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David Skrbina |
Todo o grande oceano de Netuno lavará esse sangue da minha mão?
- Shakespeare, Macbeth (Ato II,
SC.2)
Sangue é uma substância tão estranha na experiência
humana. Todos nós temos sangue, é claro, mas ele está escondido, por assim
dizer, fora da vista e da mente. Por um lado, é o próprio fluido do corpo vivo,
tão necessário quanto o ar. Sangue é vida, energia, vibração, juventude;
falamos de “sangue vermelho”, “sangue quente”, “carne e sangue”, “sangue
jovem”. Para contrastar, porém, ele também representa o ferimento e morte;
meramente avistar sangue faz algumas pessoas desmaiarem. A única vez que a
maioria de nós realmente vê sangue é quando ele está vazando de um corpo vivo
(ou talvez recentemente morto), e, portanto, não é bom! Sangue visível é um
sinal de perigo, de dor e talvez de morte. Não surpreendentemente, então, que a
maioria das pessoas desvie a própria visão dele.
E, ainda, algumas pessoas não evitam a visão do sangue.
Algumas, ao que parece, o apreciam. Algumas encontram glória nele, expiação e
até mesmo salvação. De fato, algumas o vêem como sua própria ligação com o
próprio Deus. De fato, os judeus são precisamente esse povo. Desde os tempos
antigos, a tribo hebraica via o sangue como central tanto para suas vidas
diárias quanto para sua visão de mundo mais ampla. O sangue estava sempre
presente nos assuntos humanos comuns (judaicos) e era um elemento-chave no
ritual religioso judaico. Tão difundido e tão importante era o uso do sangue
que o judaísmo constituía um culto virtual de sangue. Stephen Geller se refere
ao “culto sacrificial sanguinário” dos hebreus que é bem documentado no Antigo Testamento.[1] O
judaísmo era (e permanece) uma “religião misteriosa na qual o sangue serve como
uma substância física poderosa”, de acordo com David Biale.[2] O
sangue é aquilo pelo qual os judeus comungam com Deus; de certa forma, o sangue
é a manifestação material do próprio Deus.
Talvez o mais importante, na visão de mundo judaica, seja
a ideia de que o sangue é o meio pelo qual o pecado humano é expiado e lavado.
O Mal é banido e a alma humana é purificada e restaurada por meio do sangue
sacrificial. Em certo sentido, o próprio mundo, e até mesmo o próprio cosmos, é
purificado pelo derramamento desse sangue. Para que não duvidemos disso,
precisamos apenas nos voltar para as passagens bíblicas relevantes — tanto do Antigo Testamento quanto do Novo. Conforme nós lemos
(apropriadamente) no Livro de Hebreus,
“sob a Lei [judaica], quase tudo é purificado com sangue, e sem derramamento de
sangue não há perdão de pecados” (9:22). Este é um ponto-chave e tem
implicações profundas.
Nem devemos nós acreditar que tais ‘cultos de sangue’
eram comuns naquela época. Todas as culturas humanas antigas, é claro, lidavam
com sangue de uma forma ou de outra, mas para quase todas elas, o sangue era
meramente de interesse periférico. Não é assim com os judeus; eles parecem ter
tido um fascínio único, até mesmo uma obsessão, com o conceito e o uso do
sangue. Resumindo concisamente a situação, Biale (p. 10) escreve, “os antigos
israelitas foram os únicos do Oriente Próximo a fazer do sangue um elemento
central em seus rituais religiosos.” E: “o papel central do sangue na religião
sacerdotal da antiga Israel permanece altamente persuasivo.” O sangue era
unicamente essencial para a religião judaica e para a visão de mundo judaica.
No presente ensaio, eu documentarei alguns dos principais
elementos do culto de sangue judaico e, então, no final, tirarei algumas
inferências plausíveis dessa situação. Desnecessário dizer que as consequências
são problemáticas.
Sangue nas culturas antigas
Deixe-me começar delineando alguns fatos básicos sobre a
natureza do sangue em sociedades antigas. Tendo pouco conhecimento detalhado da
fisiologia humana, os povos antigos estavam naturalmente maravilhados com o
“poder” do sangue. Era claramente necessário para a vida, e se, por algum
ferimento, sangue suficiente escapasse do corpo, a morte seguia rapidamente.
Isso era tão verdadeiro para os animais quanto para os humanos; todas as
criaturas vivas claramente compartilhavam desse fluido que dá vida e
sustenta-a.
Na vida humana diária, o sangue geralmente fica escondido
e fora de vista, como mencionado. Mas há uma série de ocasiões em que ele se
torna visível. Um desses casos, é claro, é durante o ciclo menstrual mensal de
uma mulher — que, notavelmente, é o sinal de que uma mulher é fértil e
fisicamente capaz de ter filhos. O sangue menstrual é uma coisa boa; significa
(potencial) vida futura. Os povos antigos geralmente não tinham clareza sobre o
propósito da menstruação, mas sabiam que a relação sexual durante esse
sangramento era geralmente improdutiva e que, se o propósito do sexo era a
procriação, o sangue menstrual era um sinal de abstinência.[3]
No tópico de relação sexual, o sangue também pode
aparecer durante o ato inicial de cópula da mulher, após o rompimento do tecido
do hímen. No caso de um casal, esse sangue é um sinal de consumação
bem-sucedida e um bom presságio para a futura família.
Sangue animal também era uma visão comum nos tempos
antigos, pelo menos para o fazendeiro ou açougueiro que regularmente matava
animais para obter carne. E certamente a maioria das mulheres, que faziam a
maior parte da comida, tinham que trabalhar regularmente com cortes sangrentos
de carne na cozinha. Como veremos, o sangue animal também passou a ter um papel
central na vida religiosa judaica.
Os judeus tinham, adicionalmente, outras ocasiões para
lidar com sangue. Uma era durante a circuncisão, quando o prepúcio do bebê do
sexo masculino é removido cirurgicamente. À primeira vista, a circuncisão é uma
parte inquestionavelmente bizarra da mutilação genital masculina. É o corte de
uma cobertura de pele evoluída e biologicamente apropriada, por nada além de
razões simbólicas ou ritualísticas (cultísticas). De acordo com Heródoto (por
volta de 425 a.C.), o procedimento se originou no Egito e depois se espalhou
para outras culturas: “Outras pessoas, a menos que tenham sido influenciadas
pelos egípcios, deixam seus órgãos genitais em seu estado natural, mas os
egípcios praticam a circuncisão”. Um pouco mais tarde, ele acrescenta que “os
fenícios e os sírios palestinos” — que quase certamente incluem os judeus —
“são os primeiros a admitir que aprenderam a prática com o Egito”.[4]
Hoje, cerca de 90% dos judeus do sexo masculino e uma proporção ainda maior de
homens muçulmanos são circuncidados. A taxa para homens note americanos é de
cerca de 70%, enquanto na maioria das nações da Europa Ocidental, o número é
mais próximo de 5%.
Além de várias referências menores, a circuncisão é
mencionada em dois contextos significativos no Antigo Testamento: primeiro, em Gênesis
(17:11), onde é “um sinal da aliança” entre Deus e Abraão; e segundo, em Êxodo (4:24), onde a esposa de Moisés
circuncida seu filho, pega o prepúcio ensanguentado e toca o pênis de Moisés com ele — eufemisticamente chamado de seus
“pés” na maioria das traduções. Ela então o chama de seu “noivo de sangue”! Uma
grande conquista: excitação sexual e perversidade sangrenta, tudo em um curto
incidente.
Em qualquer caso, os antigos judeus viam a circuncisão
como uma marca física do judaísmo, e o sangue que era derramado durante esse
processo era parte da aliança sagrada com Deus. Com o tempo, um ritual inteiro
evoluiu em torno da circuncisão. O mohel
(circuncisador) judeu, após a cirurgia, limpava as mãos do sangue do bebê e
pendurava o pano ensanguentado na porta da sinagoga, como um sinal de
“sucesso”. O mohel então colocava
algumas gotas de vinho na boca do bebê, significando o sangue que foi tirado.
Isso é notável; o bebê é compelido — forçado — a “beber sangue” na forma de
gotas de vinho.
E pior ainda: na tradição ortodoxa conhecida como metzitzah, ainda ativa hoje, o próprio mohel suga o sangue do pênis da criança,
com sua própria boca! E, de fato, o Talmude
ordena tal processo.[5] Os
rabinos supostamente acreditavam que sugar o sangue evitaria uma infecção. Isso
é falso, em pelo menos dois aspectos: na realidade, aumenta a chance de
infecção, principalmente de herpes oral, que pode ser fatal para uma criança; e
segundo, é difícil acreditar que o bom rabino não tenha algum prazer sexual
perverso ao sugar o pênis da criança. Além disso, é uma questão em aberto se o mohel realmente engole o sangue que ele
suga; aparentemente, isso é deixado a seu próprio critério. No geral, um
procedimento verdadeiramente demente.
A Aliança de Sangue
Além dessas considerações biológicas humanas, há duas
outras circunstâncias nas quais o sangue desempenha um papel no judaísmo: em
sacrifícios e como um alimento proibido. Ambos estão relacionados, mas deixe-me
começar com o sacrifício de sangue. Era uma prática judaica comum sacrificar um
ou mais animais a Deus como um sinal de piedade, seja em uma mesa improvisada,
um altar simples ou no próprio templo principal em Jerusalém. Tais sacrifícios
aparecem virtualmente desde o início da Bíblia;*1
em Gênesis (4:3–4), lemos que Caim
trouxe ofertas de frutas a Deus e Abel “trouxe as primícias do seu rebanho”.
Talvez o primeiro sacrifício de sangue de maior importância
ocorra no evento original da “Páscoa”. Em Êxodo
12, lemos que Deus diz a Moisés para que seu povo judeu sacrifique um cordeiro,
um por família; então eles devem “pegar um pouco do sangue e colocá-lo nas duas
ombreiras e na verga da casa”. Consequentemente, quando Deus (ou seu agente
divino) descer sobre o Egito para matar todos os primogênitos — até mesmo os
primogênitos dos animais! (12:12) — ele “passará por cima” das casas judaicas
com sangue sobre elas: “Quando eu vir o sangue, passarei por cima de vocês”.
Aqui, o sangue do cordeiro inocente salva os judeus da ira de Deus.
Mais tarde, nós temos um consequente segundo sacrifício.
Depois que Moisés e os judeus escapam do Faraó e estão vivendo perto do Monte
Sinai — presumivelmente em algum lugar na atual Península do Sinai — Deus diz a
Moisés para construir um altar e então sacrificar alguns bois (plural, número
desconhecido). Como lemos (Êx 24:6),
Moisés coleta o sangue de boi e o divide em dois: metade é jogada contra o
altar (que representa Deus), e metade é espalhada sobre os judeus: “Moisés tomou o sangue e o jogou sobre o povo, e
disse: ‘Eis o sangue da aliança que o Senhor fez com vocês.’” Essa “aliança de
sangue” é um marco extremamente importante; ela une os judeus a Deus, criando
uma espécie de “irmandade de sangue”. Ela tenta tornar os ungidos capazes de
contatar o divino, e os protege de seu poder impressionante (e evidentemente
indiscriminado).[6]
Mas aqui está o ponto-chave: somente por
serem encharcados em sangue os judeus são salvos.
Um processo bizarro semelhante é repetido um pouco mais
tarde quando o irmão mais velho de Moisés, Arão, e seus filhos, são ungidos com
sangue em seu papel como sumos sacerdotes judeus. Em Êxodo 29:15, Arão e seus filhos são instruídos a matar um carneiro
e espalhar seu sangue no altar, e então abater um segundo carneiro. Moisés é
então orientado a “pegar parte de seu sangue e colocá-lo na ponta da orelha
direita de Arão [e seus filhos]”. Da mesma forma, são esfregados seus polegares
direitos e dedões do pé direito. Sangue e óleo são então aspergidos sobre as
roupas de Arão e seus filhos. Mais uma vez, ser marcado por sangue e encharcado
em sangue são os meios pelos quais o sumo sacerdote judeu é ungido.
O Banho de Sangue Levítico
Isso nos leva ao próximo “Livro de Moisés”, Levítico. Este, o mais curto dos cinco
livros da Torá, é um banho de sangue
literal. Sangue aparece constantemente ao longo do texto; ao todo, há cerca de
90 referências explícitas a sangue neste único e curto livro. Aqui, o culto
judaico ao sangue está em sua glória total. Já no primeiro capítulo, Moisés é
instruído a sacrificar um touro, “e os filhos de Arão, os sacerdotes,
apresentarão o sangue, e o jogarão ao redor contra o altar” (1:5) — em outras
palavras, sangue espalhado por todo lugar. E eles estão somente se aquecendo.
Os capítulos 4 e 5 despendem muito esforço discutindo o chatat, ou “oferta pelo pecado”. O termo
aparece mais de uma dúzia de vezes, cada uma conectada ao sacrifício de sangue.
A lição aqui, mais uma vez, é que, para os judeus, seu pecado só pode ser
expiado por meio de sangue. O capítulo 16 também está repleto de referências à
“oferta pelo pecado” e à subsequente “espargimento de sangue”. De interesse
especial no capítulo 17 é a proibição de comer sangue, repetida brevemente no
capítulo 19; abordarei essa questão momentaneamente. Além disso, não tenho
espaço aqui para examinar os detalhes das dezenas de citações de sangue em Levítico; o leitor é convidado a ler
esse livro por si mesmo, a fim de sentir o gostinho da obsessão judaica.
Os dois livros finais da Torá são Números e Deuteronômio. Nenhum deles fala muito
sobre sacrifício de sangue — pelo menos, da variedade animal. Aqui, nesses dois
livros, nos voltamos para o abate humano.
Números (31) é famoso pelo chamado Massacre
Midianita: Por ordem de Deus, o exército de Moisés mata os cinco reis
midianitas e todos os homens adultos. Eles então capturam todas as mulheres e
crianças e as levam de volta ao acampamento israelita. Moisés decide que era
uma política ruim manter todos esses cativos, então ele ordena que seus homens
matem todas as mulheres, todos os meninos e todas as meninas não virgens — as
virgens, eles guardam para si. E não é um número pequeno; em 31:32, lemos que
os intrépidos israelitas reivindicaram 32.000 (!) virgens. Portanto, os
abatidos devem ter excedido 100.000 por um número razoável. Nada como outro bom
derramamento de sangue.
Mas talvez haja uma lição valiosa aqui para os judeus,
afinal: Matem e matem os goyim {não-judeus}
inocentes — que são pouco mais que animais — e espalhem seu sangue pelas
areias. Deus ficará muito satisfeito. Então reivindiquem suas jovens garotas
como seu prêmio sexual. Acho que podemos ver muitos ecos aqui nos dias
modernos.
Deuteronômio é similarmente cheio de massacres e matanças de toda
sorte. A palavra ‘destruído’ aparece mais de duas dúzias de vezes, junto com
uma variedade de sinônimos coloridos. Certamente as areias do deserto da Judeia
ficaram vermelhas de sangue. De particular destaque é o massacre dos cananeus
no Livro 7: “você deve destruí-los completamente; não fará aliança com eles, e
não mostrará misericórdia para com eles.” Isto, de um Deus “todo-bom.”
Espere
um minuto, alguns podem
dizer. E aquela coisa de “Não matarás”? Sim, de fato — e aquilo? É o famoso
item nº 6 no Grande Dez dos mandamentos, que aparece em Êxodo 20. Notoriamente, não há elaboração; apenas quatro palavras
claras, “Você
não deverá matar”.
Muitas pessoas, incluindo muitas pessoas inteligentes,
passaram muito tempo se intrigando com a aparente contradição de uma Bíblia na
qual “Não matarás” é seguido logo por histórias de matança em massa de animais
e humanos. Mas, na verdade, não há contradição alguma aqui. Nesse aspecto, a
Bíblia é perfeitamente consistente. Basta perceber que o Antigo Testamento foi escrito por judeus, sobre judeus e para
judeus. Afinal, é a “Bíblia judaica”. Tudo nela diz respeito a interações com
outros judeus, a menos que seja especificamente declarado o contrário. A
proibição de matar se aplica (seletivamente) apenas a outros judeus: a “seu
irmão”, “seu vizinho”, o judeu. O mandamento não se aplica (obviamente) a
animais, e não se aplica aos não judeus: os gentios, os “goyim”, o estrangeiro,
as “nações”, conforme o caso. Nesse sentido, os gentios não são melhores do que
os animais; e, de fato, há muitas passagens talmúdicas que implícita e
explicitamente equiparam os não judeus aos animais. Para tais seres, nenhum
mandamento se aplica. Eles podem ser usados, abusados, comprados, vendidos,
explorados, espancados ou mortos — tudo a serviço das necessidades e interesses
judaicos.
Salvação Cristã pelo Sangue
Uma réplica comum a tudo isso por judeus e seus
simpatizantes é que, afinal, os cristãos são “salvos” e purificados pelo sangue
também — o sangue de Jesus. Todos nós fazemos isso! Então, deve estar tudo bem
— ou assim isso está implicado. E, de fato, é verdade que os cristãos
reivindicam a salvação por meio do sangue de Cristo. Mas essa situação apenas
implica ainda mais os judeus, sem mencionar a condenação da tolice cristã.
A questão, é claro, é que o movimento “cristão” inicial
foi inteiramente concebido e conduzido por judeus étnicos.[7]
Presumindo que ele existiu, o próprio Jesus era um judeu étnico, assim como
seus 12 discípulos. Seu defensor mais famoso, Paulo de Tarso, era um judeu étnico,
assim como os escritores anônimos posteriores dos Evangelhos. Como Nietzsche
corretamente observou, no Novo Testamento,
“nós estamos entre os judeus”.[8]
Há cerca de 10 passagens no Novo Testamento onde é explicitamente declarado que os cristãos são
salvos pelo sangue de Jesus. Três dessas citações podem ser encontradas nas
cartas de Paulo: Em Romanos, ele
escreve sobre a salvação “pela redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus
propôs como expiação, mediante a fé, no seu sangue” (3:25). E novamente: “Portanto,
visto que agora somos justificados pelo sangue [de Jesus], muito mais seremos
salvos por ele da ira de Deus” (5:9); isso, incidentalmente, é uma transposição
exata do mito da Páscoa dos judeus para termos cristãos. Então, em Colossenses, Paulo explica como todos
nós podemos viver em “paz pelo sangue da sua cruz [de Jesus]” (1:20).
Em outro lugar no Novo
Testamento, o escritor anônimo de Efésios
promete que “vocês, que antes estavam longe, foram aproximados pelo sangue de
Cristo” (2:13). E o igualmente anônimo Hebreus
(9:6–18) oferece uma discussão estendida sobre o assunto, indicando um
conhecimento claro das práticas judaicas:
Feitos esses preparativos, os sacerdotes [judeus] vão continuamente para a tenda externa, realizando seus deveres rituais; mas na segunda só entra o sumo sacerdote, e ele apenas uma vez por ano, e não sem levar sangue que ele oferece por si mesmo e pelos erros do povo. ...
Mas quando Cristo apareceu como sumo sacerdote…entrou uma vez por todas no Santo Lugar, não tomando sangue de bodes e bezerros, mas o seu próprio sangue, assegurando assim uma eterna redenção. Pois se a aspersão dos contaminados com o sangue de bodes e touros e com as cinzas de uma novilha os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo…purificará a vossa consciência.
Nosso autor então resume os eventos de Levítico, para o benefício do leitor não
judeu:
Portanto, nem mesmo a primeira aliança foi ratificada sem sangue. Pois quando todos os mandamentos da Lei foram declarados por Moisés a todo o povo, ele tomou o sangue de bezerros e bodes, com água, lã escarlate e hissopo, e aspergiu tanto o próprio livro quanto todo o povo, dizendo: “Este é o sangue da aliança que Deus ordenou a vocês”. E da mesma forma ele aspergiu com o sangue tanto a tenda quanto todos os vasos usados na adoração.
“De fato”, ele acrescenta, “sob a Lei [Judaica], quase
tudo é purificado com sangue, e sem derramamento de sangue não há absolvição de
pecados.” Como eu mencionei acima, isso acerta em cheio: sem sangue, não há
salvação. Os cristãos têm a vantagem nominal de não ter que derramar mais
sangue, porque Jesus (supostamente) cobriu a todos para sempre; mas os judeus
devem repetir seu sacrifício ritual sobre uma base regular. Sem sangue, sem
salvação.
Então, nós podemos ver o que está acontecendo aqui: Um
grupo de judeus, liderados por Paulo, transpôs o costume judaico de “salvação
pelo sangue” para um contexto cristão, usando o sangue muito real da (provável)
crucificação real de um rabino judeu mortal, Jesus, no lugar do sangue de
animais. Paulo usou a prática judaica bizarra e sádica de salvação pelo sangue
para atrair os gentios ingênuos e supersticiosos, e cruelmente prometer a eles
a libertação de todos os pecados e uma vida eterna que nunca poderia ser
confirmada. Em certo sentido, ele impôs a obsessão judaica pelo sangue ao resto
da humanidade não judaica — ou pelo menos, àqueles que poderiam ser enganados
para acreditar nele.
Acusação de Sangue?
Isso nos traz talvez à questão mais controversa sobre
sangue com os judeus: a noção do abate ritual judaico de pessoas, também
chamado de “libelo de sangue”. Que os judeus abatiam animais ritualmente era de
conhecimento comum, mas a ideia de que eles também poderiam abater humanos era
uma afirmação singularmente problemática, que remonta a mais de dois milênios.
A referência mais antiga desse tipo vem de 300 a.C., quando o filósofo
Teofrasto escreveu que os judeus “agora sacrificam vítimas vivas... tanto de
outros seres vivos [ou seja, animais e não judeus] quanto de si mesmos”.[9]
Mais tarde, em 168 a.C., o rei selêucida Epifânio saqueou o templo judaico em
Jerusalém, apenas para encontrar um grego sendo mantido cativo para sacrifício.
Por volta do ano 100 d.C., Damócrito escreveu que os judeus “capturavam um
estrangeiro e o sacrificavam” uma vez a cada sete anos. E a História Romana de Dião Cassio (115
d.C.) explica que os judeus “comiam a carne de suas vítimas, faziam cintos para
si mesmos com suas entranhas, [e] se ungiam com seu sangue” — o que agora deve
soar familiar. Os judeus também “usavam peles [humanas] como vestimenta, e
muitas eles serravam em dois, da cabeça para baixo” — o que era esperado,
suponho, de um culto de sangue.
Por volta de 300 d.C., os principais cristãos estavam
condenando abertamente a fixação judaica em sangue e sacrifício. João
Crisóstomo, em 387, escreveu: “Você não estremece ao entrar no mesmo lugar com
homens possuídos [por exemplo, judeus], que têm tantos espíritos imundos, que
foram criados em meio a matança e derramamento de sangue?”[10] À
medida que a Idade Média descia sobre a Europa, os judeus cada vez mais se
mudavam para o território cristão, desenvolvendo uma reputação de explorar e
abusar de seus anfitriões. Como também ocorreu no Império Romano, muitos judeus
também estavam envolvidos com o tráfico de escravos brancos, algo que enfureceu
particularmente muitos cristãos.
Mas foi o libelo de sangue — isto é, o assassinato de
cristãos, especialmente jovens — que produziu um tumulto. O primeiro caso desse
tipo ocorreu em 1144 em Norwich, Inglaterra, onde um jovem rapaz, William, foi
supostamente assassinado por alguns judeus locais. Um monge beneditino, Thomas
de Monmouth, mais tarde argumentou que os judeus escolheram coletivamente matar
ritualmente uma criança por ano, como uma espécie de oferenda a Deus, em troca
de seu retorno à Terra Santa. Notavelmente, no caso de William, não houve
acusação de qualquer uso do sangue do rapaz.
Isso mudou em 1235, quando três dúzias de judeus foram
acusados do assassinato ritual de cinco meninos em Fulda, Alemanha. Os
moradores locais alegaram que os judeus extraíram e consumiram seu sangue. No
final, 34 judeus foram executados pelo crime, e o verdadeiro “libelo de sangue”
estava a caminho da notoriedade pública. Isso foi seguido por um incidente
semelhante envolvendo uma jovem em Pforzheim, Alemanha, em 1267, e com o jovem
Rudolph de Berna (Suíça) em 1294, que foi decapitado e teve seu sangue drenado.
Tais crimes se repetiram periodicamente ao longo dos anos, aproximadamente uma
vez por década, em média, culminando no caso particularmente notório de Simão
de Trento (hoje, Trento, Itália), em 1475. Em tais casos, o sangue cristão era
alegado como necessário para rituais judaicos místicos, para remédios judaicos
e na preparação de alimentos sacramentais como matzá.
As acusações de libelo de sangue continuaram,
intermitentemente, pelos quatro séculos seguintes, apenas para acelerar no
final dos anos 1800. Biale (p. 126) explica que cerca de 100 dessas acusações
ocorreram apenas nos 30 anos entre 1880 e 1910. O libelo de sangue, ao que
parece, realmente tocou o coração do homem comum.
Os judeus, é claro, sempre negaram tais crimes, pelo
menos inicialmente; muitos mais tarde “confessaram” sob tortura. Seu argumento
central era este: os judeus são proibidos
de comer sangue. E eles podiam citar as escrituras para justificar sua
defesa. Em Gênesis 9:4, lemos que
Deus dá a Noé e sua família todos os seres vivos como alimento, exceto “você
não comerá carne com sua vida, isto é, seu sangue”. Então, no infame Levítico, Deus diz a Moisés: “você não
comerá sangue algum, seja de ave ou de animal, em qualquer de suas habitações.
Qualquer um que comer qualquer sangue, essa pessoa será eliminada de seu povo”.
(“Eliminado” é geralmente tomado como um eufemismo para “morto”.) Também é
encontrado em Lv 19:26: “Você não
comerá nenhuma carne com o sangue nela”. Mas a declaração mais enfática vem em Lv 17:10, onde Deus fala o seguinte:
Se algum homem da casa de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles comer algum sangue, eu porei o meu rosto contra essa pessoa que comer sangue, e a eliminarei do meio do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue; e eu os dei para coloca-lo sobre o altar, para fazer expiação pelas suas almas; porque é o sangue que faz expiação, por causa da vida. Portanto, eu disse aos filhos de Israel: Nenhuma pessoa entre vocês comerá sangue, nem qualquer estrangeiro que peregrina entre vocês comerá sangue. … Pois a vida de toda criatura é o seu sangue; portanto, eu disse aos filhos de Israel: Vocês não comerão o sangue de nenhuma criatura, porque a vida de toda criatura é o seu sangue; quem o comer será eliminado.
A mesma proibição é brevemente repetida mais tarde, em Deuteronômio (“Somente tenha cuidado de
não comer o sangue, porque o sangue é a vida; e você não comerá a vida com a
carne”; 12:23).
Até aqui, tudo bem — exceto por um pequeno problema: nada
disso se aplica ao sangue humano. As passagens de Gênesis e Deuteronômio
claramente dizem respeito à carne animal. Em Levítico, todo o contexto gira em torno de animais sacrificiais,
tipicamente pássaros, ovelhas ou gado. O sangue, como vimos, era usado para
propósitos cerimoniais, mas seria natural para alguém — os sacerdotes, talvez,
ou suas famílias — comer o animal sacrificado; a menos que o cadáver fosse
queimado, ele simplesmente seria desperdiçado. Mas o sangue estava fora dos
limites, para ser usado apenas para propósitos sacramentais, ainda que
bizarros.
Este ponto elementar parece passar desapercebido por
todos que, mesmo hoje, tentam defender os judeus contra a “mentira antissemita”
da libelo de sangue. Mas houve alguns intelectuais perceptivos (e corajosos)
que entenderam esta questão corretamente e falaram sobre ela. Um deles foi o
estudioso alemão de religião e hebraico, Erich Bischoff (1867–1937). O livro de
Bischoff de 1929, O livro de Shulchan
Aruch, foi a primeira, e ainda única, crítica erudita do texto judaico
central conhecido como Shulchan Aruch,
que é uma versão condensada do muito maior Talmude.[11]
Em um exame de uma parte do Shulchan —
o “Orach Chayim” — nós encontramos a seguinte passagem dessinteressada:
Se alguém come algo que você mergulha em um dos seguintes líquidos como condimento — a saber, Jàjin [vinho], debâsch [mel], schèmen [óleo], chèleb [leite], tal [orvalho], dâm [sangue] e màjjim [água] — então deve molhar as mãos… (Orach Chayim 158, 4)
Em seu comentário que se segue (66), Bischoff é enfático:
“O consumo de sangue é permitido no Shulchan
Aruch!” Ele observa que o autor do Shulchan,
Joseph Karo, “parece não pensar nada sobre isso” — quase como se fosse um
evento comum. Bischoff continua: “O Antigo Testamento… apenas proíbe o consumo
de sangue de gado e pássaros — principalmente aqueles usados para
sacrifícios. … O Antigo Testamento permite outros consumos de sangue” (ibid.).
Como apoio adicional, Bischoff cita o influente estudioso
judeu Maimônides:
Quem deliberadamente come tanto sangue quanto uma azeitona, perdeu sua salvação. … A culpa ocorre apenas com o sangue de animais e pássaros, sejam domésticos ou selvagens, sejam limpos ou impuros. Por outro lado, não há dívida no sangue de peixes, gafanhotos, répteis, anfíbios e sangue humano. (Jad Chasakah, VI,1)
Não há “dívida” nessas últimas criaturas precisamente
porque elas não são mencionadas no Antigo
Testamento; o que quer que não seja
proibido é permitido — um antigo preceito judaico.
Se desejarmos uma confirmação mais recente, podemos
recorrer a um estudioso judeu renegado, Ariel Toaff. Seu livro altamente
controverso Passovers of Blood (2007,
edição original*2) apresenta um caso
muito forte de que o uso de sangue humano, tanto úmido quanto seco, era uma
prática judaica regular na Idade Média — e talvez ainda seja hoje.[12]
Seu Capítulo 6 é especialmente relevante aqui; Toaff examina o uso de sangue
durante a circuncisão e comenta sobre vários casos, até mesmo “receitas”,
envolvendo o uso de sangue humano. Em um compêndio judaico, ele diz, “nós encontraremos
uma ampla gama de receitas que fornecem a ingestão oral de sangue, tanto humano
quanto animal” (156). Outras formulações se referem a coisas como “uma pena de
galinha embebida em sangue menstrual”, “sangue seco de coelho”, “sangue seco de
uma virgem tendo seu primeiro período menstrual” e o genérico “sangue de
crianças” (ibid). O compêndio sobre o
assunto de Toaff “enfatizou ainda mais as propriedades prodigiosas do sangue
humano, naturalmente, sempre seco e preparado na forma de coalhada ou pó, como
o ingrediente principal dos elixires afrodisíacos”. E, finalmente, Toaff cita
um réu judeu no julgamento de Simão de Trento, Israel Wolfgang, que declarou,
para registro, “não há proibição [rabínica] contra se beneficiar utilmente dos
corpos mortos de gentios” (p. 159). Claro que não — eles são meros animais,
afinal.
E no Novo Testamento
Mas, assim como no sacrifício de sangue, o apologista
judeu tem outra tática defensiva aqui: ‘os cristãos também o fazem’. Ou seja,
os cristãos também comem sangue — o
sangue de Cristo. Esse procedimento tem um nome: a Eucaristia.[13] É
um sacramento no catolicismo e na maioria das denominações protestantes, algo
da mais alta importância. Nele, os paroquianos consomem metaforicamente (comem)
o corpo de Cristo, na forma de pão ou hóstia, e bebem seu sangue, na forma de
vinho ou suco. Novamente, à primeira vista, essa é uma cerimônia bizarra e até
patológica: “comer o corpo” e “beber o sangue”, mesmo que simbolicamente, de seu salvador morto há
muito tempo. Quão doentio é isso?
De onde poderia ter vindo uma ideia tão revoltante? Ah,
espere, nós sabemos: dos judeus. Não sabemos se o judeu Jesus realmente a
criou, ou se foi inventada na mente distorcida do judeu Paulo, mas,
independentemente disso, era claramente de origem judaica. E agora podemos ver
o porquê — a longa tradição judaica de usar sangue sacrificial (aqui, o “Cordeiro
de Deus”) para ungir a si mesmo, para se ligar a Deus e para formar uma
aliança. Tudo se encaixa na soteriologia judaica. Os judeus eram proibidos de
beber sangue sacrificial (animal), mas agora, com os gentios, eles podiam
consumir sangue sacrificial (humano), simbolicamente. Deixe para os judeus
transformar os gentios crédulos em canibais (simbólicos) e bebedores de sangue
(simbólicos).
A Eucaristia, como parte da Última Ceia, tem uma base
bíblica, aparecendo duas vezes com Paulo (ambas as vezes em 1 Coríntios) e uma vez em cada um dos
quatro Evangelhos. A primeira, e cronologicamente mais antiga,[14]
ocorrência é em Paulo; em 1 Cor
10:16, onde ele escreve: “O cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão
do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo?”
Então, no próximo capítulo, nós encontramos a única citação direta de Jesus em qualquer lugar em Paulo:
[Jesus] disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em minha memória”. (11:24–25)[15]
Assim, Jesus chama explicitamente isso de “aliança de
sangue”, exatamente como esperaríamos de um rabino judeu.
A Eucaristia aparece então de forma quase idêntica nos
três primeiros Evangelhos:
Marcos 14:26: “Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado
por muitos.”
Mateus 26:28: “Este é o meu sangue da aliança, que é derramado
por muitos para o perdão dos pecados.”
Lucas 22:20: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue,
derramado em favor de vocês.”
Curto e direto ao ponto. Mas o último Evangelho escrito, João, inexplicavelmente tem uma citação
muito mais extensa:
Em verdade, em verdade eu vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida. Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. (Jo 6,53-56)
Como é que este Evangelho, escrito por volta do ano 95
d.C., cerca de 65 anos (!) após a crucificação, pôde citar com tantos detalhes
as palavras de Cristo, quando nem Paulo nem os outros Evangelhos puderam
fazê-lo? Isso deixa alguém altamente desconfiado, para dizer o mínimo. Em todo
caso, não encontramos mais nenhuma “aliança” explícita aqui; agora, é apenas
uma orgia de comer carne e beber sangue, acompanhada de vagas promessas de vida
eterna.
Em suma: Na Eucaristia vemos como os cristãos gentios
foram enganados a adotar uma tradição judaica de alianças de sangue e receitas
de sangue, embora os gentios não tivessem história cultural de tal coisa. É
reconhecido que o sangue não é nem de longe tão central no cristianismo quanto
no judaísmo, mas ainda assim, é altamente importante. Dentro do catolicismo, a
Eucaristia foi oficialmente chamada de “a fonte e o ápice de toda a vida cristã”.[16]
Bons cristãos em todos os lugares: bebam
esse sangue!
Algumas Consequências
Vários pontos importantes decorrem disso tudo. Primeiro,
não devemos pensar que o culto de sangue judaico era algo que só existia nos
tempos antigos, ou que os sacrifícios de sangue cessaram quando o templo de
Jerusalém foi destruído pelos romanos em 70 d.C. Os guardiões do judaísmo não
são nada se não fixados no passado. Para eles, para os judeus ortodoxos, os
Haredi e os Dati, eles são seguidores literais do Antigo Testamento, do Talmude
e do Shulchan Aruch. Se você acha que
os cristãos fundamentalistas são absolutistas obstinados, você ainda não
encontrou um judeu Haredi. Os judeus ortodoxos tratam seus documentos sagrados
como se tivessem sido escritos ontem, e eles esperam que tais escritos durem
pela eternidade. Sacrifício animal, tratar gentios como cães, explorar não
judeus, enganá-los e matá-los, abuso sexual infantil, afrodisíacos de sangue,
circuncisão oral, banhos de sangue... o pacote completo. O culto de sangue
judaico veio para ficar — tanto tempo enquanto houver judeus.
Segundo, não adianta argumentar que esses judeus
ortodoxos compreendem apenas 10% ou 20% da população judaica total e que,
portanto, toda essa maldita coisa religiosa não se aplica à maioria secular.
Não é bem assim. Os sentimentos descritos acima se aplicam, em maior ou menor
grau, a quase todos os judeus. O judaísmo, conforme documentado nos vários
textos, não é como uma religião qualquer. É mais como um guia para viver como judeu em um mundo em grande parte não
judeu. Isso é absolutamente verdadeiro para o Talmude e o Shulchan, que
são explicitamente manuais para a vida diária. Estes, por sua vez, dependem do Antigo Testamento, que é, em si mesmo,
principalmente sobre interações sociais (judeus e gentios), com um pouco de “cobertura
teológica” no topo. Sim, grande parte do Antigo
Testamento envolve palavras que “Deus diz”, mas isso é pouco mais do que
uma abreviação literária para “palavras pelas quais os bons judeus devem viver
suas vidas.” Como foi argumentado em outro lugar, Jeová é realmente apenas um substituto[2]
para o próprio povo judeu. É como a pequena voz sentada no seu ombro, dizendo o
que fazer. Os textos sagrados do judaísmo são apenas uma destilação, fixada
para sempre, de judeus dizendo a si mesmos como agir para ser bem sucedido e
prosperar.
Por isso, é “cozido” dentro de todos os judeus, não
importa o quão seculares e esclarecidos eles afirmem ser. Há um sentido real,
eu acho, em que é efetivamente genético: valores e mentalidade judaicos
inculcados tão profundamente que ressoam com todos os judeus, em um nível
biológico, e são passados para as gerações futuras. A fixação com sangue é um
aspecto importante dessa herança biológica judaica.
E daí? alguns podem dizer. Por que nos importamos com o
que os judeus religiosos fazem em suas sinagogas, ou com o que os judeus
seculares pensam em seus corações? Na verdade, faz uma enorme diferença,
precisamente por causa da influência que tais judeus têm na sociedade americana
e ocidental.
Este não é o lugar para elaborar — eu encaminharia os
leitores para a compilação recente dos meus próprios escritos, The Steep Climb: Essays on the Jewish
Question (2023) — mas deixe-me simplesmente declarar o óbvio: judeus,
interesses judaicos, valores judaicos e pensamento judaico dominam
completamente grandes setores da sociedade ocidental. Precisamos apenas
mencionar as altas finanças; Hollywood; mídia em geral; o governo federal; e
academia. Os judeus possuem ou controlam até 50 por cento dos estimados US$ 140
trilhões em riqueza pessoal nos EUA. Eles fornecem de 25 a 50 por cento, ou
mais, do financiamento de campanha em nível federal; sem surpresa, os judeus
são altamente super-representados no gabinete de Biden e em cargos de nível de
gabinete, incluindo os cargos mais poderosos e influentes (Departamentos de
Estado, Justiça, Segurança Interna, Tesouro; Chefe de Gabinete. (Biden também
tem parentes e netos judeus, e Kamala Harris é casada com um judeu.) Não mais
do que um punhado de congressistas democratas e republicanos tem coragem de
enfrentar o AIPAC e o lobby judeu em geral. Os judeus também têm um domínio
sobre Hollywood, a produção cinematográfica americana, a indústria musical e a
mídia de notícias; veja a reação a Ye (Kanye West). Quanto à academia, esqueça;
na última verificação, as oito escolas da Ivy League tinham sete presidentes
judeus. E quase todas as principais universidades americanas, públicas ou
privadas, têm regentes judeus, chanceleres judeus, colaboradores judeus e/ou
reitores judeus, sem mencionar a super-representação massiva em muitas
disciplinas, especialmente nas ciências sociais e humanas.
Considere isto: Por que, por exemplo, temos tanto sangue
e derramamento de sangue em nossos filmes populares? A violência gratuita é
onipresente nos filmes americanos, em praticamente todos os gêneros. Raramente é
necessário contar uma história; então, por que ela está lá? Sabemos o porquê:
escritores, diretores e produtores judeus. A fixação judaica em sangue se
materializa em suas narrativas na tela grande. Para os judeus, isso é de alguma
forma gratificante, satisfatório, prazeroso — enquanto para a maioria das
pessoas normais, o sangue e o derramamento de sangue são repulsivos e
grotescos. E pior: os judeus são aclimatados[3]
a todo o sangue profundamente e, portanto, não são incomodados por ele; mas os
não judeus comuns ficam enojados e horrorizados. Para muitas pessoas,
especialmente crianças, adolescentes e jovens, todo esse sangue é
psicologicamente prejudicial. Pessoas normais não são psiquicamente capazes de
processar tais representações profusas de violência sangrenta; elas se tornam
insensíveis, retraídas e deprimidas. Isso prejudica as relações interpessoais e
prejudica sua capacidade de se comunicar abertamente. Isso os torna medrosos,
desconfiados e cabreiros.[17]
Por que nós, nos Estados Unidos, achamos tão fácil
iniciar uma ação militar agressiva e violenta ao redor do mundo? Por que nossos
setores políticos e da mídia aparentemente têm tanto deleite com o massacre de
pessoas em terras distantes? Por que a Secretária de Estado judia-americana
Madeline Albright declarou em 1996 que as sanções americanas ao Iraque, que
mataram cerca de 500.000 crianças iraquianas, “valeram a pena”? Por que o atual
orçamento militar americano excede US$ 1,25 trilhão por ano, levando em conta
todos os aspectos de nossa suposta “defesa”? Nós sabemos o porquê.
Por que os palestinos são colocados em uma situação
impossível e intolerável por seus suzeranos israelenses? Por que eles são
periodicamente massacrados como ovelhas? Por que a guerra inútil e invencível
na Ucrânia está sendo promovida e sustentada, derramando grandes quantidades de
sangue gentio? Nós sabemos o porquê.
A sede de sangue e o fascínio pelo sangue dos judeus têm
implicações infinitas. Devemos sempre lembrar da verdade judaica central aqui: sem sangue, sem salvação. Para a maioria
das pessoas, o derramamento de sangue é um mal; para os judeus, é um precursor necessário
para a salvação e o “sucesso”. Para a maioria das pessoas, matar é errado; para
os judeus, matar — desde que não seja um judeu — é uma coisa boa. “Sem derramamento
de sangue, não há perdão”, disse o escritor judeu de Hebreus. Enquanto os judeus estiverem no comando, enquanto eles
derem as ordens, sangue será derramado. Esta é uma constante em um mundo
turbulento.
Ao contemplar a sede de sangue e a obsessão judaica pelo
sangue, eu não posso deixar de lembrar o aviso de Shakespeare em Macbeth:
Onde estamos, há punhais nos sorrisos dos homens. O mais próximo em sangue, o próximo mais sangrento. (Ato II, sc. 3)
“Onde nós estamos”, no mundo de hoje: os judeus estão
sorrindo; eles estão no topo. Infelizmente, “há punhais nos sorrisos [de tais]
homens”. Eles são todos sorrisos, gentilezas e bom humor. Mas não os deixe
chegar muito perto — “o mais próximo em sangue, o próximo mais sangrento”.
Eu encerro com as palavras do próprio Macbeth: “Voltem;
minha alma já está carregada demais / Com o sangue de vocês” (Ato V, sc. 8). Quão apropriado.
Poderíamos reformular essas palavras hoje da seguinte forma: “Voltem, judeus;
nossas almas já estão carregadas demais com o sangue de vocês.”
Tradução por {academic
auctor pseudonym - studeo liber ad collegium}
Revisão
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
[1] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): S. Geller (1992), “Blood Cult”, Prooftexts 12(2): 101.
[2] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Blood and
Belief (2007), p. 9.
[3] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): As chances ótimas de gravidez ocorrem no meio do
ciclo da mulher, e não no final, quando o sangue aparece. Não é impossível que
a concepção ocorra durante a menstruação, mas é muito improvável.
[4] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Histórias,
36 e 104.
[5] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): “Aprendemos
na Mishná que se suga o sangue da ferida após a circuncisão ser realizada no
Shabat. Rav Pappa disse: ‘Um artesão que não suga o sangue após cada
circuncisão é um perigo para a criança que está sendo circuncidada, e nós o
removeremos de sua posição como circuncisador’.” Seder #2 (Moed), Tractate Shabbat, 133b,14 (texto de www.sefaria.org).
*1 Nota de Mykel Alexander: Embora
em idioma português possuímos a versão traduzida da Bíblia que é vertida
diretamente do hebraico, do aramaico e do grego para o português, publicada
como Bíblia de Jerusalém (1ª edição,
2002, 12ª reimpressão, 2017, Paulus, São Paulo), da École biblique de
Jérusalem (Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém), as opções dos
tradutores ao português mitigaram muito o teor de violência das passagens,
sendo assim a versão traduzida no artigo foi mantida vindo direto das passagens
em inglês, para não minimizar o teor de hostilidade contido no Antigo
Testamento contra os não-judeus bem como a ambição de domínio
universal das lideranças da tradição judaica. Ainda, a divindade judaica
que é traduzida como Yahweh, por fins didáticos, foi colocada na forma
simplificada de Jeová.
[6] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): A frase
“aliança de sangue” ocorre outra vez na Bíblia, em Zacarias (“Quanto a ti também, por causa do sangue da minha aliança
contigo, libertarei os teus cativos do poço sem água”; 9:11)
[7] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Para uma elaboração, veja meus vários ensaios em The Steep Climb: Essays on the Jewish Question
(2023).
[8] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Antichrist, sec. 44.
[9] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Para esta e as citações seguintes, veja meu livro Eternal Strangers (2020).
[10] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Homilias
sobre os judeus, I.VI.7.
[11] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Há muito tempo fora de catálogo em alemão, o livro
foi lançado recentemente em uma primeira tradução para o inglês: The Book of the Shulchan Aruch (2023;
Clemens & Blair). As citações usadas referem-se a esta nova edição.
*2 Nota de Mykel Alexander: Uma abordagem
sobre a obra de Ariel Toaff e sobre a repercussão dela pode ser obtida em:
- As Páscoas Sangrentas do Dr. Toaff, por Israel
Shamir, 23 de março de 2025, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2025/03/as-pascoas-sangrentas-do-dr-toaff-por.html
- Páscoas Sangrentas do Dr. Toaff – Acompanhamento,
por Israel Shamir, 24 de julho de 2025, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2025/07/pascoas-sangrentas-do-dr-toaff.html
[12] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): A edição original de 2007, em seu idioma original
italiano, foi rapidamente retirada de circulação, para ser substituída por uma
edição mais suave, “revisada”, no ano seguinte. No entanto, uma tradução em
inglês da edição original de 2007 foi publicada em 2020 pela Clemens &
Blair; as citações a seguir referem-se a esta edição.
[13] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): A palavra “Eucaristia” deriva do grego eukharistos,
que significa “bom” (eu-) + “favor” (kharistos) — em outras palavras, uma “ação
de graças”. Não tem nada a ver com a palavra “Cristo”, aliás.
[14] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Faríamos bem em lembrar que as cartas de Paulo são
tradicionalmente datadas entre 50 e 70 d.C. A Primeira Epístola aos Coríntios
provavelmente foi composta por volta de 53 d.C., enquanto os Evangelhos foram
escritos entre 70 (Marcos) e 95 d.C. (João). Paulo não sabia nada sobre os Evangelhos
porque eles não existiam na sua época.
[15] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): O fato de que esta é a única citação de Jesus em
todas as cartas de Paulo é surpreendente. É quase como se Paulo não tivesse
ideia do que Jesus realmente disse durante seu ministério. Mas isso é
inconcebível se a história de vida de Paulo for verdadeira. Ele fica feliz em
citar e referenciar o Antigo Testamento
ad nauseum, mas citar Jesus? Não, não
é necessário…
[16] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Lumen
Gentium (1964), II.11.
[17] Nota de David Skrbina
(pseudônimo Thomas Dalton): Há uma
pesquisa abundante sobre isso. Para alguns exemplos, veja: Browne e
Hamilton-Giachritsis (2005), “The Influence of Violent Media on Children and
Adolescents: A public-Health Approach.” Lancet,
vol. 365, pp. 702-710. Anderson, C. et al (2003). “Exposure to violent media:
The effects of songs with violent lyrics on aggressive thoughts and feelings.” Journal of Personality and Social Psychology,
Vol. 84, No. 5. And Krahe, B., et al (2011). “Desensitization to media
violence: Links with habitual media violence exposure, aggressive cognitions,
and aggressive behavior.” Journal of
Personality and Social Psychology, Vol. 100, No. 4.
Fonte: The Jewish Blood-Obsession, por Thomas Dalton {pseudônimo de : David
Skrbina}, 19 de fevereiro de 2023, The
Unz Review – An Alternative Media Selection.
https://www.unz.com/article/the-jewish-blood-obsession/
Sobre o autor: David Skrbina, pseudônimo Thomas Dalton, (1960-) é professor
sênior de filosofia na Universidade de Michigan em Dearborn. Suas áreas de
pesquisa incluem filosofia da mente, filosofia da tecnologia e ética ambiental.
Ele é autor de Panpsychism in the West (MIT Press—2ª edição,
2017) e editor de Mind That Abides: Panpsychism in the New Millennium (2009;
John Benjamins). Também é autor do livro recente The Metaphysics of
Technology (2015; Routledge) e editou uma série de quatro livros
didáticos para cursos de graduação em filosofia. O Dr. Skrbina foi professor
visitante de filosofia na Michigan State University, na Eastern Michigan
University e na Universidade de Gent, na Bélgica. Também tem escrito ou editado
vários livros e artigos sobre política, história e religião, com foco especial
no nacional-socialismo na Alemanha. Seus trabalhos incluem uma nova série de
traduções de Mein Kampf e os livros Eternal Strangers (2020), The
Jewish Hand in the World Wars (2019) e Debating the
Holocaust (4ª edição 2020). Mais recentemente, ele editou uma nova
edição da obra clássica de Rosenberg, Mito do Século XX, um novo
livro de charges políticas, Pan-Judah!, e a crítica definitiva Unmasking
Anne Frank. Todas essas obras estão disponíveis em www.clemensandblair.com.
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Relacionado ver:
Páscoas Sangrentas do Dr. Toaff – Acompanhamento - por Israel Shamir
As Páscoas Sangrentas do Dr. Toaff - por Israel Shamir
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