domingo, 23 de novembro de 2025

{Tributo a James Watson (1928-2025)} - Doze Livros Desconhecidos e Suas Verdades Raciais Suprimidas - parte 2 {Carl Degler e Franz Boas} - por Ron Keeva Unz

 Continuação de {Tributo a James Watson (1928-2025)} - Doze Livros Desconhecidos e Suas Verdades Raciais Suprimidas - parte 1 {Lothrop Stoddard e Edward A. Ross}- por Ron Keeva Unz

Ron Keeva Unz

 

Carl Degler e In Search of Human Nature

            Como expliquei[8] naquele artigo:

Os escritos de Stoddard focavam-se principalmente em história e política, mas sua visão de mundo foi moldada pelas ideias de seu mentor, Madison Grant, uma figura extremamente influente nas teorias raciais, eugenia e esforços de conservação natural.

Embora formado em direito, Grant nunca atuou na área e, em vez disso, ganhou fama com a publicação, em 1916, de seu livro The Passing of the Great Race, que defendia a divisão das populações europeias em três raças principais: nórdicas, alpinas e mediterrâneas, sendo que a primeira desempenharia o papel preponderante na história mundial e na criação de civilizações dinâmicas. Críticos do final do século XX, como Stephen Jay Gould, de Harvard, denunciaram o livro como a obra mais influente da América em “racismo científico” e observaram que Adolf Hitler havia escrito uma carta a Grant, na qual ele o descrevia como sua “Bíblia.”

{Madison Grant (1865-1937) foi um advogado americano que produziu influente trabalho sobre a questão racial.}
 

A antropologia americana inicial era fortemente dominada por racialistas anglo-saxões, e as ideias de Grant eram amplamente difundidas nesse campo. Baseando-se numa visão de mundo darwiniana, esses cientistas geralmente se concentravam nas diferenças raciais físicas e psicológicas, certamente incluindo aquelas dentro da população branca, e frequentemente se alinhavam a movimentos políticos que visavam restringir drasticamente a imigração em larga escala, especialmente do sul e leste da Europa. Eles também tendiam a ser de direita ou apolíticos em suas visões.

O campo ideológico oposto no início da antropologia foi, em grande parte, criação de um imigrante judeu-alemão chamado Franz Boas, que tinha fortes visões políticas de esquerda. Ao se tornar professor de antropologia na Universidade de Columbia em 1899, ele começou a questionar veementemente as noções existentes de raça e diferenças raciais, concentrando-se muito mais em explicações culturais do que biológicas para o comportamento de diferentes sociedades humanas.

Naqueles dias, antes da descoberta do DNA, a classificação de diferentes grupos raciais dependia fortemente de medidas físicas, sendo o formato do crânio um meio fundamental para separar as populações europeias nas supostas raças nórdica, alpina e mediterrânea. A maior conquista inicial de Boas foi seu estudo pioneiro de 1911, que demonstrou que os grupos europeus que imigraram para a América mudavam rapidamente o formato de seus crânios, aparentemente devido a mudanças na dieta ou outros fatores ambientais, transformando-se, assim, em um grupo racial diferente – uma descoberta surpreendente que chocou a maioria de seus colegas cientistas.

{Franz Boas (1858-1942) foi um acadêmico judeu que introduziu o viés doutrinário na antropologia e estudos raciais nos EUA, contribuindo para o esvaziamento do teor biológico da antropologia americana.}
 

Quando eu li esse relato pela primeira vez, eu fiquei extremamente cético quanto a tal resultado, desde que sabemos que o formato do crânio é determinado predominantemente por fatores genéticos, e não pela dieta ou pela exposição solar. De fato, parece que as conclusões de Boas eram inteiramente falsas,[9] e possivelmente mesmo fraudulentas, embora talvez involuntariamente, sendo produto de seu zelo ideológico em desmascarar dogmas raciais existentes. Ao longo dos anos, diversas fraudes de grande repercussão no campo da antropologia vieram à tona, quase todas pertencentes a um lado específico do espectro ideológico. Talvez o exemplo recente mais famoso seja o de Margaret Mead, discípula de Boas, e seu best-seller sobre os costumes sexuais de Samoa.[10]

A partir de sua base na Universidade Columbia, Boas começou a formar um grande número de doutores em antropologia, e seus ex-alunos logo fundaram novos departamentos por todo o país, gradualmente direcionando todo o campo para sua perspectiva muito menos hereditária sobre o comportamento humano. No final da década de 1920, eles haviam conquistado a vantagem sobre seus rivais acadêmicos nesse conflito institucional oculto, e uma estrutura darwiniana para a compreensão do comportamento humano havia sido amplamente expulsa das ciências sociais acadêmicas. Mesmo a noção básica de raça biológica — antes quase universalmente aceita — tornou-se um tema muito menos debatido, com cada vez menos acadêmicos se concentrando nas diferenças entre grupos humanos, muito menos entre brancos europeus.

A vitória da antropologia boasiana tornou-se avassaladora por volta da época da Segunda Guerra Mundial, e por décadas subsequentes, qualquer noção de aplicar o darwinismo à compreensão da atividade humana ficou confinada às margens da academia. Essa situação só começou a mudar em meados da década de 1970 com a ascensão da sociobiologia, e os mapeamentos em larga escala do genoma humano no final do século finalmente começaram a restaurar a raça ao seu devido lugar, próximo ao centro da antropologia. Muitos dos herdeiros intelectuais de Boas resistiram ferozmente a esse renascimento de uma estrutura darwinista e hereditária, às vezes por meios impróprios. Uma séria fraude científica[11] que está no centro do influente livro de Stephen Jay Gould, The Mismeasure of Man, é um exemplo notório disso.

A fascinante estória dessa luta oculta, que durou décadas, pelo controle da antropologia e sua relação com o darwinismo é contada de forma muito eficaz no livro de Carl Degler, de 1991, In Search of Human Nature, que traz o subtítulo descritivo “The Decline and Revival of Darwinism in American Social Thought {O Declínio e o Renascimento do Darwinismo no Pensamento Social Americano}.”

Como ex-presidente da Associação Histórica Americana, ganhador do Prêmio Pulitzer, Degler certamente possuía credenciais acadêmicas estelares para a tarefa. Por décadas, ele foi um forte defensor das causas feministas e antirracistas, abraçando firmemente o modelo “culturalista” da história humana. Como ele explicou tanto em seu prefácio quanto em uma entrevista posterior, ele iniciou sua investigação partindo do pressuposto de que a vitória boaziana havia ocorrido principalmente com base em fatos científicos objetivos. Mas seus anos de pesquisa em arquivos o levaram, por fim, à conclusão de que os motivos haviam sido, em sua maioria, ideológicos, e que a maior parte das evidências sempre apontou para o contrário.

O {The New York} Times deu ao seu importante livro a posição de destaque em sua seção de Resenhas de Livros dominical,[12] com uma resenha muito favorável de quase 3.000 palavras. Isso incluía uma entrevista anexa na qual o acadêmico reconheceu que seus colegas de longa data lamentariam “que Carl Degler, que passou todo esse tempo escrevendo contra o racismo e o sexismo, tenha se convertido ao outro lado”. Apesar de sua mudança para o campo sociobiológico, quando ele morreu um quarto de século depois, o obituário do Times[13] o homenageou com a manchete “Carl N. Degler, defensor acadêmico dos oprimidos na América, morre aos 93 anos”.

Infelizmente, a posição do livro de Degler na lista de mais vendidos da Amazon é tão extremamente baixa que eu suspeito que poucos ocidentais convencionais estejam cientes de suas importantes conclusões.

{Carl Degler (1921-2014) foi um acadêmico americano que identificou as distorções doutrinárias corrompendo os estudos étnicos nos EUA.}

Um dos autores subsequentes que mais se baseou nessa pesquisa foi Kevin MacDonald, e, juntamente com inúmeras outras obras, o livro de Degler tornou-se uma fonte importante para o capítulo sobre a revolução científica boasiana contido em The Culture of Critique, publicado originalmente em 1998.

Essa última obra é extremamente conhecida em certos círculos ideológicos, mas infelizmente foi retirada da Amazon há alguns anos, sendo agora muito mais difícil de adquirir. No entanto, uma cópia completa do livro está disponível neste site em formato HTML, e eu recomendo sua discussão muito mais detalhada e abrangente sobre essa dramática mudança boaziana na moda científica.[14]

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Continua...

Notas:

[8] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: White Racialism in America, Then and Now, por Ron Keeva Unz, 05 de outubro de 2020, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

[9] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: Boas, Bones, and Race, por Charles Fergus, 30 de abril de 2003, The Pennsylvania State University.

https://news.psu.edu/story/140739/2003/05/01/research/boas-bones-and-race

[10] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: NEW SAMOA BOOK CHALLENGES MARGARET MEAD'S CONCLUSIONS, por Edwin McDowell, 31 de janeiro de 1983, The New York Times.

https://www.nytimes.com/1983/01/31/books/new-samoa-book-challenges-margaret-mead-s-conclusions.html

[11] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: Race, IQ, and Wealth - What the facts tell us about a taboo subject, por Ron Keeva Unz, 18 de julho de 2012,

https://www.unz.com/runz/race-iq-and-wealth/

[12] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: Dangerous Thoughts . . ., por Richard A. Shweder, 17 de jarço de 1991, The New York Times.

https://www.nytimes.com/1991/03/17/books/dangerous-thoughts.html

[13] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: Carl N. Degler, Scholarly Champion of the Oppressed in America, Dies at 93, por Sam Roberts, 10 de janeiro de 2015, The New York Times.

https://www.nytimes.com/2015/01/12/us/carl-n-degler-scholarly-champion-of-the-oppressed-in-america-dies-at-93.html

[14] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: The Culture of Critique - An Evolutionary Analysis of Jewish Involvement in Twentieth-Century Intellectual and Political Movements, Kevin MacDonald, 1998.

https://www.unz.com/book/kevin_macdonald__the-culture-of-critique/

Fonte: American Pravda: Twelve Unknown Books and Their Suppressed Racial Truths, por Ron Keeva Unz, 17 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-twelve-unknown-books-and-their-suppressed-racial-truths/

Sobre o autor: Ron Keeva Unz (1961 -), de nacionalidade americana, oriundo de família judaica da Ucrânia, é um escritor e ativista político. Possui graduação de Bachelor of Arts (graduação superior de 4 anos nos EUA) em Física e também em História, pós-graduação em Física Teórica na Universidade de Cambridge e na Universidade de Stanford, e já foi o vencedor do primeiro lugar na Intel / Westinghouse Science Talent Search. Seus escritos sobre questões de imigração, raça, etnia e política social apareceram no The New York Times, no Wall Street Journal, no Commentary, no Nation e em várias outras publicações.

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sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Uma análise das diferenças fundamentais na prática política entre o Irã islâmico e o Ocidente através do exemplo do mártir {Ebrahim} Raisi - por Ruhollah Abdolmaleki

 

 Ruhollah Abdolmaleki

A governança tem sido, há muito tempo, uma das ideias mais contestadas da humanidade. Ao longo da história, vários modelos de autoridade política, muitas vezes opostos, têm surgido e desaparecido. A vida social, à medida que passa de uma era para outra, geralmente conclui sob um sistema de governança, apenas para dar lugar a outro. Ainda, não importa o modelo que prevaleça, a humanidade tem sofrido consistentemente com a falta de um governo nobre e justo: a história está repleta de engano, desonestidade e do contraste gritante entre as palavras dos líderes e seus feitos.

            Desde os sofistas da Grécia antiga até a política pragmática de Maquiavel no século XVI, e mesmo pensadores como Leo Strauss no século XX, que defendiam a necessidade do engano político, a conduta hipócrita tem sido uma constante da realpolitik.[1] Maquiavel, em O Príncipe, observou que, embora a honestidade e a transparência sejam elogiadas, os governantes que alcançaram a grandeza muitas vezes não hesitaram em enganar; na verdade, estadistas astutos frequentemente alcançaram mais do que aqueles que se comportaram com sinceridade.[2]

            Uma olhada de relance na política moderna, especialmente nos séculos XX e XXI, revela abundantes exemplos de engano político por parte dos líderes ocidentais: os Documentos do Pentágono expondo guerras secretas dos EUA no Camboja e no Laos; as mentiras dos presidentes dos EUA durante o escândalo Watergate na década de 1970 e o caso Monica Lewinsky no final da década de 1990; e a manipulação intencional de informações de inteligência sobre as supostas armas de destruição em massa do Iraque, validando cumulativamente que o engano e a desonestidade são muito comuns na governança ocidental.[3] Portanto, não é surpresa que uma profunda desconfiança pública em relação aos políticos permeie grande parte do mundo ocidental, um sentimento confirmado por pesquisas realizadas desde o final do século XX até hoje nos Estados Unidos, Austrália e Europa.

            Nos recentes anos, nos Estados Unidos, a insatisfação pública com o sistema político disparou.*1 A confiança em instituições liberal-democráticas como o Congresso e a presidência tem declinado marcadamente.

            Então, por que a governança ocidental, em vez de defender a transparência, a honestidade e o bem-estar público, tem tendido a explorar nações, confiscar recursos e operar sob várias formas de colonialismo moderno? A resposta está na evolução do pensamento político ocidental e nas ações de seus líderes. Um exemplo recente flagrante: o apoio político ocidental a Israel em meio à tragédia que se desenrola em Gaza, “quando milhares de crianças foram martirizadas em Gaza*2 em um curto período, talvez mais de 20.000 delas, aqueles que defendem os direitos humanos não apenas não impediram isso, como também ajudaram os opressores!”

            Em contraste, os ensinamentos islâmicos enfatizam fortemente a sinceridade e a honestidade em todos os aspectos da vida — pessoal, social e político. O Islã proclama que a verdade purifica a corrupção, enquanto as mentiras e os enganos a alimentam.[4] No pensamento político islâmico, a honestidade é um princípio fundamental: os líderes devem falar com sinceridade ao seu povo — um tema ecoado em Nahj al-Balāghah (Sermão 108) e ainda mais incorporado na Carta 53 do Imã Ali ao seu governador Malik al-Ashtar. Essa carta afirma que os indivíduos mais dignos na governança são aqueles que apresentam os fatos verdadeiramente e agem com sinceridade.

            Ao contrário das tradições políticas ocidentais, a doutrina política islâmica considera a honestidade e a ausência de engano como componentes imutáveis da ordem social. Os líderes da Revolução Islâmica afirmam isso, considerando a Revolução Islâmica um ponto de inflexão que trouxe sinceridade à política global. O imã Khamenei tem criticado a ausência de honestidade nas relações políticas globais, afirmando que o povo iraniano introduziu “religião, fé, justiça e verdade”*3 nos assuntos mundiais, um cenário há muito desprovido de integridade genuína.

            Ao contrário da norma entre os líderes globais, especialmente no Ocidente, cujas ações muitas vezes contradizem sua retórica de defesa dos direitos humanos, a República Islâmica se esforça para alinhar discurso e ação e melhorar esse alinhamento ao longo do tempo.

            O imã Khamenei tem enfatizado*4 a importância da honestidade e da clareza quando se dirigindo aos mais altos cargos políticos do país, listando-as entre as qualidades essenciais que os altos funcionários devem possuir. Ele pediu prestação de contas*5 e a explicação das responsabilidades presidenciais de maneira verdadeira, baseada no realismo e livre de exageros, declarando que tal abordagem é eficaz.

            De acordo com tudo isso, uma das figuras mais proeminentes do sistema político da República Islâmica, que ocupou cargos governamentais importantes e foi elogiado pelo Imã Khamenei por sua conduta honesta e abordagem direta e sem enganos, foi o falecido presidente aiatolá Ebrahim Raisi. Sua clareza e honestidade tanto nos assuntos internos quanto externos estavam entre suas características marcantes. O Imã Khamenei também elogiou seu estilo de governar, marcado por uma comunicação verdadeira, clara e sem ambiguidades com o povo, bem como pela franqueza e sinceridade nas negociações diplomáticas. Sobre esse assunto, o líder afirmou:*6 “Quanto ao seu discurso, ele falava ao povo de maneira direta e honesta. Ele não falava de forma ambígua nem usava sinais enganosos... Essa franqueza e honestidade eram evidentes até mesmo nas negociações diplomáticas, e isso influenciava as outras partes. Nas negociações diplomáticas, que muitas vezes são um lugar para linguagem complicada e intenções ocultas, ele falou com abertura e sinceridade, o que deixou uma forte impressão no outro lado. Eles confiaram nele e sabiam que o que ele dizia era a verdade.”

            Isso mostra quão grande é a diferença entre a retórica política e a ação política na cultura política ocidental e na cultura política islâmica.

 (As opiniões expressas neste artigo são do autor e não refletem necessariamente as do Khamenei.ir.)

Tradução por Davi Ciampa Heras

Revisão e palavra entre chaves por Mykel Alexander

Notas:


[1] Nota de Ruhollah Abdolmaleki: Bakir, V., Herring, E., Miller, D., & Robinson, P. (2018). Lying and deception in politics. EmJ. Meibauer (Ed.), The Oxford Handbook of Lying (pp. 529-540).

[2] Nota de Ruhollah Abdolmaleki: Machiavelli, Nicolo, (2009). The Prince. Edited by Tim Parks, Penguin Classics, p 69

[3] Nota de Ruhollah Abdolmaleki: Bakir, V., Herring, E., Miller, D., & Robinson, P. (2018). Lying and deception in politics. Em J. Meibauer (Ed.), The Oxford Handbook of Lying (pp. 529-540).

*2 Fonte utilizada por Ruhollah Abdolmaleki: For the Americans to say, We wont allow Iran to enrich uranium, is utter nonsense, 20 de maio de 2025, Khamenei.

https://english.khamenei.ir/news/11694/For-the-Americans-to-say-We-won-t-allow-Iran-to-enrich-uranium

[4] Nota de Ruhollah Abdolmaleki: Tamīmī Āmadī, ʿA. b. M. (1994). Ghorar al-ḥekam wa dorar al‑kalam (M. J. Ḥoseynī Armavī, Ed.; 5th ed., Vol. 1, p. 281). Tehran: University of Tehran Press.

*3 Fonte utilizada por Ruhollah Abdolmaleki: Leader Addresses Large Gathering at Takhti Stadium in Semnan, 08 de novembro de 2006, Khamenei.

https://english.khamenei.ir/news/393/Leader-Addresses-Large-Gathering-at-Takhti-Stadium-in-Semnan

*4 Fonte utilizada por Ruhollah Abdolmaleki: Leader's Statements in a Meeting with Cabinet Members, 26 de agosto de 2002, Khamenei.

https://english.khamenei.ir/news/157/Leader-s-Statements-in-a-Meeting-with-Cabinet-Members

*5 Fonte utilizada por Ruhollah Abdolmaleki: Thankfully Today the Country Benefits from a Solid Security Shield: Imam Khamenei, 24 de agosto de 2016, Khamenei.

https://english.khamenei.ir/news/4115/Thankfully-Today-the-Country-Benefits-from-a-Solid-Security-Shield

*6 Fonte utilizada por Ruhollah Abdolmaleki: For the Americans to say, We wont allow Iran to enrich uranium, is utter nonsense, 20 de maio de 2025, Khamenei.

https://english.khamenei.ir/news/11694/For-the-Americans-to-say-We-won-t-allow-Iran-to-enrich-uranium

Fonte: A look at the fundamental differences in political practice between Islamic Iran and the West through the example of Martyr Raisi, por Ruhollah Abdolmaleki, 10 de junho de 2025, Khamenei.

https://english.khamenei.ir/news/11724/On-politics-Truth-and-integrity-versus-lies-and-deceit

Sobre o autor: Ruhollah Abdolmaleki é pesquisador em estudos regionais.

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O Grande Israel e o Messias Conquistador - por Alexander Dugin

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segunda-feira, 17 de novembro de 2025

{Tributo a James Watson (1928-2025)} - Doze Livros Desconhecidos e Suas Verdades Raciais Suprimidas - parte 1 {Lothrop Stoddard e Edward A. Ross}- por Ron Keeva Unz

 

Ron Keeva Unz


O racialismo quase universal de um século atrás

Poucos cientistas na história moderna, se é que algum, têm desfrutado de uma carreira tão longa e celebrada quanto James Watson, que faleceu no início deste mês aos 97 anos.

Os principais veículos de comunicação deram à sua morte a cobertura que ela merecia, com seu obituário no New York Times[1] ultrapassando 4.000 palavras e o Wall Street Journal[2] também sendo bastante generoso em sua homenagem.

Como todas essas estórias explicaram, Watson alcançou fama mundial há mais de setenta anos, aos 25 anos, quando, juntamente com Francis Crick, descobriu o DNA em 1953, dividindo o Prêmio Nobel por essa conquista uma década depois. O DNA constitui o mecanismo da hereditariedade para quase todas as formas de vida terrestres, portanto, seu triunfo científico foi um dos avanços biológicos mais importantes de toda a história da humanidade.

Durante as sete décadas restantes de sua longa carreira profissional, ele obteve outras conquistas que poderiam facilmente representar o ápice do sucesso para quase qualquer outro cientista.

{James Dewey Watson (1928-2025), foi um acadêmico americano da área de biologia e genética, aportando as maiores contribuições sobre a genética no século XX, sendo também um dos coordenadores do projeto genoma. Suas afirmações sobre a questão racial trouxe o ódio de defensores das doutrinas iluministas sentimentalistas, das lideranças globalistas, entre as quais importantes instituições do judaísmo internacional e outras sobre influência do judaísmo internacional, as quais deram apoio ao sentimentalismo leigo e promoveram a aversão à ciência explorando o ressentimento das massas, as quais cada vez menos são capazes de exercerem o próprio idioma e de realizar operações básicas de matemática}.

Em 1968, Watson relatou sua pesquisa sobre o DNA em The Double Helix, um enorme sucesso de vendas internacional que se tornou um dos livros científicos mais populares de todos os tempos. Naquele mesmo ano, foi nomeado diretor do Laboratório Cold Spring Harbor, no estado de Nova York, uma pequena instituição de pesquisa que enfrentava dificuldades, e logo a elevou à vanguarda das instituições científicas americanas. No início da década de 1990, desempenhou um papel fundamental no lançamento e na liderança do Projeto Genoma Humano, um empreendimento que mapeou toda a estrutura genética da espécie humana, uma descoberta científica de abertura de novos caminhos.

De fato, durante a maior parte do último meio século, Watson foi frequentemente considerado o cientista vivo mais importante do mundo.

Contudo, como enfatizaram seus obituários e outras reportagens, sua longa e sólida reputação científica foi severamente abalada em 2007, quando ele se viu engalfinhado em um terrível escândalo público. Aos 79 anos, ele publicou sua autobiografia, Avoid Boring People: Lessons from a Life in Science, e, durante uma entrevista em sua turnê internacional de lançamento do livro, sugeriu casualmente a possibilidade de que africanos negros pudessem ser menos inteligentes do que outros grupos. Essa observação racista imediatamente desencadeou uma gigantesca tempestade midiática, resultando em ondas de difamação. Doze anos depois, um documentário televisivo foi ao ar com trechos do cientista, então com 90 anos, repetindo algumas dessas mesmas ideias sobre raça e genética, reacendendo e amplificando consideravelmente a amarga controvérsia.

Como um resultado dessas breves e especulativas declarações, o homem até então frequentemente considerado o maior cientista vivo do mundo foi massivamente demonizado e destituído de muitas de suas honrarias e cargos acumulados, incluindo seu título honorário de professor emérito no laboratório científico cuja reputação nacional ele próprio havia praticamente criado sozinho. Watson foi amplamente apresentado como um indivíduo vil, até mesmo depravado, e embora não tenha sido fisicamente queimado na fogueira, em muitos outros aspectos seu destino se assemelhava ao que teria acontecido com qualquer um que expressasse simpatia por Lúcifer na antiga Salem de nossa colônia da Baía de Massachusetts do século XVII.

Em um sinal de desespero, Watson chegou a leiloar publicamente sua medalha do Prêmio Nobel, seja buscando arrecadar dinheiro ou simplesmente atrair atenção simpática, e um oligarca russo a comprou por US$ 4,5 milhões, devolvendo-a em seguida ao grande cientista.

Eu suspeito que a razão pela qual uma figura pública tão idosa e ilustre foi submetida a ondas tão extremas de difamação midiática tenha sido principalmente como um aviso para os outros. Se a reputação do maior cientista biológico do mundo, o descobridor da base da hereditariedade humana, pôde ser totalmente destruída por suas especulações racistas casuais, todos os outros cientistas e não cientistas do mundo foram avisados ​​de que deveriam evitar considerar ideias similares.

Mas a história da defenestração pública de Watson levanta um ponto interessante. Ele nasceu em 1928 e, naquela época, as opiniões controversas que ele acabou expressando tão tarde em sua vida eram quase universalmente compartilhadas por americanos e outros ocidentais.

Ainda, durante as décadas seguintes, nosso sistema de crenças ocidentais passou por uma transformação tão radical que as noções raciais, antes assumidas por quase todos, cientistas e não cientistas, foram completamente banidas do debate público, tornando-se tão tóxicas que qualquer um que as levantasse, por mais proeminente que fosse, seria completamente destruído.

Assim, aqueles que leram os livros, artigos ou jornais respeitáveis ​​e convencionais das primeiras décadas do século XX encontrarão um mundo cuja estrutura ideológica era radicalmente diferente da nossa.

Existem indícios impressionantes da lacuna abismal ideológica que separa a América daquela época da América de hoje. Considere que, no ano do nascimento de Watson, um dos intelectuais públicos mais renomados e influentes da América era Lothrop Stoddard, um “supremacista branco” assumido, autor do texto racista mais notório do início do século XX.

{Lothrop Stoddard (1883-1950) foi um dos principais acadêmicos dos EUA a lidar com a questão racial. Com graduação em história, abordou a relação entre raça e a história humana como um dos fatores principais na interpretação dos fatos.}

Como um jovem escritor que tinha obtido seu doutorado em Harvard {História} seis anos antes, Stoddard causou sensação no mundo em 1920 ao publicar The Rising Tide of Color Against White World-Supremacy, cujo conteúdo era exatamente o que o título provocativo sugeria. Mais de um século depois, sua obra ainda ocupa um lugar de destaque na infâmia de todos os nossos livros didáticos introdutórios.

Talvez pelos últimos noventa anos, seja muito difícil imaginar um livro como esse sendo publicado por qualquer editora americana respeitável ou evitando um boicote total por parte das publicações tradicionais. Mas esse certamente não foi o caso durante a Era do Jazz, e, em vez disso, tornou-se um enorme sucesso de vendas, impulsionando a carreira de Stoddard e estabelecendo-o como um dos intelectuais públicos mais influentes da América. De fato, o livro e suas ideias causaram tamanha sensação que chegaram a aparecer, de forma pouco disfarçada, no romance de F. Scott Fitzgerald de 1925, The Great Gatsby, uma das obras de ficção mais célebres da América.

Nos Estados Unidos de hoje, quase todos aqueles rotulados de “supremacistas brancos” por seus inimigos políticos ou pela mídia negam veementemente essa acusação. Indivíduos que de fato se enquadram nessa categoria tendem a ser um grupo extremamente vilipendiado e marginalizado, de modo que suas fileiras são necessariamente inclinadas para excêntricos e desajustados, mas as coisas eram bem diferentes há um século. Seus equivalentes no passado incluíam muitos dos nossos mais importantes acadêmicos e intelectuais públicos, que discutiam abertamente seus pontos de vista em importantes revistas de opinião, em vez de por meio de postagens pseudônimas em cantos obscuros da internet.

Parcialmente por essa razão, esses indivíduos tendiam a abordar as mesmas questões com muito mais sofisticação. Por exemplo, como eu escrevi no início deste mês:[3]

Mas a obra mais conhecida de Stoddard continua sendo, sem dúvida, The Rising Tide of Color Against White World-Supremacy, publicada há 100 anos, que lançou sua influente carreira. Há cerca de uma década, finalmente consegui lê-la e fiquei muito surpreso ao constatar que um livro tão demonizado em todas as descrições que encontrei se mostrou tão sensato e inofensivo. Embora a maioria das principais figuras políticas da época proclamasse o domínio branco permanente do mundo, Stoddard argumentava veementemente que essa situação era temporária, prestes a se dissipar sob a pressão do crescente nacionalismo não branco, do desenvolvimento econômico e do crescimento populacional. Essas ondas crescentes dos povos da Ásia e do Oriente Médio tornavam sua eventual independência quase inevitável, e as potências europeias deveriam, portanto, renunciar voluntariamente a seus vastos impérios coloniais, em vez de acumular ressentimentos futuros por insistirem em mantê-los. Um “supremacista branco” certamente poderia avançar tais argumentos, mas somente com muito mais sofisticação do que a que é hoje implicado por esse termo pejorativo usado pela mídia.

Eu recentemente, reli o livro de Stoddard e fiquei ainda mais impressionado na segunda leitura. Em muitos aspectos, seu amplo panorama do futuro cenário geopolítico lembra The Clash of Civilizations, publicado em 1997 pelo renomado cientista político de Harvard, Samuel P. Huntington, que se tornou um enorme sucesso de vendas nacional e um marco cultural após os ataques de 11 de setembro de 2001. Ainda, embora o texto de Huntington tenha apenas duas décadas e o de Stoddard já tenha completado um século, eu penso que o primeiro pareça, de fato, muito mais datado e menos aplicável ao atual cenário mundial e aos desafios enfrentados pelas populações brancas europeias.

Naquela época, ideias que hoje seriam consideradas extremamente racistas não se restringiam a conservadores convictos como Stoddard. Por exemplo, Edward A. Ross, contemporâneo próximo de Stoddard, foi um dos maiores sociólogos da nossa época e um homem de esquerda, um progressista convicto cujas opiniões eram muito respeitadas até mesmo por comunistas e outros marxistas.

Nesse mesmo artigo,[4] eu expliquei como Ross considerava rotineiramente a possibilidade de algumas raças serem mentalmente inferiores a outras, mas sempre o fazia de maneira bastante cautelosa e empírica:

A quarenta e três homens que, como educadores, missionários e diplomatas, tiveram boas oportunidades de compreender a mentalidade chinesa, eu fiz a seguinte pergunta: “Vocês consideram a capacidade intelectual da raça amarela igual à da raça branca?” Todos, exceto cinco, responderam “Sim,” e um deles, com vasta experiência como missionário, reitor de universidade e conselheiro de legação, me deixou boquiaberto com a afirmação: “A maioria de nós que passou vinte e cinco anos ou mais aqui chegou à conclusão de que a raça amarela representa o tipo humano normal, enquanto a raça branca é uma ‘espécie de esporte’.”

Em 1915, Ross publicou South of Panama, descrevendo o atraso e a miséria que encontrara em muitas sociedades da América Latina durante seus seis meses de viagens e pesquisas pela região. Embora a maior parte do texto fosse descritiva e empírica, em determinado momento ele ponderou sobre a natureza subjacente desses problemas, questionando se as causas eram primordialmente culturais, devido à pobreza generalizada e à falta de educação, ou se resultavam da inferioridade inata da população local, enfatizando que a resposta a essa questão crucial teria um enorme impacto na trajetória de desenvolvimento futuro do continente.

Após mencionar de modo calmo e ponderado algumas das limitadas evidências que apoiavam cada uma dessas duas teorias conflitantes, ele acabou se inclinando para o lado ambiental, criticando a hereditariedade como “uma explicação simplista e superficial” para características humanas que, na verdade, frequentemente mudam ao longo do tempo. Hoje, tal discussão seria totalmente inimaginável nos limites de nossos respeitáveis ​​meios acadêmicos ou midiáticos e, por razões opostas, também seria extremamente rara entre racialistas convictos.

Um dúzia de anos atrás, eu tinha explicado[5] que as fortes crenças racistas e darwinistas sociais de Ross e Stoddard os levaram a prever, de forma surpreendente, a rápida ascensão da China ao poder global. Mas essa mesma possibilidade teria sido descartada como absurda pelas gerações de acadêmicos americanos fortemente antirracistas que os sucederam e que, posteriormente, dominaram grande parte do século XX.

[A ascensão global da China] teria parecido muito menos inesperada aos nossos principais pensadores de 100 anos atrás, muitos dos quais profetizaram que o Reino do Meio acabaria por recuperar seu lugar entre as nações mais importantes do mundo. Essa era certamente a expectativa de E. A. Ross, um dos maiores sociólogos americanos da época, cujo livro The Changing Chinese olhava além da destituição, miséria e da corrupção da China de sua época, vislumbrando uma China moderna, talvez tecnologicamente equivalente aos Estados Unidos e às principais nações europeias. As ideias de Ross foram amplamente compartilhadas por intelectuais como Lothrop Stoddard, que previu o provável despertar da China de séculos de letargia introspectiva como um desafio iminente à hegemonia mundial desfrutada por diversas nações de ascendência europeia.

Conforme eu resumi:

A vida intelectual ocidental de um século atrás era bastante diferente da atual, com doutrinas e tabus contrários, e o espírito daquela época certamente influenciava suas principais figuras. O racialismo — a noção de que diferentes povos tendem a ter diferentes características inatas, em grande parte moldadas por suas histórias particulares — era dominante então, a ponto de ser quase universalmente aceito e aplicado, às vezes de forma bastante grosseira, tanto a populações europeias quanto não europeias. 

Eu recentemente, publiquei três artigos longos sobre diversos livros que são quase totalmente desconhecidos hoje em dia, mas cujo conteúdo transformaria drasticamente nossa compreensão de grandes eventos históricos, especialmente os do último século ou algo assim.[6]

{Edward A. Ross (1866-1951) foi um dos principais acadêmicos dos EUA a lidar com a questão racial. Com graduação em sociologia, também considerou relação entre raça e a história humana como um fator na interpretação dos fatos.}

Na época de sua publicação, esses livros eram obras sérias e respeitadas. A maioria de seus autores eram acadêmicos ou jornalistas renomados, geralmente com sólidas credenciais na grande mídia, e, em alguns casos, esses textos se tornaram grandes best-sellers antes de eventualmente caírem em obscurecimento sendo esquecidos.

Mas, em quase todos os casos, os fatos que estes livros revelaram e as análises que ofereciam eram completamente incompatíveis com a estrutura ideológica promovida pela grande mídia, uma incompatibilidade que levou ao seu boicote quase total por esta última. Nossa mídia cria nossa realidade e, como essas obras foram ignoradas, acabaram sendo esquecidas, de modo que hoje apenas uma pequena parcela dos americanos com boa formação acadêmica tem conhecimento delas, e estes ainda destes alguns realmente os leram.

Alguns desses livros desconhecidos abordavam eventos das primeiras décadas do século vinte ou foram até mesmo publicados durante esse período. Portanto, eles ofereciam uma perspectiva sobre as crenças e pressupostos dos principais escritores daquela época, incluindo as noções fortemente racialistas que dominavam o pensamento de seus autores.

            Há outras obras importantes que documentam mais diretamente essas ideias outrora onipresentes sobre raça e também explicam como, quando e por que essa estrutura conceitual foi derrubada e substituída pelas crenças diametralmente contrárias de hoje. Mas, mais uma vez, a maioria dos livros que mapeiam essa transformação drástica no pensamento ocidental permanece quase totalmente desconhecida hoje.

Muito da minha discussão a seguir é baseada em um extenso estudo intelectual sobre o racialismo dos americanos branco, que eu publiquei em 2020.[7]

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas

[1] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: James D. Watson, Co-Discoverer of the Structure of DNA, Is Dead at 97, por Cornelia Dean, 07 de novembro de 2025, The New York Times.

https://www.nytimes.com/2025/11/07/science/james-watson-dead.html

[2] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: James Watson, Who Co-Discovered DNA Structure, Dies at 97, por

Amy Dockser Marcus e Robert Lee Hotz, 07 de novembro de 2025, The Wall Street Journal.

https://www.wsj.com/science/james-watson-who-codiscovered-dna-structure-dies-at-97-20e70ed0

[3] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: American Pravda: Six Unknown Books Against a Century of Falsehoods, por Ron Unz, 03 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-six-unknown-books-against-a-century-of-falsehoods/

[4] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: American Pravda: Six Unknown Books Against a Century of Falsehoods, por Ron Unz, 03 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-six-unknown-books-against-a-century-of-falsehoods/

[5] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: How Social Darwinism Made Modern China - A thousand years of meritocracy shaped the Middle Kingdom, 11 de março de 2013, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/how-social-darwinism-made-modern-china-248/

[6] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz:

- American Pravda: A Dozen Unknown Books and the World War II History They Reveal, por Ron Unz, 27 de outubro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-a-dozen-unknown-books-and-the-world-war-ii-history-they-reveal/

- American Pravda: Six Unknown Books Against a Century of Falsehoods, por Ron Unz, 03 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-six-unknown-books-against-a-century-of-falsehoods/

- American Pravda: Six Unknown Books and Their Dangerous Jewish Secrets, por Ron Unz, 10 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-six-unknown-books-and-their-dangerous-jewish-secrets/

[7] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: White Racialism in America, Then and Now, por Ron Keeva Unz, 05 de outubro de 2020, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/white-racialism-in-america-then-and-now/


Fonte: American Pravda: Twelve Unknown Books and Their Suppressed Racial Truths, por Ron Keeva Unz, 17 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.

https://www.unz.com/runz/american-pravda-twelve-unknown-books-and-their-suppressed-racial-truths/

Sobre o autor: Ron Keeva Unz (1961 -), de nacionalidade americana, oriundo de família judaica da Ucrânia, é um escritor e ativista político. Possui graduação de Bachelor of Arts (graduação superior de 4 anos nos EUA) em Física e também em História, pós-graduação em Física Teórica na Universidade de Cambridge e na Universidade de Stanford, e já foi o vencedor do primeiro lugar na Intel / Westinghouse Science Talent Search. Seus escritos sobre questões de imigração, raça, etnia e política social apareceram no The New York Times, no Wall Street Journal, no Commentary, no Nation e em várias outras publicações.

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