Continuação de Gaza, poder judaico e o Holocausto - parte 4 - por Ron Keeva Unz
Ron Keeva Unz |
Nosso mundo de
ponta-cabeça
Relegar
oficialmente o Holocausto à categoria de fraudes históricas desacreditadas
seria um ato muito importante, alguma coisa não empreendida levianamente e tendo
consequências de implicações de longo alcance.
Entre
as consequências menores estaria a de que dez ou vinte mil livros publicados em
inglês nos últimos cinquenta anos se tornariam subitamente obsoletos e seus
autores se revelariam tolos crédulos. Uma vasta multidão de outros livros e
artigos também sofreria sérios danos, com futuros leitores sempre rindo ao se
depararem com determinados parágrafos ou capítulos, enquanto nossos livros
didáticos básicos seriam necessariamente forçados a reverter o mesmo processo
de revisão sobre esse assunto que experimentaram a partir da década de 1960 em
diante. Mas todos os astrônomos ptolomaicos que dedicaram suas vidas ao cálculo
de epiciclos cada vez mais complexos para explicar os movimentos dos corpos
celestes foram igualmente varridos pela Revolução Copernicana, e as
ramificações políticas de declarar que o Holocausto foi apenas uma farsa seriam
muito mais dramáticas, principalmente no que diz respeito à nossa política
atual para o Oriente Médio.
De
fato, dada a extensão em que a maioria dos povos ocidentais foi submetida a
meio século de condicionamento intensivo do Holocausto pelas mãos de nossos
setores de mídia e entretenimento, talvez o colapso do comunismo soviético
fosse uma analogia histórica melhor. Mas até mesmo esse evento devastador pode
ser insuficiente, já que, em muitos aspectos, o Holocausto foi transmutado em
uma fé quase religiosa – a “Holocaustianidade” – que serve como o credo
reinante de grande parte do nosso Ocidente profundamente secular, apresentando
seus próprios mártires venerados, textos sagrados e lugares santos, sendo
Auschwitz seu principal local de peregrinação. O colapso de uma doutrina
religiosa estabelecida e poderosa está repleto de enormes dificuldades.
Algumas
figuras, hoje muito celebradas, seriam lançadas à ignomínia, enquanto outras,
hoje obscuras ou injuriadas, seriam levantadas para ocupar seus lugares. Em meu
artigo de 2018, eu fiz um breve esboço*25
de alguns desses últimos indivíduos:
Um professor de Engenharia Elétrica da Northwestern chamado Arthur R. Butz estava visitando casualmente uma reunião libertária durante esse período quando notou um panfleto que denunciava o Holocausto como uma fraude. Ele nunca havia pensado no assunto, mas uma afirmação tão chocante chamou sua atenção e ele começou a olhar o assunto no início de 1972. Logo decidiu que a acusação provavelmente estava correta, mas achou que as evidências de apoio, inclusive as apresentadas no livro inacabado e anônimo de Hoggan, eram muito incompletas e decidiu que elas precisavam ser desenvolvidas de forma muito mais detalhada e abrangente. Ele continuou a realizar esse projeto nos anos seguintes, trabalhando com a diligência metódica de um engenheiro acadêmico treinado.
Sua principal obra, The Hoax of the Twentieth Century {O Embuste do Século Vinte}, foi impressa pela primeira vez no final de 1976 e imediatamente se tornou o texto central da comunidade de negacionismo do Holocausto, uma posição que ainda parece reter até o presente dia, embora, com todas as atualizações e apêndices, o tamanho tenha aumentado para bem mais de 200.000 palavras. Embora nenhuma menção a esse futuro livro tenha aparecido na edição de fevereiro de 1976 da Reason, é possível que a notícia da publicação pendente tenha se espalhado pelos círculos libertários, o que motivou o novo foco repentino no revisionismo histórico.
Butz era um respeitável professor titular da Northwestern, e o lançamento de seu livro que, apresentando o caso da negação do Holocausto, logo se tornou uma pequena sensação, cobertura feita pelo New York Times e outros meios de comunicação em janeiro de 1977. Em um de seus livros, Lipstadt dedica um capítulo inteiro intitulado “Entering the Mainstream” [Entrando na cultura dominante] ao trabalho de Butz. De acordo com um artigo da Commentary de dezembro de 1980, escrito por Dawidowicz, os doadores e ativistas judeus se mobilizaram rapidamente, tentando fazer com que Butz fosse demitido por suas opiniões heréticas, mas naquela época a estabilidade acadêmica ainda se mantinha firme e Butz sobreviveu, um resultado que parece ter irritado muito Dawidowicz.
Outro participante regular do IHR {Institute for Historical Review} foi Robert Faurisson. Como professor de literatura na Universidade de Lyon-2, ele começou a expressar seu ceticismo público sobre o Holocausto durante a década de 1970, e o alvoroço resultante na mídia levou a esforços para removê-lo de seu cargo, enquanto uma petição foi assinada em seu nome por 200 acadêmicos internacionais, incluindo o famoso professor do MIT Noam Chomsky. Faurisson manteve suas opiniões, mas os ataques persistiram, incluindo um espancamento brutal por militantes judeus que o hospitalizou, enquanto um candidato político francês que defendia opiniões semelhantes foi assassinado. As organizações ativistas judaicas começaram a fazer lobby por leis que proibissem amplamente as atividades de Faurisson e de outros e, em 1990, logo após a queda do Muro de Berlim e a pesquisa em Auschwitz e em outros locais do Holocausto ter se tornado subitamente muito mais fácil, a França aprovou uma lei que criminaliza a negação do Holocausto, aparentemente a primeira nação depois da Alemanha derrotada a fazê-lo. Nos anos que se seguiram, muitos outros países ocidentais fizeram o mesmo, estabelecendo o precedente perturbador de resolver disputas acadêmicas por meio de sentenças de prisão, uma forma mais branda da mesma política seguida na Rússia stalinista.
Ao explorar a história da negação do Holocausto, eu tenho notado esse mesmo tipo de padrão recorrente, geralmente envolvendo indivíduos mais que instituições. Alguém altamente conceituado e plenamente consolidado convencionalmente decide investigar o tópico polêmico e logo chega a conclusões que se desviam de modo afiado da narrativa oficial das duas últimas gerações. Por vários motivos, essas opiniões se tornam públicas e ele é imediatamente demonizado pela mídia dominada pelos judeus como um extremista horrível, talvez mentalmente perturbado, enquanto é implacavelmente perseguido por um grupo voraz de ativistas judeus fanáticos. Isso usualmente leva à destruição de sua carreira.
Fred Leuchter era amplamente considerado como um dos maiores especialistas americanos em tecnologia de execuções, e um longo artigo no The Atlantic*26 o tratou como tal. Durante a década de 1980, Ernst Zundel, um proeminente negacionista canadense do Holocausto, estava sendo julgado por sua descrença nas câmaras de gás de Auschwitz, e uma de suas testemunhas especializadas era um diretor de prisão americano com alguma experiência em tais sistemas, que recomendou a participação de Leuchter, uma das figuras mais importantes da área. Leuchter logo fez uma viagem à Polônia e inspecionou de perto as supostas câmaras de gás de Auschwitz, depois publicou o Relatório Leuchter, concluindo que elas eram obviamente uma fraude e não poderiam ter funcionado da maneira que os estudiosos do Holocausto tinham sempre reivindicado. Os ataques ferozes os quais se seguiram logo lhe custaram a sua carreira comercial inteira e destruíram seu casamento.
David Irving tinha alcançado o ranking de historiador da Segunda Guerra Mundial mais bem-sucedido do mundo, com seus livros vendendo milhões de exemplares e uma cobertura brilhante nos principais jornais britânicos, quando ele concordou em comparecer como testemunha especialista no julgamento de Zundel. Ele sempre havia aceitado a narrativa convencional do Holocausto, mas a leitura do Relatório Leuchter o fez mudar de ideia e ele concluiu que as câmaras de gás de Auschwitz eram apenas um mito. Ele foi rapidamente submetido a ataques implacáveis da mídia, que primeiro prejudicaram gravemente e depois destruíram sua ilustre carreira editorial*27 e, mais tarde, ele chegou a cumprir pena em uma prisão austríaca por suas opiniões inaceitáveis.
O Dr. Germar Rudolf era um jovem e bem-sucedido químico alemão que trabalhava no prestigioso Instituto Max Planck quando ele soube da controvérsia a respeito do Relatório Leuchter, o qual ele considerou razoavelmente persuasivo, mas que continha algumas fraquezas. Portanto, ele repetiu a análise em uma base mais completa e publicou os resultados como the Chemistry of Auschwitz, que chegou às mesmas conclusões de Leuchter. E, assim como Leuchter antes dele, Rudolf sofreu a destruição de sua carreira e de seu casamento e, como a Alemanha trata esses assuntos de forma mais severa, ele acabou cumprindo cinco anos de prisão por seu atrevimento científico.
Mais recentemente, o Dr. Nicholas Kollerstrom, que passou onze anos como historiador da Ciência no quadro da University College, em Londres, sofreu o mesmo destino em 2008. Seus interesses científicos no Holocausto provocaram uma tempestade de difamação na mídia e ele foi demitido com um único dia de aviso prévio, tornando-se o primeiro membro de sua instituição de pesquisa a ser expulso por motivos ideológicos. Anteriormente, ele havia fornecido o verbete sobre Isaac Newton para uma enorme enciclopédia biográfica de astrônomos, e a revista científica de maior prestígio dos Estados Unidos exigiu que toda a publicação fosse descartada, destruindo o trabalho de mais de 100 escritores, porque havia sido fatalmente manchada por ter um colaborador tão vil. Ele relatou essa infeliz história pessoal como introdução ao seu livro de 2014, Breaking the Spell, o qual eu recomendo muito.
A vida e a carreira de um número considerável de outras pessoas seguiram essa mesma sequência infeliz, a qual em grande parte da Europa geralmente termina em processo criminal e prisão. Mais notavelmente, uma advogada alemã [Sylvia Stolz] que se tornou um pouco ousada demais em seus argumentos legais logo se juntou ao seu cliente atrás das grades e, como consequência, tornou-se cada vez mais difícil para os negacionistas do Holocausto acusados obterem representação legal eficaz. De acordo com as estimativas de Kollerstrom, muitos milhares de indivíduos estão atualmente cumprindo pena em toda a Europa por negação do Holocausto.
A
despeito de sofrer anos de prisão na Alemanha por sua investigação cética das
evidências científicas do Holocausto, Rudolf perseverou e acabou criando a mais
abrangente coleção publicada de literatura sobre a negação do Holocausto. Isso
inclui as obras de Butz e Kollerstrom, bem como dezenas de outros livros de
vários acadêmicos, aproximadamente todos disponíveis gratuitamente para
download, e vários documentários em vídeo sobre o mesmo assunto.
Mais
recentemente, Rudolf tem também lançado uma meticulosa enciclopédia sobre o
Holocausto, resumindo grande parte dessa montanha de material de pesquisa em
uma série de verbetes gerenciáveis.
Se
o Prof. Arthur Butz provavelmente é o pai fundador da negação acadêmica do
Holocausto, eu acho que o falecido Ernst Zundel pode ter honras semelhantes em
relação ao ativismo e à publicação da negação do Holocausto, tendo lançado seus
próprios esforços na mesma época. Mas, enquanto Butz estava protegido pela
Primeira Emenda e pelo mandato acadêmico, Zundel, um cidadão alemão que emigrou
para o Canadá em 1958, não tinha essas proteções, de modo que acabou
enfrentando vários julgamentos públicos, deportações e muitos anos de prisão,
tanto no Canadá quanto em sua terra natal, a Alemanha, enquanto sua casa em
Toronto era bombardeada por militantes judeus. Embora ambos os julgamentos
canadenses da década de 1980 tenham terminado em condenações e subsequente
encarceramento, na verdade eles desempenharam um papel muito importante no
avanço de seus esforços mais amplos, levando tanto Leuchter quanto Irving a se
envolverem no assunto, além de fornecerem inestimáveis interrogatórios de
importantes estudiosos acadêmicos do Holocausto.
Na
época de sua morte, em 2017, eu conhecia muito pouco de Zundel ou de sua
história e, portanto, eu fiquei bastante surpreso ao ler seu longo e
notavelmente moderado obituário no New York Times,*28
o que me levou a suspeitar que alguns editores do Times poderiam ter
tido discretamente opiniões heréticas em relação à causa que Zundel defendia há
muito tempo ou, pelo menos, alimentavam algumas dúvidas sérias a esse respeito.
Embora
eu não tinha estado consciente disso na época, durante a década de 1980 e
início da década de 1990, a controvérsia sobre a negação do Holocausto às vezes
recebia atenção substancial em vários programas de televisão. Por exemplo, em
1994, o sucesso teatral de A Lista de Schindler levou Mike Wallace a
entrevistar Zundel para o 60 Minutes, e eu descobri recentemente que o
segmento estava disponível no YouTube.*29
Com alguns desses assuntos atuais em minha mente,
encerrei um de meus primeiros artigos do American Pravda de 2018 com as
seguintes reflexões:
A noção de que o mundo não é apenas mais estranho do que imaginamos, ele é mais estranho do que podemos imaginar, foi muitas vezes atribuída erroneamente ao astrônomo britânico Sir Arthur Eddington e, nos últimos quinze anos, às vezes eu comecei a acreditar que os eventos históricos de nossa própria época poderiam ser considerados de forma semelhante. Também tenho brincado com meus amigos que, quando a verdadeira história dos últimos cem anos for finalmente escrita e contada – provavelmente por um professor chinês em uma universidade chinesa –, nenhum dos alunos em sua sala de aula acreditará em uma palavra sequer.
Tradução
e palavras entre colchetes por Davi Ciampa Heras
Revisão
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
*25
Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: American Pravda: Holocaust Denial -
Analyzing the History of a Controversial Movement, por Ron Keeva Unz, 27 de
agosto de 2018, The Unz Review – An Alternative Media Selection.
*26
Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: A Matter of Engineering - Capital punishment
as a technical problem, por Susan Lehman, The Atlantic.
https://www.theatlantic.com/magazine/archive/1990/02/a-matter-of-engineering/306222/
*27
Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: The Remarkable Historiography of David
Irving, por Ron Keeva Unz, 04 de junho de 2018, The Unz Review – An
Alternative Media Selection.
https://www.unz.com/announcement/the-remarkable-historiography-of-david-irving/
*28
Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: Ernst Zündel, Holocaust Denier Tried for
Spreading His Message, Dies at 78, por Sewell Chan, 07 de agosto de 2017, The
New York Times.
https://www.nytimes.com/2017/08/07/world/europe/ernst-zundel-canada-germany-holocaust-denial.html
*29 Fonte utilizada por Ron Keeva Unz:
Fonte: American Pravda: Gaza, Jewish Power, and the Holocaust, 19 de fevereiro de 2024, The Unz Review – An Alternative Media Selection.
https://www.unz.com/runz/american-pravda-gaza-jewish-power-and-the-holocaust/
Sobre o autor: Ron Keeva Unz (1961 -), de nacionalidade americana, oriundo de família judaica da Ucrânia, é um escritor e ativista político. Possui graduação de Bachelor of Arts (graduação superior de 4 anos nos EUA) em Física e também em História, pós-graduação em Física Teórica na Universidade de Cambridge e na Universidade de Stanford, e já foi o vencedor do primeiro lugar na Intel / Westinghouse Science Talent Search. Seus escritos sobre questões de imigração, raça, etnia e política social apareceram no The New York Times, no Wall Street Journal, no Commentary, no Nation e em várias outras publicações.
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