domingo, 5 de novembro de 2023

O peso da tradição: por que o judaísmo não é como outras religiões - por Mark Weber

 

Mark Weber


Muitos críticos de Israel e das suas políticas fazem uma distinção nítida entre Israel e a sua ideologia estatal, o sionismo, por um lado, e o judaísmo, ou a tradição e perspectiva religiosa judaica, por outro.

Grupos antissionistas, com nomes como “Jewish Voice for Peace” {“Voz Judaica pela Paz”} ou “Jews for Justice for Palestinians {“Judeus pela Justiça para os Palestinos”}, e periódicos antissionistas como o The Washington Report on Middle East Affairs, enfatizam aspectos humanísticos da tradição judaica. Eles exortam os judeus a rejeitarem o sionismo e, em vez disso, a abraçarem as características humanísticas do judaísmo. Tais grupos, embora críticos de Israel e das suas políticas, consideram que a comunidade judaica tem desempenhado um papel basicamente positivo na sociedade, mas que em algum momento do século XX a maioria dos judeus de alguma forma saltou o caminho ao abraçar o sionismo e o seu nacionalismo étnico agressivo.

De fato, as políticas muitas vezes cruéis e arrogantes de Israel, e as atitudes muitas vezes arrogantes do que é chamado de “Lobby Israelense”, o lobby judeu, ou a comunidade judaica organizada, não são uma aberração, mas estão profundamente enraizadas nos escritos da religião judaica e em séculos de tradição judaica.

A maioria das pessoas prefere mitos agradáveis a verdades desagradáveis e prefere acreditar no que é mais confortável e agradável. Essa é uma das razões pelas quais tantos de nós gostamos de pensar que todas as religiões partilham valores fundamentais humanísticos comuns e que todas se esforçam, cada uma à sua maneira, em direção à mesma verdade última.

Mas o Judaísmo não é apenas “outra religião”. É único entre as principais religiões do mundo. Os valores fundamentais e o ethos do judaísmo são marcadamente diferentes dos da cristandade, do Islã e de outras grandes fés.

Os cristãos acreditam que Jesus sofreu e morreu por todas as pessoas, e os cristãos são chamados a divulgar a mensagem cristã à humanidade. Da mesma forma, os muçulmanos acreditam que a mensagem do Alcorão se destina a toda a humanidade e eles são chamados a trazer todos para o Islã.

Mas essa não é a mensagem do Judaísmo. Seus ensinamentos não se destinam a todas as pessoas. Sua moralidade não é universal. O Judaísmo é uma religião para um povo específico. A religião judaica não se baseia numa relação entre Deus e a humanidade, mas sim numa “aliança”, ou contrato, entre Deus e um povo “escolhido” – a comunidade conhecida como os Judeus, o Povo Judeu, os israelitas, os hebreus, ou o “Povo de Israel”.

Uma das principais razões pelas quais o papel da comunidade judaica organizada é um problema na nossa sociedade é porque a maioria dos judeus americanos manifesta uma forte lealdade a um país estrangeiro, Israel, que desde a sua fundação em 1948 tem estado envolvido em imbróglios e conflitos aparentemente intermináveis com os seus países. vizinhos. Mas há outra razão.

O papel da comunidade judaica é também prejudicial porque os judeus são encorajados a considerarem-se separados do resto da humanidade e como membros de uma comunidade com interesses bastante distintos daqueles de todas as outras pessoas mais. Esta atitude “Nós contra Eles” – esta mentalidade que vê os judeus como distintos do resto da humanidade e que vê os não-judeus com desconfiança – está enraizada na religião judaica e em séculos de tradição.

Os cristãos devem viver as suas vidas de acordo com a Bíblia, e especialmente os ensinamentos de Jesus, tal como apresentados nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, tal como os muçulmanos são chamados a viver as suas vidas de acordo com o Alcorão. Da mesma forma, os judeus devem viver as suas vidas de acordo com os princípios estabelecidos nas escrituras hebraicas, o “Tanakh”, que também é conhecido como Antigo Testamento. Esses escritos dizem como os judeus deveriam pensar sobre si mesmos e como eles deveriam interagir com os não-judeus.

Uma mensagem cerne das escrituras hebraicas#1 é que os judeus são um povo divinamente “escolhido” – uma comunidade única, distinta do resto da humanidade. No livro de Deuteronômio, por exemplo, nós lemos: “Pois tu és um povo consagrado a Jeová teu Deus; foi a ti que Jeová teu Deus escolheu para que pertenças a ele como seu povo próprio, dentro todos os povos que existem sobre a face da terra.”[1]

As escrituras judaicas também se referem aos judeus ou aos hebreus como um “povo que habitará sozinho” ou, em outra tradução, como “um povo que habita à parte, e não é classificado entre as nações”. No livro do Êxodo, nós lemos sobre os judeus como um povo “distinto... de todos os outros povos da face da terra”.[2]           

As escrituras também explicam que se os judeus se apoiarem na defesa da “aliança” e mantiverem a sua separação de todos os outros, serão recompensados com grande riqueza e poder sobre outros povos. No livro de Deuteronômio, é prometido aos judeus que Jeová “te fará superior a todas as nações da Terra” e que “Todos os povos da terra verão que levas o nome de Jeová, e ficarão com medo de ti.” Em outra passagem Deus diz aos judeus: “Quando Jeová teu Deus te houver abençoado, conforme disse, tu emprestarás a muitas nações, mas nada pedirás emprestado, dominarás muitas nações, mas nunca serás dominado”.[3]

No livro de Gênesis, lemos: “Que Deus te dê o orvalho do céu e as gorduras da terra, trigo e vinho em abundância! Que os povos te sirvam, que nações se prostrem diante de ti! Em outra passagem do livro de Deuteronômio, Jeová promete aos judeus “que daria, nas cidades grandes e boas que não edificaste, nas casas cheias de tudo o que é bom, casas que não encheste; poços abertos que não cavaste; vinhas e olivais que não plantaste...”[4]

            No livro de Isaías, nós lemos: “Estrangeiros reedificarão teus muros e os seus reis te servirão... Com efeito, a nação e o reino que não te servirem perecerão... Os filhos dos teus opressores se dirigirão a ti humildemente; prostrar-te-ão aos teus pés todos os que te desprezavam... Estrangeiros estarão aí para apascentar vossos rebanhos; imigrantes serão vossos lavradores e vossos vinhateiros... Alimentar-vos-eis das riquezas das nações;”[5]

No livro de Josué, nós lemos: “Dei-vos uma terra que não exigiu de vós nenhum trabalho, cidades que não construístes e nas quais habitais, vinhas e olivais que não plantastes e dos quais comeis.” E no livro dos Salmos, Jeová diz aos judeus: “Pede, e ei te darei as nações como herança, os confins da terra como propriedade. Tu as quebrarás com um cetro de ferro, Como um vaso de oleiro as despedaçarás.”[6]

No livro de Deuteronômio, é prometido aos judeus: “Jeová desalojará para vós todas nações para que tomeis posse de nações maiores e mais poderosas que vós. Todo lugar em que a sola dos vossos pés pisar será vosso... Ninguém resistirá a vós. Jeová vosso Deus espalhará o medo e o terror de vós por toda a terra em que pisardes, conforme vos falou.” Em outra passagem, somos informados de que Deus diz ao seu povo escolhido: “A partir de hoje começo a espalhar o terror e o medo de ti em meio aos povos que existem sob o céu. Eles ouvirão a tua fama, tremerão de medo diante de ti e desfalecerão.”[7]

O código moral estabelecido nas escrituras hebraicas ordena um padrão para o “povo escolhido” e outro para os não-judeus. Ao se manterem com esta moralidade etnocêntrica, os judeus são informados de que devem discriminar os não-judeus. No livro de Deuteronômio, Deus ordena aos judeus: “Não emprestes ao teu irmão com juros, quer se trate de empréstimo de dinheiro, quer de víveres ou de qualquer outra coisa sobre a qual é costume exigir um juro. Poderás fazer um empréstimo com juros ao estrangeiro [isto é, a um não-judeu]; contudo, emprestarás sem juros ao teu irmão.”[8]

Muitas porções das escrituras hebraicas – especialmente os livros de Josué, Números e Deuteronômio – falam de assassinatos genocidas em massa de não-judeus. O Deus judeu apela repetidamente ao seu povo escolhido para exterminar os não-judeus. As escrituras judaicas são talvez o registro histórico mais antigo em qualquer lugar de genocídio sistemático.

            No sétimo capítulo do livro de Deuteronômio, nós lemos: “Quando Jeová teu Deus te houver introduzido na terra em que estás entrando para possuí-la, e expulsando nações mais numerosas do que tu – os heteus, os gergeseus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, – sete nações mais numerosas e poderosas do que tu, e quando Jeová teu Deus entregá-las a ti, tu as derrotarás e as sacrificarás como anátema {sob destruição total}#2. Não farás aliança com elas e não as tratarás com piedade... Portanto, devorarás todos os povos que Jeová teu Deus te entregar. Que teu olho não tenha piedade deles {...}.”[9]

            No livro de Esther, nós lemos: Os judeus feriram, pois, todos os seus inimigos a golpes de espada. Foi um massacre, um extermínio, e fizeram o que quiseram de seus adversários. Somente na cidadela de Susa os judeus mataram e exterminaram quinhentos homens... Os judeus das províncias reais também se reuniram para pôr sua vida em segurança. Eles desembaraçaram de seus inimigos e mataram setenta e cinco mil de seus adversários... Em outra passagem no Deuteronômio nós lemos: “Apossamo-nos então de todas as suas cidades e sacrificamos cada uma delas como anátema {sob destruição total}: homens, mulheres e crianças, sem deixar nenhum sobrevivente, exceto o gado, que tomamos para nós como despojo, como também o saque das cidades que conquistamos.”[10]

            No vigésimo capítulo do livro de Deuteronômio, nós lemos: Quando estiveres para combater uma cidade, primeiro propõe-lhe a paz. Se ela aceitar a paz e abrir-te as portas, todo o povo que nela se encontra ficará sujeito ao trabalho forçado e te servirá. Todavia, se ela não aceitar a paz e declarar guerra contra ti, tu a sitiarás. Jeová teu Deus a entregará em tua mão, e passarás todos os seus homens ao fio da espada. Quanto às mulheres, crianças, animais e tudo o que houver na cidade, todos os seus despojos, tu os tomarás como presa. E comerás o despojo dos inimigos que Jeová teu Deus te entregou... Todavia, quanto às cidades dessas nações que Jeová teu Deus te dará como herança, não deixarás sobreviver nenhum ser vivo... Sim, sacrificarás como anátema {sob destruição total} ...”[11]

            No livro de Josué nós lemos este angustiante a lancinante relato: “Depois que Israel acabou de matar todos os habitantes de Hai, no campo e no deserto, onde haviam perseguido, e que todos, até ao último caíram ao fio da espada, todo Israel voltou a Hai e passou a população ao fio da espada. A totalidade dos que morreram naquele dia, tanto homens como mulheres, foi de doze mil, todos habitantes de Hai. Josué não retirou a mão que estendera com a lança até que tivesse dedicado ao anátema {sob destruição total} todos os habitantes de Hai. E Israel não tomou por presa senão o gado e os despojos daquela cidade, segundo a ordem que Jeová havia dado a Josué. Josué queimou Hai e a reduziu a ruína para sempre, um lugar desolado até hoje.”[12]

            Em outro capítulo do livro de Josué, nós lemos:[13]

“No mesmo dia, Josué tomou Maceda e passou-a ao fio da espada, bem como o seu rei: votou-os ao anátema {sob destruição total}, com tudo que lá se encontrava de ser vivo, sem deixar sobrevivente e tratou o rei de Maceda como havia tratado o rei de Jericó.

“Josué, com todo Israel, passou então de Maceda a Lebna e a atacou. Jeová a entregou, com o seu rei, nas mãos de Israel, que a passou ao fio da espada, bem como a todo ser vivo que lá se encontrava; não deixou um sobrevivente sequer. Tratou o seu rei como havia tratado o rei de Jericó.

Assim Josué conquistou toda a terra, a saber: a montanha, o Negueb, a planície e as encostas, com todos seus reis. Não deixou nenhum sobrevivente e votou todo ser vivo ao anátema {sob destruição total} conforme havia ordenado Jeová, o Deus de Israel; Josué os destruiu desde Cades Barne até Gaza, e toda a Terra de Gósen até Gabaon.”

            Ao longo dos séculos, tem havido é claro, mudanças importantes nas atitudes e no comportamento da comunidade judaica. Os judeus de hoje não observam todas as regras e mandamentos estabelecidos nos seus escritos religiosos. Por exemplo, eles não condenam à morte mulheres apanhadas em adultério, nem matam quem trabalha no sábado, nem matam qualquer um que amaldiçoa o seu pai ou a sua mãe.[14]

            Mesmo assim, o peso da tradição é pesado, especialmente quando baseado em escritos que são mantidos sendo sagrados. Algo da atitude de separatividade, condição de escolhido e superioridade exposta nas escrituras hebraicas persiste até o presente e se manifesta nas políticas de Israel e da comunidade judaica organizada.[15]

Para alguns líderes judeus ortodoxos, o “povo escolhido” não é apenas um grupo superior ou privilegiado. Eles consideram judeus e não-judeus como espécies praticamente diferentes.

"o corpo de um judeu é de uma qualidade totalmente diferente do corpo de [membros] de todas as nações do mundo." Rabino Menachem Schneerson (1902-1994).

O Rabino Menachem Schneerson, o “Lubavitcher Rebe” que liderou o movimento judaico ortodoxo Chabad e exerceu grande influência em Israel, bem como nos EUA, explicou:[16]

“A diferença entre uma pessoa judia e uma pessoa não-judia decorre da expressão comum: ‘Vamos diferenciar’. Assim, nós não temos um caso de mudança profunda em que uma pessoa está meramente num nível superior. Em vez disso, temos um caso de ‘vamos diferenciar’ entre espécies totalmente diferentes. Isto é o que precisa ser dito sobre o corpo: o corpo de um judeu é de uma qualidade totalmente diferente do corpo de [membros] de todas as nações do mundo... A inteira realidade de um não-judeu é apenas vaidade. Está escrito: “Estrangeiros estarão aí para apascentar vossos rebanhos” (Isaías 61:5). Toda a criação [de um não-judeu] existe apenas para o bem dos judeus…”

O Rabino Kook, o Velho, outro líder judeu influente e muito reverenciado, expressou uma opinião semelhante:[17]

“A diferença entre uma alma judaica e as almas dos não-judeus – todos eles em todos os níveis diferentes – é maior e mais profunda do que a diferença entre uma alma humana e as almas do gado.”

O rabino Ovadia Yosef, um dos líderes religiosos judeus mais proeminentes e influentes de Israel, diz que os não-judeus (Goyim) existem apenas para servir os judeus. “Os Goyim nasceram apenas para nos servir”, disse o Rabino Yosef durante um sermão em Outubro de 2010. “Sem isso, eles não têm lugar no mundo – somente para servir o povo de Israel.”[18]

O primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu  e o rabino mor de Israel Rabbi Ovadia Yosef. “Os Goyim {não judeus}  nasceram apenas para nos servir”, disse o Rabino Yosef durante um sermão em Outubro de 2010. “Sem isso, eles não têm lugar no mundo – somente para servir o povo de Israel.” Direito de imagem: GPO archive photo.  Fonte: Israel Ministry of Foreign Affairs.

A visão de que os judeus são um povo distinto, com um compromisso primário com Israel e com a comunidade judaica, é afirmada abertamente por Elliott Abrams, um estudioso judeu americano que foi conselheiro sênior do presidente George W. Bush para “estratégia democrática global” e, em 2006, foi um conselheiro-chave para assuntos do Oriente Médio do Secretário de Estado dos EUA. Em seu livro Faith or Fear: How Jews Can Survive in Christian America,[19] ele escreve: “Fora da terra de Israel, não pode haver dúvida de que os judeus, fiéis à aliança entre Deus e Abraão, estão para se posicionarem firmes e separados das nações em que vivem. É da própria natureza de ser judeu estar separado – exceto em Israel – do resto da população.” “O judaísmo e o modo de vida judaico”, escreve Abrams, não são “inteiramente voluntários, pois o judeu nasce em uma comunidade pactual com obrigações para com Deus”. Os judeus, prossegue ele, “estão numa aliança permanente com Deus e com a terra de Israel e o seu povo. O seu compromisso não enfraquecerá se o governo israelense prosseguir políticas impopulares...”

O sentimento judaico de alienação e de desconfiança permanente em relação aos não-judeus também se manifesta num ensaio notável publicado em 2002 no Forward, o proeminente semanário da comunidade judaica. Intitulado “We’re Right, the Whole World’s Wrong” {“Nós estamos certos, o mundo inteiro está errado”}, foi escrito pelo Rabino Dov Fischer, advogado e membro do Comitê de Relações Comunitárias Judaicas da Federação Judaica de Los Angeles.[20] O Rabino Fischer também é vice-presidente nacional da Organização Sionista da América. Ele não é, portanto, um escritor obscuro ou semianalfabeto, mas sim uma figura influente da comunidade judaica. E este artigo não apareceu em algum periódico marginal, mas sim naquele que é talvez o semanário judaico mais letrado e atencioso da América, e certamente um dos mais influentes.

No seu ensaio, o Rabino Fischer diz aos leitores: “Se nós, judeus, somos alguma coisa, nós somos um povo de história… A nossa história fornece a força para saber que nós podemos estar certos e o mundo inteiro errado.” Ele continua:

“Nós estávamos certos e o mundo inteiro estava errado. As Cruzadas. Os libelos de sangue e as queimadas do Talmud na Inglaterra e na França, levaram essas nações a expulsar os judeus durante séculos. A Inquisição Espanhola e Portuguesa. Os guetos e o caso Mortara na Itália. Dreyfus na França. Beilis na Rússia e um século de perseguição aos judeus soviéticos. O Holocausto {uma invenção distorcendo ao confinamento nos campos de concentração alegados como campos de extermínio}#3. Kurt Waldheim na Áustria. De cada vez, a Europa permaneceu silenciosamente – ou participou ativamente no nosso assassinato – e só nós estávamos certos, e o mundo inteiro estava errado.

“Hoje, mais uma vez, só nós estamos certos e o mundo inteiro está errado. Os árabes, os russos, os africanos e o Vaticano oferecem as suas percepções agregadas e o conhecimento acumulado sobre a ética do massacre. E os europeus. Embora apreciemos mais o meio século de democracia da Europa Ocidental do que os milénios anteriores de brutalidade europeia, reconhecemos quem eles são, o que eles têm – e o que é o quê. ...#4

“Nós lembramos que a comida que eles [europeus] comem é cultivada em solo fertilizado por 2.000 anos de sangue judeu que eles espalharam sobre ele. O ódio atávico aos judeus permanece no ar em que as cinzas subiram dos crematórios {uma invenção distorcendo ao confinamento nos campos de concentração alegados como campos de extermínio, ver nota#3} ... Sim, mais uma vez, nós estamos certos e o mundo inteiro está errado. Isso não muda nada, mas depois de 25 séculos é bom saber.” {Na realidade implicitamente na consideração do rabino Fischer está a temática da luta entre as lideranças judaicas e as lideranças de outros povos, bem como o abuso da liderança judaica sobre os próprios judeus}#5

Vezes e vezes na história, os judeus exerceram grande poder para promover interesses de grupo que são separados e muitas vezes contrários aos das populações não-judias entre as quais vivem. Isto cria uma situação inerentemente injusta e instável que muitas vezes termina tragicamente em conflitos violentos entre judeus e não-judeus.#6

“A diferença entre uma alma judaica e as almas dos não-judeus – todos eles em todos os níveis diferentes – é maior e mais profunda do que a diferença entre uma alma humana e as almas do gado.” Rabino Abraão Isaac Kook (1865-1935).


Na nossa época, o conflito aparentemente intratável no Médio Oriente é mais do que apenas um problema do sionismo ou da política, ou uma disputa por terras. As políticas muitas vezes arrogantes de Israel, e especialmente o seu tratamento desumano dos não-judeus, têm raízes em atitudes centenárias que são expostas em antigos escritos religiosos judaicos.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Notas

#1 Nota de Mykel Alexander: Para as passagens bíblicas deste artigo será usada a versão traduzida publicada como Bíblia de Jerusalém (1ª edição, 2002, 12ª reimpressão, 2017, Paulus, São Paulo), da École biblique de Jérusalem (Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém), a qual é vertida diretamente do hebraico, do aramaico e do grego para o português, de modo que nos textos do Antigo Testamento a divindade judaica é traduzida como Yahweh, mas, por fins didáticos, usarei a forma simplificada de Jeová.  

[1] Nota de Mark Weber: Deuteronômio 7:6 e 14:2. 

[2] Nota de Mark Weber: Números 23:9; Êxodo 33:16. 

[3] Nota de Mark Weber: Deuteronômio 28: 1, 10; 15:6.

[4] Nota de Mark Weber: Gênesis 27:28-29; Deuteronômio 6: 10-11. 

[5] Nota de Mark Weber: Isaías 60: 10-14; Isaías 61: 5-6. 

[6] Nota de Mark Weber: Josué 24:13; Salmos 2:8. 

[7] Nota de Mark Weber: Deuteronômio 11:23, 25; 2:25. 

[8] Nota de Mark Weber: Deuteronômio 23:19-20. 

#2 Nota de Mykel Alexander: Embora anátema seja utilizada na mencionada tradução bíblica vertida ao português para as passagens deste artigo, e seu significado consagrado e de origem do latim cristão seja o de sentença de maldição, conforme o vocábulo no Dicionário Houaiss (editora Objetiva, 2001, 1ª edição, Rio de Janeiro), o significado mais antigo no Antigo Testamento é o de destruição total, conforme as próprias traduções vertidas em outros idiomas, como a que Mark Weber utiliza neste artigo. 

[9] Nota de Mark Weber: Deuteronômio 7: 2, 16. 

[10] Nota de Mark Weber: Esther 9: 5, 16; Deuteronômio 2: 34. 

[11] Nota de Mark Weber:  Deuteronômio 20: 10-14, 16-17. 

[12] Nota de Mark Weber:  Josué 8: 24-28. 

[13] Nota de Mark Weber: Josué 10: 28, 29, 40-41. 

[14] Nota de Mark Weber: Levítico 20:10; Deuteronômio 22:20-21 / Êxodo 31:15; Êxodo 35:2 / Êxodo 21:17; Levítico 20:9. 

[15] Nota de Mark Weber: Israel Shahak, um estudioso judeu que durante anos foi professor na Universidade Hebraica de Jerusalém, fornece exemplos contundentes disso no Israel moderno em seu livro revelador, História Judaica, Religião Judaica, publicado pela primeira vez em 1994.

( http://www.biblebelievers.org.au/jewhis1.htm )

(http://members.tripod.com/alabasters_archive/jewish_history.html) 

[16] Nota de Mark Weber: Do livro de Schneerson, Gatherings of Conversations, publicado em 1965. Citado em: Israel Shahak e Norton Mezvinsky, Jewish Fundamentalism (Londres: 1999), pp. 59-60.

( http://www.mailstar.net/shahak2.html )

(http://members.tripod.com/alabasters_archive/jewish_fundamentalism.html)

Também citado pelo estudioso judeu Allan C. Brownfeld em sua crítica publicada no The Washington Report on Middle East Affairs, março de 2000.

( http://www.washington-report.org/backissues/0300/0003105.html ) 

[17] Nota de Mark Weber: Citado em: Israel Shahak e Norton Mezvinsky, Jewish Fundamentalism (Londres: 1999), p. Ix.

( http://www.mailstar.net/shahak2.html )

(http://members.tripod.com/alabasters_archive/jewish_fundamentalism.html)

Também citado pelo estudioso judeu Allan C. Brownfeld em sua crítica publicada no The Washington Report on Middle East Affairs, março de 2000. 

[18] Nota de Mark Weber: “Yosef: Gentiles exist only to serve Jews,” The Jerusalem Post (Israel), 18 de outubro de 2010. (http://www.jpost.com/JewishWorld/JewishNews/Article.aspx?id=191782).

                {Duas apreciações da polêmica de Ovadia Yosef seguem abaixo:

- Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus, por Khalid Amayreh, 26 de abril de 2020, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/04/grande-rabino-diz-que-nao-judeus-sao.html

- Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico, por David Duke, 03 de maio de 2020, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/05/ex-rabino-chefe-de-israel-diz-que-todos.html  

[19] Nota de Mark Weber: Elliott Abrams, Faith or Fear: How Jews Can Survive in Christian America (New York: 1997), páginas 30, 145, 181. 

[20] Nota de Mark Weber: Dov Fischer, “We’re Right, the Whole World’s Wrong,” Forward (New York), 19 de abril de 2002, p. 11.

( http://rabbidov.com/American%20Jews/wererightworldwrong.htm)

                Algumas das observações de Fischer aqui são distorções grosseiras da história. Por exemplo, a sua menção de “um século de perseguição aos judeus soviéticos” é uma falsidade impressionante. Por um lado, todo o período soviético durou 72 anos, e não 100. E durante pelo menos parte desse período, sobretudo durante os primeiros dez anos da era soviética, os judeus exerceram um poder tremendo, se não dominante. O rabino Fischer parece ter esquecido figuras como Leon Trotsky, comandante-chefe do Exército Vermelho do jovem estado soviético, Grigori Zinoviev, chefe da Internacional Comunista, e Yakov Sverdlov, o primeiro presidente soviético. Ver:

- A liderança judaica na Revolução Bolchevique e o início do Regime soviético - Avaliando o gravemente lúgubre legado do comunismo soviético, por Mark Weber, 14 de novembro de 2020, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/11/a-lideranca-judaica-na-revolucao.html  

#3 Nota de Mykel Alexander: Ver como ponto de partida:

- Argumentos contra O PROJETO DE LEI nº 192 de 2022 (PL 192/2022) que propõe criminalizar o questionamento do alegado HOLOCAUSTO, o que, por consequência, inclui criminalizar também quaisquer exames críticos científicos refutando a existência do alegado HOLOCAUSTO, por Mykel Alexander, 20 de fevereiro de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/02/argumentos-contra-o-projeto-de-lei-n.html  

#4 Nota de Mykel Alexander: Sobre a origem dos atritos ver como ponto de partida:

- Antissemitismo: Por que ele existe? E por que ele persiste?, por Mark Weber, 07 de dezembro de 2019, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2019/12/antissemitismo-por-que-ele-existe-e-por.html  

#5 Nota de Mykel Alexander: Ver especialmente:

- Controvérsia de Sião, por Knud Bjeld Eriksen, 02 de novembro de 2018, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/11/controversia-de-siao-por-knud-bjeld.html  

#6 Nota de Mykel Alexander: Sobre a questão judaica ver especialmente:

- Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça?, por Mark Weber, 02 de junho de 2019, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2019/06/judeus-uma-comunidade-religiosa-um-povo.html

- Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa, por Mark Weber, 12 de maio de 2019, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2019/05/conversa-direta-sobre-o-sionismo-o-que.html

- Antissemitismo: Por que ele existe? E por que ele persiste?, por Mark Weber, 07 de dezembro de 2019, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2019/12/antissemitismo-por-que-ele-existe-e-por.html

- “Grande Israel”: O Plano Sionista para o Oriente Médio O infame "Plano Oded Yinon". - Por Israel Shahak - parte 1 - apresentação por Michel Chossudovsky, 11 de maio de 2022, World Traditional Front. (Demais partes na sequência do próprio artigo).

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/grande-israel-o-plano-sionista-para-o.html  

 

 

Fonte: The Weight of Tradition: Why Judaism is Not Like Other Religions, por Mark Weber, Julho-agosto de 2009. Revisado em outubro de 2010. Institute for Historical Review.

https://www.ihr.org/judaism0709.html

Sobre o autor: Mark weber é um historiador americano, escritor, palestrante e analista de questões atuais. Ele estudou história na Universidade de Illinois (Chicago), na Universidade de Munique (Alemanha), e na Portland State University. Ele possui um mestrado em História Europeia da Universidade de Indiana. Desde 1995 ele tem sido diretor do Institute for Historical Review, um centro independente de publicações, educação e pesquisas de interesse público, no sul da Califórnia, que trabalha para promover a paz, compreensão e justiça através de uma maior consciência pública para com o passado. Foi por anos editor do The Journal for Historical Review. Em março de 1988, ele testemunhou por cinco dias no Tribunal Distrital de Toronto como uma testemunha especialista reconhecida na política judaica da Alemanha durante a guerra e na questão do Holocausto.

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Relacionado, leia também sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (as demais partes na sequência do próprio artigo)

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1 (Parte 2 na sequência do próprio artigo)




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