quinta-feira, 13 de outubro de 2022

{Retrospectiva 2014} - Por que a crise na Ucrânia é culpa do Ocidente - As ilusões liberais que provocaram Putin - por John J. Mearsheimer

 

John J. Mearsheimer


De acordo com a sabedoria prevalente no Ocidente, a crise na Ucrânia pode ser atribuída quase que inteiramente à agressão russa. Segundo esse argumento o presidente russo, Vladimir Putin, anexou a Crimeia por  antigo desejo de ressuscitar o império soviético e eventualmente deve ir atrás do restante da Ucrânia, bem como de outros países da Europa Oriental. Nessa visão, a deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014 apenas forneceu um pretexto para a decisão de Putin de ordenar que forças russas tomassem parte da Ucrânia.

Mas essa conta não fecha: os Estados Unidos e seus aliados europeus compartilham grande parte da responsabilidade pela crise. A raiz do problema é a ampliação da OTAN, uma estratégia que tinha como principal objetivo remover a Ucrânia da esfera de influência Rússia e integrá-la, por sua vez, ao Ocidente. Ao mesmo tempo, a expansão da U.E. {União Europeia} para o leste e o apoio ocidental ao movimento pró-democracia na Ucrânia – começando com a Revolução Laranja em 2004 – também foram elementos críticos. Desde meados da década de 1990, os líderes russos se opuseram firmemente a expansão da OTAN e, nos últimos anos, deixaram claro que não ficariam parados enquanto seu vizinho que possuía relevância estratégica se transformasse em um bastião ocidental. Para Putin a derrubada do presidente ucraniano, pró-Rússia, que fora eleito democraticamente, era ilegal – Putin corretamente rotulou como “golpe” – foi a gota d'água. Ele respondeu tomando a Crimeia, uma península que ele temia que abrigaria uma base naval da OTAN e continuou desestabilizando a Ucrânia até que ela abandonasse seus esforços para se juntar ao Ocidente.

A reação de Putin não deveria ter sido uma surpresa. Afinal de tudo, o Ocidente estava se movendo para o quintal da Rússia e ameaçando o cerne de seus interesses estratégicos, uma questão que Putin  reforçou enfaticamente e repetidamente. As elites nos Estados Unidos e na Europa foram pegas de surpresa pelos eventos, apenas porque compartilham de uma visão deturpada da política internacional. Eles tendem a acreditar que a lógica do realismo {político} mantém pouca relevância no século XXI e que a Europa pode ser mantida unificada e livre com base em princípios liberais tais como o Estado de Direito, a interdependência econômica e a democracia.

Mas esse grande esquema deu errado na Ucrânia. A crise mostra que a realpolitik {a escola ou mesmo postura política que não ignoram as dinâmicas sócio-políticas mais fundamentais para atender preferências pessoais de grupos dirigentes ou influentes} continua relevante – e os estados que a ignoram o fazem por sua conta e risco. Os líderes dos EUA e da Europa erraram na tentativa de transformar a Ucrânia em um reduto ocidental na fronteira da Rússia. Agora que as consequências foram expostas, seria um erro ainda maior continuar com essa política ilegítima.

 

A AFRONTA OCIDENTAL {1991-2013}

Conforme a Guerra Fria chegou a um fim, os líderes soviéticos preferiram que as forças dos EUA permanecessem na Europa e a OTAN continuasse intacta, um arranjo que eles acreditavam que manteria a reunificada Alemanha pacificada. Mas eles e seus sucessores russos não queriam que a OTAN crescesse e acreditavam que os diplomatas ocidentais compreendiam suas preocupações. A administração Clinton evidentemente pensava de outra forma e, em meados da década de 1990, começou a promover a expansão da OTAN.

O primeiro round do alargamento teve lugar em 1999 e incluiu a República Checa, a Hungria e a Polônia. A segunda ocorreu em 2004; incluía Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia. Moscou reclamou amargamente desde o início. Durante a campanha de bombardeios da OTAN em 1995 contra os sérvios-bósnios, por exemplo, o presidente russo Boris Yeltsin disse:

Este é o primeiro sinal do que pode acontecer quando a OTAN chegar às fronteiras da Federação Russa. . . . A chama da guerra pode explodir em toda a Europa.”

Mas os russos estavam muito fracos na época para atrapalhar o movimento da OTAN para leste – movimento que de qualquer forma não parecia tão ameaçador, já que nenhum dos novos membros compartilhava uma fronteira com a Rússia, salvo os minúsculos países bálticos.

Então a OTAN começou a olhar mais para o leste. Em sua cúpula de abril de 2008 em Bucareste, a aliança considerou admitir a Geórgia e a Ucrânia.A administração Bush apoiou isso, mas a França e a Alemanha se opuseram à medida por temer que isso antagonizasse indevidamente a Rússia. No final, os membros da OTAN chegaram a um acordo: a aliança não inicia o processo formal que leva a adesão, mas emite uma declaração endossando categoricamente as aspirações da Geórgia e da Ucrânia:“Esses países vão se tornar membros da OTAN”.

Moscou, contudo, não viu o resultado como uma conciliação entre os interesses russos e a OTAN. Alexander Grushko, então vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, disse:

“A adesão da Geórgia e da Ucrânia à aliança é um grande erro estratégico que teria consequências mais sérias para a segurança dos líderes pan-europeus dos EUA e da Europa.”

Putin sustentou que admitir esses dois países na OTAN representaria uma “ameaça direta” à Rússia. Um jornal russo informou que Putin, enquanto conversava com Bush, “de forma muito transparente” deu a entender que, se a Ucrânia fosse aceita na OTAN, aquela cesaria de existir.”

A invasão da Geórgia pela Rússia em agosto de 2008 deveria ter dissipado quaisquer dúvidas remanescentes sobre a determinação de Putin em impedir que a Geórgia e a Ucrânia se juntassem à OTAN. O presidente georgiano Mikheil Saakashvili, que estava profundamente comprometido em integrar seu país para a OTAN, havia decidido no verão de 2008 reincorporar duas regiões separatistas, a Abkhazia e a Ossétia do Sul. Putin procurou manter a Geórgia fraca, dividida e fora da OTAN. Depois que os combates eclodiram entre o governo georgiano e os separatistas da Ossétia do Sul, as forças russas assumiram o controle da Abkhazia e da Ossétia do Sul. Moscou havia deixado evidente suas intenções. No entanto, apesar desse aviso , a OTAN nunca abandonou publicamente seu objetivo de trazer a Geórgia e a Ucrânia para a aliança. E a expansão da OTAN continuou avançando, com a Albânia e a Croácia se tornando membros em 2009.

A U.E. {União Europeia} também está marchando para o leste. Em maio de 2008, apresentou sua iniciativa de Parceria Oriental, um programa para promover a prosperidade em países como a Ucrânia e integrá-los na economia da U.E. {União Europeia}. Não é de surpreender que os líderes russos considerem o plano hostil aos interesses de seu país. Em fevereiro passado, antes de Yanukovych ser destituído do cargo, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, acusou a U.E. {União Europeia} de tentar criar uma “esfera de influência” na Europa Oriental. Aos olhos dos líderes russos, a expansão da U.E. {União Europeia} é um pretexto para a expansão da OTAN.

A ferramenta final do Ocidente para separar Kiev de Moscou tem sido seus esforços para difundir os valores ocidentais e promover a democracia na Ucrânia e em outros estados pós-soviéticos, um plano que muitas vezes envolve o financiamento de indivíduos e organizações pró-ocidentais. Victoria Nuland {judia}, secretária de Estado adjunta dos EUA para assuntos europeus e euro-asiáticos, estimou em dezembro de 2013 que os Estados Unidos investiram mais de US$ 5 bilhões desde 1991 para ajudar a Ucrânia a alcançar “o futuro que merece.” Como parte desse esforço, o governo dos EUA financiou o National Endowment for Democracy. A fundação sem fins lucrativos financiou mais de 60 projetos destinados a promover a sociedade civil na Ucrânia, e o presidente do NED {National Endowment for Democracy}, Carl Gershman {também judeu}, chamou aquele país de “o maior prêmio”. Depois que Yanukovych venceu as eleições presidenciais da Ucrânia em fevereiro de 2010, o NED {National Endowment for Democracy} decidiu que ele estava prejudicando seus objetivos e, assim, intensificou seus esforços para apoiar a oposição e fortalecer as instituições democráticas do país. Quando os líderes russos olham para a engenharia social ocidental na Ucrânia, eles se preocupam que seu país possa ser o próximo. E tais temores dificilmente são infundados. Em setembro de 2013, Gershman escreveu no The Washington Post: “A escolha da Ucrânia de se juntar à Europa acelerará o fim da ideologia do imperialismo russo que Putin representa”. Ele acrescentou: “Os russos também enfrentam uma escolha, e Putin pode se encontrar no lado perdedor não apenas no exterior, mas dentro da própria Rússia”.

 

CRIANDO UMA CRISE {2013-2014}

O pacote triplo de políticas do Ocidente – ampliação da OTAN, expansão da U.E. {União Europeia} e promoção da democracia – acrescentou lenha a uma fogueira que ainda nao fora acesa. A faísca veio em novembro de 2013, quando Yanukovych rejeitou um grande acordo econômico que estava negociando com a U.E. {União Europeia} e decidiu aceitar uma contraproposta russa de US$ 15 bilhões. Essa decisão deu origem a manifestações antigovernamentais que se intensificaram nos três meses seguintes e que, em meados de fevereiro, levaram à morte de cerca de cem manifestantes. Emissários ocidentais voaram às pressas para Kiev para resolver a crise. Em 21 de fevereiro, o governo e a oposição fecharam um acordo que permitiu a Yanukovych permanecer no poder até que novas eleições fossem realizadas. Mas imediatamente se desfez e Yanukovych fugiu para a Rússia no dia seguinte. O novo governo em Kiev era pró-ocidental e anti-russo em sua essência, e continha quatro membros de alto escalão que podiam ser legitimamente rotulados de neofascistas.

Embora a extensão total do envolvimento dos EUA ainda não tenha sido revelada, está claro que Washington apoiou o golpe. Nuland e o senador republicano John McCain participaram de manifestações antigovernamentais, e Geoffrey Pyatt, o embaixador dos EUA na Ucrânia, proclamou, após a queda de Yanukovych, que era “um dia que entraria nos livros de História”. Como revelou uma gravação telefônica vazada, Nuland {judia} havia defendido a mudança de regime e queria que o político ucraniano {judeu}[1] Arseniy Yatsenyuk se tornasse primeiro-ministro no novo governo, o que ele fez. Não é de admirar que russos de todas as convicções pensem que o Ocidente desempenhou um papel na deposição de Yanukovych.

Para Putin, chegou a hora de agir contra a Ucrânia e o Ocidente. Pouco depois de 22 de fevereiro ordenou que as forças russas tomassem a Crimeia da Ucrânia e, logo depois, a incorporou à Rússia. A tarefa se mostrou relativamente fácil, graças aos milhares de tropas russas já estacionadas em uma base naval no porto de Sebastopol, na Crimeia. A Crimeia também foi um alvo fácil, já que os russos étnicos compõem cerca de 60% de sua população. A maioria deles queria sair da Ucrânia. Em seguida, Putin pressionou maciçamente o novo governo em Kiev para desencorajá-lo de se aliar ao Ocidente e contra Moscou, deixando claro que destruiria a Ucrânia como um estado funcional antes de permitir que se tornasse um reduto ocidental à porta da Rússia. Para esse fim, ele forneceu conselheiros, armas e apoio diplomático aos separatistas russos no leste da Ucrânia, que estão levando o país para a guerra civil. Ele reuniu um grande exército na fronteira ucraniana, ameaçando invadir, caso o governo reprima os rebeldes. E ele aumentou drasticamente o preço do gás natural que a Rússia vende para a Ucrânia e exigiu pagamento por exportações anteriores. Putin está jogando duro.

 

O DIAGNÓSTICO {2014}

As ações de Putin devem ser fáceis para compreender. Uma enorme extensão de terras que a França napoleônica, a Alemanha imperial e a Alemanha nazista cruzaram para atacar a própria Rússia, a Ucrânia serve como um estado-tampão de enorme importância estratégica para a Rússia. Nenhum líder russo toleraria uma aliança militar que era inimiga mortal de Moscou até recentemente se mudar para a Ucrânia. Tampouco qualquer líder russo ficaria de braços cruzados enquanto o Ocidente ajudava a instalar ali um governo determinado a integrar a Ucrânia ao Ocidente.

Washington pode não gostar da posição de Moscou, mas deve entender a lógica por trás dela. Isso é Geopolítica básica em seu conteúdo: grandes potências são sempre sensíveis a potenciais ameaças próximas ao seu território. Afinal, os Estados Unidos não toleram que grandes potências, mesmo que distantes, enviem forças militares em qualquer lugar do Hemisfério Ocidental, muito menos em suas fronteiras. Imagine a indignação em Washington se a China construísse uma aliança militar impressionante e tentasse incluir o Canadá e o México nela.  Lógica à parte, os líderes russos disseram a seus colegas ocidentais em muitas ocasiões que consideram inaceitável a expansão da OTAN na Geórgia e na Ucrânia, juntamente com qualquer esforço para colocar esses países contra a Rússia – uma mensagem que a guerra russo-georgiana de 2008 também deixou clara como um cristal.

Oficiais dos Estados Unidos e de seus aliados europeus afirmam que eles se esforçaram muito para aplacar os temores russos e que Moscou deveria entender que a Otan não tem planos para a Rússia. Além de negar continuamente que sua expansão visava conter a Rússia, a aliança nunca mobilizou permanentemente forças militares em novos estados membros. Em 2002, chegou a criar um órgão chamado Conselho OTAN-Rússia em um esforço para promover a cooperação. Para acalmar ainda mais a Rússia, os Estados Unidos anunciaram em 2009 que implantariam seu novo sistema de defesa antimísseis em navios de guerra em águas europeias, pelo menos inicialmente, em vez de em território tcheco ou polonês. Mas nenhuma dessas medidas funcionou; os russos permaneceram firmemente contra o alargamento da OTAN, especialmente para a Geórgia e a Ucrânia. E são os russos, não o Ocidente, que decidem o que é ou não uma ameaça para eles.

Para compreender o porquê o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, falharam em entender que sua política com Ucrânia estava preparando as bases para um grande confronto com a Rússia, é preciso voltar a meados da década de 1990, quando o governo Clinton começou a defender a expansão da OTAN. Os especialistas apresentaram vários argumentos a favor e contra expansão, mas não houve consenso sobre o que fazer. A maioria dos emigrantes da Europa Oriental nos Estados Unidos e seus parentes, por exemplo, apoiaram fortemente a expansão, porque queriam que a OTAN protegesse países como Hungria e Polônia. Alguns realistas também favoreceram a política porque achavam que a Rússia ainda precisava ser contida.

Mas a maioria dos realistas se opôs à expansão, acreditando que uma grande potência em declínio, com uma população envelhecida e uma economia unidimensional não precisava, de fato, ser contida. E temiam que o alargamento só desse a Moscou um incentivo para causar problemas na Europa Oriental. O diplomata americano George Kennan articulou essa perspectiva em uma entrevista em 1998, logo após o Senado dos EUA aprovar a primeira rodada de expansão da OTAN. “Eu acho que os russos gradualmente reagião muito adversamente e isso afetará suas políticas,” disse ele. “Eu acho que é um erro trágico. Não havia nenhuma razão para isso. Ninguém estava ameaçando ninguém mais”.

A maioria dos liberais, por outro lado, favoreciam o alargamento, incluindo muitos membros-chave da administração Clinton. Eles acreditavam que o fim da Guerra Fria havia transformado fundamentalmente a política internacional e que uma nova ordem pós-nacional havia substituído a lógica realista que costumava governar a Europa. Os Estados Unidos não eram apenas a “nação indispensável”, como disse a secretária de Estado Madeleine Albright; era também uma hegemonia benigna e, portanto, improvável de ser visto como uma ameaça em Moscou. O objetivo, em essência, era fazer com que todo o continente se parecesse com a Europa Ocidental.

E assim os Estados Unidos e seus aliados procuraram promover a democracia nos países da Europa Oriental, aumentar a interdependência econômica entre eles e incorporá-los nas instituições internacionais. Tendo vencido o debate nos Estados Unidos, os liberais tiveram pouca dificuldade em convencer seus aliados europeus a apoiar o alargamento da OTAN. Afinal, dadas as conquistas passadas da U.E. {União Europeia}, os europeus estavam ainda mais apegados do que os americanos à ideia de que a geopolítica não importava mais e que uma ordem liberal abrangente poderia manter a paz na Europa.

Tão completamente os liberais vieram a dominar o discurso sobre a segurança europeia durante a primeira década deste século que, mesmo quando a aliança adotou uma política de “portas abertas” para seu crescimento, a expansão da OTAN enfrentou pouca oposição realista. A visão de mundo liberal é agora um dogma aceito entre as autoridades dos EUA. Em março, por exemplo, o presidente Barack Obama fez um discurso sobre a Ucrânia no qual falou repetidamente sobre “os ideais” que motivam a política ocidental e como esses ideais “têm sido frequentemente ameaçados por uma visão de poder mais antiga e tradicional”. A resposta do secretário de Estado John Kerry à crise da Crimeia refletiu essa mesma perspectiva: “Você simplesmente não se comporta no século XXI à moda do século XIX, invadindo outro país sob pretexto completamente forjado.” {No entanto o contexto de quais motivos agitam os EUA contra a Rússia é mais antigo e profundo do que nos quer fazer parecer a afirmação de Johm Kerry.}[2]

Em essência, os dois lados têm estado operando com cartilhas diferentes: Putin e seus compatriotas têm pensado e agido de acordo com ditames realistas, enquanto seus pares ocidentais têm aderido a ideias liberais sobre política internacional. O resultado é que os Estados Unidos e seus aliados, sem saber, provocaram uma grande crise na Ucrânia.

 

JOGO DA CULPA

Nessa mesma entrevista de 1998, Kennan previu que a expansão da OTAN provocaria uma crise, após a qual os proponentes da expansão “diriam o que sempre disseram, que é assim que os russos são.” Como se fosse uma sugestão, a maioria das autoridades ocidentais retratou Putin como o verdadeiro culpado na situação da Ucrânia. Em março, de acordo com o The New York Times, a chanceler alemã Angela Merkel deu a entender que Putin era irracional, dizendo a Obama que ele estava “em outro mundo”. Embora Putin tenha sem dúvida tendências autocráticas, nenhuma evidência apoia a acusação de que ele é mentalmente desequilibrado. Pelo contrário: ele é um estrategista de primeira classe que deve ser temido e respeitado por qualquer um que o desafie em sua política internacional.

Outros analistas alegam, mais plausivelmente, que Putin lamenta o fim da União Soviética e está determinado a reverter esse fato expandindo as fronteiras da Rússia. De acordo com essa visão, Putin, tendo conquistado a Crimeia, agora  está avaliando se é a hora certa de conquistar a Ucrânia, ou pelo menos sua parte oriental, e acabará sendo agressivo em relação a outros países vizinhos. Para alguns neste campo, Putin representa, no senso comum, um Adolf Hitler moderno, e fechar qualquer tipo de acordo com ele repetiria o erro de Munique. Portanto, a OTAN deve admitir que a Geórgia e a Ucrânia impeçam a Rússia, antes que ela domine seus vizinhos e ameace a Europa Ocidental.

Este argumento desmorona com uma inspeção de bem mais de perto. Se Putin estivesse comprometido em criar uma Rússia maior, os sinais de suas intenções quase certamente teriam surgido antes de 22 de fevereiro. Mas não há praticamente nenhuma evidência de que ele estava determinado a tomar a Crimeia, muito menos qualquer outro território na Ucrânia, antes dessa data. Mesmo os líderes ocidentais que apoiavam a expansão da OTAN não a estavam fazendo a partir de um medo como se a Rússia estivesse prestes a usar a força militar. As ações de Putin na Crimeia os pegaram de surpresa e parecem ter sido uma reação espontânea à deposição de Yanukovych. Logo depois, até Putin disse que se opunha à secessão da Crimeia, antes de mudar rapidamente de ideia.

Além disso, mesmo se ele quisesse, a Rússia não tem capacidade para conquistar e anexar facilmente o leste da Ucrânia, muito menos todo o país. Cerca de 15 milhões de pessoas – um terço da população da Ucrânia – vivem entre o rio Dnieper, que corta o país, e a fronteira russa. A esmagadora maioria dessas pessoas deseja permanecer na Ucrânia e certamente resistiria a uma ocupação russa. Ademais, o exército medíocre da Rússia, que mostra poucos sinais de se transformar em uma Wehrmacht {o tradicional exército alemão da primeira metade do século XX} moderna, teria poucas chances de pacificar toda a Ucrânia. Moscou não está numa posição favorável para gastar com uma ocupação cara; sua fraca economia sofreria ainda mais em face das sanções resultantes.

Mas mesmo que a Rússia ostentasse uma poderosa máquina militar e uma economia impressionante, provavelmente ainda seria incapaz de ocupar a Ucrânia com sucesso. Basta considerar as experiências dos soviéticos e americanos no Afeganistão, as experiências dos EUA no Vietnã e no Iraque e a experiência russa na Chechênia, para lembrar que as ocupações militares geralmente terminam mal. Putin entende claramente que tentar subjugar a Ucrânia seria como engolir um porco-espinho. Sua resposta aos eventos tem sido defensiva, não ofensiva.

 

UMA SAÍDA

Dado que a maioria dos líderes ocidentais continuam a negar que o comportamento de Putin seja motivado por questões legítimas de segurança nacional, não é de surpreender que eles têm tentado modificá-la ao dobrar suas apostas em suas políticas existentes e punindo a Rússia, para deter posteriores agressões. Embora Kerry tenha mantido que “todas as opções estão na mesa”, nem os Estados Unidos nem seus aliados da OTAN estão preparados para usar a força para defender a Ucrânia. O Ocidente está confiando em sanções econômicas para coagir a Rússia a encerrar seu apoio à insurreição no leste da Ucrânia. Em julho, os Estados Unidos e a U.E. {União Europeia} implementaram sua terceira rodada de sanções limitadas, visando principalmente indivíduos de alto nível intimamente ligados ao governo russo e alguns bancos de grande importância, empresas de energia e empresas de defesa. Eles também ameaçaram desencadear outra rodada de sanções mais duras, destinadas a setores inteiros da economia russa.

Tais medidas terão pouco efeito. Sanções severas, de um jeito ou de outro, provavelmente estão fora de cogitação; Os países da Europa Ocidental, especialmente a Alemanha, têm resistido impô-las por medo que a Rússia pudesse retaliar e causar uma catastrofe econômica dentro da U.E. {União Europeia}. Mas mesmo se os Estados Unidos pudessem convencer seus aliados a adotar medidas mais duras, Putin provavelmente não mudaria sua decisão. A História mostra que os países estão dispostos a receber grandes punições de maneira a proteger seus principais interesses estratégicos. Não há razão para pensar que a Rússia representa uma exceção a essa regra.

Primeiramente os líderes ocidentais também se apegaram às políticas provocativas que precipitaram a crise. Em abril, o vice-presidente dos EUA, Joseph Biden, se reuniu com legisladores ucranianos e disse a eles: “Esta é uma segunda oportunidade de cumprir a promessa original feita pela Revolução Laranja” {é preciso registrar que, Joe Biden, o então vice-presidente dos EUA e agora em 2022 já presidente dos EUA, e ao menos seu filho, na época estava envolvido em articulações de fraude na Ucrânia[3]}. John Brennan, diretor da CIA, não ajudou quando, no mesmo mês, visitou Kiev em uma viagem que a Casa Branca disse ter como objetivo melhorar a cooperação de segurança com o governo ucraniano.

A U.E. {Uniãio Europeia}, enquanto isso, tinha continuado a empurrar sua Parceria Oriental. Em março, José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, resumiu o pensamento da U.E. {Uniãio Europeia} sobre a Ucrânia, dizendo: “Temos uma dívida, um dever de solidariedade com aquele país, e vamos trabalhar para tê-los o mais próximo possível de nós.” E com certeza, em 27 de junho, a U.E. {Uniãio Europeia} e a Ucrânia assinaram o acordo econômico que Yanukovych havia fatalmente rejeitado sete meses antes. Também em junho, em reunião da OTAN com ministros das Relações Exteriores dos membros, foi acordado que a aliança permaneceria aberta a novos membros, embora os ministros das Relações Exteriores deixassem de mencionar a Ucrânia pelo nome. “Nenhum país terceiro tem poder de veto sobre o alargamento da OTAN”, anunciou Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da OTAN. Os ministros das Relações Exteriores também concordaram em apoiar várias medidas para melhorar as capacidades militares da Ucrânia em áreas como comando e controle, logística e defesa cibernética. Os líderes russos naturalmente deram coice diante dessas ações; a resposta do Ocidente à crise só tornará uma situação que já era ruim ainda pior.

Há uma solução para a crise na Ucrânia, contudo – iria requerer que o Ocidente pense sobre o país em fundamentalmente uma nova maneira. Os Estados Unidos e seus aliados devem abandonar seu plano de ocidentalizar a Ucrânia e, em vez disso, tentar torná-la um amortecedor, neutro, entre a OTAN e a Rússia, semelhante à posição da Áustria durante a Guerra Fria. Os líderes ocidentais devem reconhecer que a Ucrânia é tão importante para Putin que eles não podem apoiar um regime anti-russo lá. Isso não significaria que um futuro governo ucraniano teria que ser pró-Rússia ou anti-OTAN. Pelo contrário, o objetivo deve ser uma Ucrânia soberana que não caia sob o campo da Russia nem do Ocidente.

Para alcançar este fim, os Estados Unidos e seus aliados devem descartar publicamente a expansão da OTAN na Geórgia e na Ucrânia. O Ocidente também deve ajudar a elaborar um plano de resgate econômico para a Ucrânia financiado conjuntamente pela U.E. {União Europeia}, o Fundo Monetário Internacional, a Rússia e os Estados Unidos – uma proposta que Moscou deve apoiar, dado seu interesse em ter uma Ucrânia próspera e estável em seu flanco ocidental. E o Ocidente deveria limitar consideravelmente seus esforços de engenharia social dentro da Ucrânia. É hora de colocar um fim ao apoio ocidental de outra Revolução Laranja. No entanto, os líderes dos EUA e da Europa devem incentivar a Ucrânia a respeitar os direitos das minorias, especialmente os direitos linguísticos de seus falantes de russo.

Alguns podem argumentar que mudar a política em relação à Ucrânia, a essa altura, prejudicaria seriamente a credibilidade dos EUA em todo o mundo. Sem dúvida haveria algum prejuízo, mas os custos de continuar uma estratégia mal orientada seria muito maior. Além disso, outros países tendem a respeitar um Estado que aprende com seus erros e, em última análise, elabora uma política que lida efetivamente com o problema em questão. Esse caminho está claramente aberto aos Estados Unidos.

Também se ouve a alegação de que a Ucrânia tem o direito de determinar com quem deseja se aliar e os russos não têm o direito de impedir que Kiev se junte ao Ocidente. Essa é uma decisão perigosa para política externa ucraniana. A triste verdade é que na política das grandes potências a lei do mais forte prevalece. Direitos abstratos, como a autodeterminação, são em grande parte sem sentido quando Estados poderosos entram em disputas com estados mais fracos. Cuba tinha o direito de formar uma aliança militar com a União Soviética durante a Guerra Fria? Os Estados Unidos certamente não pensaram assim, e os russos pensam da mesma forma sobre a adesão da Ucrânia ao Ocidente. É do interesse da Ucrânia entender esses fatos da vida e agir com cautela ao lidar com seu vizinho mais poderoso.

Mesmo que se rejeite essa análise, no entanto, e se creia que a Ucrânia tem o direito de solicitar a adesão à U.E. {União Europeia} e à OTAN, o fato é que os Estados Unidos e seus aliados europeus têm o direito de rejeitar esses pedidos. Não há razão para integrar a Ucrânia ao Ocidente se essa continua com uma política externa equivocada, principalmente se sua defesa não seja de interesse vital para eles {os países ocidentais}. Satisfazer os sonhos de alguns ucranianos não vale a animosidade e os conflitos que isso causará, especialmente para o povo ucraniano.

É claro que alguns analistas podem admitir que a OTAN não agiu da maneira adequada em relação a Ucrânia mas também sustentam que a Rússia constitui um inimigo que com o tempo só se tornará ainda mais formidável – e que o Ocidente, portanto, não tem escolha a não ser continuar sua política atual. Mas este ponto de vista está muito equivocado. A Rússia é uma potência em declínio e  que ficará ainda mais fraca com o tempo. Além disso, mesmo que a Rússia fosse uma potência em ascensão, ainda não faria sentido incorporar a Ucrânia à OTAN. A razão é simples: os Estados Unidos e seus aliados europeus não consideram a Ucrânia um interesse estratégico central, provado por sua relutância em utilizar de força militar para ajudá-la. Seria, portanto, o cúmulo da loucura criar um novo membro da OTAN que os demais membros não têm a intenção de defender. A OTAN se expandiu no passado porque os liberais presumiram que a aliança nunca teria que honrar suas novas garantias de segurança, mas o recente jogo de poder da Rússia mostra que conceder à Ucrânia a adesão à OTAN poderia colocar a Rússia e o Ocidente em curso de colisão.

Cutucar pela atual política iria também complicar as relações ocidentais com Moscou em outras questões. Os Estados Unidos precisam da ajuda da Rússia para retirar seus equipamentos através do território russo do Afeganistão, chegar a um acordo nuclear com o Irã e estabilizar a situação na Síria. Na verdade, Moscou ajudou Washington em todas essas três questões no passado; no verão de 2013, foi Putin que fez o trabalho difícil para Obama, forjando acordo sob o qual a Síria concordou em abandonar suas armas químicas, evitando assim a intervenção militar americana que Obama havia ameaçado. Um dia os Estados Unidos também precisarão da ajuda da Rússia para conter uma China em ascensão. A atual política dos EUA, contudo, está somente dirigindo para maior Moscou e Pequim para ficaram mais juntos.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus agora encaram uma dura escolha em relação a Ucrânia. Eles podem continuar sua política atual, que irá exacerbar as hostilidades com a Rússia e devastar a Ucrânia no processo – um cenário em que todos sairiam perdendo. Ou podem trocar de marcha e trabalhar para criar uma Ucrânia próspera, porém neutra, que não ameace a Rússia e permita que o Ocidente restaure suas relações com Moscou. Com essa abordagem, todos os lados ganhariam.

Tradução por Davi Ciampa Heras

Revisão e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Notas

[1] Nota de Mykel Alexander: Who exactly is governing Ukraine?, por Harriet Salem, 04 de março de 2014, The Guardian.

https://www.theguardian.com/world/2014/mar/04/who-governing-ukraine-olexander-turchynov   

[2] Nota de Mykel Alexander: Sobre antecedentes e o desdobramento da crise ucraniana refletindo na Rússia como resultado da articulação de neoconservadores americanos, democratas americanos e os segmentos do judaísmo internacional ver:

- {Retrospectiva 2008 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} Os Neoconservadores versus a Rússia, por Kevin MacDonald, 19 de março de 2022, World Traditional Front.

 https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/os-neoconservadores-versus-russia-por.html

- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} - As armas de agosto - parte 1, por Israel Shamir, 08 de maio de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/retrospectiva-2014-assedio-do-ocidente.html

- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} - As armas de agosto II - As razões por trás do cessar-fogo, por Israel Shamir, 15 de maio de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/retrospectiva-2014-assedio-do-ocidente_15.html

- Odiar a Rússia é um emprego de tempo integral Neoconservadores ressuscitam memórias tribais para atiçar as chamas, por Philip Girald, 18 de julho de 2018, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/07/odiar-russia-e-um-emprego-de-tempo.html

- {Retrospectiva 2021 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} - Flashpoint Ucrânia: Não cutuque o urso {Rússia}, por Israel Shamir, 22 de maio de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/05/retrospectiva-2021-assedio-do-ocidente.html   

- {Assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia em 2022} - Neoconservadores, Ucrânia, Rússia e a luta ocidental pela hegemonia global, por Kevin MacDonald, 21 de março de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/neoconservadores-ucrania-russia-e-luta.html  

[3] Nota de Mykel Alexander:  Sobre a conexão através de fraudes e articulações suspeitas dos democratas americanos com o regime ucraniano e a empresa Burisma ver:

- {Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia – Corrupção Ucrânia-Joe Biden-EUA} O saque da Ucrânia por democratas americanos corruptos- Uma conversa com Oleg Tsarev revela a suposta identidade do “denunciante Trump/Ucrânia”, por Israel Shamir, 08 de março de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/03/retrospectiva-2019-corrupcao-ucrania.html

                Sobre o desdobrar do contexto acima junto às agitações na Ucrânia ver:

- Biden, Zelensky e os Neoconservadores - Quando você está em um buraco, você sempre pode cavar mais fundo, por Philip Giraldi, 26 de agosto de 2022, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/08/biden-zelensky-e-os-neoconservadores.html

 

Fonte: Why the Ukraine Crisis Is the West’s Fault - The Liberal Delusions That Provoked Putin, por John J. Mearsheimer, setembro/outubro 2014, Foreign Affairs.

Sobre o autor: John Joseph Mearsheimer (1947-) é um cientista político americano e estudioso de relações internacionais, que pertence à escola de pensamento realista. Ele é o R. Wendell Harrison Distinguished Service Professor na Universidade de Chicago (de 1989 a 1992, atuou como presidente do departamento). Aos 17 anos, Mearsheimer se alistou no Exército dos EUA. Após um ano como membro alistado, obteve uma nomeação para a Academia Militar dos Estados Unidos em West Point, que frequentou de 1966 a 1970. Após a formatura, serviu por cinco anos como oficial da Força Aérea dos Estados Unidos. Em 1974, enquanto estava na Força Aérea, Mearsheimer obteve um mestrado em relações internacionais pela University of Southern California. Ele entrou na Universidade de Cornell e em 1980 obteve um Ph.D. no governo, especificamente nas relações internacionais. De 1978 a 1979, foi pesquisador da Brookings Institution em Washington, DC. De 1980 a 1982, foi pós-doutorando no Centro de Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard. Durante o ano acadêmico de 1998-1999, ele foi o Whitney H. Shepardson Fellow no Conselho de Relações Exteriores em Nova Iorque. Ele também é membro do corpo docente do programa de pós-graduação do Comitê de Relações Internacionais e é codiretor do Programa de Política de Segurança Internacional.

É autor de: Conventional Deterrence (1983), Nuclear Deterrence: Ethics and Strategy (co-editor, 1985); Liddell Hart and the Weight of History (1988); The Tragedy of Great Power Politics (2001); The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy (2007); e Why Leaders Lie: The Truth About Lying in International Politics (2011); The Great Delusion: Liberal Dreams and International Realities (2018).

Seus artigos apareceram em revistas acadêmicas como a International Security, Foreign Affairs e em revistas populares como a London Review of Books. Ele escreveu artigos de opinião para o The New York Times, o Los Angeles Times e o Chicago Tribune.

_________________________________________________________________________________

Relacionado, leia também:

{Retrospectiva 2022 – Guerra EUA/OTAN/Ucrânia x Rússia} – A Invasão - por Israel Shamir

{Retrospectiva 2022 – EUA/OTAN/Ucrânia x Rússia} - Ucrânia: Putin não está com medo - por Israel Shamir

{Retrospectiva 2022} Ucrânia: A Nova Guerra Americana pelo moralmente certo e justificado - por Boyd D. Cathey

A CIA Explodiu o Gasoduto Nord Stream Para Impedir Que a Rússia Viesse em Socorro da Europa Neste Inverno? - por Paul Craig Roberts

Como os Estados Unidos Provocaram a Crise na Ucrânia - por Boyd d. Cathey

{Retrospectiva - 2022 - Rússia - OTAN - EUA - Ucrânia} A Guerra Que Não Foi Travada - por Israel Shamir

{Retrospectiva 2021 - Rússia x EUA } Victoria {Nuland, secretária de Estado judia dos EUA para Europa} irrita os russos, mas adequadamente - por Israel Shamir

{Retrospectiva 2014} – Ucrânia: o fim da guerra fria que jamais aconteceu - Por Alain de Benoist

De quem é o grão que está sendo enviado da Ucrânia? Gigantes do agronegócio transgênico da América assumirão o controle das terras agrícolas da Ucrânia - por Frederick William Engdahl

Ucrânia: Privatização de Terras Exigida pelo FMI, Ligações ao Escândalo de Biden Graft. Falência projetada da economia nacional - Por Dmitriy Kovalevich

Biden, Zelensky e os Neoconservadores - Quando você está em um buraco, você sempre pode cavar mais fundo - Por Philip Giraldi

A Mão Judaica na Terceira Guerra Mundial - Liberdade de expressão versus catástrofe - por Thomas Dalton {academic auctor pseudonym}

Aleksandr Solzhenitsyn, Ucrânia e os Neoconservadores - Por Boyd T. Cathey

{Retrospectiva 2004 - Ocidente-Ucrânia... e o judaísmo internacional} Ucrânia à beira do precipício - Por Israel Shamir

A Guerra de Putin - por Gilad Atzmon

Jeffrey Sachs e Philip Giraldi: a guerra na Ucrânia é mais uma guerra neoconservadora - por Kevin MacDonald

Quão judaica é a guerra contra a Rússia? Sejamos honestos sobre quem está promovendo - por Philip Giraldi

Crepúsculo dos Oligarcas {judeus da Rússia}? - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}

A obsessão de Putin pelo Holocausto - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}

{Retrospectiva 2022 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} - Bastidores e articulações do judaísmo {internacional} na Ucrânia - por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}

{Retrospectiva 2021 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} - Flashpoint Ucrânia: Não cutuque o urso {Rússia} - por Israel Shamir

{Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia}- As armas de agosto II - As razões por trás do cessar-fogo - Por Israel Shamir

{Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} - As armas de agosto - parte 1 Por Israel Shamir

{Retrospectiva 2014 - assédio do Ocidente Globalizado na Ucrânia} A Ucrânia em tumulto e incerteza - Por Israel Shamir

Neoconservadores, Ucrânia, Rússia e a luta ocidental pela hegemonia global - por Kevin MacDonald

Os Neoconservadores versus a Rússia - Por Kevin MacDonald

{Retrospectiva 2014} O triunfo de Putin - O Gambito da Crimeia - Por Israel Shamir

{Retrospectiva 2014} A Revolução Marrom na Ucrânia - Por Israel Shamir

{Retrospectiva 2019 – Corrupção Ucrânia-JoeBiden-EUA} O saque da Ucrânia por democratas americanos corruptos- Uma conversa com Oleg Tsarev revela a suposta identidade do “denunciante Trump/Ucrânia” - por Israel Shamir

O vice-Presidente Biden reconhece o ‘imenso’ papel judaico nos meios de comunicação de massa e vida cultural americana - Por Mark Weber

{Retrospectiva 2014 - Rússia-Ucrânia-EUA-Comunidade Europeia} O pêndulo ucraniano - Duas invasões - Por Israel Shamir

{Retrospectiva 2013 - Rússia-Ucrânia-EUA-Comunidade Europeia} - Putin conquista nova vitória na Ucrânia O que realmente aconteceu na crise ucraniana - Por Israel Shamir

{Retrospectiva 2014 - Rússia-Ucrânia... e os judeus} O Fatídico triângulo: Rússia, Ucrânia e os judeus – por Israel Shamir

Odiar a Rússia é um emprego de tempo integral Neoconservadores ressuscitam memórias tribais para atiçar as chamas - Por Philip Girald


Sobre a difamação da Polônia pela judaísmo internacional ver:

Um olhar crítico sobre os “pogroms” {alegados massacres sobre os judeus} poloneses de 1914-1920 - por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}


Sobre a influência do judaico bolchevismo (comunismo-marxista) na Rússia ver:

Revisitando os Pogroms {alegados massacres de judeus} Russos do Século XIX, Parte 1: A Questão Judaica da Rússia - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}.  Parte 1 de 3, as demais na sequência do próprio artigo.


Mentindo sobre o judaico-bolchevismo {comunismo-marxista} - Por Andrew Joyce, Ph.D. {academic auctor pseudonym}

Os destruidores - Comunismo {judaico-bolchevismo} e seus frutos - por Winston Churchill

A liderança judaica na Revolução Bolchevique e o início do Regime soviético - Avaliando o gravemente lúgubre legado do comunismo soviético - por Mark Weber

Líderes do bolchevismo {comunismo marxista} - Por Rolf Kosiek

Wall Street & a Revolução Russa de março de 1917 – por Kerry Bolton

Wall Street e a Revolução Bolchevique de Novembro de 1917 – por Kerry Bolton

Esquecendo Trotsky (7 de novembro de 1879 - 21 de agosto de 1940) - Por Alex Kurtagić

{Retrospectiva Ucrânia - 2014} Nacionalistas, Judeus e a Crise Ucraniana: Algumas Perspectivas Históricas - Por Andrew Joyce, PhD {academic auctor pseudonym}

Nacionalismo e genocídio – A origem da fome artificial de 1932 – 1933 na Ucrânia - Por Valentyn Moroz


Sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber

Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico - por David Duke

Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus - por Khalid Amayreh

Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir

Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir

Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão publicados apenas quando se referirem ESPECIFICAMENTE AO CONTEÚDO do artigo.

Comentários anônimos podem não ser publicados ou não serem respondidos.