quarta-feira, 21 de junho de 2023

Sionismo e o Terceiro Reich - por Mark Weber

 

Mark Weber


            No início de 1935, um navio passageiro com destino para Haifa na Palestina deixou o porto alemão de Brenerhaven. Sua popa trazia as letras hebraicas por seu nome, “Tel Aviv”, enquanto uma bandeira suástica vibrou no mastro. E embora o navio era de proprietário sionista, seu capitão era um membro do Partido Nacional Socialista. Muitos anos depois, um viajante a bordo do navio lembrou esta simbólica combinação como um “absurdo metafísico”1. Absurdo ou não, isto é apenas uma vinheta de um capítulo pouco conhecido da história: A colaboração ampla entre o sionismo e o Terceiro Reich de Hitler.

 

Objetivos comuns

            Ao longo dos anos, as pessoas em muitos diferentes países têm se atracado em luta com a “questão judaica”: ou seja, qual é o papel apropriado dos judeus em uma sociedade não-judaica? Durante os anos da década de 1930, judeus sionistas e alemães nacional socialistas compartilhavam similares visões de como lidar com esta questão que causa perplexidade. Eles concordaram que judeus e alemães eram distintamente nacionalidades diferentes, e que os judeus não pertenciam à Alemanha. Judeus vivendo no Reich eram, portanto, para ser considerados não como “Alemães com a fé judaica”, mas sim como membros de uma comunidade nacional separada. Sionismo (nacionalismo judaico) também implicava em uma obrigação pelos judeus sionistas para reassentarem-se na Palestina, a “pátria judaica”. Eles dificilmente poderiam ver eles mesmos como sinceros sionistas e simultaneamente reivindicar direitos iguais na Alemanha ou em qualquer outro país “estrangeiro”.

            Theodor Herzl (1860-1904), o fundador do moderno sionismo, sustentou que o antissemitismo não é uma aberração, mas uma resposta natural e completamente compreensível dos não-judeus ao comportamento e atitude alienígena judaico. A única solução, ele argumentou, é os judeus reconhecerem a realidade e viverem em um estado separado para eles próprios. “A questão judaica existe onde quer que os judeus vivam em números noticiáveis,” ele escreveu em seu mais influente trabalho, O Estado Judeu. “Onde ele {o antissemitismo} não existir, ele é trazido pelo chegar de judeus... Eu acredito que eu compreendo o antissemitismo, o qual é um fenômeno muito complexo. Eu considero este desenvolvimento como um judeu, sem ódio ou medo.” A questão judaica, sustentou, não é social ou religiosa. “É uma questão nacional. Para resolvê-la nós devemos, acima de tudo, fazê-la uma questão de política internacional...” Indiferente da cidadania deles, Herzl insistiu, os judeus constituem não meramente uma comunidade religiosa, mas uma nacionalidade, um povo, um Volk.2 O sionismo, escreveu Herzl, oferece ao mundo uma bem vinda “solução final da questão judaica”.3

            Seis meses após Hitler chegar ao poder, a Federação Sionista da Alemanha (de longe o maior grupo sionista no país) apresentou um detalhado memorando para o novo governo que reviu as relações germânica-judaicas e formalmente ofereceu o apoio sionista em “resolver” a vexatória “questão judaica.” O primeiro passo, é sugerido, tinha de ser um franco reconhecimento das fundamentais diferenças nacionais:4

O sionismo não tem ilusões sobre a dificuldade da condição judaica, a qual consiste, sobretudo, em um anormal padrão ocupacional e na falta de uma postura intelectual e moral não enraizada em nossa própria tradição. O sionismo reconheceu décadas atrás que como resultado de uma tendência assimiladora, sintomas de deterioração estavam em vias de aparecer...

O sionismo acredita que o renascimento da vida nacional de um povo, o qual está agora ocorrendo na Alemanha através da ênfase em seu caráter cristão e nacional, deve também chegar sobre o grupo nacional judaico. Para o povo judaico, também, origem nacional, religiosa, destino comum e um sentido de sua singularidade deve ser de decisiva importância na formação de sua existência. Isto significa que o individualismo egoísta da era liberal dever ser superado e substituído com um sentido de comunidade e responsabilidade coletiva...

Nós acreditamos que é precisamente a nova Alemanha [nacional-socialista] que pode, através de valorosa firmeza em lidar com a questão judaica, tomar o passo a decisivo frente a superação de um problema o qual, na verdade, irá ter que ser tratado pela maioria dos povos europeus...

Nosso reconhecimento da nacionalidade judaica é um aporte para um claro e sincero relacionamento para com o povo alemão e suas realidades raciais e nacionais. Precisamente porquê nós não desejamos falsificar estes fundamentos, porquê nós, também, somos contra o casamento misto e posicionamo-nos pelo mantimento da pureza do grupo judaico e rejeitamos quaisquer transgressões no domínio cultural, nós – tendo sido educados na linguagem germânica e na cultura germânica – podemos mostrar um interesse nos trabalhos e valores da cultura alemã com admiração e simpatia interna...

Para seus objetivos práticos, o sionismo espera estar apto a ganhar a colaboração de mesmo um governo hostil aos judeus, porque ao lidar com a questão judaica não coloca sentimentalismos envolvidos, mas sim coloca um real problema cuja solução interessa todas pessoas e no presente momento especialmente o povo germânico...

Propaganda de boicote – tal como está atualmente ocorrendo contra a Alemanha de muitas formas – é em essência não-sionista, porquê o sionismo não quer fazer uma batalha, mas sim convencer e construir...

Nós não somos cegos para o fato de que uma questão judaica existe e irá continuar a existir. A partir de uma anormal situação dos judeus severas desvantagens resultam delas, mas também condições escassamente toleráveis para outros povos. 

            O documento da federação, o Jüdische Rundschau (“Resenha Judaica”), proclamou a mesma mensagem: “O sionismo reconhece a existência de um problema judaico e deseja uma solução construtiva de longo alcance. Para este propósito o sionismo deseja obter a assistência de todos os povos, sejam pró ou antijudaicos, porque, em sua visão, nós estamos lidando mais com um concreto do que com um sentimental problema, a solução da qual todos os povos estão interessados.”5 Um jovem rabino berlinense, Joachin Prinz, que posteriormente se estabeleceu nos Estados Unidos e tornou-se líder do Congresso Judaico Americano, escreveu em seu livro de 1934, Wir Juden (“Nós Judeus”), que a revolução nacional socialista na Alemanha significava  “judiaria para os judeus”. Ele explicou: “Nenhum subterfúgio pode salvar-nos agora. Em lugar de assimilação nós desejamos um novo conceito: reconhecimento da nação judaica e da raça judaica.”6

 

Colaboração ativa

            Sobre estas bases de suas ideologias similares sobre etnia e nacionalidade, os nacional-socialistas e sionistas trabalharam juntos para o que cada grupo acreditava que era seus próprios interesses nacionais. Como resultado, o governo de Hitler apoiou vigorosamente o sionismo e a emigração para a Palestina de 1933 até 1940-1941, quando a Segunda Guerra Mundial impediu extensiva colaboração.

            Mesmo conforme o Terceiro Reich tornou-se mais estabelecido de modo entrincheirado, muitos judeus alemães, provavelmente uma maioria, continuaram a considerar eles mesmos, frequentemente com considerável orgulho, como alemães primeiramente. Poucos estavam entusiasmados em largar as raízes para começar uma nova vida na distante Palestina. No entanto, mais e mais judeus alemães rumaram para o sionismo durante este período. Até o final de 1938, o movimento sionista floresceu na Alemanha de Hitler. A circulação do periódico quinzenário da Federação Sionista, o Jüdische Rundschau, cresceu enormemente. Numerosos livros sionistas foram publicados. “O trabalho sionista estava em pleno andamento” na Alemanha durante aqueles anos, nota a Encyclopaedia Judaica. Uma convenção sionista mantida em Berlim em 1936 refletiu “em sua composição a vigorosa vida partidária dos sionistas alemães.”7

             A SS estava particularmente entusiasmada em seu suporte para o Sionismo. Um documento interno de junho de 1934 urgiu suporte ativo e de amplo alcance para o sionismo pelo governo e pelo Partido como o melhor meio para encorajar a emigração de judeus alemães para a Palestina. Isto iria requerer aumento da própria consciência judaica dos judeus. Escolas judaicas, ligas esportivas judaicas, organizações culturais judaicas – em suma, tudo que poderia encorajar esta nova consciência e autoconsciência – deveriam ser promovidas, recomendou o documento.”8

O oficial SS Leopold von Mildenstein e o oficial da Federação Sionista Kurt Tuchler excursionaram juntos na Palestina por seis meses para avaliar o desenvolvimento sionista lá. Baseado em suas observações de primeira mão, von Mildenstein escreveu uma série de doze artigos ilustrados para o importante diário berlinense Der Angriff que apareceu no fim de 1934 sobre o título “Um nazi viaja para Palestina”. A série expressou grande admiração para o espírito de pioneirismo e de realizações dos colonos judeus. O autodesenvolvimento sionista, escreveu von Mildenstein, tinha produzido um novo tipo de judeu. Ele elogiou o sionismo como um grande benefício para ambos o povo judeu e para o mundo inteiro. Uma pátria judaica na Palestina, ele escreveu em seu artigo de conclusão, “apontou o caminho para curar um ferimento de séculos no corpo do mundo: a questão judaica.” Der Angriff emitiu uma medalha especial, com a Suástica em um lado e a Estrela de David no outro lado, para comemorar a visita conjunta SS-Sionista. Uns poucos meses depois dos artigos serem publicados, Von Mildenstein foi promovido para a chefia do departamento de assuntos judaicos do serviço de segurança da SS afim de apoiar a migração sionista mais efetivamente.9

"Der Angriff emitiu uma medalha especial, com a Suástica em um lado e a Estrela de David no outro lado, para comemorar a visita conjunta SS-Sionista." {Crédito da foto: Ynetnews, ‘A Nazi travels to Palestine’: A swastika and Star of David on one coin, por Itay Ilnai, 21 de janeiro de 2018.}


            O jornal oficial da SS, Das Schwarze Korps, proclamou seu apoio para o sionismo em maio de 1935 na primeira página do jornal: “O tempo pode não estar muito longe quando a Palestina irá novamente estar apta para receber seus filhos que têm estado perdido por mais que mil anos. Nossos bons desejos, junto com a oficial boa vontade, para eles.”10 Quatro meses depois, um artigo similar apareceu em um jornal da SS:11

O reconhecimento da judiaria como comunidade racial baseada no sangue e não na religião levou o governo alemão garantir sem reservas a separação racial nesta comunidade. O governo encontra-se ele mesmo em completo acordo com o grande movimento espiritual dentro da judiaria, o então chamado sionismo, com seu reconhecimento de solidariedade da judiaria ao redor do mundo e sua rejeição de todas noções de assimilação. Nestas bases, a Alemanha assumirá medidas que irão desempenhar certamente um significante papel no futuro no tratamento do problema judaico ao redor do mundo.

            Uma linha principal de navegação alemã começou o serviço de passageiros de Hamburgo para Haifa, Palestina, em outubro de 1933 oferecendo “comida estritamente koscher em seus navios, sob a supervisão do rabinato de Hamburgo.”12

Com a retaguarda oficial, os sionistas trabalharam incansavelmente para “reeducar” os judeus alemães. Conforme o historiador americano Francis Nicosia colocou em sua pesquisa de 1985, The Third Reich and the Palestine Question: “Os sionistas foram encorajados a levar a mensagem deles para a comunidade judaica, para coletar dinheiro, mostrar filmes sobre a Palestina e, de modo geral, para educar os judeus alemães sobre a Palestina. Havia considerável pressão para ensinar os judeus na Alemanha para cessarem de identificarem-se eles mesmos como alemães e para despertarem uma nova identidade judaica nacional neles mesmos.”13

Em uma entrevista após a Guerra, o ex-líder da Federação Sionista da Alemanha, Dr. Hans Friedenthal, resumiu a situação: “A Gestapo fez tudo naqueles dias para promover a emigração, particularmente para a Palestina. Nós frequentemente recebemos a ajuda deles quando nós requisitamos qualquer coisa de outras autoridades considerando os preparativos para emigração.”14

No Congresso do Partido Nacional Socialista de setembro de 1935, o Reichstag adotou as chamadas “leis de Nuremberg” que proibiam casamentos e relações sexuais entre judeus e alemães e, de fato, proclamavam os judeus uma nacionalidade de minoria estrangeira. Alguns dias depois, o sionista Jüdische Rundschau saudou editorialmente as novas medidas:15

A Alemanha ... está atendendo às demandas do Congresso Sionista Mundial quando declara que os judeus agora vivendo na Alemanha são uma minoria nacional. Uma vez que os judeus tenham sido marcados como uma minoria nacional, é novamente possível estabelecer relações normais entre a nação alemã e os judeus. As novas leis dão à minoria judaica na Alemanha sua própria vida cultural, sua própria vida nacional. No futuro poderá dar forma às suas próprias escolas, ao seu próprio teatro e às suas próprias associações desportivas. Em suma, pode criar seu próprio futuro em todos os aspectos da vida nacional...

A Alemanha deu à minoria judaica a oportunidade de viver por si mesma e está oferecendo proteção estatal para esta vida separada da minoria judaica: o processo de crescimento do judaísmo em uma nação será assim encorajado e uma contribuição será feita para o estabelecimento de mais toleráveis relações entre as duas nações.

Georg Kareski, o chefe da Organização Estatal Sionista “Revisionista” e da Liga Cultural Judaica, e ex-chefe da Comunidade Judaica de Berlim, declarou em uma entrevista ao diário berlinense Der Angriff no final de 1935:16

Por muitos anos eu tenho considerado uma separação completa dos assuntos culturais dos dois povos [judeus e alemães] como uma pré-condição para viver juntos sem conflito... Há muito eu tenho apoiado uma tal separação, desde que provida no respeito à nacionalidade alienígena. As Leis de Nuremberg... parecem-me, independentemente das suas disposições legais, conformar-se inteiramente com este desejo de uma vida separada baseada no respeito mútuo... Esta interrupção do processo de dissolução em muitas comunidades judaicas, que tinha sido promovido através casamentos mistos é, portanto, do ponto de vista judaico, inteiramente bem-vinda.

Líderes sionistas em outros países ecoaram essas opiniões. Stephen S. Wise, presidente do Congresso Judaico Americano e do Congresso Judaico Mundial, disse em um comício em Nova York em junho de 1938: “Não sou um cidadão americano de fé judaica, sou judeu... Hitler estava certo em uma coisa. Ele chama o povo judeu de uma raça e nós somos uma raça.”17

O especialista em assuntos judaicos do Ministério do Interior, Dr. Bernhard Lösener, expressou apoio ao sionismo em um artigo que apareceu em uma edição de novembro de 1935 do Reichsverwaltungsblatt oficial:18

Se os judeus já tivessem seu próprio estado no qual a maioria deles estava estabelecida, então a questão judaica poderia ser considerada completamente resolvida hoje, também para os próprios judeus. A menor oposição às ideias subjacentes às Leis de Nuremberg tem sido mostrada pelos sionistas, porque eles perceberam de uma vez que essas leis representam a única solução correta também para o povo judeu.  Pois cada nação deve ter seu próprio estado como expressão externa de sua nacionalidade particular.

Em cooperação com as autoridades alemãs, grupos sionistas organizaram uma rede de cerca de quarenta acampamentos e centros agrícolas em toda a Alemanha, onde os colonos em potencial eram treinados para suas novas vidas na Palestina. Embora as Leis de Nuremberg proíbam os judeus de exibir a bandeira alemã, os judeus tiveram especificamente garantido o direito de exibir a bandeira nacional judaica azul e branca. A bandeira que um dia seria adotada por Israel foi hasteada nos campos e centros sionistas na Alemanha de Hitler.19

O serviço de segurança de Himmler cooperou com o Haganah, a organização militar clandestina sionista na Palestina. A agência SS pagou Feivel Polkes, oficial da Haganah, por informações sobre a situação na Palestina e pela ajuda em direcionar a emigração judaica para aquele país. Enquanto isso, o Haganah foi mantido bem informado sobre os planos alemães por um espião que conseguiu plantar no quartel-general da SS em Berlim.20 A colaboração Haganah-SS incluiu até entregas secretas de armas alemãs a colonos judeus para uso em confrontos com árabes palestinos.21

Após a explosão de violência e destruição da “Kristallnacht” em novembro de 1938, a SS rapidamente ajudou a organização sionista a se levantar e continuar seu trabalho na Alemanha, embora agora sob supervisão mais restrita.22

 

Reservas Oficiais

O apoio alemão ao sionismo não era ilimitado. Os funcionários do governo e do partido estavam muito atentos à campanha contínua das poderosas comunidades judaicas nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros países para mobilizar “seus” governos e concidadãos contra a Alemanha. Enquanto o judaísmo mundial permanecesse implacavelmente hostil à Alemanha nacional-socialista, e enquanto a grande maioria dos judeus ao redor do mundo mostrasse pouca vontade de se reassentar na “terra prometida” sionista, um estado judeu soberano na Palestina não “resolveria” realmente a questão judaica internacional. Ao invés, raciocinaram as autoridades alemãs, isso fortaleceria imensuravelmente essa perigosa campanha antialemã. O apoio alemão ao sionismo foi, portanto, limitado ao apoio a uma pátria judaica na Palestina sob controle britânico, não a um estado judeu soberano.23

Um estado judeu na Palestina, informou o ministro das Relações Exteriores aos diplomatas em junho de 1937, não seria do interesse da Alemanha porque não seria capaz de absorver todos os judeus do mundo, mas serviria apenas como uma base de poder adicional para os judeus internacionais, em muito da mesma forma que Moscou serviu de base para o comunismo internacional.24 Refletindo uma espécie de mudança na política oficial, a imprensa alemã expressou muito mais simpatia em 1937 pela resistência árabe palestina às ambições sionistas, numa época em que a tensão e o conflito entre judeus e árabes na Palestina estava crescendo agudamente.25

            Um boletim circular do Ministério das Relações Exteriores de 22 de junho de 1937 alertou que, apesar do apoio ao assentamento judaico na Palestina, “seria um erro supor que a Alemanha apoia a formação de uma estrutura estatal na Palestina sob alguma forma de controle judaico. Tendo em vista a agitação antigermânica do judaísmo internacional, a Alemanha não pode concordar que a formação de um estado judeu na Palestina ajudaria no desenvolvimento pacífico das nações do mundo.”26 “A proclamação de um estado judeu ou de uma Palestina administrada por judeus”, alertou um memorando interno da seção de assuntos judaicos da SS, “criaria para a Alemanha um novo inimigo, que teria uma profunda influência nos desenvolvimentos no Oriente Próximo.” Outra agência da SS previu que um estado judeu “trabalharia para trazer proteção especial para minorias judaicas em todos os países, dando assim proteção legal à atividade de exploração do judaísmo mundial.”27 Em janeiro de 1939, o novo ministro das Relações Exteriores de Hitler, Joachim von Ribbentrop, também advertiu em outro boletim circular que “a Alemanha deve considerar a formação de um estado judeu como perigosa” porque “traria um aumento internacional de poder para a judiaria mundial.”28

            O próprio Hitler revisou pessoalmente toda essa questão no início de 1938 e, apesar de seu antigo ceticismo em relação às ambições sionistas e dúvidas de que suas políticas pudessem contribuir para a formação de um estado judeu, decidiu apoiar a migração judaica para a Palestina ainda mais vigorosamente. A perspectiva de livrar a Alemanha de seus judeus, concluiu ele, pesava mais que os possíveis perigos.29

Enquanto isso, o governo britânico impôs restrições cada vez mais drásticas à imigração judaica na Palestina em 1937, 1938 e 1939. Em resposta, o serviço de segurança da SS concluiu uma aliança secreta com a agência clandestina sionista Mossad le-Aliya Bet para contrabandear judeus ilegalmente para a Palestina. Como um esultado dessa intensa colaboração, vários comboios de navios conseguiram chegar à Palestina passando pelas canhoneiras britânicas. A migração judaica, legal e ilegal, da Alemanha (incluindo a Áustria) para a Palestina aumentou dramaticamente em 1938 e 1939. Outros 10.000 judeus estavam programados para partir em outubro de 1939, mas a eclosão da guerra em setembro pôs fim ao esforço.  Assim, contudo, as autoridades alemãs continuaram a promover a emigração judaica indireta para a Palestina durante 1940 e 1941.30 Mesmo tão tarde quanto março de 1942, pelo menos um campo de treinamento sionista “kibutz” oficialmente autorizado para emigrantes em potencial continuou a operar na Alemanha de Hitler.31

 

O Acordo de Transferência

A peça central da cooperação germano-sionista durante a era de Hitler foi o Acordo de Transferência, um pacto que permitiu que dezenas de milhares de judeus alemães migrassem para a Palestina com suas riquezas. O Acordo, também conhecido como Haavara (hebraico para “transferência”), foi concluído em agosto de 1933 após conversas entre autoridades alemãs e Chaim Arlosoroff, secretário político da Agência Judaica, o centro palestino da Organização Sionista Mundial.32

Através desse arranjo incomum, cada judeu com destino à Palestina depositava dinheiro em uma conta especial na Alemanha. O dinheiro foi usado para comprar ferramentas agrícolas de fabricação alemã, materiais de construção, equipamentos de bombeamento, fertilizantes e assim por diante, que foram exportados para a Palestina e vendidos lá pela companhia judaica Haavara em Tel-Aviv. O dinheiro das vendas foi dado ao emigrante judeu na sua chegada à Palestina em valor correspondente ao seu depósito na Alemanha. Mercadorias alemãs chegavam à Palestina através do Haavara, que foi complementado pouco tempo depois com um acordo de escambo pelo qual laranjas palestinas eram trocadas por madeira alemã, automóveis, maquinário agrícola e outros bens. O Acordo, portanto, serviu ao objetivo sionista de trazer colonos judeus e capital de desenvolvimento para a Palestina, ao mesmo tempo em que serviu ao objetivo alemão de libertar o país de um grupo alienígena indesejado.

            Os delegados do Congresso Sionista de 1933 em Praga debateram vigorosamente os méritos do Acordo. Alguns temiam que o pacto minasse o boicote econômico internacional dos judeus contra a Alemanha. Mas as autoridades sionistas tranquilizaram o Congresso. Sam Cohen, uma figura-chave por trás do acordo Haavara, enfatizou que o acordo não era economicamente vantajoso para a Alemanha. Arthur Ruppin, especialista em emigração da Organização Sionista que ajudou a negociar o pacto, pontuou que “o Acordo de Transferência não interferiu de forma alguma no movimento de boicote, desde que nenhuma nova moeda fluirá para a Alemanha como um resultado do acordo...”33 O Congresso Sionista de 1935, reunido na Suíça, endossou o pacto de forma esmagadora. Em 1936, a Agência Judaica (o sionista “governo nas sombras” na Palestina) assumiu o controle direto do Ha'avara, o qual permaneceu efetivo até que a Segunda Guerra Mundial forçou seu abandono.

            Alguns oficiais alemães se opuseram ao acordo. O Cônsul Geral da Alemanha em Jerusalém, Hans Döhle, por exemplo, criticou duramente o Acordo em várias ocasiões durante o ano de 1937. Ele ressaltou que custou à Alemanha as divisas que os produtos exportados para a Palestina por meio do pacto trariam se fossem vendidos em outro lugar. A venda do monopólio Haavara de mercadorias alemãs para a Palestina por meio de uma agência judaica naturalmente irritou os empresários alemães e os árabes de lá. O apoio oficial alemão ao sionismo pode levar à perda de mercados alemães em todo o mundo árabe. O governo britânico também se ressentiu do acordo.34 Um boletim interno do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha de junho de 1937 referia-se aos “sacrifícios cambiais” resultantes do Haavara.35

            Um memorando interno de dezembro de 1937 do Ministério do Interior alemão revisou o impacto do Acordo de Transferência: “Não há dúvida de que o acordo de Haavara contribuiu significativamente para o rápido desenvolvimento da Palestina desde 1933. O Acordo forneceu não somente a maior fonte de dinheiro (da Alemanha!), mas também o grupo mais inteligente de imigrantes e, finalmente, trouxe para o país as máquinas e produtos industriais essenciais para o desenvolvimento.” A principal vantagem do pacto, relatava o memorando, era a emigração de um grande número de judeus para a Palestina, o país-alvo mais desejável tanto quanto estava concernido a Alemanha. Mas o jornal também notou as importantes desvantagens apontadas pelo cônsul Döhle e outros. O Ministro do Interior, continuou, havia concluído que as desvantagens do acordo agora superavam as vantagens e que, portanto, ele deveria ser terminado.36

Somente um homem poderia resolver a controvérsia. Hitler revisou pessoalmente a política em julho e setembro de 1937, e novamente em janeiro de 1938, e todas as vezes decidiu manter o arranjo de Haavara. O objetivo de remover os judeus da Alemanha, concluiu ele, justificava os rebotes inconvenientes.37

            O Ministério da Economia do Reich ajudou a organizar outra empresa de transferência, a Agência Internacional de Comércio e Investimentos, ou Intria, através da da qual os judeus em países estrangeiros poderiam ajudar os judeus alemães a emigrar para a Palestina. Quase $ 900.000 foram finalmente canalizados através do Intria para judeus alemães na Palestina.38 Outros países europeus ansiosos para encorajar a emigração judaica concluíram acordos com os sionistas modelados após o Ha'avara. Em 1937, a Polônia autorizou a companhia de transferência Halifin (hebraico para “troca”). Pelo final do verão de 1939, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria e Itália haviam assinado acordos semelhantes. A eclosão da guerra em setembro de 1939, no entanto, impediu a implementação em larga escala desses acordos.39

 

Conquistas de Haavara

Entre 1933 e 1941, cerca de 60.000 judeus alemães emigraram para a Palestina através do Ha'avara e outros acordos sionistas alemães, ou cerca de dez por cento da população judaica da Alemanha em 1933. (Esses judeus alemães representavam cerca de 15% da população judaica da Palestina em 1939.) Alguns emigrantes Ha'avara transferiram considerável riqueza pessoal da Alemanha para a Palestina. Conforme observou o historiador judeu Edwin Black: “Muitas dessas pessoas, especialmente no final da década de 1930, foram autorizadas a transferir réplicas reais de suas casas e fábricas – na verdade, réplicas toscas de sua própria existência.”40

            A quantia total transferida da Alemanha para a Palestina através do Ha'avara entre agosto de 1933 e o final de 1939 foi de 8,1 milhões de libras ou 139,57 milhões de marcos alemães (então equivalente a mais de $ 40 milhões). Essa monta incluiu 33,9 milhões de marcos alemães (US$ 13,8 milhões) fornecidos pelo Reichsbank em conexão com o Acordo.41

            O historiador Black tem estimado que US$ 70 milhões adicionais podem ter entrado na Palestina por meio de acordos comerciais alemães e transações bancárias internacionais especiais. Os fundos alemães tiveram um grande impacto em um país tão subdesenvolvido quanto a Palestina na década de 1930, ele destacou. Vários grandes empreendimentos industriais foram construídos com o capital da Alemanha, incluindo o sistema hidráulico Mekoroth e a firma têxtil Lodzia. O influxo de bens e capital Ha'avara, concluiu Black, “produziu uma explosão econômica na Palestina judaica” e foi “um fator indispensável na criação do Estado de Israel.”42

            O acordo de Ha'avara contribuiu grandemente para o desenvolvimento judaico na Palestina e assim, indiretamente, para a fundação do estado de Israel. Um boletim circular do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha de janeiro de 1939 reportou, com alguma apreensão, que “a transferência de propriedade judaica para fora da Alemanha [através do acordo de Ha'avara] contribuiu em grande parte para a construção de um estado judeu na Palestina.” 43

Ex-funcionários da empresa Ha'avara na Palestina confirmaram essa visão em um estudo detalhado do Acordo de Transferência publicado em 1972: “A atividade econômica possibilitada pelo influxo de capital alemão e as transferências de Haavara para os setores público e privado foram de grande importância para o desenvolvimento do país. Muitas novas indústrias e empresas comerciais foram estabelecidas na Palestina judaica, e inúmeras empresas que são extremamente importantes até hoje na economia do Estado de Israel devem sua existência ao Haavara.”44 O Dr. Ludwig Pinner, funcionário da empresa Ha'avara em Tel Aviv durante a década de 1930, comentou mais tarde que os imigrantes Ha'avara excepcionalmente competentes “contribuíram decisivamente” para o desenvolvimento econômico, social, cultural e educacional da comunidade judaica da Palestina.45

            O Acordo de Transferência foi o exemplo mais abrangente de cooperação entre a Alemanha de Hitler e o sionismo internacional. Através desse pacto, o Terceiro Reich de Hitler fez mais do que qualquer outro governo durante a década de 1930 para apoiar o desenvolvimento judaico na Palestina.

 

Sionistas oferecem aliança militar com Hitler

No início de janeiro de 1941, uma pequena, mas importante organização sionista apresentou uma proposta formal aos diplomatas alemães em Beirute para uma aliança político-militar com a Alemanha durante o tempo de guerra. A oferta foi feita pelos radicais clandestinos “Lutadores pela Liberdade de Israel,” mais conhecidos como Lehi ou Stern Gang. Seu líder, Avraham Stern, havia recentemente rompido com a “Organização Militar Nacional” radical nacionalista (Irgun Zvai Leumi) por causa da atitude do grupo em relação à Grã-Bretanha, que havia efetivamente banido novos assentamentos judaicos na Palestina. Stern considerava a Grã-Bretanha como o principal inimigo do sionismo.

Esta destacável proposta sionista “para a solução da questão judaica na Europa e a participação ativa do NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional} [Lehi] na guerra ao lado da Alemanha” vale a pena citar em alguma extensão:46

Em seus discursos e declarações, os principais estadistas da Alemanha nacional-socialista frequentemente enfatizam que uma Nova Ordem na Europa exige como pré-requisito uma solução radical da questão judaica por meio da evacuação. (“Europa livre de judeus”).

A evacuação das massas judaicas da Europa é uma pré-condição para resolver a questão judaica. No entanto, a única maneira de isso ser totalmente alcançado é por meio do estabelecimento dessas massas na pátria do povo judeu, a Palestina, e pelo estabelecimento de um estado judeu em suas fronteiras históricas.

O objetivo da atividade política e dos anos de luta do Movimento pela Liberdade de Israel, a Organização Militar Nacional na Palestina (Irgun Zvai Leumi), é resolver o problema judaico dessa forma e assim libertar completamente o povo judeu para sempre.

O NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional}, que está muito familiarizado com a boa vontade do governo do Reich alemão e seus funcionários em relação às atividades sionistas na Alemanha e ao programa de emigração sionista, assume esta visão que:

1. Interesses comuns podem existir entre uma Nova Ordem Europeia baseada no conceito alemão e as verdadeiras aspirações nacionais do povo judeu conforme incorporadas pela NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional}.

2. A cooperação é possível entre a Nova Alemanha e um judaísmo nacional folclórico renovado [Hebräertum].

3. O estabelecimento do estado judeu histórico em uma base nacional e totalitária, e vinculado por tratado com o Reich alemão, seria do interesse de manter e fortalecer a futura posição alemã de poder no Oriente Próximo.

Com base nessas considerações e na condição de que o governo do Reich alemão reconheça as aspirações nacionais do Movimento pela Liberdade de Israel mencionadas acima, a NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional} na Palestina se oferece para participar ativamente da guerra ao lado da Alemanha.

Esta oferta da NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional} poderia incluir atividades militares, políticas e informativas dentro da Palestina e, após certas medidas organizacionais, também fora dela. Junto com isso, os homens judeus da Europa seriam treinados militarmente e organizados em unidades militares sob a liderança e comando da NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional}. Eles participariam de operações de combate com o objetivo de conquistar a Palestina, caso tal frente fosse formada.

A participação indireta do Movimento pela Liberdade de Israel na Nova Ordem da Europa, já em fase preparatória, combinada com uma solução radical positiva do problema judaico europeu com base nas aspirações nacionais do povo judeu mencionadas acima, fortaleceria muito o fundamento moral da Nova Ordem aos olhos de toda a humanidade.

A cooperação do Movimento de Liberdade de Israel também seria consistente com um discurso recente do chanceler do Reich alemão, no qual Hitler enfatizou que utilizaria qualquer combinação e coalizão para isolar e derrotar a Inglaterra.

Não há registro de qualquer resposta alemã. De qualquer forma, a aceitação era muito improvável porque nessa época a política alemã era decididamente pró-árabe.47 Destacadamente, o grupo de Stern procurou concluir um pacto com o Terceiro Reich em uma época em que as histórias de que Hitler estava empenhado em exterminar os judeus já estavam em ampla circulação. Stern aparentemente não acreditou nas histórias ou estava disposto a colaborar com o inimigo mortal de seu povo para ajudar a criar um estado judeu.48

            Um membro importante do Lehi na época em que o grupo fez essa oferta foi Yitzhak Shamir, que mais tarde serviu como ministro das Relações Exteriores de Israel e depois, durante grande parte da década de 1980 e até junho de 1992, como primeiro-ministro. Como chefe de operações de Lehi após a morte de Stern em 1942, Shamir organizou vários atos de terror, incluindo o assassinato em novembro de 1944 do ministro britânico do Oriente Médio, Lord Moyne, e o assassinato em setembro de 1948 do mediador sueco das Nações Unidas, conde Bernadotte. Anos depois, quando Shamir foi questionado sobre a oferta de 1941, ele confirmou que estava ciente da proposta de aliança de sua organização com a Alemanha durante o tempo de guerra.49

 

Conclusão

A despeito da hostilidade básica entre o regime de Hitler e os judeus internacionais, durante vários anos os interesses do sionismo judeu e do nacional-socialismo alemão coincidiram. Ao colaborar com os sionistas para uma solução mutuamente desejável e humana para um problema complexo, o Terceiro Reich estava disposto a fazer sacrifícios cambiais, prejudicar as relações com a Grã-Bretanha e enraivecer os árabes. De fato, durante a década de 1930, nenhuma nação fez mais para promover substancialmente os objetivos judaico-sionistas do que a Alemanha de Hitler.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Notas

1 Nota de Mark Weber: W. Martini, “Hebräisch unterm Hakenkreuz,” Die Welt (Hamburg), 10 de janeiro de 1975. Citado em: Klaus Polken, “The Secret Contacts: Zionism and Nazi Germany, 1933-1941,” Journal of Palestine Studies, primavera-verão de 1976, página 65. 

2 Nota de Mark Weber: Citado em: Ingrid Weckert, Feuerzeichen: Die "Reichskristallnacht" (Tübingen: Grabert, 1981), página 212. Ver também Th. Herzl, The Jewish State (New York: Herzl Press, 1970), página 33, 35, 36, e, Edwin Black, The Transfer Agreement (New York: Macmillan, 1984), p. 73. 

3 Nota de Mark Weber: Th. Herzl, “Der Kongress,” Welt, June 4, 1897. Reimpresso em: Theodor Herzls zionistische Schriften (Leon Kellner, ed.), erster Teil, Berlin: Jüdischer Verlag, 1920, página 190 (e página 139). 

4 Nota de Mark Weber: Memorando de 21 de junho de 1933, em: L. Dawidowicz, A Holocaust Reader (New York: Behrman, 1976), páginas 150-155, e (em parte) em: Francis R. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question (Austin: Univ. of Texas, 1985), página 42; Sobre o sionismo na Alemanha antes da ascensão de Hitler ao poder, ver: Donald L. Niewyk, The Jews in Weimar Germany (Baton Rouge: 1980), páginas 94-95, 126-131, 140-143; F. Nicosia, Third Reich (Austin: 1985), página 1-15.

5 Nota de Mark Weber: Jüdische Rundschau (Berlin), 13 de junho de 1933. Citado em: Heinz Höhne, The Order of the Death's Head (New York: Ballantine, pb., 1971, 1984), páginas 376-377. 

6 Nota de Mark Weber: Heinz Höhne, The Order of the Death's Head (Ballantine, 1971, 1984), páginas 376. 

7 Nota de Mark Weber: “Berlin,” Encyclopaedia Judaica (New York and Jerusalem: 1971), Vol. 5, página 648. Para dar uma olhada em um aspecto dessa “vida vigorosa”, veja: J.-C. Horak, “Zionist Film Propaganda in Nazi Germany,” Historical Journal of Film, Radio and Television, Vol. 4, nº 1, 1984, páginas 49-58. 

8 Nota de Mark Weber:  Francis R. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question (1985), páginas 54-55.; Karl A. Schleunes, The Twisted Road to Auschwitz (Urbana: Univ. of Illinois, 1970, 1990), páginas 178-181. 

9 Nota de Mark Weber:  Jacob Boas, “A Nazi Travels to Palestine,” History Today (Londres), January 1980, página 33-38. 

10 Nota de Mark Weber: Reimpressão fac-símile da primeira página do Das Schwarze Korps, 15 de maio de 1935, em: Janusz Piekalkiewicz, Israels Langer Arm (Frankfurt: Goverts, 1975), páginas 66-67. Também citado em: Heinz Höhne, The Order of the Death's Head (Ballantine, 1971, 1984), página 377. Ver também: Erich Kern, ed., Verheimlichte Dokumente (Munich: FZ-Verlag, 1988), página 184. 

11 Nota de Mark Weber:  Das Schwarze Korps, 26 de setembro de 1935. Citado em: F. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question (1985), página 56-57. 

12 Nota de Mark Weber:  Lenni Brenner, Zionism in the Age of the Dictators (1983), página 83. 

13 Nota de Mark Weber:  F. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question (1985), página 60. Ver também: F. Nicosia, “The Yishuv and the Holocaust,” The Journal of Modern History (Chicago), Vol. 64, nº 3, setembro de 1992, páginas 533-540. 

14 Nota de Mark Weber: F. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question (1985), página 57. 

15 Nota de Mark Weber: Jüdische Rundschau, 17 de setembro de 1935. Citaod em Yitzhak Arad, com Y. Gutman e A. Margaliot, eds., Documents on the Holocaust (Jerusalem: Yad Vashem, 1981), páginas 82-83. 

16 Nota de Mark Weber: Der Angriff, 23 de dezembro de1935, em E. Kern, ed., Verheimlichte Dokumente (Munich: 1988), página 148; F. Nicosia, Third Reich (1985), página 56.; L. Brenner, Zionism in the Age of the Dictators (1983), página 138; A. Margaliot, “The Reaction...,” ad Vashem Studies (Jerusalem), vol. 12, 1977, páginas 90-91; Sobre a notável carreira de Kareski, ver: H. Levine, “A Jewish Collaborator in Nazi Germany,” Central European History (Atlanta), setembro de 1975, páginas 251-281. 

17 Nota de Mark Weber: “Dr. Wise Urges Jews to Declare Selves as Such,” New York Herald Tribune, 13 de junho de 1938, página 12. 

18 Nota de Mark Weber:  F. Nicosia, The Third Reich (1985), página 53. 

19 Nota de Mark Weber:  Lucy Dawidowicz, The War Against the Jews, 1933-1945 (New York: Bantam, pb., 1976), páginas 253-254; Max Nussbaum, “Zionism Under Hitler,” Congress Weekly (New York: American Jewish Congress), 11 de setembro de 1942; F. Nicosia, The Third Reich (1985), páginas 58-60, 217; Edwin Black, The Transfer Agreement (1984), página 175. 

20 Nota de Mark Weber:  H. Höhne, The Order of the Death's Head (Ballantine, pb., 1984), páginas 380-382; K. Schleunes, Twisted Road (1970, 1990), página 226. Relatório secreto da inteligência interna da SS sobre F. Polkes, 17 de junho de 1937, em: John Mendelsohn, ed., The Holocaust (New York: Garland, 1982), vol. 5, páginas 62-64. 

21 Nota de Mark Weber:  F. Nicosia, Third Reich (1985), páginas 63-64, 105, 219-220. 

22 Nota de Mark Weber:  F. Nicosia, Third Reich (1985), página 160. 

23 Nota de Mark Weber:  Essa distinção também está implícita na “Declaração de Balfour” de novembro de 1917, na qual o governo britânico expressou apoio a “um lar nacional para o povo judeu” na Palestina, evitando cuidadosamente qualquer menção a um estado judeu. Referindo-se à maioria da população árabe lá, a Declaração continuou a advertir, “... sendo claramente entendido que nada deve ser feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na Palestina.” O texto completo da Declaração é reproduzido em fac-símile em: Robert John, Behind the Balfour Declaration (IHR, 1988), p. 32.

{Também a tradução do artigo de Robert John sobre o contexto da Declaração de Balfour segue abaixo:

- Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild, parte 1 - por Robert John, 11 de julho de 2020, World Traditional Front. (as demais 5 partes seguem na sequência).

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/07/por-tras-da-declaracao-de-balfour.html } 

24 Nota de Mark Weber:   F. Nicosia, Third Reich (1985), página 121. 

25 Nota de Mark Weber:  F. Nicosia, Third Reich (1985), página 124. 

26 Nota de Mark Weber:  David Yisraeli, The Palestine Problem in German Politics 1889-1945 (Bar-Ilan University, Israel, 1974), página 300; Também em: Documents on German Foreign Policy, Series D, Vol. 5. Doc. Nº 564 ou 567. 

27 Nota de Mark Weber:  K. Schleunes, The Twisted Road (1970, 1990), página 209. 

28 Nota de Mark Weber:  Circular de 25 de janeiro de 1939. Nuremberg document 3358-PS. International Military Tribunal, Trial of the Major War Criminals Before the International Military Tribunal (Nuremberg: 1947-1949), vol. 32, páginas. 242-243. Nazi Conspiracy and Aggression (Washington, DC: 1946-1948), vol. 6, páginas 92-93. 

29 Nota de Mark Weber: F. Nicosia, Third Reich (1985), páginas 141-144; Sobre a visão crítica de Hitler sobre o sionismo em Mein Kampf, ver especialmente Vol. 1, capítulo 11. Citado em: Robert Wistrich, Hitler's Apocalypse (London: 1985), página 155; Ver também: F. Nicosia, Third Reich (1985), páginas 26-28. Hitler disse a seu ajudante do exército em 1939 e novamente em 1941 que havia perguntado aos britânicos em 1937 sobre a transferência de todos os judeus da Alemanha para a Palestina ou o Egito. Os britânicos rejeitaram a proposta, disse ele, porque causaria mais desordem. Ver: H. v. Kotze, ed., Heeresadjutant bei Hitler (Stuttgart: 1974), páginas 65, 95.  

30 Nota de Mark Weber: F. Nicosia, Third Reich (1985), páginas 156, 160-164, 166-167; H. Höhne, The Order of the Death's Head (Ballantine, pb., 1984), páginas 392-394; Jon e David Kimche, The Secret Roads (London: Secker and Warburg, 1955), páginas 39-43. Ver também David Yisraeli, “The Third Reich and Palestine,” Middle Eastern Studies, October 1971, página 347.; Bernard Wasserstein, Britain and the Jews of Europe, 1939-1945 (1979), página 43, 49, 52, 60; T. Kelly, “Man who fooled Nazis,” Washington Times, 28 de abril de 1987, páginas 1B, 4B. Baseado na entrevista com Willy Perl, autor de The Holocaust Conspiracy. 

31 Nota de Mark Weber: Y. Arad, et al., eds., Documents On the Holocaust (1981), página 155. (O kibutz de treinamento ficava em Neuendorf e pode ter funcionado mesmo depois de março de 1942.) 

32 Nota de Mark Weber: Sobre o Acordo em geral, ver: Werner Feilchenfeld, et al., Haavara-Transfer nach Palaestina (Tübingen: Mohr/Siebeck, 1972); David Yisraeli, “The Third Reich and the Transfer Agreement,” Journal of Contemporary History (London), nº 2, 1971, páginas 129-148; “Haavara,” Encyclopaedia Judaica (1971), vol. 7, páginas 1012-1013; F. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question (Austin: 1985), páginas 44-49; Raul Hilberg, The Destruction of the European Jews (New York: Holmes and Meier, 1985), páginas 140-141; The Transfer Agreement, por Edwin Black, é detalhado e útil. No entanto, contém inúmeras imprecisões e conclusões extremamente errôneas. Veja, por exemplo, a crítica de Richard S. Levy em Commentary, setembro de 1984, páginas 68-71. 

33 Nota de Mark Weber:  E. Black, The Transfer Agreement (1984), páginas 328, 337. 

34 Nota de Mark Weber:  Sobre a oposição ao Haavara nos círculos oficiais alemães, ver W. Feilchenfeld, et al., Haavara-Transfer nach Palaestina (1972), páginas 31-33; D. Yisraeli, “The Third Reich,” Journal of Contemporary History, 1971, páginas 136-139; F. Nicosia, The Third Reich and the Palestine Question, páginas 126-139.; I. Weckert, Feuerzeichen (1981), páginas 226-227; Rolf Vogel, Ein Stempel hat gefehlt (Munich: Droemer Knaur, 1977), páginas 110 e seguintes. 

35 Nota de Mark Weber:  W. Feilchenfeld, et al., Haavara-Transfer (1972), página 31. Entire text in: David Yisraeli, The Palestine Problem in German Politics 1889-1945 (Israel: 1974), páginas 298-300. 

36 Nota de Mark Weber:  Memorando interno do Ministério do Interior (assinado pelo Secretário de Estado W. Stuckart), 17 de dezembro de 1937, em: Helmut Eschwege, ed., Kennzeichen J (Berlim: 1966), páginas 132-136. 

37 Nota de Mark Weber:  W. Feilchenfeld, et alHaavara-Transfer (1972), página 32. 

38 Nota de Mark Weber:  E. Black, Transfer Agreement, páginas 376-377. 

39 Nota de Mark Weber:  E. Black, Transfer Agreement (1984), páginas 376, 378.; F. Nicosia, Third Reich (1985), páginas 238-239 (nota 91). 

40 Nota de Mark Weber:   E. Black, Transfer Agreement, página 379; F. Nicosia, Third Reich, páginas 212, 255 (nota 66). 

41 Nota de Mark Weber:   W. Feilchenfeld, et al., Haavara-Transfer, página 75.; “Haavara,” Encyclopaedia Judaica, (1971), Vol. 7, página 1013. 

42 Nota de Mark Weber:   E. Black, Transfer Agreement, páginas 379, 373, 382. 

43 Nota de Mark Weber:   Circular de 25 de janeiro de 1939. Nuremberg document 3358-PS. International Military Tribunal, Trial of the Major War Criminals Before the International Military Tribunal (Nuremberg: 1947-1949), Vol. 32, páginas 242-243. 

44 Nota de Mark Weber:   Werner Feilchenfeld, et al., Haavara-Transfer nach Palaestina (Tübingen: Mohr/Siebeck, 1972). Citado em: Ingrid Weckert, Feuerzeichen (Tübingen: Grabert, 1981), páginas 222-223. 

45 Nota de Mark Weber:   W. Feilchenfeld, et al., Haavara-Transfer nach Palaestina(1972). Citado em: I. Weckert, euerzeichen (1981), página 224. 

46 Nota de Mark Weber:   Documento original em alemão Auswärtiges Amt Archiv, Bestand 47-59, E 224152 e E 234155-58. (Fotocópia em posse do autor); Texto original alemão completo publicado em: David Yisraeli, The Palestine Problem in German Politics 1889-1945 (Israel: 1974), páginas 315-317. Veja também: Klaus Polkhen, “The Secret Contacts,” Journal of Palestine Studies, primavera-verão de 1976, páginas 78-80.; (Na época em que esta oferta foi feita, o grupo Lehi de Stern ainda se considerava o verdadeiro Irgun/NMO {National Military Organization/Organização Militar Nacional}.) 

47 Nota de Mark Weber:    Os nacionalistas árabes se opuseram à Grã-Bretanha, que então dominava grande parte do mundo árabe, incluindo Egito, Iraque e Palestina. Como a Grã-Bretanha e a Alemanha estavam em guerra, a Alemanha cultivou o apoio árabe. O líder dos árabes da Palestina, o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin el-Husseini, trabalhou em estreita colaboração com a Alemanha durante os anos de guerra. Depois de escapar da Palestina, ele falou com o mundo árabe pelo rádio alemão e ajudou a recrutar muçulmanos na Bósnia para as Waffen SS. 

48 Nota de Mark Weber:    Israel Shahak, “Yitzhak Shamir, Then and Now,” Middle East Policy (Washington, DC), Vol. 1, nº 1, (inteiro nº 39), 1992, páginas 27-38; Yehoshafat Harkabi, Israel's Fateful Hour (New York: Harper and Row, 1988), páginas 213-214. Citado em: Andrew J. Hurley, Israel and the New World Order (Santa Barbara, Calif.: 1991), páginas 93, 208-209; Avishai Margalit, “The Violent Life of Yitzhak Shamir,” New York Review of Books, 14 de maio de 1992, páginas 18-24.; Lenni Brenner, Zionism in the Age of the Dictators (1983), páginas 266-269; L. Brenner, Jews in America Today (1986), páginas 175-177; L. Brenner, “Yitzhak Shamir: On Hitler's Side,” Arab Perspectives (League of Arab States), March 1984, páginas 11-13. 

49 Nota de Mark Weber:    Avishai Margalit, “The Violent Life of Yitzhak Shamir,” New York Review of Books, 14 de maio de 1992, páginas 18-24; Lenni Brenner, Zionism in the Age of the Dictators (1983), páginas 266-269; L. Brenner, Jews in America Today (1986), páginas 175-177; L. Brenner, “Skeletons in Shamir's Cupboard,” Middle East International, 30 de setembro de 1983, ppáginas 15-16; Sol Stern, L. Rapoport, “Israel's Man of the Shadows,” Village Voice (New York), 3 de julho de 1984, páginas 13 e seguintes.


Fonte: The Journal of Historical Review, julho-agosto, 1993 (Vol. 13, nº 4), páginas 29-37.

https://www.ihr.org/jhr/v13/v13n4p29_Weber.html

Sobre o autor: Mark weber é um historiador americano, escritor, palestrante e analista de questões atuais. Ele estudou história na Universidade de Illinois (Chicago), na Universidade de Munique (Alemanha), e na Portland State University. Ele possui um mestrado em História Europeia da Universidade de Indiana. Desde 1995 ele tem sido diretor do Institute for Historical Review, um centro independente de publicações, educação e pesquisas de interesse público, no sul da Califórnia, que trabalha para promover a paz, compreensão e justiça através de uma maior consciência pública para com o passado. Foi por anos editor do The Journal for Historical Review. Em março de 1988, ele testemunhou por cinco dias no Tribunal Distrital de Toronto como uma testemunha especialista reconhecida na política judaica da Alemanha durante a guerra e na questão do Holocausto.

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Relacionado, leia também:







Sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses no Oriente Médio ver:

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Iraque: Uma guerra para Israel - Por Mark Weber

Petróleo ou 'o Lobby' {judaico-sionista} um debate sobre a Guerra do Iraque

Líbia: trata-se do petróleo ou do Banco Central? - Por Ellen Brown

Expondo a agenda Líbia: uma olhada mais de perto nos e-mails de Hillary - por Ellen Brown

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Os judeus da América estão dirigindo as guerras da América - Por Philip Girald

O ódio ao Irã inventado pelo Ocidente serve ao sonho sionista de uma Grande Israel dominando o Oriente Médio - por Stuart Littlewood



Um comentário:

  1. Os extremistas do judaísmo internacional não queriam territórios para eles fora da Palestina, mas para os palestinos eles querem um lugar fora da Palestina:

    https://www.globalresearch.ca/israel-in-discussions-with-congo-to-resettle-palestinians-from-gaza/5845207

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