Dmitriy Kovalevich} |
O
mês de novembro na Ucrânia foi marcado pela adoção da chamada ‘reforma
agrária’, de acordo com as demandas feitas pelo FMI entre outras organizações
financeiras internacionais. A reforma abre caminho para a privatização em massa
das terras agrícolas da Ucrânia. O FMI vem fazendo essas exigências há muitos
anos, mas sortidos presidentes ucranianos tentaram adiar uma decisão tão
impopular. Pesquisas recentes mostram que a esmagadora maioria dos ucranianos
de todas as tendências políticas se opõe à privatização da terra, da
extrema-direita à extrema-esquerda.
Após
um intenso período de desindustrialização, ocorrido nos últimos anos, as terras
agrícolas continuam sendo o único ativo com algum valor na Ucrânia, mas, mesmo
assim, podem ser compradas por muito pouco. Um fato notável é que um dos
deputados do partido governista ‘Servo do povo’ {apelido que Zelensky usou para
si próprio em sua campanha presidencial}, Nikita Poturayev, ao
pressionar seus colegas no Parlamento a votar o projeto de reforma agrária,
afirmou[1] que isso seria ‘acertar
contas com o maníaco V. Lênin’, ou seja, o objetivo do projeto era abolir a
nacionalização da terra realizada após a revolução de outubro.
Solo fértil da Ucrânia em
disputa
Há
muito tempo tem sido conhecido que o solo da Ucrânia é muito fértil. De fato,
durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas invasores fizeram questão de se
apropriar de quantidades dele; forçando prisioneiros de guerra a coletar o solo
superficial e carregá-lo em trens a caminho da Alemanha. Agora essas mesmas
terras podem cair nas mãos de agro-holdings internacionais.
O
especialista político ucraniano Ruslan Bortnik diz que o presidente da Ucrânia,
Vladimir Zelensky, e sua equipe chegaram ao poder sob a obrigação de vender
as terras agrícolas da Ucrânia para companhias estrangeiras. Quem comprar
essas terras, segundo Bortnik, só estará pensando em ganhar o dinheiro mais
rápido possível. “As companhias estrangeiras já estão operando em solo
ucraniano [alugando terras]”, disse Bortnik,
“Mas eles estão competindo com grandes propriedades agrícolas ucranianas. Eles não dominam. Se o modelo de mercado de terras adotado for lançado, apenas grandes empresas estrangeiras permanecerão em nosso mercado… Sejamos honestos – não somos um país soberano. Pelo menos nosso governo está sob controle externo. E isso faz parte das obrigações deste governo. Esta é a condição sob a qual eles chegaram ao poder. Eles estão pagando as dívidas por meio da privatização.”[2]
Os
agricultores ucranianos que ainda são proprietários de terras, pelo menos
formalmente – eles simplesmente não podem vendê-las – são as mesmas pessoas que
não conseguem pagar suas contas de gás e eletricidade, especialmente após o
recente aumento dos preços da energia – outra demanda do FMI. Obviamente, seu
desespero financeiro fará com que muitos tenham que vender suas terras a um
preço baixo, certamente bem abaixo do valor de mercado. Enquanto isso, a
Ucrânia continua sendo o país mais pobre do continente europeu e as terras
agrícolas ucranianas continuam sendo as mais baratas. Além disso, as terras
podem ser compradas como pagamento de grandes empréstimos recolhidos pelo
governo de Kiev após o golpe Euromaidan em 2014.#a
Este
esquema de compra de terras da Ucrânia está ligado ao escândalo de corrupção em
curso nos EUA: aquele relacionado a Joe Biden e à empresa de gás ‘Burisma’.#b No final de novembro, os deputados
ucranianos (o deputado do povo não-facional Andrey Derkach; um deputado do
Partido Batkivshchyna Aleksey Kucherenko; e um deputado do partido Servo do
Povo, Aleksandr Dubinsky) revelaram isso na conferência de imprensa.[3]
O
ponto aqui é que o ex-ministro da Ecologia da Ucrânia Nikolay Zlochevsky,
proprietário da empresa de gás “Burisma”, em 2014 apresentou vários políticos
ocidentais ao conselho de administração de sua empresa, o que o ajudou a evitar
acusações de corrupção. Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente dos
EUA Joe Biden, recebia grandes pagamentos mensais por seus “serviços de
consultoria”. Como resultado, o procurador-geral da Ucrânia, general Viktor
Shokin, que estava investigando os esquemas de corrupção da empresa, foi
forçado – sob pressão – a renunciar por Joe Biden, que até se gabou disso na
mídia dos EUA.#c
Os
deputados ucranianos têm alegado agora em uma conferência de imprensa que o
dinheiro usado para subornar o filho do ex-vice-presidente dos Estados Unidos
foi de fato roubado. “Biden recebeu dinheiro, cuja fonte não é a atividade
bem-sucedida da Burisma, movimentos de negócios brilhantes ou recomendações. É
o dinheiro dos cidadãos da Ucrânia. Foi obtido por meios criminosos”, disse o
deputado Andrey Derkach. O objetivo final de toda essa fraude, na qual os
Bidens estiveram profundamente envolvidos, será a falência da Ucrânia em
2020-2021, por meio da formação de uma pirâmide de dívida pública.
Esquema de lavagem para
retirar dinheiro da Ucrânia
De
acordo com os deputados ucranianos, isso fazia parte de um esquema maior de
lavagem de dinheiro da Ucrânia por meio de bancos letões e do fundo ‘Franklin
Templeton Investments’, que é próximo do Partido Democrata dos Estados Unidos.
O fundador da fundação, John Templeton Jr., foi um dos principais
patrocinadores da campanha do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama.
Na
maior parte, foi em torno de US$ 7,4 bilhões em dinheiro público roubado da
Ucrânia, dos quais somente uma “pequena parcela” foi usada para subornar
políticos ocidentais, como Hunter Biden. Os deputados enfatizaram que, de
acordo com a investigação da promotoria geral da Ucrânia, o dinheiro retirado e
lavado foi então investido de volta na Ucrânia. Em particular, por meio da
Franklin Templeton Investments, o dinheiro foi usado para comprar títulos do
governo doméstico (DGB), emitidos por Kiev com altas taxas de juros.
O
princípio deste esquema é que, com a ajuda de fundos americanos, o dinheiro
lavado foi legalizado e investido em títulos do governo a 6-8% em dólares e
15-17% em moeda ucraniana (hryvnia). Isso está levando a um enorme crescimento
da dívida pública ucraniana e, eventualmente, à bancarrota da economia do país.
Eventual bancarrota da
economia
O
promotor ucraniano Konstantin Kulik declarou recentemente[4] em uma entrevista que a
Ucrânia toma empréstimos do FMI para pagar essas obrigações de dívida (DGB).
Como salientou o deputado Aleksandr Dubinsky na conferência de imprensa, 40% do
orçamento público atual vai para o pagamento da dívida pública da Ucrânia,
incluindo o reembolso da DGB a taxas de juro inflacionadas.
Segundo
ele, a falência das dívidas pode acontecer até o final de 2020 ou 2021.
E
esse esquema está ligado à privatização de terras, conforme adotado por Kiev em
novembro, de acordo com a demanda do FMI. “Os DGBs são um instrumento
financeiro pelo qual o Estado deve todos os seus bens ao quitar o DGB. E se o
mercado de terras for aberto, o Estado não terá outra propriedade valiosa, com
exceção da terra”, disse Dubinsky, exigindo a suspensão do pagamento da dívida
aos credores internacionais.
Como
resultado dessa reforma agrária impopular e das violações generalizadas dos
direitos trabalhistas, os sindicatos da Ucrânia convocaram uma greve geral[5] para 14 de novembro e
começaram os preparativos. Pela primeira vez na história da Ucrânia
independente, um comitê de greve foi formado em nível nacional. Este comitê foi
integrado por sindicatos, empresários individuais, pequenas empresas, produtores
agrícolas e fazendeiros.
Administração demite
funcionários e paga milhões em bônus {para si própria}
Em
14 de novembro, trabalhadores ferroviários ucranianos protestaram[6] em frente ao escritório
presidencial em Kiev contra os planos anunciados de demitir cerca de 50% do
pessoal ferroviário. Os trabalhadores exigiram que a administração da ferrovia
se demitisse. O vice-chefe do sindicato ferroviário, Alexander Mushenok, disse
recentemente[7]
que atualmente “apenas 20 trabalhadores estão empregados onde são necessários
60 trabalhadores”.
Ao
mesmo tempo, os trabalhadores alegam que a alta administração da empresa está
se pagando milhões em bônus. Uma das exigências do FMI exige que as autoridades
de Kiev privatizem também o sistema ferroviário. Na prática, isso significa que
as poucas rotas lucrativas serão privatizadas por empresas ocidentais, enquanto
a maioria das rotas não lucrativas – para províncias pouco desenvolvidas –
permanecerão estatais, tornando o transporte ferroviário ainda menos lucrativo.
O
inteiro curso da privatização, promovido pelo FMI, pode ser resumido pelo
princípio “privatização dos lucros, nacionalização das perdas”. E o novo
governo de Kiev é muito dependente para protestar contra a imposição dessa
política; no entanto, isso significará efetivamente que este governo perderá
sua credibilidade e confiabilidade entre o povo.
Tradução
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
[1] Nota de Dmitriy Kovalevich: Мы
сведем счеты с Лениным и Сталиным – "слуга народа" о рынке земли { Vamos
acertar as contas com Lenin e Stalin – “servo do povo” no mercado de terras },
13 de novembro de 2019, Pravda.
https://www.pravda.com.ua/rus/news/2019/11/13/7231816/
[2] Nota de Dmitriy Kovalevich: Эксперт
объяснил, какие иностранцы купят украинскую землю и что они с ней сделают {O
especialista explicou quais estrangeiros comprarão terras ucranianas e o que
farão com elas}, 22 de novembro de 2019, Polit Navigator.
#a Nota de Mykel Alexander: Sobre o
contexto das agitações ucranianas que resultaram na derrubada do presidente
eleito em 2014 e a sequência de eventos ver:
- {Retrospectiva 2013 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia} - Putin conquista nova vitória na Ucrânia O que
realmente aconteceu na crise ucraniana, por Israel Shamir, 03 de março de
2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/retrospectiva-2013-russia-ucrania-eua.html
- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia} O Fatídico triângulo: Rússia, Ucrânia e os judeus, por
Israel Shamir, 25 de fevereiro de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/02/retrospectiva-2014-russia-ucrania-e-os.html
- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia} A Revolução Marrom na Ucrânia, por Israel Shamir, 13 de
março de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/a-revolucao-marrom-na-ucrania-por.html
- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia} O pêndulo ucraniano - Duas invasões, por Israel Shamir,
06 de março de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/retrospectiva-2014-russia-ucrania-eua.html
- {Retrospectiva Ucrânia - 2014} Nacionalistas, Judeus
e a Crise Ucraniana: Algumas Perspectivas Históricas, por Andrew Joyce, PhD
{academic auctor pseudonym}, 18 de abril de 2022, World Traditional
Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/04/retrospectiva-ucrania-2014.html
- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia} A Ucrânia em tumulto e incerteza, por Israel Shamir, 26
de abril de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/04/retrospectiva-2014-assedio-do-ocidente.html
- Aleksandr Solzhenitsyn, Ucrânia e os
Neoconservadores, por Boyd T. Cathey, 17 de agosto de 2022, World
Traditional Front
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/08/aleksandr-solzhenitsyn-ucrania-e-os.html
#b Nota de Mykel Alexander: Sobre a
conexão através de fraudes e articulações suspeitas dos democratas americanos
com o regime ucraniano e a empresa Burisma ver:
- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia – Corrupção Ucrânia-Joe Biden-EUA} O saque da Ucrânia por
democratas americanos corruptos- Uma conversa com Oleg Tsarev revela a suposta
identidade do “denunciante Trump/Ucrânia”, por Israel Shamir, 08 de março de
2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/retrospectiva-2019-corrupcao-ucrania.html
[3] Nota de Dmitriy Kovalevich: $16,5
млн гонорара от Бурисмы Байдену и партнерам – украдены у Украины, заявляет
Деркач {US$ 16,5 milhões em royalties da Burisma para Biden e parceiros
roubados da Ucrânia, diz Derkach}, 20 de novembro de 2019, Interfax.
#c Sobre a conexão através de fraudes
e articulações suspeitas dos democratas americanos com o regime ucraniano e a
empresa Burisma ver:
- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente
Globalizado na Ucrânia – Corrupção Ucrânia-Joe Biden-EUA} O saque da Ucrânia por
democratas americanos corruptos- Uma conversa com Oleg Tsarev revela a suposta
identidade do “denunciante Trump/Ucrânia”, por Israel Shamir, 08 de março de
2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/retrospectiva-2019-corrupcao-ucrania.html
[4] Nota de Dmitriy Kovalevich: https://apostrophe.ua/article/politics/2019-11-20/myi-berem-dengi-mvf-dlya-togo-chtobyi-vyiplachivat-dengi-figurantam-obschaka-yanukovicha—prokuror-kulik/29279
[5] Nota de Dmitriy Kovalevich:
[6] Nota de Dmitriy Kovalevich: Железнодорожники
устроили митинг под офисом Зеленского {Trabalhadores ferroviários fizeram uma
manifestação perto do escritório de Zelensky}, 14 de novembro de 2019, dsnews.
[7] Nota de Dmitriy Kovalevich: Без
вагонов, локомотивов и зарплаты: почему намерены бастовать рабочие
«Укрзализныци» {Sem vagões, locomotivas e salários: por que os trabalhadores de
Ukrzaliznytsia pretendem fazer greve}, 12 de novembro de 2019.
Fonte: Ukraine: Land Privatization Demanded by IMF,
Links to Biden Graft Scandal. Engineered Bankruptcy of National Economy, por
Dmitriy Kovalevich, 28 de novembro de 2019, Global Research.
Sobre o autor: Dmitriy
Kovalevich, ucraniano, é jornalista e foi ativista na Ucrânia pela organização
comunista Borotba.
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