se repetem, logo o líder carismático é uma situação singular e não replicável, nem em ciclicismos porpostos por Spengler de Alexandres macedônicos encarnados em napoleônicos!
ResponderExcluirO que vemos é uma proposta claudicante em sua base epistemológica, ou seja, a sociedade, a civilização é uma concatenação de eventos orquestradas em bases extrínsecas às necessidades dos agentes dessa sivilização, sejam seres humanos, ou qualquer outro ser.
Chegamos mais uma vez ao que afirmo, só a potência individual é perpetuável em si mesma!
E sempre temos que lembrar que a cada dia somos diferentes, nosso biorritmo nunca é uma linha perene, ele é composto de altos e baixos, e dessa forma em nós mesmos temos esse ciclicismo fundamental que se apresenta em toda a natureza! Assim, só nos resta o que afirmo, temos que ficar fortes e mais nada, tudo o mais acaba sendo o caminho para o fortalecimento e o fortalecimento é a fraqueza constante visto que fortalecidos subimos mais alto, descemos mais baixo, expandimos mais longe, e nessa condição voltamos sempre ao ponto mais baixo, menos profundo e mais curto de uma proposta mais ampla!
Isso se aplica a tudo, quando nos encantamos com a astronomia, por exemplo, inicialmente até olho nú é bastante em nossas observações, mas conforme buscamos enxergar mais longe sem nos atermos em nossa potência, somos obrigados a recorrer de instrumentos óticos que terão que ser upgradeados conforme avançamos na questão astronômica. Chega um ponto onde os instrumentos óticos falham, e somos obrigados a upgradear a tecnologia origianl ótica em tecnologia eletrônica, a dos radio telescópios, e até espectômetros de massa!
Como mostro, se nos aferramos no desenvolvimento social caimos em um fluxo interminável de volução do outro e não de nós mesmos! Ao passo que entendo a fundamentalidade da pot:encia nossa entramos nesse mesmo fluxo só que focados em nós mesmos!
Resumindo chegamos onde estão propostas de evolução individual: o lembrar de nós mesmos dos hiperbóreos e a impecabilidade do abrir das asas da percepção de Carlos Castañeda!
Spengler desenvolve com profundidade e uma intuição que identifica motores subjacentes aos motivos individuais e o quanto de saber dos mais altos membros de um povo é possível ser transmitido para as massas, isso é o que determina a duração do ciclo.
ExcluirQuando a média da massa consegue se manter em sua parte racional e intuitiva básica, não sub-humana, o básico do imperativo espiritual acima do imperativo animal, a civilização tem chances de durar.
Todavia não pode durar indefinidamente, e uma vez estável a civilização deve entrar numa etapa que é mais narrada na mitologia ou na metafísica, afinal, o planeta irá se dissolver, mas o HOMEM é eterno.