quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Gaza, poder judaico e o Holocausto - parte 3 - por Ron Keeva Unz

 Continuação de Gaza, poder judaico e o Holocausto - parte 2 - por Ron Keeva Unz

Ron Keeva Unz


Outras perspectivas na historiografia do Holocausto.

A importante análise historiográfica de Novick foi elogiada por muitos dos principais estudiosos judeus, mas outros pesquisadores a contestaram agudamente, por então eu li recentemente uma das principais refutações acadêmicas para conhecer o outro lado da história. After the Holocaust acabou sendo uma coleção bastante curta de ensaios de 2012 editada por David Cesarani e Eric J. Sundquist, com o subtítulo descritivo “Challenging the Myth of Silence” (Desafiando o mito do silêncio).

Eu não fiquei grandemente impressionado com o conteúdo e senti que o livro, na verdade, parecia reforçar o argumento de Novick. Os colaboradores incluíam mais de uma dúzia de historiadores que haviam vasculhado cuidadosamente a mídia e a literatura do período em busca de evidências que refutassem a tese de Novick, mas eles pareciam vir à tona quase totalmente vazios. Eles descreveram algumas denúncias agudas de antissemitismo, seja na Alemanha de Hitler ou nos Estados Unidos de Truman, mas, exceto por um pequeno pico na época dos Tribunais de Nuremberg, não havia quase nenhuma indicação na mídia de que algum Holocausto tivesse jamais ocorrido. Ocasionalmente, havia referências superficiais ao fato de os nazistas terem matado judeus, mas, em quase todos esses casos, o número de mortos implícito poderia muito bem ter sido seiscentos ou seis milhões e, na verdade, na amarga luta pós-guerra pela Palestina, alguns dos sionistas furiosos e seus aliados polemistas americanos às vezes denunciavam os britânicos por terem sido quase tão cruéis com os judeus quanto os nazistas alemães tinham sido.

A única grande exceção a esse clima de silêncio quase total foi encontrada no recém-criado Estado de Israel, que apresentou uma literatura muito difundida e popular sobre o Holocausto durante todo esse período. Mas a maior parte desse material consistia em relatos bizarros de perversão sexual sadomasoquista nos campos de extermínio nazistas e, com o passar dos anos, foi gradualmente reconhecida como mera ficção pornográfica.

Enquanto isso, outros acadêmicos de perspectivas ideológicas muito diferentes parecem chegar a conclusões muito semelhantes às de Novick. A longa resenha de Norman Finkelstein*18 sobre o trabalho de Novick logo foi publicada na London Review of Books e acabou levando-o a estender a análise do último autor e publicar The Holocaust Industry {A Indústria do Holocausto} em 2000, que se tornou um best-seller internacional. Embora os dois acadêmicos tenham divergido em sua ênfase e suas diferenças ideológicas acentuadas tenham provocado algumas trocas hostis – Novick era um sionista liberal dominante e Finkelstein um antissionista fervoroso – eu acho que suas descrições eram bastante complementares.

A área de especialização histórica de Finkelstein é o Oriente Médio e sua breve incursão no tema do Holocausto provavelmente foi inspirada pelo que ele considerava seu impacto político muito pernicioso sobre o conflito Israel/Palestina. Porém, na mesma época em que li o livro de Novick, eu também li os livros das especialistas em Holocausto Deborah Lipstadt e Lucy Dawidowicz, e descobri que elas confirmaram e ampliaram totalmente as conclusões de Novick, embora tenham apresentado suas descobertas em um tom e uma maneira muito diferentes.

O livro de Lipstadt de 1986, Beyond Belief [Além da Crença], demonstrou que, apesar dos altos clamores de ativistas judeus agitados, durante os anos de guerra, nem a grande mídia americana nem o público americano pareciam acreditar que o Holocausto estava realmente ocorrendo. Ela relatou que, ainda em 1944:

Escrevendo na segunda-feira no New York Times Magazine, {Arthur} Koestler citou pesquisas de opinião pública nos Estados Unidos, nas quais nove entre dez americanos médios rejeitaram as acusações contra os nazistas como mentiras de propaganda e declararam categoricamente que não acreditavam em uma palavra sequer.

Uns poucos anos antes, em 1981, a Harvard University Press tinha publicado The Holocaust and the Historians {O Holocausto e os Historiadores}, de Dawidowicz, no qual a autora criticou quase todos os nossos historiadores tradicionais do pós-guerra por ignorarem quase totalmente o Holocausto, escrevendo suas histórias como se ele nunca tivesse ocorrido.

Sua condenação severa se estendeu até mesmo ao britânico Alan Bullock, embora ele pareça ter sido o único historiador convencionalmente consolidado a mencionar o Holocausto durante essa época. Em 1952, quando ainda estava na casa dos 30 anos, ele publicou Hitler: A Study in Tyranny {Hitler: Um estudo em Tirania}, a primeira biografia abrangente do ditador alemão e dificilmente lisonjeira, como indica o título, e seu tratamento continuou sendo o trabalho padrão durante as décadas seguintes, influenciando muito os que vieram depois. No entanto, embora o Holocausto supostamente tenha sido responsável por cerca de 10% de todas as mortes ocorridas durante a guerra e seu livro tenha quase 800 páginas, ele aparentemente dedicou apenas três frases a esse tópico, limitando-se a citar as alegações de acusação feitas nos Tribunais de Nuremberg, cujas transcrições de julgamento foram a base principal de todo o seu texto. Na época de sua edição revisada de 1962, essas três frases haviam se transformado em vários parágrafos entre as 850 páginas, e ele agora citava o testemunho do recente julgamento de Eichmann em Israel, bem como o livro publicado por Gerald Reitlinger, um historiador de arte judeu.

Tanto Lipstadt quanto Dawidowicz se mostraram sionistas ferrenhos, que provavelmente desprezavam Novick por suas opiniões muito mais moderadas, sem falar no antissionismo estridente de Finkelstein, de modo que esses estudiosos apresentaram suas conclusões de forma muito diferente, mas todos eles apresentaram essencialmente a mesma visão da realidade histórica subjacente.

Para aqueles que gostariam de rever algumas dessas descobertas de forma conveniente e on-line, recomendo enfaticamente um trabalho de pesquisa de graduação de 2004 produzido para uma aula de Estudos sobre o Holocausto ministrada pelo Prof. Harold Marcuse na UCSB. Aparentemente Marcuse considerou o trabalho tão bom que decidiu colocá-lo on-line em seu próprio site.*19

Um livro adicional que eu li tinha um foco muito mais restrito, explorando cuidadosamente a cobertura do Holocausto em tempos de guerra – ou melhor, a falta dela – feita pelo jornal New York Times, de proprietários judeus, o jornal mais influente dos Estados Unidos. Buried by the Times foi publicado em 2005 por Laurel Leff, que passou 18 anos como repórter do Wall Street Journal e de outros veículos tradicionais antes de se tornar professora de Jornalismo na Northeastern University, e seu estudo exaustivo e acadêmico foi lançado pela Cambridge University Press. Como o título deixa subentendido, ela criticou o jornal de registro nacional dos Estados Unidos por subestimar e minimizar por completo os relatórios recebidos em tempo de guerra sobre uma campanha de extermínio de judeus em andamento, sendo que muitos dos principais editores aparentemente os descartaram como fabricações ridículas. Ela analisou detalhadamente o funcionamento interno do Times em relação a esse assunto e suas conclusões gerais pareciam em geral consistentes com as dos demais autores.

Finalmente, como outros exemplos desse estranho padrão de silêncio, eu devo mencionar o fato curioso de que as memórias e histórias do pós-guerra de 1948-1959 dos três grandes líderes aliados, Churchill, Eisenhower e De Gaulle, totalizaram mais de 7.000 páginas, mas não continham nenhuma menção ao Holocausto ou a qualquer um de seus principais elementos. O mesmo ocorreu com os volumosos diários publicados postumamente do general George Patton e de James Forrestal, nosso primeiro secretário de Defesa.

Tradução e palavras entre colchetes por Davi Ciampa Heras

Revisão e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas

*18 Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: How the Arab-Israeli War of 1967 gave birth to a memorial industry, por Norman Finkelstein, The London Review of Books, vol. 22 nº 1, 6 de janeiro de 2000.

*19 Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: College Textbooks and the Holocaust, 1952-1968, Carlos Magaña, UCSB History, 133páginas, junho de 2004, 7.700 palavras.

https://marcuse.faculty.history.ucsb.edu/classes/133p/133p04papers/CMaganaTextbooks046.htm

Fonte: American Pravda: Gaza, Jewish Power, and the Holocaust, 19 de fevereiro de 2024, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-gaza-jewish-power-and-the-holocaust/ 

Sobre o autor: Ron Keeva Unz (1961 -), de nacionalidade americana, oriundo de família judaica da Ucrânia, é um escritor e ativista político. Possui graduação de Bachelor of Arts (graduação superior de 4 anos nos EUA) em Física e também em História, pós-graduação em Física Teórica na Universidade de Cambridge e na Universidade de Stanford, e já foi o vencedor do primeiro lugar na Intel / Westinghouse Science Talent Search. Seus escritos sobre questões de imigração, raça, etnia e política social apareceram no The New York Times, no Wall Street Journal, no Commentary, no Nation e em várias outras publicações.

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Relacionado, leia também sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver: 

Resenha de: A Legacy of Hate: Anti-Semitism in America {Um legado de ódio: antissemitismo na América}, de Ernest Volkman - por Louis Andrew Rollins

Resenha de The Fateful Triangle: The United States, Israel & The Palestinians {O Triângulo Fatídico: Os Estados Unidos, Israel e os Palestinos} de Noam Chomsky por Louis Andrew Rollins

Resenha de THE DECADENCE OF JUDAISM IN OUR TIME {A DECADÊNCIA DO JUDAÍSMO EM NOSSO TEMPO}, de Moshe Menuhin, por David McCalden (escrito sob o pseudônimo Lewis Brandon)

Resenha de GENOCIDE IN THE HOLY LAND {GENOCÍDIO NA TERRA SANTA}, Rabbi Moshe Schonfeld, Neturei Karta dos EUA - por Bezalel Chaim

 Genocídio em Gaza - por John J. Mearsheimer

{Retrospectiva 2023 - Genocídio em Gaza} - Morte e destruição em Gaza - por John J. Mearsheimer

O Legado violento do sionismo - por Donald Neff

{Retrospectiva 1946 – terrorismo judaico-sionista} - O Ataque ao Hotel Rei David em Jerusalém - por W. R. Silberstein

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Memorando para o presidente {Ronald Reagan, tratando da questão Palestina-Israel} - quem são os palestinos? - por Issah Nakheleh

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Israel como Um Homem: Uma Teoria do Poder Judaico - parte 1 - por Laurent Guyénot (Demais partes na sequência do próprio artigo)

 O peso da tradição: por que o judaísmo não é como outras religiões - por Mark Weber

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (as demais partes na sequência do próprio artigo)

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1 (Parte 2 na sequência do próprio artigo)

Historiadores israelenses expõem o mito do nascimento de Israel - por Rachelle Marshall

Sionismo e o Terceiro Reich - por Mark Weber 

O Mito do extermínio dos judeus – Parte 1.1 {nenhum documento sequer visando o alegado extermínio dos judeus foi jamais encontrado} - por Carlo Mattogno

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