21/08/2014
Alex Kurtagić |
Leon Trotsky morreu há 74 anos atrás hoje {em 2014}. Ele foi um teórico e revolucionário marxista, comissário soviético, primeiro líder do
exército vermelho, e fundador da Quarta Internacional. Trotskismo, sua teoria
do marxismo envolveu apoio para um partido de vanguarda da classe operária,
internacionalismo proletário, a necessidade pela ‘revolução permanente’, e
advocacia de uma Frente Unida de revolucionários e trabalhadores através do
mundo opondo-se ao capitalismo e fascismo.
Ele nasceu como Leiba Davidovich Bronstein em 7 de
novembro de 1879. Ele foi uma de oito crianças. Seus pais, David Leontyevich
Bronstein (1847 – 1922) e Anna Bronstein (1850 – 1910) eram ricos fazendeiros
judeus de classe média, sediados em Yanovka, a qual agora é no sul da Ucrânia.
David não era um judeu observante, e o que ele desejava
mais para seu filho era que ele não ficasse em desvantagem educacional, como
ele tinha estado. Para este propósito ele estava contente em enviar Leiba para
uma escola cristã. Na idade de 9 ele foi para Odessa, onde ele foi matriculado
em uma escola alemã, St. Paul’s Realschule. A cidade, fundada por Catarina a
Grande, tinha sido um livre porto intermediário por aproximadamente 40 anos, e
na qual tinha se transformado em um fervilhante caldo de etnias, nacionalidades
e religiões – um ambiente que pode ter influenciado sua visão. Como um
estudante, Leiba era brilhante, de forte pegada, e confiável. Ele viveu com seu
primo Moshe Shpentser e sua esposa Fanni. Moshe ensinou a ele urbanidade e
polidez. David estava orgulhoso de seu filho e fez questão de mantê-lo no caminho
reto: um filho mais velho, Alexander, não tinha ido nem de longe tão bem na
escola, e tinha ainda conseguido se formar como um médico. Leiba mostrou tanto
a inteligência e a ambição para realmente fazer alguma coisa por si mesmo.
Trotsky jovem. |
Enquanto ainda com 15 anos de idade, Bronstein moveu-se
para Nikolaev, empenhado em se tornar um matemático. Isto foi contra os desejos
de seu pai, que pensou que uma carreira de engenharia iria ser mais lucrativa;
ainda, o obstinado adolescente não prestou atenção. Ele mesmo associou-se com o
racionalismo e progresso. Agora, se ele tivesse se apegado nos exercícios de
cálculo integral e na régua de cálculo, a história poderia ter sido diferente,
mas, infelizmente, depois de um par de anos, ele se misturou com uma multidão
podre, se entediou com matemática, e adentrou permanentemente no caminho errado.
Isto muito para aflição de seu pai que tinha quebrado as costas nos campos
para pagar sua educação.
Como é sempre o caso, isso aconteceu pela oportunidade:
na Nikolaev Realschule, onde ele estava matriculado, ele se deparou com
Vyacheslav Shvogovski, que tinha um irmão mais velho intelectual já no final de
seus vinte anos, Franz. Não mais sob o atencioso olhar de Shpentser, ele,
Bronstein estava livre para fazer as coisas como quisesse. E conseguiu conhecer
este Franz. Agora tanto ele e outro mais jovem aderiram às ideias
revolucionárias e eram tolerantes para com o marxismo. Eles tinham um círculo
de amigos muito interessados em política, e eles se reuniam para discussões no
jardim de Franz. Este círculo de amigos incluía Alexandra Sokolovskaya, uma
‘obstinada’ marxista. Leiba juntou-se a este círculo e tornou-se aproximado com
a literatura deles. Não somente isto, mas ele descobriu que gostava desta liberal
atmosfera intelectual muito mais que à da família Bronstein. Ele adotou o nome
russo Lëva (diminutivo de Lev) e tornou-se um narodnik (populista revolucionário).
Depois de um tempo, a discussão não mais era suficiente;
o grupo decidiu que eles queriam ação. Bronstein jogou-se ele mesmo na
propaganda revolucionária comunista criativa com grande deleite, e estava logo
fazendo nome para ele mesmo na cidade, forrando as ruas com panfletos e
proclamações, vomitando ideias socialistas entre os estudantes e trabalhadores
industriais ingênuos.
Naturalmente, isto poderia não terminar bem, e pelo
início de 1898, ele tinha sido preso e encarcerado. De fato, eles tinham estado
sob vigilância por um tempo – o governo do czar não era estúpido. Transferido
de uma prisão à próxima, ele terminou em Moscou, onde ele encontrou outros
condenados com ideias revolucionárias, ouviu falar sobre Lenin e leu seu livro O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia.
Nosso chapa já tinha sido introduzido no marxismo três anos antes, e
Alexandra, que não era flor que se cheire, tinha estado a ganhar influência
sobre ele, apesar de ser um valentão intelectual, embora ele tinha ainda o
discernimento suficiente para resistir o veneno. Infelizmente não por muito
tempo: influenciado por criminosos e pela diatribe de Lenin, ele finalmente
sucumbiu e tornou-se um pleno marxista. Dentro de dois meses de seu
encarceramento, o recém-formado Partido Trabalhista Social Democrata Russo
realizava seu primeiro congresso, após o qual Bronstein identificou-se ele
mesmo como um membro.
Durante os dois anos de espera por seu julgamento,
Bronstein e a agora companheira de gaiola Alexandra se apaixonaram. Um capelão
judeu casou eles em 1900. O tempo estava tramando para manter eles juntos,
por causa que Bronstein estava então
sentenciado e ele não teria casado então com a garota, se ele tivesse tido de desfrutar seus quatro anos de
exílio na Sibéria, não somente congelando, mas também em celibato.
Pelos próximos dois anos, Bronstein estudou os clássicos
marxistas. Ele poderia ter estudado filosofia, e conhecer o amor pela
sabedoria; ao invés, ele aprendeu a reconhecer as correntes do partido. Uma
facção não estava aborrecida sobre a questão da mudança de governo, e cuidava
somente por melhores condições para os trabalhadores; a outra queria derrubar a
monarquia e pensou ser essencial ter um bem organizado e disciplinado partido
revolucionário. Bem, adivinhe qual lado este companheiro escolheu? Claro,
Bronstein se aliou com o pior do lote e começou
escrever para o órgão de propaganda deles, Vostochnoe obozrenie. Ele também envolveu-se com a erupção das
‘organizações democráticas’ ao longo da ferrovia transiberiana, produzindo
folhetos escritos à mão e proclamações.
Então, tendo apenas sido pai de duas meninas, ele decidiu
fugir, abandonando sua esposa e os dois bebês nos ventos da Sibéria para se
defender da melhor forma possível no inverno que se aproximava. Ele
posteriormente alegou que Alexandra apoiou sua decisão, mas isto foi uma
mentira[1]. O grande homem ansiou o
palco do mundo, e ele não ia deixar uma família ficar em seu caminho. Bronstein
foi à frente, escondendo-se em um vagão cheio de feno. Alexandra viu o resto de
sua sentença, mas neste então, Bronstein, o canalha ingrato, tinha pego uma
nova amante em Paris – Natalya Sedov – e o casamento terminou em divórcio. As
garotas foram transferidas para outros parentes, e Alexandra iria, muitos anos
depois, ser engolida pelo Grande Terror, terminando seus dias na Sibéria,
meramente por causa que ela um dia tinha sido casada com este homem, enquanto Trotsky expôs-se ele mesmo à luz na
Cidade do México.
Foi nesta conjuntura que Bronstein mudou seu nome,
assumindo ‘Trotsky’ a partir de um carcereiro que ele tinha conhecido em
Odessa. Da Sibéria ele foi para Londres, onde ele se juntou aos editores do Iskra, do qual ele tornou-se um assíduo contribuidor.
Isto chamou a atenção de Lenin e, vendo uma promessa no convicto fugitivo de 23
anos de idade, ele usou-o como um peão em suas manobras políticas visando
assumir o controle da publicação da ‘velha guarda’ dentro do conselho
editorial, então liderado pelo fundador do marxismo russo, Georgy Plekhanov.
(Lenin tinha o ‘Nova Guarda’, junto
com Julius Martov).
Os políticos comunistas eram um assunto sujo e bagunçado,
contudo, não demorou que Trotsky se virasse contra seu mentor. Depois de anos
de prisão, condenações, e confusão interna, em 1903 o RSDPL gerenciou uma
reunião num segundo congresso do partido, o qual ocorreu primeiro em Bruxelas, mas que, não bem vindo pela polícia belga, foi então forçado a reuniões numa
fumacenta sala do English Club em Charlotte Street em Bloomsbury {uma área do
centro de Londres, Inglaterra}. Apoiadores do Iskra, os quais constituíam 60%
dos delegados, brigavam sobre pontos no programa e caíram em cima de pontos
sobre a redação e definições de filiação. Todos queriam clandestinidade. Mas
Lenin queria um partido de profissionais revolucionários barra pesada, enquanto
Martov queria uma adesão mais solta. O voto favoreceu Martov, mas alguns então
mudaram suas ideias e saíram raivosamente, deixando Lenin em posição de
maioria, apoiado por Plekhanov, que iria subsequentemente açoitá-lo com
críticas. Por conseguinte, o Iskraits dividiu-se em Bolcheviques (facção
majoritária) e Menchevique (facção minoritária). Martov representou esta designação,
e Trotsky foi com ele, o qual levou Lenin a denunciá-lo como um ‘Judas’, um
‘canalha’, e um ‘suíno’.
Mas no dia seguinte Trotsky também mudou sua mente e
deixou os mencheviques. No verão, cansado das disputas de facções e da mudança
de lados de uma hora para outra, ele se mudou para Munique, onde encontrou
Alexander Parvus (nascido como Israel Lazarevich Helphand, ou Gelfand, um
teórico marxista que tinha sido descarrilhado quando jovem pelas ideias
socialistas de Alexander Herzen, um precursor ideológico para o Narodniki. Parvus tinha reavivado a
ideia de Marx de ‘revolução permanente’ e transmitiu a um muito atento Trotsky
suas visões sobre ela.
Os três judeus marxistas Alexander Parvus, Leon Trotsky e Lev Deutsch |
O ano de 1905 começou com agitação em São Petersburgo.
Uma greve de fábrica tornou-se uma greve geral, a qual terminou com uma marcha
para o Palácio de Inverno do Czar em 9 de janeiro. Liderada por Georgi Gapon, um
padre ortodoxo de origem camponesa que tinha se tornado envolvido com
trabalhadores de fábricas, a marcha pretendia que o Czar proclamasse os
direitos civis universais. Ela foi pacífica, e a união de Gapon legal, mas a
atmosfera estava tensa e os guardas do Palácio atiraram neles, matando centenas
de indivíduos. Isto tornou-se conhecido como Segunda-Feira Sangrenta.
Vendo uma oportunidade, Trotsky voltou para a Rússia,
onde ele rapidamente colocou-se a trabalhar disseminando propaganda, misturando
indiscriminadamente com bolcheviques e mencheviques. Estes últimos ele
trabalhou para radicalizá-los, mas eles tinham sido infiltrados pela polícia
secreta e Trotsky foi forçado a fugir por todos os caminhos para a área rural
da Finlândia. Lá ele pegou a ideia de Parvus da ‘revolução permanente’ e tocou
com ela, resultando nos artigos que posteriormente foram recolhidos em dois
volumes, 1905 e Revolução Permanente.
Em seguida foi a vez de Moscou ser paralisada por greves.
Como antes, ela começou com uma fábrica e espalhou-se em outros lugares: dentro
de duas semanas, o inicial avanço da greve na tipografia Sytin tinha se
espalhado para os tipógrafos de toda Moscou e São Petersburgo, e de lá para a
ferrovia Moscou-Kazan. E, como antes, vendo uma oportunidade, Trotsky
escorregou para a Rússia, onde ele novamente colocou-se a disseminar propaganda.
Com Parvus, ele assumiu a Gazeta Russa
e aumentou sua circulação de 30,000 para 500,000 cópias. Trotsky também se
juntou ao soviete de São Petersburgo[2], do qual ele tornou-se seu
vice-presidente e então presidente depois da prisão de seu líder. Um orador
capaz, ele mesmo começou eclipsando politicamente Lenin. Contudo, os bons
tempos não eram para durar, por volta de dezembro ele foi preso e encarcerado
sob acusações de apoiar rebelião armada, e em outubro de 1906 ele foi
devidamente julgado e condenado. Sua sentença: Exílio na Sibéria.
Mas nesta ocasião Trotsky nem mesmo foi para tal região;
ele escapou durante o percurso e
retornou para Londres, a tempo de assistir o congresso do RSDLP, então em sua
quinta iteração. Ele então retirou-se para Viena, onde além de participar das
atividades de ambos partidos social-democrata da Áustria e Alemanha, ele fez
amizade com Adolph Joffe, um emigrante russo que tinha também tido sua mente
envenenada pelas ideias sociais-democráticas enquanto ainda na escola. Juntos eles lançaram o Pravda, ostensivamente, um jornal bissemanal, o qual era então
contrabandeado para dentro da Rússia – quando ele apareceu, isto é, por causa
que Trostsky não pôde manter regularidade, e gerenciou somente cinco números no
primeiro ano. O fato é que, já nas necessidades básicas para o jornal Trotsky
tinha de contar seus centavos para continuar avançando, e foi forçado a pedir
esmola para o Comitê Central Russo. Ele finalmente conseguiu instaurar um órgão
central financiado pelo partido, aproveitando-se do antigo requerimento de
Lenin de ter um bolchevique como coeditor através do nepotismo: ele instalou
seu cunhado nesta posição. O cunhado, contudo, pediu demissão acrimoniosamente
e Trotsky mais ou menos conseguiu gerenciar o jornal em atividade até abril de 1912, quando ele
finalmente faliu.
Naquele mesmo mês, contudo, os bolcheviques de Lenin
iniciaram o próprio jornal deles, chamando ele também de Pravda. Trostsky estava inflamado pela usurpação, e escreveu uma
carta rancorosa denunciando Lenin. Ela foi interceptada pela polícia e eles
arquivaram-na para uso futuro. Posteriormente, os inimigos comunistas de
Trotsky tramaram para desenterra-la afim de embaraçar ele.
Agora, se Trotsky era ruim, Lenin era ainda pior, por
causa de um dos desacordos que aquele e os mencheviques tinham com Lenin que
era a política bolchevique de financiamento do partido deles através de
assaltos armados. O 5º congresso tinha mostrado o suficiente de consciência
para banir esta prática, mas os bolcheviques não se importavam, e Lenin teve
seus oponentes expulsos do partido. Trotsky tentou reunir o partido em Viena,
mas falhou.
Ainda em Viena, enquanto um jovem Adolf Hitler ganhava a
existência como operário e colorista de aquarela boêmio, Trotsky manteve-se
espalhando agitação para vários jornais russos e ucranianos, sobre a cobertura
de vários pseudônimos. Enquanto um correspondente nos Balcãs para lá cobrir a
guerra, ele tornou-se amigo de Christian Rakovsky, que posteriormente provou-se
útil para ele, pois ele iria tornar-se um líder político soviético e um aliado
dentro do Partido Comunista Soviético, até Stalin pegar ele.
Ele estava de volta em Viena em 1913, mas a Grande Guerra
eclodiu no ano seguinte, e com a Áustria-Hungria lutando contra o Império
Russo, Trotsky, encarou uma prisão como um emigrante russo, fugiu para a neutra
Suíça.
A guerra realinhou completamente o RSDLP. Agora Lenin,
Trotsky, e Martov estavam no mesmo lado, opondo-se a guerra. Trotsky gastou
algum de seu tempo escrevendo um livro contra a guerra (A Guerra e a Internacional), e então foi para a França como um
correspondente de guerra para o Kievskaya
Mysl. Em Paris, ele começou editar ainda outro jornal. Nashe Slovo, inicialmente com Martov, que brevemente se tornou
descontente conforme o jornal guinou ainda mais para a esquerda. Trotsky também
participou de um congresso anti-guerra de socialistas. Não muito depois disto,
as autoridades francesas decidiram que eles tinham já o suficiente, e
deportaram Trotsky para a Espanha. A Espanha, todavia não quis ele, e
rapidamente passou ele para os Estados Unidos, um número daqueles poderosos
financistas estava já financiando os bolcheviques. Trotsky chegou em Nova
Iorque em janeiro de 1917 e pegou uma
residência no Bronx.
E ele não perdeu tempo: escreveu artigos para um jornal
socialista local em linguagem russa e para um diário yiddish, e usou sua
oratória para agitar emigrantes russos. Oficialmente ele viveu com $15 semanais.
Em março de 1917, o que era ainda fevereiro na Rússia,
desde que eles utilizavam o calendário Juliano, o Czar Nicolau II abdicou,
abrindo caminho para o Governo Provisório russo. Trotsky zarpou de volta para a
Rússia, onde ele chegou com algumas vicissitudes em maio. Ele apoiou os
bolcheviques e se juntou à Mezhraiontsky, uma organização social-democrática
regional baseada em São Petersburgo, e tornou-se um líder. Em agosto ele foi
uma vez mais preso, mas, tolamente, ele foi solto depois de somente 40 dias. Em
outubro (calendário Juliano) os
bolcheviques tinham invadido o Palácio
de Inverno e pelo final do ano, com os bolcheviques firmemente no poder,
Trotsky era segundo em poder apenas abaixo de Lenin.
Lenin queria sair da guerra, então Trotsky foi feito
Comissário de Assuntos Estrangeiros e enviado para negociar com os alemães.
Novamente, existiam divisões. Comunistas da esquerda queriam a inteira Europa
sob as garras soviéticas e nenhuma paz com um país capitalista. Lenin temia que
os militares herdados da Rússia estavam caindo em pedaços, e ele imaginou que o
recém formado Exército Vermelho, o qual era débil e consistia de camponeses mau treinados, era uma piada de
mau gosto, particularmente depois de ter seus traseiros chutados pelo
disciplinado exército alemão; sua principal preocupação era manter o poder. Por
isso, ele defendeu um tratado de paz com a Alemanha capitalista no caso de um
ultimato, embora ele estava disposto a afogar o negócio tanto quanto fosse
possível. Trotsky também reconheceu a inutilidade do Exército Vermelho, mas ele
era contra um tratado, achando que isso seria um golpe na moral e prestígio
soviético. Eventualmente, a cara foi salva pelos usuais meios: submetendo o
assunto para o voto, dispersando assim a responsabilidade. E conforme o Comitê
Central Bolchevique votou em favor de um tratado da paz, este último foi
devidamente assinado e Trotsky não viu opção alguma a não ser demitir-se.
(Tratado da paz ou não, a Alemanha perderia a guerra, e o
já mencionado Hitler, agora um soldado no exército alemão, iria aprender disto
enquanto se recuperava da cegueira decorrente de um ataque de gás mostarda. Ele
iria culpar a mão dos agitadores marxistas de traição dentro do front alemão, e
isto brevemente iria colocar ele em um curso de colisão com o bolchevismo.)
Na época de sua demissão, Trotsky tinha já formado um
Conselho Militar Supremo, para resolver a situação do Exército Vermelho, e
dentro de dias ele foi apontado Comissário do Povo para os Assuntos do Exército
e da Marinha, e presidente do conselho acima mencionado. Em um pleno controle do exército, Trotsky
respondia somente para a liderança do Partido Comunista. Ele tomou medidas
duras: recrutamento forçado, esquadrões de bloqueio comandados pelo partido,
obediência compulsória, oficiais escolhidos pela liderança, e comissários
políticos. Naturalmente e pena de morte era essencial, soldados tinham de
encarar a possibilidade de morte no fronte, e a morte certa na retaguarda.
{Os três judeus marxistas-bolcheviques Leon Trotsky, Vladmir Lenin e Lev Kamenev: Comunismo entrando na Rússia.} |
A Rússia era agora um estado de guerra civil, então Lenin
apontou um Politburo[3],
consistindo de cinco membros, dois dos quais eram Trotsky e Joseph Stalin, o
‘homem de aço’. Trotsky enviou Stalin para Tsartsyn, onde, com novos aliados,
Stalin impôs sua vontade sobre o exército, desafiando muitas das decisões de
Trotsky. O Homem de Aço organizou matanças em massa de contrarrevolucionários,
o incêndio de aldeias, e a execução pública de desertores e renegados, bem como de traidores.
Trotsky era vaidoso, arrogante, espinhoso, egoísta, e
dominador, e como um líder ele rotineiramente pisava nos dedos e dava
cotoveladas nas pessoas ao lado, sem se incomodar em não se desculpar, por isso
não é surpreendente que em muito pouco tempo sua liderança veio a estar sob
ataque. Stalin para cujo acampamento foram muitos dos quais Trotsky tinha
ofendido e perturbado, encorajou as críticas com gosto. A situação veio a um
ponto culminante e Stalin tinha já pressionado Lenin para despedir Trotsky, mas
quando o último antecipou isto ao propor sua renúncia, e foi recusada, ele
sobreviveu por então.
Trotsky retratado num poster polonês de 1920 |
Em 1920, o último ano da Guerra Civil Russa, Trotsky
queria focar em reconstruir a economia, mas Lenin estava fixado em guerrear
pelo Comunismo, e encarregou Trotsky de militarizar as ferrovias enquanto
permitia-o manter o controle do Exército Vermelho. A Guerra Polaco-Russa então eclodiu,
e Trotsky pensou que exército estava exausto demais para fazer qualquer outra
coisa que assinar um tratado de paz tão rapidamente quanto possível, mas a
demoníaca sede de sangue de Lenin não tinha sido saciada ainda. De fato,
tanto quanto ele estava interessado, ele somente estava começando, e pensou
em mudar da guerra ‘defensiva’ (contra o imperialismo) para a guerra
‘ofensiva’. Mas a ofensiva sobre Varsóvia foi uma catástrofe de Stalin por
causa que ele ignorou as ordens de Trotsky, de modo que no final este último
conquistou seu caminho.
No entanto, não era para haver nenhuma paz para este
inquieto homem, e em seguida veio uma discussão sobre sindicatos, a qual
dividiu o Partido Comunista, atiçando Trotsky contra Lenin. Este último acusou
seu oponente de 'chatear burocraticamente os sindicatos’, Em 1921, foi a vitória
de Lenin e ele rapidamente clamou por escalpos, os quais incluíam vários
apoiadores de Trotsky (eles foram
sumariamente demitidos). Lenin disse que Trotsky era ‘apaixonado por
organização’, mas que em trabalhar política ‘ele não tinha a menor ideia’. De
fato, Trotsky era um solitário, um escrevinhador, e um pobre companheiro de
equipe; certamente não um revolucionário profissional.
Trotsky retratado pela resistência russa num poster de 1920 |
Em 1922 Trotsky era ainda segundo em relação a Lenin, mas
quando a saúde do líder desceu colina
abaixo, Stalin, agora o secretário geral do Comitê Central armou com outros
dois para assegurar que Trotsky não iria conseguir uma mordida na cereja. Eles
formaram uma troika {palavra russa que designa um comitê de três membros} e começaram nomeando Trotsky para trabalhos secundários, na
expectativa que ele iria, se indignado, se recusar e eles poderiam então usar
isso como desculpa para se livrar dele.
A especulação também circulou como se o propenso a apagões Trotsky fosse
um epilético. Lenin ficou sabendo disto e considerou idiotice, pois ele via
Trotsky como um recurso útil; contudo, debilitado pela sucessão de acidentes
vasculares cerebrais, suas manobras falharam em prosperar. O diabólico Stalin
tinha estado, neste meio tempo, usando seu poder de nomeação
para encher o Comitê Central de lacaios, minando também seus parceiros na
troika. Nesta última ele tinha o aliado de Trotsky, Christian Rakovsky,
realocado em uma nova posição em Londres; os secretários regionais do partido
que protestaram foram também realocados, espalhados através da União Soviética.
Além disso, as recomendações de Trotsky por democracia intrapartidária, as
quais receberam uma ovação de pé no XII Congresso do Partido, foram ignoradas.
Enquanto isso, a relação de Stalin com Lenin, a qual tinha estado se
deteriorando, eventualmente quebrou-se quando o Homem de Aço rudemente insultou
a esposa do líder. Ainda, era tudo o mesmo para ele {Trotsky}, por causa que
desta vez ele estava no controle e indo a nenhum lugar.
Trotsky
manteve toda suas posições, e foi publicamente mantido que não havia nenhuma
questão de removê-lo, mas Stalin conseguiu gradualmente tê-lo cortado do
processo de tomada de decisões.
Trotsky, que tinha estado doente, viajou para um resort
em Abkhazia a fim de se recuperar. Enquanto estava lá, Lenin morreu finalmente.
Trotsky, ao ouvir isto, começou a fazer seu caminho de volta, mas chegou um
telegrama via Cheka[4]
dizendo a ele que o funeral seria no sábado daquela semana; muito cedo para ele
retornar a tempo, ele pensou, dado que sua jornada de retorno tinha sido
retardada pela neve. No fim, o funeral foi realizado no domingo, o qual levou
Trotsky especular que ele tinha sido enganado de forma a danificar suas chances
de suceder Lenin, mas ele nunca descobriu o que realmente aconteceu. Stalin,
que era naturalmente desonesto, assegurou que Trotsky recebesse o maior cuidado
e atenção, realçando que sua segurança física era preeminente.
Trotsky organizando o início do Exército Vermelho |
A insatisfação dentro do partido levou a Oposição de
Esquerda a tomar forma. Naturalmente, Trotsky estava no lado sinistro, enojado
do Homem de Aço. Suas tentativas de conciliação caíram em ouvidos surdos, e
Stalin assegurou que o testamento de Lenin, o qual teria favorecido Trotsky,
fosse inutilizado. Stalin também assegurou que referências aos ‘erros’ de
Trotsky fossem constantemente feitas. Os encontros no Politburo foram performances teatrais, indo os debates adiante com
todas as decisões já tomadas. E quando Trotsky publicou Lições de Outubro, um polêmico ensaio sobre a revolução, a troika denunciou ele em várias frentes.
Ainda mais, enquanto Trotsky caia de novo, tornando-se incapaz de responder,
seus inimigos não perderam nenhum tempo, forçando cada tendão para
desacreditá-lo – uma tarefa fácil. Eventualmente, eles conseguiram mesmo o
retalhamento de sua reputação militar, forçando ele a renunciar como Comissário
dos Assuntos do Exército e da Marinha. Ele manteve seu posto no Politburo (embora em liberdade
condicional) e escapou de ser expulso do Partido Comunista, o que era uma
pressão tática de Stalin. Ao mesmo tempo, Trotsky começou 1925 desempregado.
Uns
poucos meses depois, foi dado a Trotsky três novas posições, mas (de acordo com
ele) a interferência e sabotagem instigada por Stalin levou ele a se demitir de
duas. Nesse meio tempo, enquanto o jovem e bravo Ayn Rand – cuja família foi
levada a pobreza pelos comunistas – estava fazendo sua travessia pelo
Atlântico, em rota para Nova Iorque, Stalin finalmente se livrou de seus
aliados da troika, Zinoviev e Kamenev, tendo deles nenhuma utilidade posterior,
e este formaram uma Nova Oposição. Trotsky inicialmente recusou-se envolver,
mas ao longo do tempo manobrou eles, persuadindo-os, para seus bons livros, e
com eles formou a Oposição Unida. Tendo em mente que Zinoviev tinha há não
muito tempo antes solicitado que Trotsky fosse expulso do Partido Comunista – é
este o tipo de hipocrisia que estamos lidando aqui.
Mas se eles achavam que iriam conseguir alguma coisa de
um Stalin superado, tinha para eles outra coisa vindo. Stalin ajustou o
assédio, e na XV Conferência do Partido, Trotsky encarou várias vais, escárnios
e interrupções constantes. Isto foi seguido de expulsões em massa, prisões, e
exílio de membros opositores. Muitos cederam e renunciaram a todas as
oposições. Trotsky se manteve firme, mas seus apoiadores gradualmente deram-se
por vencidos, e iriam eventualmente desaparecer no Grande Terror. Ele iria,
depois, perder todos seus postos, e não somente ser expelido do Partido
Comunista, mas também expelido completamente da União Soviética. Dominou-se ele completamente.
Trotsky encontrou-se na Turquia, onde ele ficou quatro
anos. O político radical, Édouard Daladier, que em 1933 estava desfrutando seu
primeiro breve período como Primeiro Ministro da França, ofereceu a ele um
asilo na França. Mas dois anos depois, o sucessor de Daladier disse a Trotsky
para sumir. Alguns danos tinham já sido feitos, todavia, porque Trotsky tinha
se envolvido com os comunistas franceses; fundou a Quarta Internacional,
impulsionado pelo triunfo do Partido de Hitler na Alemanha; e mesmo teve o
conforto a ponto de ler romances franceses, tudo o qual ele desprezava.
Trotsky foi então para a Noruega, então sob um governo
trabalhista. Mas Stalin não tinha feito tudo com Trotsky ainda, e, tendo
organizado julgamentos-espetáculo nos quais Trotsky foi vinculado para um plano
de assassinato, conspiração, e vários crimes, o tinha considerado culpado e o
sentenciado, mesmo ausente, à morte. O governo norueguês imaginou o valor de
ficar sob as graças de Stalin, então eles rapidamente removeram {Trotsky} para
uma remota região e colocaram ele sob prisão domiciliar.
Felizmente para ele, o ex-cobrador de impostos e
carcereiro Lázaro Cárdenas, o Presidente do México, necessitou manter o apoio da
esquerda e das uniões sindicais para sustentar o poder e manter sua reforma
agrária independente do capitalismo americano, assim ele deu boas vindas a
Trotsky. Este teria preferido a imigração para os Estados Unidos, mas esta
nação não queria saber disto[5]. A opção foi o México.
Cárdenas, tendo obtido as garantias de Trotsky que ele não iria se intrometer
na política mexicana, organizou um trem para trazer ele para a Cidade do
México.
Neste então, em pobre condição física e desempregado, não
havia mais nada para ele a não ser escrever para a apelação popular. Um destes
escritos foi A Moral Deles e a Nossa
(1938), na qual este vaidoso velho homem ridiculariza seus muitos jovens
críticos sem adentrar nos argumentos destes. Seus livros não produzem dinheiro,
contudo, ele deu palestras e começou a cobrar por entrevistas – ele exigiu
$1000 para falar ao Baltimore Sun,
por exemplo, esquecendo que ele não era mais alguém importante. Ele também
vendeu cópias de suas velhas correspondências por dinheiro rápido. Tudo
enquanto era mantido sob forte vigilância: o governo mexicano observava ele
junto ao girar do ponteiro do relógio; o Partido Comunista Mexicano fazia o
mesmo, e enviava relatórios sobre ele para Moscou; e o governo dos Estados
Unidos, que tinha barrado ele permanentemente de viver lá, também mantinha um
arquivo sobre ele. Ainda, ele trabalhou intimamente com os comunistas
americanos, procurando organizar a Quarta Internacional e mesmo encontrando
tempo para ter um caso com Frida Kehro, uma jovem pintora, bem debaixo do nariz
de Natalya.
Trotsky gastou os anos da década de 1930 vendo a ascensão
de Hitler com impotência, então quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, ele
esperou que isso iria destruir a estabilidade política da Europa e instigar a
‘revolução proletária’. Mas ele estava fora de sintonia, cada vez mais
errático, intelectualmente rígido, e completamente irrelevante, salvo para seus
sonhadores admiradores.
Em Moscou, Stalin tinha ainda guardado mais para Trotsky,
e organizou seu assassinato. Uma incursão armada na casa de Trotsky foi a primeira
tentativa, liderada por um agende da polícia secreta e assassinos locais
recrutados. O ataque foi antecipado por seus guardas. Mas a segunda tentativa
foi bem sucedida. Ramón Mercader tinha começado visitando Trotsky, posando como
um simpatizante. Um dia, em de agosto de 1940, em quanto eles estavam sozinho
no estúdio de Trotsky e o velho homem estava sentado em sua escrivaninha,
olhando para um artigo escrito por Mercader e preparando para opinar sobre isso
enquanto ele tinha concordado, Mercader andou para trás dele e, segurando um
machado de gelo de alpinista escondido em sua capa de chuva, sacando-o e
desferindo um tremendo golpe na cabeça. O machado de gelo de Mercader penetrou
três polegadas na cabeça de Trotsky, mas ele foi desferido com imprecisão e não
foi severamente fatal. Um grito lastimável alertou os guardas e estes
rapidamente em avanço fulminante bateram no atacante o deixando inconsciente.
Trotsky foi levado ao hospital, onde ele sobreviveu mais que um dia inteiro
ainda, antes dele finamente ter morrido.
Leiba Davidovich Bronstein ou simplesmente Leon Trotsky (7 de novembro de 1879 - 21 de agosto de 1940) |
Trotsky causou enormes danos durante seus sessenta anos
de vida. Sem ele não iria ter havido nenhuma Revolução de Outubro. Sem ele não
iria ter havido nenhuma vitória comunista na Guerra Civil Russa. Nem iria,
consequentemente, a Europa ter terminado nas garras do comunismo por meio
século. E sem ele, não teria havido nenhuma Quarta Internacional. Ou
trotskistas. Ele falhou em muito, mas quando ele foi bem sucedido, ele mudou a
história para pior. Em sua consciência – não que ele tivesse uma em qualquer
estado funcional – deve haver dezenas de milhões de mortos, incluindo artistas,
doutores, e intelectuais.
Se alguma vez
houve um lugar para a alma de Trotsky ela estava queimando na Geena {na cultura
judaico cristã é um lugar no pós-morte de sofrimento para os hediondos}, junto
com todos os outros tipos de escória; purificando ela irá provavelmente custar
a eternidade.
Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander
Notas
[1] Nota do autor: Robert Service,
Trotsky: A Biography (London:
Macmillan, 2009) página 44.
[2] Nota do autor: Robert Service,
Trotsky: A Biography (London:
Macmillan, 2009) página 67.
[3]
Nota do tradutor: Politischeskoe Biuró: Oficina Política
(do comitê central do Partido Comunista da URSS). Foi um organismo criado em
março de 1919. Segundo Stalin, o Politburó
é “o organismo mais alto não dentro do Estado, mas sim dentro do Partido, e o
Partido é a força mais alta dentro do Estado”. (Alberto Falcionelli, El LICENCIADO el SEMINARISTA y el PLOMERO,
breve glossário del comunismo en accion; Editorial La Mandragora, Buenos Aires,
1961 , vocábulo POLITIBURO).
[4]
Nota do tradutor: Chrezvichainaia Komissiia: Comissão
Extraordinária. Esta comissão teve como consigna “a repressão da sabotagem e da
contrarrevolução. Tinha por missão a liquidação física das classes e das
pessoas classificadas, segundo métodos singulares, como “inimigos da classe
operária”. Nos anos do Comunismo de Guerra (1917 – 1921) , o membro da
associação (saco de couro , pistola na cintura, gorro de chofer) se chamava chekist. O chekista era um terrorista e
Lenin dizia que ele era uma “engrenagem essencial do Estado Soviético”. Os chekistas enviaram multidões aos campos
de trabalho forçado na Ásia, Sibéria e no círculo polar. (Alberto Falcionelli, El LICENCIADO el SEMINARISTA y el PLOMERO,
breve glossário del comunismo en accion; Editorial La Mandragora, Buenos Aires,
1961 , vocábulo CHEKA).
[5]
Nota do autor: Robert
Service, Trotsky: A Biography
(London: Macmillan, 2009) página 427.
Sobre ou autor: Alex
Kurtagić (1970 – ) nasceu na Croácia filho de pais eslovenos. Devido a
profissão do pai, viajou e viveu em vários países. Tem fluência em inglês e
espanhol, e pratica o francês e alemão. Após completar os estudos nos EUA
graduou-se na Universidade de Londres (M.A. entre 2004 – 2005) em Estudos
Culturais. Também é músico, desenhista, pintor, escritor e editor (Wermod and
Wermod Publishing Group). Seus artigos são publicados nas revistas virtuais The Occidental Quarterly, Vdare, Counter Currents, Taki Mag,
e American Renaissance.
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