John J. Mearsheimer |
De acordo com a sabedoria prevalente no Ocidente, a crise
na Ucrânia pode ser atribuída quase que inteiramente à agressão russa. Segundo
esse argumento o presidente russo, Vladimir Putin, anexou a Crimeia por antigo desejo de ressuscitar o império
soviético e eventualmente deve ir atrás do restante da Ucrânia, bem como de
outros países da Europa Oriental. Nessa visão, a deposição do presidente
ucraniano Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014 apenas forneceu um pretexto
para a decisão de Putin de ordenar que forças russas tomassem parte da Ucrânia.
Mas essa conta não fecha: os Estados Unidos e seus
aliados europeus compartilham grande parte da responsabilidade pela crise. A
raiz do problema é a ampliação da OTAN, uma estratégia que tinha como principal
objetivo remover a Ucrânia da esfera de influência Rússia e integrá-la, por sua
vez, ao Ocidente. Ao mesmo tempo, a expansão da U.E. {União Europeia} para o
leste e o apoio ocidental ao movimento pró-democracia na Ucrânia – começando
com a Revolução Laranja em 2004 – também foram elementos críticos. Desde meados
da década de 1990, os líderes russos se opuseram firmemente a expansão da OTAN
e, nos últimos anos, deixaram claro que não ficariam parados enquanto seu
vizinho que possuía relevância estratégica se transformasse em um bastião
ocidental. Para Putin a derrubada do presidente ucraniano, pró-Rússia, que fora
eleito democraticamente, era ilegal – Putin corretamente rotulou como “golpe” –
foi a gota d'água. Ele respondeu tomando a Crimeia, uma península que ele temia
que abrigaria uma base naval da OTAN e continuou desestabilizando a Ucrânia até
que ela abandonasse seus esforços para se juntar ao Ocidente.
A reação de Putin não deveria ter sido uma surpresa.
Afinal de tudo, o Ocidente estava se movendo para o quintal da Rússia e
ameaçando o cerne de seus interesses estratégicos, uma questão que Putin reforçou enfaticamente e repetidamente. As elites nos
Estados Unidos e na Europa foram pegas de surpresa pelos eventos, apenas porque
compartilham de uma visão deturpada da política internacional. Eles tendem a
acreditar que a lógica do realismo {político}
mantém pouca relevância no século XXI e que a Europa pode ser mantida unificada
e livre com base em princípios liberais tais como o Estado de Direito, a
interdependência econômica e a democracia.
Mas esse grande esquema deu errado na Ucrânia. A crise
mostra que a realpolitik {a escola ou mesmo postura política que não ignoram as
dinâmicas sócio-políticas mais fundamentais para atender preferências pessoais
de grupos dirigentes ou influentes} continua relevante – e os estados que a
ignoram o fazem por sua conta e risco. Os líderes dos EUA e da Europa erraram
na tentativa de transformar a Ucrânia em um reduto ocidental na fronteira da
Rússia. Agora que as consequências foram expostas, seria um erro ainda maior
continuar com essa política ilegítima.
A AFRONTA OCIDENTAL {1991-2013}
Conforme a Guerra Fria chegou a um fim, os líderes
soviéticos preferiram que as forças dos EUA permanecessem na Europa e a OTAN
continuasse intacta, um arranjo que eles acreditavam que manteria a reunificada
Alemanha pacificada. Mas eles e seus sucessores russos não queriam que a OTAN
crescesse e acreditavam que os diplomatas ocidentais compreendiam suas
preocupações. A administração Clinton evidentemente pensava de outra forma e,
em meados da década de 1990, começou a promover a expansão da OTAN.
O primeiro round do alargamento teve lugar em 1999 e
incluiu a República Checa, a Hungria e a Polônia. A segunda ocorreu em 2004;
incluía Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia.
Moscou reclamou amargamente desde o início. Durante a campanha de bombardeios
da OTAN em 1995 contra os sérvios-bósnios, por exemplo, o presidente russo
Boris Yeltsin disse:
Este é o primeiro sinal do que pode acontecer quando a OTAN chegar às fronteiras da Federação Russa. . . . A chama da guerra pode explodir em toda a Europa.”
Mas os russos estavam muito fracos na época para
atrapalhar o movimento da OTAN para leste – movimento que de qualquer forma não
parecia tão ameaçador, já que nenhum dos novos membros compartilhava uma
fronteira com a Rússia, salvo os minúsculos países bálticos.
Então a OTAN começou a olhar mais para o leste. Em sua
cúpula de abril de 2008 em Bucareste, a aliança considerou admitir a Geórgia e
a Ucrânia.A administração Bush apoiou isso, mas a França e a Alemanha se opuseram
à medida por temer que isso antagonizasse indevidamente a Rússia. No final, os
membros da OTAN chegaram a um acordo: a aliança não inicia o processo formal
que leva a adesão, mas emite uma declaração endossando categoricamente as
aspirações da Geórgia e da Ucrânia:“Esses países vão se tornar membros da
OTAN”.
Moscou, contudo, não viu o resultado como uma conciliação
entre os interesses russos e a OTAN. Alexander Grushko, então vice-ministro das
Relações Exteriores da Rússia, disse:
“A adesão da Geórgia e da Ucrânia à aliança é um grande erro estratégico que teria consequências mais sérias para a segurança dos líderes pan-europeus dos EUA e da Europa.”
Putin sustentou que admitir esses dois países na OTAN
representaria uma “ameaça direta” à Rússia. Um jornal russo informou que Putin,
enquanto conversava com Bush, “de forma muito transparente” deu a entender que,
se a Ucrânia fosse aceita na OTAN, aquela cesaria de existir.”
A invasão da Geórgia pela Rússia em agosto de 2008
deveria ter dissipado quaisquer dúvidas remanescentes sobre a determinação de
Putin em impedir que a Geórgia e a Ucrânia se juntassem à OTAN. O presidente
georgiano Mikheil Saakashvili, que estava profundamente comprometido em
integrar seu país para a OTAN, havia decidido no verão de 2008 reincorporar
duas regiões separatistas, a Abkhazia e a Ossétia do Sul. Putin procurou manter
a Geórgia fraca, dividida e fora da OTAN. Depois que os combates eclodiram
entre o governo georgiano e os separatistas da Ossétia do Sul, as forças russas
assumiram o controle da Abkhazia e da Ossétia do Sul. Moscou havia deixado
evidente suas intenções. No entanto, apesar desse aviso , a OTAN nunca
abandonou publicamente seu objetivo de trazer a Geórgia e a Ucrânia para a
aliança. E a expansão da OTAN continuou avançando, com a Albânia e a Croácia se
tornando membros em 2009.
A U.E. {União Europeia} também está marchando para o
leste. Em maio de 2008, apresentou sua iniciativa de Parceria Oriental, um
programa para promover a prosperidade em países como a Ucrânia e integrá-los na
economia da U.E. {União Europeia}. Não é de surpreender que os líderes russos
considerem o plano hostil aos interesses de seu país. Em fevereiro passado,
antes de Yanukovych ser destituído do cargo, o ministro das Relações Exteriores
da Rússia, Sergey Lavrov, acusou a U.E. {União Europeia} de tentar criar uma
“esfera de influência” na Europa Oriental. Aos olhos dos líderes russos, a
expansão da U.E. {União Europeia} é um pretexto para a expansão da OTAN.
A ferramenta final do Ocidente para separar Kiev de
Moscou tem sido seus esforços para difundir os valores ocidentais e promover a
democracia na Ucrânia e em outros estados pós-soviéticos, um plano que muitas
vezes envolve o financiamento de indivíduos e organizações pró-ocidentais. Victoria
Nuland {judia}, secretária de Estado adjunta dos EUA para assuntos europeus e
euro-asiáticos, estimou em dezembro de 2013 que os Estados Unidos investiram
mais de US$ 5 bilhões desde 1991 para ajudar a Ucrânia a alcançar “o futuro que
merece.” Como parte desse esforço, o governo dos EUA financiou o National
Endowment for Democracy. A fundação sem fins lucrativos financiou mais de 60
projetos destinados a promover a sociedade civil na Ucrânia, e o presidente do
NED {National Endowment for Democracy}, Carl Gershman {também judeu}, chamou
aquele país de “o maior prêmio”. Depois que Yanukovych venceu as eleições
presidenciais da Ucrânia em fevereiro de 2010, o NED {National Endowment for
Democracy} decidiu que ele estava prejudicando seus objetivos e, assim,
intensificou seus esforços para apoiar a oposição e fortalecer as instituições
democráticas do país. Quando os líderes russos olham para a engenharia social
ocidental na Ucrânia, eles se preocupam que seu país possa ser o próximo. E
tais temores dificilmente são infundados. Em setembro de 2013, Gershman
escreveu no The Washington Post: “A escolha da Ucrânia de se juntar à
Europa acelerará o fim da ideologia do imperialismo russo que Putin
representa”. Ele acrescentou: “Os russos também enfrentam uma escolha, e Putin
pode se encontrar no lado perdedor não apenas no exterior, mas dentro da
própria Rússia”.
CRIANDO UMA CRISE {2013-2014}
O pacote triplo de políticas do Ocidente – ampliação da
OTAN, expansão da U.E. {União Europeia} e promoção da democracia – acrescentou
lenha a uma fogueira que ainda nao fora acesa. A faísca veio em novembro de
2013, quando Yanukovych rejeitou um grande acordo econômico que estava
negociando com a U.E. {União Europeia} e decidiu aceitar uma contraproposta
russa de US$ 15 bilhões. Essa decisão deu origem a manifestações
antigovernamentais que se intensificaram nos três meses seguintes e que, em
meados de fevereiro, levaram à morte de cerca de cem manifestantes. Emissários
ocidentais voaram às pressas para Kiev para resolver a crise. Em 21 de
fevereiro, o governo e a oposição fecharam um acordo que permitiu a Yanukovych
permanecer no poder até que novas eleições fossem realizadas. Mas imediatamente
se desfez e Yanukovych fugiu para a Rússia no dia seguinte. O novo governo em Kiev
era pró-ocidental e anti-russo em sua essência, e continha quatro membros de
alto escalão que podiam ser legitimamente rotulados de neofascistas.
Embora a extensão total do envolvimento dos EUA ainda não
tenha sido revelada, está claro que Washington apoiou o golpe. Nuland e o
senador republicano John McCain participaram de manifestações
antigovernamentais, e Geoffrey Pyatt, o embaixador dos EUA na Ucrânia,
proclamou, após a queda de Yanukovych, que era “um dia que entraria nos livros
de História”. Como revelou uma gravação telefônica vazada, Nuland {judia} havia
defendido a mudança de regime e queria que o político ucraniano {judeu}[1]
Arseniy Yatsenyuk se tornasse primeiro-ministro no novo governo, o que ele fez.
Não é de admirar que russos de todas as convicções pensem que o Ocidente
desempenhou um papel na deposição de Yanukovych.
Para Putin, chegou a hora de agir contra a Ucrânia e o
Ocidente. Pouco depois de 22 de fevereiro ordenou que as forças russas tomassem
a Crimeia da Ucrânia e, logo depois, a incorporou à Rússia. A tarefa se mostrou
relativamente fácil, graças aos milhares de tropas russas já estacionadas em
uma base naval no porto de Sebastopol, na Crimeia. A Crimeia também foi um alvo
fácil, já que os russos étnicos compõem cerca de 60% de sua população. A
maioria deles queria sair da Ucrânia. Em seguida, Putin pressionou maciçamente
o novo governo em Kiev para desencorajá-lo de se aliar ao Ocidente e contra
Moscou, deixando claro que destruiria a Ucrânia como um estado funcional antes
de permitir que se tornasse um reduto ocidental à porta da Rússia. Para esse
fim, ele forneceu conselheiros, armas e apoio diplomático aos separatistas
russos no leste da Ucrânia, que estão levando o país para a guerra civil. Ele
reuniu um grande exército na fronteira ucraniana, ameaçando invadir, caso o
governo reprima os rebeldes. E ele aumentou drasticamente o preço do gás
natural que a Rússia vende para a Ucrânia e exigiu pagamento por exportações
anteriores. Putin está jogando duro.
O DIAGNÓSTICO {2014}
As ações de Putin devem ser fáceis para compreender. Uma
enorme extensão de terras que a França napoleônica, a Alemanha imperial e a
Alemanha nazista cruzaram para atacar a própria Rússia, a Ucrânia serve como um
estado-tampão de enorme importância estratégica para a Rússia. Nenhum líder
russo toleraria uma aliança militar que era inimiga mortal de Moscou até
recentemente se mudar para a Ucrânia. Tampouco qualquer líder russo ficaria de
braços cruzados enquanto o Ocidente ajudava a instalar ali um governo
determinado a integrar a Ucrânia ao Ocidente.
Washington pode não gostar da posição de Moscou, mas deve
entender a lógica por trás dela. Isso é Geopolítica básica em seu conteúdo:
grandes potências são sempre sensíveis a potenciais ameaças próximas ao seu
território. Afinal, os Estados Unidos não toleram que grandes potências, mesmo
que distantes, enviem forças militares em qualquer lugar do Hemisfério
Ocidental, muito menos em suas fronteiras. Imagine a indignação em Washington
se a China construísse uma aliança militar impressionante e tentasse incluir o
Canadá e o México nela. Lógica à parte,
os líderes russos disseram a seus colegas ocidentais em muitas ocasiões que
consideram inaceitável a expansão da OTAN na Geórgia e na Ucrânia, juntamente
com qualquer esforço para colocar esses países contra a Rússia – uma mensagem
que a guerra russo-georgiana de 2008 também deixou clara como um cristal.
Oficiais dos Estados Unidos e de seus aliados europeus
afirmam que eles se esforçaram muito para aplacar os temores russos e que
Moscou deveria entender que a Otan não tem planos para a Rússia. Além de negar
continuamente que sua expansão visava conter a Rússia, a aliança nunca
mobilizou permanentemente forças militares em novos estados membros. Em 2002,
chegou a criar um órgão chamado Conselho OTAN-Rússia em um esforço para
promover a cooperação. Para acalmar ainda mais a Rússia, os Estados Unidos
anunciaram em 2009 que implantariam seu novo sistema de defesa antimísseis em
navios de guerra em águas europeias, pelo menos inicialmente, em vez de em
território tcheco ou polonês. Mas nenhuma dessas medidas funcionou; os russos
permaneceram firmemente contra o alargamento da OTAN, especialmente para a
Geórgia e a Ucrânia. E são os russos, não o Ocidente, que decidem o que é ou
não uma ameaça para eles.
Para compreender o porquê o Ocidente, especialmente os
Estados Unidos, falharam em entender que sua política com Ucrânia estava
preparando as bases para um grande confronto com a Rússia, é preciso voltar a
meados da década de 1990, quando o governo Clinton começou a defender a
expansão da OTAN. Os especialistas apresentaram vários argumentos a favor e
contra expansão, mas não houve consenso sobre o que fazer. A maioria dos emigrantes
da Europa Oriental nos Estados Unidos e seus parentes, por exemplo, apoiaram
fortemente a expansão, porque queriam que a OTAN protegesse países como Hungria
e Polônia. Alguns realistas também favoreceram a política porque achavam que a
Rússia ainda precisava ser contida.
Mas a maioria dos realistas se opôs à expansão,
acreditando que uma grande potência em declínio, com uma população envelhecida
e uma economia unidimensional não precisava, de fato, ser contida. E temiam que
o alargamento só desse a Moscou um incentivo para causar problemas na Europa
Oriental. O diplomata americano George Kennan articulou essa perspectiva em uma
entrevista em 1998, logo após o Senado dos EUA aprovar a primeira rodada de
expansão da OTAN. “Eu acho que os russos gradualmente reagião muito
adversamente e isso afetará suas políticas,” disse ele. “Eu acho que é um erro
trágico. Não havia nenhuma razão para isso. Ninguém estava ameaçando ninguém
mais”.
A maioria dos liberais, por outro lado, favoreciam o
alargamento, incluindo muitos membros-chave da administração Clinton. Eles
acreditavam que o fim da Guerra Fria havia transformado fundamentalmente a
política internacional e que uma nova ordem pós-nacional havia substituído a
lógica realista que costumava governar a Europa. Os Estados Unidos não eram
apenas a “nação indispensável”, como disse a secretária de Estado Madeleine
Albright; era também uma hegemonia benigna e, portanto, improvável de ser visto
como uma ameaça em Moscou. O objetivo, em essência, era fazer com que todo o
continente se parecesse com a Europa Ocidental.
E assim os Estados Unidos e seus aliados procuraram
promover a democracia nos países da Europa Oriental, aumentar a
interdependência econômica entre eles e incorporá-los nas instituições internacionais.
Tendo vencido o debate nos Estados Unidos, os liberais tiveram pouca
dificuldade em convencer seus aliados europeus a apoiar o alargamento da OTAN.
Afinal, dadas as conquistas passadas da U.E. {União Europeia}, os europeus
estavam ainda mais apegados do que os americanos à ideia de que a geopolítica
não importava mais e que uma ordem liberal abrangente poderia manter a paz na
Europa.
Tão completamente os liberais vieram a dominar o discurso
sobre a segurança europeia durante a primeira década deste século que, mesmo
quando a aliança adotou uma política de “portas abertas” para seu crescimento,
a expansão da OTAN enfrentou pouca oposição realista. A visão de mundo liberal
é agora um dogma aceito entre as autoridades dos EUA. Em março, por exemplo, o
presidente Barack Obama fez um discurso sobre a Ucrânia no qual falou
repetidamente sobre “os ideais” que motivam a política ocidental e como esses
ideais “têm sido frequentemente ameaçados por uma visão de poder mais antiga e
tradicional”. A resposta do secretário de Estado John Kerry à crise da Crimeia
refletiu essa mesma perspectiva: “Você simplesmente não se comporta no século
XXI à moda do século XIX, invadindo outro país sob pretexto completamente
forjado.” {No entanto o contexto de quais motivos agitam os EUA contra a Rússia
é mais antigo e profundo do que nos quer fazer parecer a afirmação de Johm
Kerry.}[2]
Em essência, os dois lados têm estado operando com
cartilhas diferentes: Putin e seus compatriotas têm pensado e agido de acordo
com ditames realistas, enquanto seus pares ocidentais têm aderido a ideias
liberais sobre política internacional. O resultado é que os Estados Unidos e
seus aliados, sem saber, provocaram uma grande crise na Ucrânia.
JOGO DA CULPA
Nessa mesma entrevista de 1998, Kennan previu que a
expansão da OTAN provocaria uma crise, após a qual os proponentes da expansão
“diriam o que sempre disseram, que é assim que os russos são.” Como se fosse
uma sugestão, a maioria das autoridades ocidentais retratou Putin como o
verdadeiro culpado na situação da Ucrânia. Em março, de acordo com o The New
York Times, a chanceler alemã Angela Merkel deu a entender que Putin era
irracional, dizendo a Obama que ele estava “em outro mundo”. Embora Putin tenha
sem dúvida tendências autocráticas, nenhuma evidência apoia a acusação de que
ele é mentalmente desequilibrado. Pelo contrário: ele é um estrategista de
primeira classe que deve ser temido e respeitado por qualquer um que o desafie
em sua política internacional.
Outros analistas alegam, mais plausivelmente, que Putin
lamenta o fim da União Soviética e está determinado a reverter esse fato
expandindo as fronteiras da Rússia. De acordo com essa visão, Putin, tendo
conquistado a Crimeia, agora está
avaliando se é a hora certa de conquistar a Ucrânia, ou pelo menos sua parte
oriental, e acabará sendo agressivo em relação a outros países vizinhos. Para
alguns neste campo, Putin representa, no senso comum, um Adolf Hitler moderno,
e fechar qualquer tipo de acordo com ele repetiria o erro de Munique. Portanto,
a OTAN deve admitir que a Geórgia e a Ucrânia impeçam a Rússia, antes que ela
domine seus vizinhos e ameace a Europa Ocidental.
Este argumento desmorona com uma inspeção de bem mais de
perto. Se Putin estivesse comprometido em criar uma Rússia maior, os sinais de
suas intenções quase certamente teriam surgido antes de 22 de fevereiro. Mas
não há praticamente nenhuma evidência de que ele estava determinado a tomar a
Crimeia, muito menos qualquer outro território na Ucrânia, antes dessa data.
Mesmo os líderes ocidentais que apoiavam a expansão da OTAN não a estavam
fazendo a partir de um medo como se a Rússia estivesse prestes a usar a força
militar. As ações de Putin na Crimeia os pegaram de surpresa e parecem ter sido
uma reação espontânea à deposição de Yanukovych. Logo depois, até Putin disse
que se opunha à secessão da Crimeia, antes de mudar rapidamente de ideia.
Além disso, mesmo se ele quisesse, a Rússia não tem
capacidade para conquistar e anexar facilmente o leste da Ucrânia, muito menos
todo o país. Cerca de 15 milhões de pessoas – um terço da população da Ucrânia
– vivem entre o rio Dnieper, que corta o país, e a fronteira russa. A esmagadora
maioria dessas pessoas deseja permanecer na Ucrânia e certamente resistiria a
uma ocupação russa. Ademais, o exército medíocre da Rússia, que mostra poucos
sinais de se transformar em uma Wehrmacht {o tradicional exército alemão da
primeira metade do século XX} moderna, teria poucas chances de pacificar toda a
Ucrânia. Moscou não está numa posição favorável para gastar com uma ocupação
cara; sua fraca economia sofreria ainda mais em face das sanções resultantes.
Mas mesmo que a Rússia ostentasse uma poderosa máquina
militar e uma economia impressionante, provavelmente ainda seria incapaz de
ocupar a Ucrânia com sucesso. Basta considerar as experiências dos soviéticos e
americanos no Afeganistão, as experiências dos EUA no Vietnã e no Iraque e a
experiência russa na Chechênia, para lembrar que as ocupações militares
geralmente terminam mal. Putin entende claramente que tentar subjugar a Ucrânia
seria como engolir um porco-espinho. Sua resposta aos eventos tem sido
defensiva, não ofensiva.
UMA SAÍDA
Dado que a maioria dos líderes ocidentais continuam a
negar que o comportamento de Putin seja motivado por questões legítimas de
segurança nacional, não é de surpreender que eles têm tentado modificá-la ao
dobrar suas apostas em suas políticas existentes e punindo a Rússia, para deter
posteriores agressões. Embora Kerry tenha mantido que “todas as opções estão na
mesa”, nem os Estados Unidos nem seus aliados da OTAN estão preparados para
usar a força para defender a Ucrânia. O Ocidente está confiando em sanções
econômicas para coagir a Rússia a encerrar seu apoio à insurreição no leste da
Ucrânia. Em julho, os Estados Unidos e a U.E. {União Europeia} implementaram
sua terceira rodada de sanções limitadas, visando principalmente indivíduos de
alto nível intimamente ligados ao governo russo e alguns bancos de grande
importância, empresas de energia e empresas de defesa. Eles também ameaçaram desencadear
outra rodada de sanções mais duras, destinadas a setores inteiros da economia
russa.
Tais medidas terão pouco efeito. Sanções severas, de um jeito
ou de outro, provavelmente estão fora de cogitação; Os países da Europa
Ocidental, especialmente a Alemanha, têm resistido impô-las por medo que a
Rússia pudesse retaliar e causar uma catastrofe econômica dentro da U.E. {União
Europeia}. Mas mesmo se os Estados Unidos pudessem convencer seus aliados a
adotar medidas mais duras, Putin provavelmente não mudaria sua decisão. A
História mostra que os países estão dispostos a receber grandes punições de
maneira a proteger seus principais interesses estratégicos. Não há razão para
pensar que a Rússia representa uma exceção a essa regra.
Primeiramente os líderes ocidentais também se apegaram às
políticas provocativas que precipitaram a crise. Em abril, o vice-presidente
dos EUA, Joseph Biden, se reuniu com legisladores ucranianos e disse a eles:
“Esta é uma segunda oportunidade de cumprir a promessa original feita pela
Revolução Laranja” {é preciso registrar que, Joe Biden, o então vice-presidente
dos EUA e agora em 2022 já presidente dos EUA, e ao menos seu filho, na época
estava envolvido em articulações de fraude na Ucrânia[3]}.
John Brennan, diretor da CIA, não ajudou quando, no mesmo mês, visitou Kiev em
uma viagem que a Casa Branca disse ter como objetivo melhorar a cooperação de
segurança com o governo ucraniano.
A U.E. {Uniãio Europeia}, enquanto isso, tinha continuado
a empurrar sua Parceria Oriental. Em março, José Manuel Barroso, presidente da
Comissão Europeia, resumiu o pensamento da U.E. {Uniãio Europeia} sobre a
Ucrânia, dizendo: “Temos uma dívida, um dever de solidariedade com aquele país,
e vamos trabalhar para tê-los o mais próximo possível de nós.” E com certeza,
em 27 de junho, a U.E. {Uniãio Europeia} e a Ucrânia assinaram o acordo
econômico que Yanukovych havia fatalmente rejeitado sete meses antes. Também em
junho, em reunião da OTAN com ministros das Relações Exteriores dos membros,
foi acordado que a aliança permaneceria aberta a novos membros, embora os
ministros das Relações Exteriores deixassem de mencionar a Ucrânia pelo nome.
“Nenhum país terceiro tem poder de veto sobre o alargamento da OTAN”, anunciou
Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da OTAN. Os ministros das Relações
Exteriores também concordaram em apoiar várias medidas para melhorar as
capacidades militares da Ucrânia em áreas como comando e controle, logística e
defesa cibernética. Os líderes russos naturalmente deram coice diante dessas
ações; a resposta do Ocidente à crise só tornará uma situação que já era ruim
ainda pior.
Há uma solução para a crise na Ucrânia, contudo – iria requerer
que o Ocidente pense sobre o país em fundamentalmente uma nova maneira. Os
Estados Unidos e seus aliados devem abandonar seu plano de ocidentalizar a
Ucrânia e, em vez disso, tentar torná-la um amortecedor, neutro, entre a OTAN e
a Rússia, semelhante à posição da Áustria durante a Guerra Fria. Os líderes
ocidentais devem reconhecer que a Ucrânia é tão importante para Putin que eles
não podem apoiar um regime anti-russo lá. Isso não significaria que um futuro
governo ucraniano teria que ser pró-Rússia ou anti-OTAN. Pelo contrário, o
objetivo deve ser uma Ucrânia soberana que não caia sob o campo da Russia nem
do Ocidente.
Para alcançar este fim, os Estados Unidos e seus aliados
devem descartar publicamente a expansão da OTAN na Geórgia e na Ucrânia. O
Ocidente também deve ajudar a elaborar um plano de resgate econômico para a
Ucrânia financiado conjuntamente pela U.E. {União Europeia}, o Fundo Monetário
Internacional, a Rússia e os Estados Unidos – uma proposta que Moscou deve apoiar,
dado seu interesse em ter uma Ucrânia próspera e estável em seu flanco ocidental.
E o Ocidente deveria limitar consideravelmente seus esforços de engenharia
social dentro da Ucrânia. É hora de colocar um fim ao apoio ocidental de outra
Revolução Laranja. No entanto, os líderes dos EUA e da Europa devem incentivar
a Ucrânia a respeitar os direitos das minorias, especialmente os direitos
linguísticos de seus falantes de russo.
Alguns podem argumentar que mudar a política em relação à
Ucrânia, a essa altura, prejudicaria seriamente a credibilidade dos EUA em todo
o mundo. Sem dúvida haveria algum prejuízo, mas os custos de continuar uma
estratégia mal orientada seria muito maior. Além disso, outros países tendem a
respeitar um Estado que aprende com seus erros e, em última análise, elabora
uma política que lida efetivamente com o problema em questão. Esse caminho está
claramente aberto aos Estados Unidos.
Também se ouve a alegação de que a Ucrânia tem o direito
de determinar com quem deseja se aliar e os russos não têm o direito de impedir
que Kiev se junte ao Ocidente. Essa é uma decisão perigosa para política
externa ucraniana. A triste verdade é que na política das grandes potências a
lei do mais forte prevalece. Direitos abstratos, como a autodeterminação, são
em grande parte sem sentido quando Estados poderosos entram em disputas com estados
mais fracos. Cuba tinha o direito de formar uma aliança militar com a União
Soviética durante a Guerra Fria? Os Estados Unidos certamente não pensaram
assim, e os russos pensam da mesma forma sobre a adesão da Ucrânia ao Ocidente.
É do interesse da Ucrânia entender esses fatos da vida e agir com cautela ao
lidar com seu vizinho mais poderoso.
Mesmo que se rejeite essa análise, no entanto, e se creia
que a Ucrânia tem o direito de solicitar a adesão à U.E. {União Europeia} e à
OTAN, o fato é que os Estados Unidos e seus aliados europeus têm o direito de
rejeitar esses pedidos. Não há razão para integrar a Ucrânia ao Ocidente se
essa continua com uma política externa equivocada, principalmente se sua defesa
não seja de interesse vital para eles {os países ocidentais}. Satisfazer os
sonhos de alguns ucranianos não vale a animosidade e os conflitos que isso
causará, especialmente para o povo ucraniano.
É claro que alguns analistas podem admitir que a OTAN não
agiu da maneira adequada em relação a Ucrânia mas também sustentam que a Rússia
constitui um inimigo que com o tempo só se tornará ainda mais formidável – e
que o Ocidente, portanto, não tem escolha a não ser continuar sua política
atual. Mas este ponto de vista está muito equivocado. A Rússia é uma potência em
declínio e que ficará ainda mais fraca
com o tempo. Além disso, mesmo que a Rússia fosse uma potência em ascensão,
ainda não faria sentido incorporar a Ucrânia à OTAN. A razão é simples: os
Estados Unidos e seus aliados europeus não consideram a Ucrânia um interesse
estratégico central, provado por sua relutância em utilizar de força militar
para ajudá-la. Seria, portanto, o cúmulo da loucura criar um novo membro da
OTAN que os demais membros não têm a intenção de defender. A OTAN se expandiu
no passado porque os liberais presumiram que a aliança nunca teria que honrar
suas novas garantias de segurança, mas o recente jogo de poder da Rússia mostra
que conceder à Ucrânia a adesão à OTAN poderia colocar a Rússia e o Ocidente em
curso de colisão.
Cutucar pela atual política iria também complicar as
relações ocidentais com Moscou em outras questões. Os Estados Unidos precisam
da ajuda da Rússia para retirar seus equipamentos através do território russo
do Afeganistão, chegar a um acordo nuclear com o Irã e estabilizar a situação
na Síria. Na verdade, Moscou ajudou Washington em todas essas três questões no
passado; no verão de 2013, foi Putin que fez o trabalho difícil para Obama,
forjando acordo sob o qual a Síria concordou em abandonar suas armas químicas,
evitando assim a intervenção militar americana que Obama havia ameaçado. Um dia
os Estados Unidos também precisarão da ajuda da Rússia para conter uma China em
ascensão. A atual política dos EUA, contudo, está somente dirigindo para maior Moscou
e Pequim para ficaram mais juntos.
Os Estados Unidos e seus aliados europeus agora encaram
uma dura escolha em relação a Ucrânia. Eles podem continuar sua política atual,
que irá exacerbar as hostilidades com a Rússia e devastar a Ucrânia no processo
– um cenário em que todos sairiam perdendo. Ou podem trocar de marcha e
trabalhar para criar uma Ucrânia próspera, porém neutra, que não ameace a
Rússia e permita que o Ocidente restaure suas relações com Moscou. Com essa
abordagem, todos os lados ganhariam.
Tradução
por Davi Ciampa Heras
Revisão e palavras entre chaves por Mykel Alexander
[1] Nota de Mykel Alexander: Who
exactly is governing Ukraine?, por Harriet Salem, 04 de março de 2014, The
Guardian.
https://www.theguardian.com/world/2014/mar/04/who-governing-ukraine-olexander-turchynov
[2] Nota de Mykel Alexander: Sobre
antecedentes e o desdobramento da crise ucraniana refletindo na Rússia como
resultado da articulação de neoconservadores americanos, democratas americanos
e os segmentos do judaísmo internacional ver:
- {Retrospectiva 2008 - assédio do
Ocidente Globalizado na Ucrânia} Os Neoconservadores versus a Rússia, por Kevin
MacDonald, 19 de março de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/os-neoconservadores-versus-russia-por.html
- {Retrospectiva 2014 - assédio do
Ocidente Globalizado na Ucrânia} - As armas de agosto - parte 1, por Israel
Shamir, 08 de maio de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/retrospectiva-2014-assedio-do-ocidente.html
- {Retrospectiva 2014 - assédio do
Ocidente Globalizado na Ucrânia} - As armas de agosto II - As razões por trás
do cessar-fogo, por Israel Shamir, 15 de maio de 2022, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/retrospectiva-2014-assedio-do-ocidente_15.html
- Odiar a Rússia é um emprego de
tempo integral Neoconservadores ressuscitam memórias tribais para atiçar as
chamas, por Philip Girald, 18 de julho de 2018, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/07/odiar-russia-e-um-emprego-de-tempo.html
- {Retrospectiva 2021 - assédio do
Ocidente Globalizado na Ucrânia} - Flashpoint Ucrânia: Não cutuque o urso
{Rússia}, por Israel Shamir, 22 de maio de 2022, World Traditional
Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/retrospectiva-2021-assedio-do-ocidente.html
- {Assédio do Ocidente Globalizado
na Ucrânia em 2022} - Neoconservadores, Ucrânia, Rússia e a luta ocidental pela
hegemonia global, por Kevin MacDonald, 21 de março de 2022, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/neoconservadores-ucrania-russia-e-luta.html
[3] Nota de Mykel Alexander: Sobre
a conexão através de fraudes e articulações suspeitas dos democratas americanos
com o regime ucraniano e a empresa Burisma ver:
- {Retrospectiva 2014 - assédio do
Ocidente Globalizado na Ucrânia – Corrupção Ucrânia-Joe Biden-EUA} O saque da
Ucrânia por democratas americanos corruptos- Uma conversa com Oleg Tsarev
revela a suposta identidade do “denunciante Trump/Ucrânia”, por Israel Shamir,
08 de março de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/retrospectiva-2019-corrupcao-ucrania.html
Sobre
o desdobrar do contexto acima junto às agitações na Ucrânia ver:
- Biden, Zelensky e os
Neoconservadores - Quando você está em um buraco, você sempre pode cavar mais
fundo, por Philip Giraldi, 26 de agosto de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/08/biden-zelensky-e-os-neoconservadores.html
Fonte: Why the Ukraine Crisis Is the West’s Fault - The
Liberal Delusions That Provoked Putin, por John J. Mearsheimer, setembro/outubro
2014, Foreign Affairs.
Sobre o autor: John Joseph Mearsheimer (1947-) é um
cientista político americano e estudioso de relações internacionais, que
pertence à escola de pensamento realista. Ele é o R. Wendell Harrison
Distinguished Service Professor na Universidade de Chicago (de 1989 a 1992,
atuou como presidente do departamento). Aos 17 anos, Mearsheimer se alistou no
Exército dos EUA. Após um ano como membro alistado, obteve uma nomeação para a
Academia Militar dos Estados Unidos em West Point, que frequentou de 1966 a
1970. Após a formatura, serviu por cinco anos como oficial da Força Aérea dos
Estados Unidos. Em 1974, enquanto estava na Força Aérea, Mearsheimer obteve um
mestrado em relações internacionais pela University of Southern California. Ele
entrou na Universidade de Cornell e em 1980 obteve um Ph.D. no governo,
especificamente nas relações internacionais. De 1978 a 1979, foi pesquisador da
Brookings Institution em Washington, DC. De 1980 a 1982, foi pós-doutorando no
Centro de Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard. Durante o ano
acadêmico de 1998-1999, ele foi o Whitney H. Shepardson Fellow no Conselho de
Relações Exteriores em Nova Iorque. Ele também é membro do corpo docente do
programa de pós-graduação do Comitê de Relações Internacionais e é codiretor do
Programa de Política de Segurança Internacional.
É autor de: Conventional Deterrence (1983), Nuclear
Deterrence: Ethics and Strategy (co-editor, 1985); Liddell Hart and the
Weight of History (1988); The Tragedy of Great Power Politics (2001);
The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy (2007); e Why Leaders Lie:
The Truth About Lying in International Politics (2011); The Great
Delusion: Liberal Dreams and International Realities (2018).
Seus
artigos apareceram em revistas acadêmicas como a International Security,
Foreign Affairs e em revistas populares como a London Review of Books.
Ele escreveu artigos de opinião para o The New York Times, o Los Angeles
Times e o Chicago Tribune.
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Relacionado, leia também:
{Retrospectiva 2022 – Guerra EUA/OTAN/Ucrânia x Rússia} – A Invasão - por Israel Shamir
Como os Estados Unidos Provocaram a Crise na Ucrânia - por Boyd d. Cathey
{Retrospectiva 2014} – Ucrânia: o fim da guerra fria que jamais aconteceu - Por Alain de Benoist
Aleksandr Solzhenitsyn, Ucrânia e os Neoconservadores - Por Boyd T. Cathey
A Guerra de Putin - por Gilad Atzmon
Crepúsculo dos Oligarcas {judeus da Rússia}? - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}
A obsessão de Putin pelo Holocausto - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}
Neoconservadores, Ucrânia, Rússia e a luta ocidental pela hegemonia global - por Kevin MacDonald
Os Neoconservadores versus a Rússia - Por Kevin MacDonald
{Retrospectiva 2014} O triunfo de Putin - O Gambito da Crimeia - Por Israel Shamir
{Retrospectiva 2014} A Revolução Marrom na Ucrânia - Por Israel Shamir
Sobre a difamação da Polônia pela judaísmo internacional ver:
Sobre a influência do judaico bolchevismo (comunismo-marxista) na Rússia ver:
Revisitando os Pogroms {alegados massacres de judeus} Russos do Século XIX, Parte 1: A Questão Judaica da Rússia - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}. Parte 1 de 3, as demais na sequência do próprio artigo.
Os destruidores - Comunismo {judaico-bolchevismo} e seus frutos - por Winston Churchill
Líderes do bolchevismo {comunismo marxista} - Por Rolf Kosiek
Wall Street & a Revolução Russa de março de 1917 – por Kerry Bolton
Wall Street e a Revolução Bolchevique de Novembro de 1917 – por Kerry Bolton
Esquecendo Trotsky (7 de novembro de 1879 - 21 de agosto de 1940) - Por Alex Kurtagić
{Retrospectiva Ucrânia - 2014} Nacionalistas, Judeus e a Crise Ucraniana: Algumas Perspectivas Históricas - Por Andrew Joyce, PhD {academic auctor pseudonym}
Nacionalismo e genocídio – A origem da fome artificial de 1932 – 1933 na Ucrânia - Por Valentyn Moroz
Sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:
Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber
Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber
Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen
Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal
Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}
Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton
Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir
Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir
Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber
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