Alain de Benoist |
Q: A foto daquela criança
síria encalhada na praia está agora em processo de se tornar uma nova página na
opinião europeia. Em nossa época de “narrativas” é evidentemente que a
questão do migrante é um “drama humano.”.
Naturalmente é um “drama
humano.” É preciso alguém ter um coração seco ou estar cego de ódio se não
reconhecer isso. Muçulmanos ameaçados pelo islamismo jihadista, famílias
inteiras fugindo de um Oriente Médio desestabilizado pelas políticas ocidentais
– naturalmente isto é um “drama humano.”
Mas isto é também uma questão política e mesmo uma questão de geopolíticas. Daí
a necessidade de descobrir o relacionamento entre a esfera política e a esfera
humanitária. Bem, a experiência tem mostrado que intervenções “humanitárias” geralmente somente agravam
ainda mais as coisas. O predomínio das categorias legais sobre as categorias
políticas é uma das principais causas de impotência dos estados.
O tsunami
migratório o qual nós estamos testemunhando está ganhando o tamanho de um
desastre. Primeiro, houve um cálculo baseado em milhares de refugiados, então
dez mil; então centenas de milhares. E agora mais que 350,000 migrantes têm
cruzado o Mediterrâneo nos recentes meses. A Alemanha tem concordado em
aceitar, 800,000 deles, muito mais que o inteiro registro de nascimento deles
próprios por ano. Nós estamos muito a frente da imigração intersticial de
trinta anos atrás! Encarando isto como um ataque os países europeus estão se
perguntando a si mesmos: “Como nós vamos
receber eles?”. Nunca eles perguntam a si mesmos: “Como nós iremos prevenir eles de entrarem?” Mesmo o Ministro de
Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, considera “escandalosa” a atitude dos países que desejam fechar suas
fronteiras. Irá ser o mesmo jeito quando o número de migrantes que entraram
estiver contado em milhões? Estarão os políticos mais preocupados em relação
aos incontáveis “dramas humanos” acontecendo no mundo agora mesmo mais do que
com o bem comum de seus próprios cidadãos? Este é o núcleo da questão.
Além das emoções desencadeadas pelo “choque das fotos”,
que argumentos estão sendo oferecidos por aqueles que querem convencer-nos do
mérito das migrações?
Aqueles argumentos estão sendo exibidos em dois níveis;
primeiro o argumento moral (“estes são
nossos irmãos, nós temos uma obrigação moral para com eles”); e então o
argumento econômico (julgando pelas palavras de William Lacy Swing, o Chefe
Executivo da Organização Internacional para Migração; “Migrações são necessárias se nós queremos uma economia próspera.” O
primeiro argumento embaralha junto a moralidade privada e pública e a
moralidade política, ambas delas tendo suas origens na crença do universalismo.
Aqueles que usam estes argumentos consideram que antes de serem um homem
francês, um alemão, um sírio ou um chinês, indivíduos são primeiro “seres humanos”, isto é, eles pertencem a
uma imediata forma de humanidade,
onde de fato eles pertençam à uma humanidade numa forma mediata através de uma específica
cultura a qual eles nasceram e na qual têm herdado. Para eles, o mundo é
habitado por “pessoas” abstratas, sem
raízes, cuja característica comum é a intercambialidade. Enquanto para culturas – eles veem elas
somente como epifenômenos {Produto acidental, acessório, de um processo, de um
fenômeno essencial, sobre o qual não tem efeitos próprios [1]}. Isto é o que Jacques
Attali, disse na revista Cadmos em 1981 : “Para mim, a cultura europeia não existe, nem tem ela nunca existido.”
Judeu e globalista que atua na França, Jacques Attali disse na revista Cadmos em 1981 : “Para mim, a cultura europeia não existe, nem tem ela nunca existido.”
O Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das
Nações Unidas tem recentemente divulgado um relatório sobre os países europeus
no qual diz que “na ausência de reposição
por migrações o declínio populacional é inevitável.” Ele também afirma que
“para a Europa, como um todo, o que é
necessário é duas vezes o nível de imigração, como registrado nos anos de 1990”
– impedimento o qual a aposentadoria irá ser estendida para 75 anos. A Europa está envelhecendo, a imigração irá
salvar isso; esta é a perfeita ilustração da ideia que o homem é
intercambiável, indiferente de sua origem. Portanto imperativos econômicos
devem prevalecer sobre todos os outros imperativos. A ética de “direitos humanos” é somente uma
cobertura para interesses financeiros.
Q: Inquestionavelmente
existe também um aspecto demográfico para isso. Você conhece aquelas palavras
do ex-Presidente da Argélia Houari Boumédiène, a qual o povo da direita sempre
repete: “Algum dia milhões de homens irão deixar o Hemisfério Sul e se mover
para o Hemisfério Norte. Eles não irão lá como amigos; eles irão lá afim de
conquistar. E eles irão conquistar com os filhos deles. A barriga de nossas
mulheres irá assegurar a vitória.” É esta a Grande Reposição?
De acordo com alguns, Boumédiène deve ter proferido estas
observações em fevereiro de 1974 na 2ª reunião de cúpula islâmica, em Lahore,
no Paquistão. De acordo com outros, ele disse aquelas palavras em 10 de abril
de 1974, a partir da tribuna das Nações Unidas. Esta incerteza é reveladora,
especialmente conforme o inteiro texto de seu suposto discurso não tem nunca
sido feito público para ninguém. Houari Boumédiène, que não era um tolo, sabia
bem que o Oriente Médio é no Hemisfério Norte, não no Hemisfério Sul! Então
existe uma boa chance que este é um texto apócrifo.
Tão avançado como este tópico está em pauta é mais
prudente ouvir os demógrafos. A população do continente africano tem aumentado
de 100 milhões em 1900 para mais de um bilhão hoje. Em 2050, ou daqui a trinta
e cinco anos, existirá entre dois a três bilhões de africanos, com quatro
bilhões ao fim do século. Embora as relações demográficas não possam ser
reduzidas para um fenômeno de vasos comunicantes, seria ingênuo esperar que tal
crescimento populacional prodigioso, o qual nós mesmos temos também fomentado,
não irá ter nenhum impacto nas migrações futuras. Conforme Bernard Lugan
observou: “como nós podemos esperar que
migrantes irão parar sua corrida para o ‘paraíso’ europeu se este ‘paraíso’ é
não defendido e habitado por velhos homens?” A Grande Reposição? Bem,
pessoalmente, eu prefiro falar sobre “a
Grande Transformação.” Em minha opinião a Grande Reposição irá ocorrer com
a substituição do homem pela máquina, isto é, a substituição da inteligência
artificial para inteligência humana. Um perigo muito mais próximo do que nós
podemos possivelmente imaginar.
Tradução
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
Notas
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Relacionado, leia também:
O fim da globalização - Por Greg Johnson
[1] Nota por Mykel Alexander: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Editora
Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, primeira edição. Vocábulo epifenômeno.
Sobre o autor: Alain de
Benoist (1943 – ) é um acadêmico e jornalista francês formado em Direito
(Universidade de Paris, especializado em Direito Constitucional) e Filosofia
(Universidade de Sorbonne, especializado em Sociologia e História das
Religiões). De vasta obra literária, escreveu mais de 60 livros assim como ultrapassou
a marca de 4500 artigos escritos, 50 teses universitárias, e 140 reportagens, e
na atualidade é uma das mais respeitadas autoridades sobre a cultura ocidental.
Por quatro anos foi editor da revista semanal L'Observateur europée, depois foi editor da L'Echo de la presse et de la publicité's, em 1969 assumiu o cargo
de editor da Nouvelle Ecole, cargo
que ocupa até hoje, e desde 1988 tem sido editor da revista Krisis.
Dentre seus livros foram
traduzidos para português:
Nova
Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas;
Editora Afrodite, 1981, Lisboa – Portugal.
Comunismo
e nazismo – 25 reflexões sobre o totalitarismo no século XX (1917 – 1989),
Editora Hugin, 1989, Lisboa – Portugal.
Odinismo
e Cristianismo no Terceiro Reich – a Suástica contra a Irminsul
– Editora Antagonista, 2009, Portugal; capítulo A fábula de um “paganismo
nazi”.
Para
Além dos Direitos Humanos – defender as liberdades
– Editora Austral, Porto Alegre, 2013.
A maior parte da atual migração criminosa à Europa vem claramente dos estados muçulmanos da África, com alguns tantos do OM.
ResponderExcluirLogo, creio que a frase do argelino foi tão real quanto profética.
Parabéns camarada, um ótimo texto. Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirEuropa já era.
ResponderExcluir"Gregos queimam centro de acolhida para impedir uso por refugiados
ResponderExcluirMilhares fogem de guerra na Síria"
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/03/moradores-gregos-queimam-centro-de-acolhimento-para-impedir-que-refugiados-o-utilizem.shtml
Três colocações:
1º A Siria sem intervenção sionista/neocon não tinha quase nada de problemas comparado ao que tem agora depois de tais intervenções 'humanitárias'. Este é o problema central!
2º Que vão para Israel que é a alegada democracia do Oriente Médio, e não para a Europa.
3º Há inúmeros países fora da Europa para os tais migrantes irem, e que não são de brancos. Seria uma ótima demonstração de que não é necessário a qualidade europeia para se reestabelecer!
Força Grécia!!!
O tempo vem só comprovando o que Alain de Benoist no artigo presente considerou: que ao contrário do que os globalistas afirmam, os povos não são intercambiáveis por outros, de modo que ao entrarem povos não europeus na Europa, esta esta se tornando um país do chamado terceiro mundo, bem na visão dos anos do século XX. Abaixo link em que Pierre Brochand, ex diretor de segurança e ex-embaixador francês estima que se a França continuar a receber imigrantes, logo será um país de terceiro mundo. E isso quer dizer terceiro mundo como nos anos do século XX eu insisto, juntando o pior da selva e das favelas (com sua realidade diária sem eufemismos).
ResponderExcluirAs alegações de que recusa à política de combate aos migrantes/imigrantes é algo irracional mais e mais são refutadas. Ao contrário, as propostas que defendem migrantes/imigrantes apelam cada vez mais para censura, omissão, distorção e falácias para se manterem em vigor.
ResponderExcluirMigrants Flooding NYC’s Justice System
New York Post
https://nypost.com/2024/09/02/us-news/migrants-flooding-nycs-justice-system-making-up-75-of-arrests-in-midtown-as-pathetic-sanctuary-city-laws-handcuff-cops/
… Across New York, recently arrived migrants are flooding the criminal justice system — at far higher rates than public officials have acknowledged. Police sources shared with The Post a staggering estimate that as many as 75% of the people they’ve been arresting in Midtown Manhattan in recent months for crimes like assault, robbery and domestic violence are migrants. In parts of Queens, the figure is more than 60%, sources there estimate. On any given day, Big Apple criminal court dockets are packed with asylum seekers who have run afoul of the law. The problem is made much worse by sanctuary city laws that mean New York cops aren’t allowed to work with ICE on cases in which they believe suspects are in the country illegally. Additionally, the NYPD says it is barred from tracking the immigration status of offenders.
Migrantes inundam o sistema de justiça de Nova York
… Em Nova York, migrantes recém-chegados estão inundando o sistema de justiça criminal — em taxas muito mais altas do que as autoridades públicas reconheceram. Fontes policiais compartilharam com o The Post uma estimativa impressionante de que até 75% das pessoas que eles têm prendido em Midtown Manhattan nos últimos meses por crimes como agressão, roubo e violência doméstica são migrantes. Em partes do Queens, o número é de mais de 60%, estimam fontes locais. Em qualquer dia, os processos criminais da Big Apple estão lotados de requerentes de asilo que infringiram a lei. O problema é agravado pelas leis da cidade santuário que significam que os policiais de Nova York não têm permissão para trabalhar com o ICE em casos em que acreditam que os suspeitos estão no país ilegalmente. Além disso, o NYPD diz que está impedido de rastrear o status de imigração dos infratores.