sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 8

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 7

Richard James Horatio Gottheil


A entrevista de Herzl com o Sultão.

            As esperanças do corpo sionista em relação à Palestina e as boas intenções do poder soberano lá foram de alguma maneira amortecidas pelas instruções enviadas pela Porta {Sublime Porta, Porta Otomana ou simplesmente Porta, era a designação corrente dada entre 1718 e 1922 ao governo do Império Otomano} em novembro de 1900, fazendo impossível para os judeus visitantes na Palestina permanecerem lá por um período maior que três meses. O governo italiano imediatamente protestou que isso não faria nenhuma diferença entre seus súditos judeus e cristãos; e a questão tendo sido trazida para a atenção do Secretário Hay, o Embaixador Americano em Constantinopla, que foi em 28 de fevereiro de 1901, instruído a fazer um protesto similar em nome dos Estados Unidos. Esta ação da Porta, a qual foi meramente o reavivar de uma regulamentação que tinha sido emitida cerca de quinze ou vinte anos anteriormente, foi em muitos locais dito ter sido devido à renovada atividade sionista; mas em 17 de maio de 1901, o próprio sultão recebeu em pessoa Herzl em uma audiência, o último sendo acompanhado por dois outros membros do Actions Commitee, David Wolfssohn e Oscar Marmorek. Herzl foi recebido em duas ocasiões posteriores; e ao sair, o sultão conferiu-lhe o grande cordão da Ordem de Mejidie. De Constantinopla Herzl foi para Londres, onde, em 11 de junho, ele foi novamente recebido pelos Macabeus {Maccabæans em inglês, era uma associação judaica da Inglaterra que reunia importantes judeus com o foco nos interesses judaicos}, em ocasião na qual ele falou muito confiante do sucesso de sua missão com o sultão e pediu ao povo judeu por £1.500.000 em adição ao dinheiro no banco para o propósito de obter a carta. Mas o povo judeu se manteve em silêncio; e as negociações as quais tinham procedido até então foram em momento suspensas.

 

Zangwill no Quarto Congresso.

            O Quinto Congresso foi realizado na Basiléia em 1901, esta vez durante o inverno, entre 26 e 30 de dezembro. Os novos estatutos da organização foram aqui finalmente aceitos. Eles chamaram ao encontro do congresso uma vez a cada dois anos; e no intervalo entre os congressos um encontro do Larger Actions Committee com os líderes em vários países era para ser realizado. Foi também decidido que uma nova organização territorial poderia ser fundada em qualquer terra se contribuintes de 5.000 shekels {moeda judaica} exigissem o mesmo. Todos os preparativos para a abertura do banco tinham sido feitos; resoluções foram passadas para dar uma subvenção à Biblioteca Nacional em Jerusalém, e também para a necessidade de uma enciclopédia hebraica e a fundação de uma agência de estatísticas. Um severo criticismo ao Trust do Barão de Hirsch foi feito por Israel Zangwill, mas sua moção não foi colocada perante o congresso. Existiu novamente um longo debate “Kultur” {questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista}, o qual terminou com o seguinte pronunciamento: “O Congresso declara o melhoramento espiritual [“Kulturelle Hebung”], ou seja, a educação do povo judeu ao longo de linhas nacionais, ser um dos elementos principais do programa sionista, e coloca nele como uma tarefa sobre cada sionista trabalhar frente a este fim.” Durante este congresso trinta e sete delegados, compreendendo a fração democrática, liderada por Berthold Feiwel, estando insatisfeita com a decisão do presidente, deixou o Congresso num só bloco, mas retornou depois que a demonstração tinha sido feita.

            Em 10 de julho de 1902, Herzl apareceu perante a Royal Immigration Commission, acomodando-se em Londres, para determinar quais meios, se houvesse, deveriam ser tomados para prevenir o grande influxo de um proletariado estrangeiro na Inglaterra. O apelo de Herzl era mais por uma regulamentação de imigração, conforme os judeus estavam preocupados, mais em suas procedências da Europa oriental do que os procedentes da Europa ocidental e América. No verão do mesmo ano uma delegação da ramificação sionista alemã foi recebida em audiência em Carlsuhe pelo Grão Duque de Baden, que tinha em várias ocasiões dado testemunho de seu profundo interesse no movimento.

            No outono de 1898 e após as audiências preliminares em Postdam e Constantinopla, o Imperador Guilherme II da Alemanha publicamente recebeu uma delegação sionista na Palestina. A delegação consistia do Dr. Theodor Herzl, Dr. M. T. Schnirer, D. Wolfssohn, Dr. Bodenheimer, e o engenheiro Seidener, presidente dos grupos sionistas na Alemanha; e, após uma saudação introdutória em 28 de outubro no Colony Mikweh Yisrael próximo de Jaffa, ele foi recebido em 2 de novembro na tenda imperial em Jerusalém, com o Secretário de Estado von Bülow estando presente. Em resposta ao discurso apresentado, o imperador disse que “todos esses esforços, conforme visando a promoção da agricultura da Palestina para o bem do Império Turco, e tendo o devido respeito pela soberania do sultão, pode-se estar certo de sua boa vontade e interesse.”

            Tanto neste momento e, subsequentemente, Herzl teve entrevistas com o sultão. Seu programa original destinava uma compreensão com aquele soberano sobre a base de uma regulamentação das finanças turcas (“Die Welt,” I, nº 1). Ele tentou também impressionar o sultão sobre a perfeita lealdade do corpo sionista, enquanto mostrou numa maneira pública na qual ele lidou com o problema e em sua oposição para qualquer forma de pequena colonização a qual significava o contrabando de judeus para a Palestina contra o desejo do poder soberano, assim como o valor para a Turquia de um elemento industrioso, cumpridor da lei e progressivo no país. As concessões por parte do sultão eram para ser em forma de uma carta, o governo turco proporcionando aos judeus uma larga porção de autonomia municipal, os judeus, por sua vez pagando uma certa soma sobre a disponibilidade da concessão e um tributo anual depois disso. O padrão era similar ao daquela da Ilha de Samos, o qual, por conta da parte que havia assumido na libertação da Grécia em 1821, foi concedido em 11 de dezembro de 1832, por meio da intervenção da Inglaterra, França e Rússia, um principado autônomo cristão, tendo seu próprio exército, bandeira e congresso, e pagando ao sultão um tributo anual de 300.000 piasters {moeda usada então em parte do Mediterrâneo e Oriente Médio} (W. Miller, em “The Speaker”, 1898, página 579). Embora sobre várias ocasiões Herzl acreditou ele mesmo próximo da realização de suas medidas políticas, ele falhou por causa da carência de apoio monetário dos judeus. Ao fim do período o sultão propôs uma colonização dispersa dos judeus no império turco, o qual Herzl foi obrigado a recusar, como sendo incompatível com o Programa da Basiléia e com as necessidades do movimento judaico nacional (“Protokoll” do Sexto Congresso Sionista, página 6.)

Em outubro do mesmo ano (1898) negociações foram abertas com alguns membros do governo inglês por uma concessão de terra na península do Sinai. Estas negociações foram continuadas no Cairo por L. J. Greenberg com Lord Cromer e o governo egípcio. Uma comissão, consistindo do engenheiro Kessler, o arquiteto Marmorek, o capitão Goldsmid, o engenheiro Stephens, professor Laurant, o Dr. S. Soskin Dr. Hillel Joffe, e Sr. Humphreys, representando o governo egípcio, deixou o Egito no início de 1903 para fazer um exaustivo estudo do território sob consideração; e retornou ao fim de março. O governo egípcio embora em parte concordando com as demandas por uma administração judaica e estendido poderes municipais no assentamento proposto em Al’Arish {ou Alarixe, província egípcia}, sentiu-se ele próprio sem garantias em concordar com a concessão por conta da carência de água, a qual iria necessitar usar uma certa porção do Nilo. Deve ser adicionado que a Jewish Colonization Association tinha mostrado-se ela própria não disposta a prestar seu apoio, caso a concessão tivesse sido concedida (“Die Welt,” 1904, n°1).

 

Sionismo na Rússia

            A Rússia tendo fornecido o maior número de sionistas, a tendência do sentimento naquele país pode ser brevemente indicada. No Congresso de Minsk realizado em setembro de 1902, 500 delegados compareceram representando o Partido Ortodoxo, a Fração Democrata, um então chamado Partido Central, e a Bund {Liga} Socialista. Nessa reunião foram discutidos a relação da ortodoxia com o radicalismo, a questão “Kultur” {questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista}, e especialmente a colonização na Palestina. O Congresso não estava indisposto unir-se com sociedades colonizadoras não-sionistas para a imediata compra de terras na Palestina, assim fazendo a primeira quebra na rigidez da plataforma da Basiléia. Resoluções foram passadas para o efeito que todo dinheiro pertencente ao Fundo Nacional devesse ser usado somente para comprar terras na Palestina, e que os parágrafos dos estatutos do Fundo Nacional devessem ser mudados de modo a evitar a cobrança de capital para a qual as restrições estavam anexadas (ver {Mordechai} Nurock “Der i. Allrussische Zionisten-Congress in Minsk,” Riga, 1902).

 

A entrevista de Herzl com Von Plehve.

            O ano de 1903 é memorável nos anais do sionismo. Em 24 de junho, Von Plehve, o ministro russo do interior, emitiu uma circular secreta para os governantes, prefeitos das cidades, e chefes de polícia, colocando um banimento sobre todas as reuniões sionistas e proibindo toda coleção para propósitos sionistas. O dinheiro pertencendo ao Trust e ao Fundo Nacional Judaico, e os shekels coletados que eram para ser revertidos sobre a sociedade de Odessa para apoiar os agricultores judaicos na Palestina. A razão dada para esta ação foi a suposta impossibilidade de realizar o programa sionista exceto em um futuro distante; mas o real motivo foi o medo de que os socialistas judeus pudessem fazer uso da plataforma sionista para a propagação das teorias deles (“The Times”, Londres, 2 e 11 de setembro). Isto, junto com a estressante condição dos judeus em geral naquele país, induziram Herzl a visitar a Rússia no início de agosto de 1903. Ele teve entrevistas com {Serguei Yulyevitch} Witte e Von Plehve, e foi aclamado com alegria pelo proletariado judaico das cidades as quais atravessou. O resultado de sua entrevista com Von Pleve é dado em uma carta para Herzl datada de 12 de a gosto, e publicada no Sexto Congresso Sionista. Nela Von Plehve promete que se o movimento sionista confinar sua agitação para a criação de um estado independente na Palestina e para a organizada emigração da Rússia de um certo número de habitantes judeus, o governo russo irá dar seu apoio material e moral para as negociações sionistas em Constantinopla, e irá facilitar o trabalho das sociedades de emigração com determinadas verbas contribuídas pelos judeus da Rússia (“Die Welt”, 25 de agosto de 1903).

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 9


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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