domingo, 14 de abril de 2019

Cristianismo – uma ruptura total ou parcial com o judaísmo? - Parte 3 - Por Mykel Alexander

Continuação da segunda parte: Cristianismo – uma ruptura total ou parcial com o judaísmo? - Parte 2 - Por Mykel Alexander

Mykel Alexander

As origens das correntes judaicas surgidas após o chamado cativeiro na Babilônia (séculos VI e V a.C.)

Antes de considerar se houveram mais outras evidências de esforços para rejudaizar o evangelho, examinar o ambiente político da época irá melhorar a compreensão do contexto em geral no período romano e ver em que extensão as correntes judaicas poderiam moldar o desenvolvimento do cristianismo. Tais correntes possuem origens remotas as quais serão expostas a seguir em seus delineamentos básicos.

Evitando as controvérsias das origens judaicas que confrontam relatos literários bíblicos com relatos históricos e arqueológicos, pode-se afirmar que na última época do Império Assírio (Império Neoassírio), iniciada no século X a.C., haviam dois reinos vizinhos na região da Palestina, os israelitas e imediatamente ao sul os judeus. Aqui já temos um fato que passa despercebido entre a maior parte das pessoas: israelitas e judeus não são palavras sinônimas e intercambiáveis para se referirem a um mesmo povo, pois havia o reino da Judeia com o povo judeu, e havia o reino dos Israel com o povo israelita, sendo eles povos diferentes, porém vizinhos, e que num período anterior ao Império Neoassírio viviam em uma unidade monárquica, a qual seria dissolvida no século X a.C., tendo o reino de Israel se mantido como um Estado independente até o século VIII a.C. quando o Império Neoassírio os conquistou, e o povo israelita fundiu-se entre os habitantes do Império Neoassírio, passando Israel, em seu sentido legítimo, nunca mais existir como Estado nem como povo, embora alguns contingentes de israelitas teriam se agregado aos judeus antes de se assimilarem com outros povos (Dubnow, pp 170-171), por outro lado, o reino da Judeia perdurou como Estado independente até o século VI a.C. quando o Império Neobabilônico os conquistou.

Porém o povo judeu não teria se fundido totalmente entre os habitantes do império conquistador, conservando-se assim este povo com suas tradições, não mais como Estado independente, mas como contingentes divididos entre os que permaneciam na Judéia, esta como uma província da Babilônia, e os que foram levados para própria Babilônia, tanto na capital como em outras cidades, sendo este episódio conhecido como “Cativeiro babilônico”, contudo, teria sido conservada aos judeus em tal “cativeiro” a plena liberdade religiosa, com posse de terras inclusive, além de exercerem manufatura e comércio (Dubnow, p. 171).

Este período, o do “Cativeiro babilônico”, estava para terminar, uma vez que no noroeste a Pérsia ia assumindo a condição de maior potência da Ásia Menor, e mesmo sob condições generosas, como mencionadas acima, os judeus passaram a exaltar o invasor persa, e dizendo que ‘Deus’ que enviara o soberano persa contra os babilônios, comemorando com “jubilo” a chegada do invasor persa em 537/538 a.C., contudo a Judéia ainda não seria independente, visto que fora convertida em província persa, e os judeus sob a liderança de Zorobabel iniciaram seu regresso do “Cativeiro”, indo da Babilônia e de outros países para a Judeia. (Dubnow, pp 175-179). Um episódio contido nas escrituras judaicas, no livro de Daniel, menciona Belsazar, filho de Nabonido, este o último soberano babilônico antes da conquista persa. Este episódio será de maneira sinistra rememorado por grupos judaicos na Rússia, em 1917 d.C. quase 2500 anos depois do tempo em que viveu Belsazar.

É muito relevante registrar que ao mesmo tempo que milhares de judeus retornavam para sua almejada terra, parte dos mesmos judeus preferiram ficar voluntariamente na terra do “Cativeiro”, e da Babilônia enviavam para seus irmãos dinheiro, provisões e gado (Dubnow, p. 178).

Jerusalém estava deteriorada, e narra Dubnow, com muitas construções em ruínas, e no local onde alegava-se ter existido o primeiro Templo, o qual haveria sido construído nos tempos de Salomão e colapsado na conquista babilônica, iniciou-se a construção do celebrado segundo Templo, erigido em proporções, segundo a narrativa judaica, muito mais modestas que o suposto templo precedente.

Os samaritanos, mestiços de judeus e pagãos, sendo no máximo considerados como “semi-judeus”, foram impedidos de participar na construção do novo templo e teriam alimentado ressentimentos que resultariam em crescente rixa (Dubnow, p. 181). Apesar de adversidades principalmente do ambiente geopolítico devido as guerras do Império Persa contra o Egito, em 516 a.C., a construção do segundo Templo foi concluída.

Com a morte dos então líderes político e religioso da Judeia, Zorobabel e o sacerdote chamado Josué respectivamente, tanto as relações exteriores com outros povos bem como a observância das leis judaicas entre a própria população da Judeia se afrouxaram, e os judeus passaram a contrair matrimônio com mulheres moabitas, amonitas e samaritanas. Dubnow narra que o último dos profetas bíblicos, Malaquias, teria advertido tanto o povo como os demais profetas negligentes para com o rigor das observâncias judaicas, que todos estavam a cometer erros tremendos, e alertaria sobre a vinda dum reformador judeu.

Tal reformador era o Esdras do Antigo Testamento¸ descendente de sacerdotes e que teria vindo do núcleo remanescente do “Cativeiro” judaico na Babilônia, sob a aprovação e apoio do soberano persa Artaxerxes I. Estando em Jerusalém, e trazendo mais de mil judeus com ele em 458 a.C., teria Esdras exortado o povo judeu a conduzir-se conforme a Torá e sem se misturar com os povos estrangeiros, inclusive exigindo que todos judeus casados com estrangeiras deveriam se divorciar delas, e estas teriam sido despachadas para seus antigos lares, o que resultou em agravamento do ressentimento dos moabitas, amonitas e samaritanos, seguido de depredação destes sobre Jerusalém. (Dubnow, p. 183)

Da corte de Artaxerxes I em Susa, a capital da Pérsia, veio o judeu Neemias para Jerusalém em 445 a.C., priorizando a fortificação desta cidade, o que seria seguido pela reedificação das casas derrubadas. A maior parte da população estava nas aldeias e não em Jerusalém, e devido a longa estiagens se submetiam a pagar preços altos, agravando tal situação estavam as condições severas impostas pelos que tinham posse dos cereais, culminando inclusive que os credores confiscassem os imóveis dos devedores, podendo estes últimos inclusive até serem convertidos em escravos.

Nesse então Neemias nas questões políticas e Esdras nas questões espirituais viriam a restaurar a ordem em Jerusalém. Num comício em que haveria reunido o povo de Jerusalém, Esdras teria lido em voz alta alguns capítulos da Torá, e encarregado os levitas de explicarem ao povo detalhadamente o que estava lendo. Subsequentemente teriam-se lido um manuscrito no qual representantes do povo, sacerdotes e levitas firmaram o compromisso de cumprirem as disposições da Torá. Neemias ainda teria reiterado as medidas de Esdras para que os varões se divorciassem em caso de possuírem esposas não judias, somando-se assim mais um episódio de ressentimento, principalmente dos samaritanos, alargando o distanciamento já existente entre estes e os judeus (Dubnow, pp 185-186).


A sinagoga

Quem procura entender a história judaica necessita conhecer também sua possivelmente mais importante instituição, a qual congrega os judeus, a saber, a Sinagoga. Dubnow explica (p, 186) que a partir do chamado “cativeiro” na Babilônia, a atividade dos antigos condutores do povo judeu, conhecidos como profetas, foi cessando paulatinamente.
“No lugar dos profetas começaram a atuar os sábios, instruídos na Lei de Moisés e nos antigos livros sagrados. Estes homens, que se chamavam Escribas, procediam conforme as indicações de Esdras: fizeram conhecer ao povo judeu as leis religiosas, morais e sociais que se conservavam nos livros sagrados e por tradição oral. Ainda quando a Judeia se encontrava sob a hegemonia da Pérsia, sua vida interna, no entanto, se moldava às leis da Torá[10]. Os anciões do povo eram os Sacerdotes Maiores. Governavam com a ajuda de um conselho ou ‘Assembleia de anciões.’ Este conselho se chamava ‘Grande Sinagoga’ e estava formado por sábios e pelos melhores representantes do povo. Refere a tradição que os membros da ‘Grande Sinagoga’ se haviam proposto três coisas: introduzir a verdade e a retidão na justiça, instruir o povo e estabelecer um cerco para a Torá, isto é, rodear as velhas leis com novas e rigorosas disposições. A ‘Grande Sinagoga’ nomeou juízes que julgavam o povo em conformidade com as leis da Torá; cuidou assim mesmo de educar a juventude e de ensinar a plebe a ler e escrever.” (Dubnow, pp 186-187).

É preciso fazer uma observação, no que se refere a afirmação contida acima, especificamente este trecho: “introduzir a verdade e a retidão na justiça.” Isso terá alguma importância no tempo do principal herege cristão, Marcião, no século II d.C.

            Ao examinarmos o desenvolvimento da sinagoga nos deparamos com várias complicações.

Uma complicação é que a palavra sinagoga procede do grego sunagōgἕ que significa ‘ação de reunir’, também utilizada no sentido de ‘reunir em assembleia’[11], todavia essa exata palavra, sendo utilizada somente a partir dos judeus gregos-helenísticos entre os séculos III e II a.C., é anacrônica em relação à origem da sinagoga como instituição propriamente, se termos em conta que esta passou a vigorar já no século V. a.C. na ocasião das reformas de Esdras e Neemias, conforme acima exposto.

Portanto, tais assembleias que seriam denominadas de sinagoga pelos judeus de fala grega, possuíam uma denominação anterior, em hebraico, usada na Judeia ao menos a partir do momento que judeus voltaram do chamado “Cativeiro” na Babilônia no século V. a.C., uma vez que nesse período o local de encontro dos judeus ou assembleia eram denominados por bet ha-keneset, palavra hebraica, tendo em consideração que ‘a assembleia do povo para adoração’ era denominada como uma keneset, hebraico[12]. A fonte destas informações procede do livro Neemias, capítulos 9 e 10 a qual contém a narrativa dos eventos das reformas de Esdras e Neemias conforme acima exposta, e quando se fala que a origem da instituição da sinagoga seria durante tais reformas, é porque quando o povo foi reunido por Esdras num comício, conforme também já exposto, tal reunião foi referida como a “grande assembleia”, em hebraico keneset ha-gedolah[13],de modo que a palavra keneset seria então vertida posteriormente ao grego como sinagoga.

Contudo, outra complicação é que a origem do conceito de sinagoga parece ser mais remota ainda que no século V a.C. no qual os judeus estavam respectivamente sob o domínio dos impérios babilônico e persa. A menção da “casa da oração”[14] que o profeta Isaias, estimado ter vivido no século VIII a.C., projeta para ocorrer no futuro através de uma profecia sobre a construção de um novo templo que viria a ser erigido em Jerusalém, pode ter sido baseada em algum modelo de  assembleia judaica vigente[15] em seu tempo, precursora do keneset do período persa e da sinagoga do período helenístico[16].

Não obstante, na busca pela origem da sinagoga, segundo a tradição judaica, pode-se recuar ainda mais que o século que supostamente Isaias teria vivido, VIII a.C., e retroceder até o tempo de Moisés:
 “A origem da sinagoga, na qual a congregação se reunia para adorar e receber instruções religiosas conectadas com ela, é envolta na obscuridade. Na época que ela tinha se tornado uma instituição central do judaísmo (nenhum período da história de Israel é concebível sem ela), ela já era considerada como de origem antiga, remontando ao tempo de Moisés.[17]
Mas mesmo admitindo que o que veio a se chamar sinagoga posteriormente teria surgido no período de Moisés, isto ainda não resolve, ao menos em termos de datação cronológica, tal questão, pois ter o tempo Moisés como parâmetro para estipular datação é ainda inviável, pois se por um lado a tradição judaica alega ser o período que Moisés viveu anterior ao primeiro milênio a.C., por outro lado, tal estimativa é de difícil confirmação, devido a dificuldades de comprovação histórica da própria figura de Moisés.

A obscuridade nessa questão persiste ainda por outros motivos, pois supondo que descobertas arqueológicas ou histórico-literárias permitissem datar o período em que viveu Moisés, e, consequentemente, teríamos então determinado o período em que haveria surgido a sinagoga, ainda sim as informações são abertas, pois limitando-nos apenas em remontar ao tempo de Moisés, sem acesso à informações que dessem mais detalhes do que era a sinagoga da época, a questão continuaria vaga, pois teríamos de nos contentarmos somente com a especulação muito aberta, e também, por outro lado, deve-se lembrar que não se exclui que nesse período de Moisés a suposta sinagoga ou proto­-sinagoga fosse ainda uma continuação de uma outra instituição precedente semelhante, nos perdendo assim, inevitavelmente, numa névoa conforme recuamos no tempo, de modo que ao fazermos isso, ficam raros os dados positivos arqueológicos e históricos, e ao mesmo tempo que tornam-se raros, estes ainda se diluem nas fontes tradicionais, as quais seguem um padrão conforme se retrocede no tempo, a saber, o conteúdo transmitido escrito tende a ser menos histórico e mais literário, e retrocedendo ainda mais no tempo, passa a ser um compilado recolhido de  transmissão oral, por fim, passando a permanecer somente a mitologia, cuja interpretação de datação é muito mal explorada ainda. Mircea Eliade, um dos mais capacitados estudiosos da história das religiões, em sua História das Crenças e das Ideias Religiosas, ao chegar no fundo do passado dos povos que aborda, muitas vezes inferiu que tal fundo era o final de uma etapa anterior, que apesar de inferível, todavia, não era alcançável em detalhes ou mesmo nas apreciações mais básicas. De qualquer maneira, os estudos atuais já admitem a possibilidade de identificar os antepassados dos judeus, denominados de habirus[18], palavra a qual, segundo alguns estudiosos, teria dado origem ao termo hebreu. A descoberta dos habirus fornecem um recuo na ancestralidade judaica insuspeita por muitos estudiosos do assunto, inclusive um fato como o dos habiru seria visto com muito ceticismo no século XIX, ou até mesmo rechaçados a priori, ao mesmo tempo que a infantil cronologia de criação do mundo feita pelo bispo irlandês James Ussher no século XVII, a qual afirmava que o mundo tinha apenas cerca de 6000 anos de existência[19] tinha adeptos ainda. O estudo multidisciplinar pode diminuir muito a margem de erros, trazendo à superfície fatos insuspeitos por muitos, e contrariar algumas afirmações e paradigmas que foram aceitos precipitadamente.

     Assim, se em relação às origens da sinagoga, tais considerações expostas mostraram possibilidades amplas e vagas, restam, por outro lado, afirmações mais exatas e precisas, como a que segue abaixo:  
“A sinagoga como uma instituição permanente originou-se provavelmente no período do cativeiro babilônico, quando um lugar comum para adoração e instrução se tornou necessário.[20]
Pode-se deduzir como conclusão, portanto, que as assembleias que reuniam judeus, equivalentes ao que se veio a chamar de keneset e sinagoga, até poderiam existir antes do período de Esdras e Neemias no século V a.C., porém, não se detendo à especulação e atendendo uma maior consistência de dados históricos, consolidaram-se como instituição permanente, regular, contínua e, principalmente, com enorme autoridade, somente a partir destes dois líderes judeus do século V a.C.

Esdras e seus sucessores, os escribas, empreenderam a recopilação das tradições judaicas surgidas em épocas pretéritas, tanto as transmitidas pelas escrituras quanto as transmitidas oralmente. Esta compilação foi ordenada em três seções:

A primeira sendo a Torá ou Lei de Moisés, composta por cinco livros que juntos se denomina Pentateuco.

O primeiro deles é o Gênesis, que pretende relatar a história dos homens desde a criação até Abraão e a vida do povo judeu (hebreu nas palavras de Dubnow, o que nos permite relacioná-los com os mencionados habirus) até a suposta estadia de José no Egito.

O segundo deles é o Êxodo, narrando a suposta escravidão dos judeus no Egito, a alegada recepção das leis de Deus por Moisés, bem como a existência de um templo judaico em forma de cabana, denominado de tabernáculo, que pretende a tradição judaica, ter sido a casa de Deus na terra, sendo precursor do Templo de Salomão.

O terceiro livro é o Levítico, que fala da tribo dos levitas que exerciam em geral atividades sacerdotais. O quarto livro é Números, referente às alegadas andanças do povo judeu entre o Egito e Palestina. O quinto livro é Deuteronômio o qual seria uma revisão das leis e disposições legadas por Moisés.

            A segunda seção da compilação é a dos Profetas, dividida em duas partes, profetas maiores e profetas menores. A primeira parte pretende narrar o período desde a chegada na Palestina até a destruição do alegado primeiro Templo durante a conquista dos babilônios sobre a Judeia. A segunda parte trata de desenvolvimentos dos costumes judaicos.

            Após a morte de Esdras e Neemias os judeus, tanto na Judeia quanto noutras cidades dentro do Império Persa, por aproximadamente um século não foram perturbados em seu país sob tal regime, este não se intrometia nos assuntos internos dos judeus, limitando-se apenas a receber de seus habitantes o tributo anual fixado (Dubnow, pp 187-188). Todavia, teria surgido uma intriga colocando de um lado o persa Hamã e doutro os judeus, estes sob a liderança de Mordecai que também era íntimo do ambiente palaciano de Xerxes I. Sob os argumentos de Hamã, Xerxes I haveria promulgado um édito que teria equivalência a perseguição dos judeus, contudo, através das intrigas palacianas o lado judeu prevaleceu e permitiu os judeus reverterem a situação de possíveis vítimas de massacre para executores de massacre em seus perseguidores, sendo tal evento, narrado no livro de Esther, inserido nas festividades judaicas a partir de então sob o nome de Purim (Dubnow, pp 188-189). No entanto essa narrativa, especificamente a contida em Esther, já no início do século XX, diante do exame histórico encontrou dificuldades enormes para ser sustentada como fundamentada em fatos[21], e ainda assim os fanáticos religiosos abraâmicos, incluindo os cristãos, em geral, desqualificam as escrituras de outros povos mesmo que estas tenham consolidada veracidade comprovada no estudo comparado através de várias disciplinas, evidenciando a grandeza de tais povos, com suas respectivas culturas e civilizações, para, por outro lado, subscreverem a narrativa judaica do Antigo Testamento, a qual não pode ser comprovada em muitas partes fundamentais, incluindo as narrativas dos reinos da Judeia e de Israel, que pretendem se referir a um período anterior ao Império Neoassírio, motivo pelo qual optei repassar essa leitura histórica somente após o período neoassírio.  

A terceira seção das escrituras judaicas é a dos hagiógrafos ou escritos, que reunia muitos temas, como hinos religiosos e parábolas, depois há uma série de tratados denominados de Cinco Rolos, contendo crônicas da vida cotidiana com suas alegrias e pesares bem como os episódios mais recentes até os eventos contidos no livro de Esther e imediatamente posteriores, seguido com dois livros de teor histórico que tratam do período dos judeus sob os impérios babilônico e persa, finalizando com uma crônica geral da história judaica, o livro Crônicas.

Dubnow (p. 180), que foi além de historiador um fervoroso e militante sionista, pretende que tais escrituras sejam as maiores da humanidade.



Continua...


Notas


[10] Ver também Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619:
“Após o retorno do Cativeiro, quando a vida religiosa foi reorganizada, especialmente sobre Esdras e seus sucessores, em adoração congregacional, consistindo em orações e leituras de seções da Bíblia, desenvolvida lado a lado com o renascimento do culto do Templo em Jerusalém, e assim levou à construção de sinagogas.”

[11] Dicionário Houaiss, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1ª edição, 2001. Vocábulo sinagoga.

[12] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.

[13] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.

[14] Essa menção está especialmente na passagem de Isaias 56.7

[15] Como exposto mais à frente, Bacher e Dembitz (em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.) afirmam que nenhum período da história de Israel, e deve-se supor, da Judeia também, é concebível sem a instituição da assembleia, a qual tornou-se célebre, como tem sido explicado, sob os nomes primeiro de keneset e depois sinagoga, e podemos deduzir que no período de Isaias era o que este se referia como “casa da oração.”

[16] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.

[17] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.

[18] The Oxford Handbook of Biblical Studies (editador por J. W. Rogerson e Judith M. Lieu), Oxford University Press, Nova Iorque, 2006, p. 57 e p. 62.

[19] Collin Renfrew, Prehistory – The making of the human mind, Modern Library, Nova Iorque, 2008, pp 3-4.

[20] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.

[21] Emil G. Hirsch, John Dyneley Prince, Solomon Schechter, em Jewish Encyclopedia, vol. 5, pp 232-237.





Bibliografia:

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Sobre o autor: Mykel Alexander é licenciado em História (Unimes), Bacharel em Farmácia (Unisantos) e está no último semestre de licenciatura em Filosofia (Unimes).
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