Mykel Alexander |
As origens das correntes judaicas
surgidas após o chamado cativeiro na Babilônia (séculos VI e V a.C.)
Antes de considerar se houveram mais outras evidências de esforços para
rejudaizar o evangelho, examinar o ambiente político da época irá melhorar a
compreensão do contexto em geral no período romano e ver em que extensão as
correntes judaicas poderiam moldar o desenvolvimento do cristianismo. Tais correntes
possuem origens remotas as quais serão expostas a seguir em seus delineamentos
básicos.
Evitando as controvérsias das origens judaicas que confrontam relatos
literários bíblicos com relatos históricos e arqueológicos, pode-se afirmar que
na última época do Império Assírio (Império Neoassírio), iniciada no século X
a.C., haviam dois reinos vizinhos na região da Palestina, os israelitas e
imediatamente ao sul os judeus. Aqui já temos um fato que passa despercebido
entre a maior parte das pessoas: israelitas e judeus não são palavras sinônimas
e intercambiáveis para se referirem a um mesmo povo, pois havia o reino da Judeia
com o povo judeu, e havia o reino dos Israel com o povo israelita, sendo eles
povos diferentes, porém vizinhos, e que num período anterior ao Império
Neoassírio viviam em uma unidade monárquica, a qual seria dissolvida no século
X a.C., tendo o reino de Israel se mantido como um Estado independente até o
século VIII a.C. quando o Império Neoassírio os conquistou, e o povo israelita
fundiu-se entre os habitantes do Império Neoassírio, passando Israel, em seu
sentido legítimo, nunca mais existir como Estado nem como povo, embora alguns
contingentes de israelitas teriam se agregado aos judeus antes de se assimilarem com outros
povos (Dubnow, pp 170-171), por outro lado, o reino da Judeia perdurou como
Estado independente até o século VI a.C. quando o Império Neobabilônico os
conquistou.
Porém o povo judeu não teria se fundido totalmente entre os habitantes
do império conquistador, conservando-se assim este povo com suas tradições, não
mais como Estado independente, mas como contingentes divididos entre os que permaneciam na
Judéia, esta como uma província da Babilônia, e os que foram levados para
própria Babilônia, tanto na capital como em outras cidades, sendo este episódio
conhecido como “Cativeiro babilônico”, contudo, teria sido conservada aos judeus em
tal “cativeiro” a plena liberdade religiosa, com posse de terras inclusive,
além de exercerem manufatura e comércio (Dubnow, p. 171).
Este período, o do “Cativeiro babilônico”, estava para terminar, uma vez
que no noroeste a Pérsia ia assumindo a condição de maior potência da Ásia Menor, e mesmo sob
condições generosas, como mencionadas acima, os judeus passaram a exaltar o
invasor persa, e dizendo que ‘Deus’ que enviara o soberano persa contra os
babilônios, comemorando com “jubilo” a chegada do invasor persa em 537/538
a.C., contudo a Judéia ainda não seria independente, visto que fora convertida
em província persa, e os judeus sob a liderança de Zorobabel iniciaram seu
regresso do “Cativeiro”, indo da Babilônia e de outros países para a Judeia. (Dubnow,
pp 175-179). Um episódio contido nas escrituras judaicas, no livro de Daniel, menciona Belsazar, filho de
Nabonido, este o último soberano babilônico antes da conquista persa. Este episódio
será de maneira sinistra rememorado por grupos judaicos na Rússia, em 1917 d.C.
quase 2500 anos depois do tempo em que viveu Belsazar.
É muito relevante registrar que ao mesmo tempo que milhares de judeus
retornavam para sua almejada terra, parte dos mesmos judeus preferiram ficar
voluntariamente na terra do “Cativeiro”, e da Babilônia enviavam para seus
irmãos dinheiro, provisões e gado (Dubnow, p. 178).
Jerusalém estava deteriorada, e narra Dubnow, com muitas construções em
ruínas, e no local onde alegava-se ter existido o primeiro Templo, o qual haveria sido
construído nos tempos de Salomão e colapsado na conquista babilônica,
iniciou-se a construção do celebrado segundo Templo, erigido em proporções,
segundo a narrativa judaica, muito mais modestas que o suposto templo
precedente.
Os samaritanos, mestiços de judeus e pagãos, sendo no máximo
considerados como “semi-judeus”, foram impedidos de participar na construção do novo templo e
teriam alimentado ressentimentos que resultariam em crescente rixa
(Dubnow, p. 181). Apesar de adversidades principalmente do ambiente geopolítico
devido as guerras do Império Persa contra o Egito, em 516 a.C., a construção do
segundo Templo foi concluída.
Com a morte dos então líderes político e religioso da Judeia, Zorobabel e o
sacerdote chamado Josué respectivamente, tanto as relações exteriores com
outros povos bem como a observância das leis judaicas entre a própria população da Judeia se afrouxaram, e os judeus passaram a contrair matrimônio com
mulheres moabitas, amonitas e samaritanas. Dubnow narra que o último dos
profetas bíblicos, Malaquias, teria advertido tanto o povo como os demais
profetas negligentes para com o rigor das observâncias judaicas, que todos estavam
a cometer erros tremendos, e alertaria sobre a vinda dum reformador judeu.
Tal reformador era o Esdras do Antigo
Testamento¸ descendente de sacerdotes e que teria vindo do núcleo
remanescente do “Cativeiro” judaico na Babilônia, sob a aprovação e apoio do
soberano persa Artaxerxes I. Estando em Jerusalém, e trazendo mais de mil
judeus com ele em 458 a.C., teria Esdras exortado o povo judeu a conduzir-se
conforme a Torá e sem se misturar com
os povos estrangeiros, inclusive exigindo que todos judeus casados com
estrangeiras deveriam se divorciar delas, e estas teriam sido despachadas para
seus antigos lares, o que resultou em agravamento do ressentimento dos moabitas,
amonitas e samaritanos, seguido de depredação destes sobre Jerusalém. (Dubnow,
p. 183)
Da corte de Artaxerxes I em Susa, a capital da Pérsia, veio o judeu
Neemias para Jerusalém em 445 a.C., priorizando a fortificação desta cidade, o que seria seguido pela reedificação das casas derrubadas. A maior parte da população
estava nas aldeias e não em Jerusalém, e devido a longa estiagens se submetiam
a pagar preços altos, agravando tal situação estavam as condições severas impostas pelos que tinham posse
dos cereais, culminando inclusive que os credores confiscassem os imóveis dos devedores, podendo estes últimos inclusive até serem convertidos em escravos.
Nesse então Neemias nas questões políticas e Esdras nas questões
espirituais viriam a restaurar a ordem em Jerusalém. Num comício em que haveria reunido o
povo de Jerusalém, Esdras teria lido em voz alta alguns capítulos da Torá, e encarregado os levitas de
explicarem ao povo detalhadamente o que estava lendo. Subsequentemente teriam-se lido
um manuscrito no qual representantes do povo, sacerdotes e levitas firmaram o
compromisso de cumprirem as disposições da Torá.
Neemias ainda teria reiterado as medidas de Esdras para que os varões se divorciassem
em caso de possuírem esposas não judias, somando-se assim mais um episódio de ressentimento, principalmente dos samaritanos, alargando o distanciamento já existente entre estes e os judeus (Dubnow, pp 185-186).
A sinagoga
Quem procura entender a história judaica necessita conhecer também sua possivelmente
mais importante instituição, a qual congrega os judeus, a saber, a Sinagoga. Dubnow explica (p, 186) que a
partir do chamado “cativeiro” na Babilônia, a atividade dos antigos condutores
do povo judeu, conhecidos como profetas,
foi cessando paulatinamente.
“No lugar dos profetas começaram a atuar os sábios, instruídos na Lei de Moisés e nos antigos livros sagrados. Estes homens, que se chamavam Escribas, procediam conforme as indicações de Esdras: fizeram conhecer ao povo judeu as leis religiosas, morais e sociais que se conservavam nos livros sagrados e por tradição oral. Ainda quando a Judeia se encontrava sob a hegemonia da Pérsia, sua vida interna, no entanto, se moldava às leis da Torá[10]. Os anciões do povo eram os Sacerdotes Maiores. Governavam com a ajuda de um conselho ou ‘Assembleia de anciões.’ Este conselho se chamava ‘Grande Sinagoga’ e estava formado por sábios e pelos melhores representantes do povo. Refere a tradição que os membros da ‘Grande Sinagoga’ se haviam proposto três coisas: introduzir a verdade e a retidão na justiça, instruir o povo e estabelecer um cerco para a Torá, isto é, rodear as velhas leis com novas e rigorosas disposições. A ‘Grande Sinagoga’ nomeou juízes que julgavam o povo em conformidade com as leis da Torá; cuidou assim mesmo de educar a juventude e de ensinar a plebe a ler e escrever.” (Dubnow, pp 186-187).
É preciso fazer uma observação, no que se refere a afirmação contida
acima, especificamente este trecho: “introduzir a verdade e a retidão na
justiça.” Isso terá alguma importância no tempo do principal herege cristão,
Marcião, no século II d.C.
Ao examinarmos o desenvolvimento da sinagoga nos deparamos com várias complicações.
Uma complicação é que a palavra sinagoga
procede do grego sunagōgἕ que
significa ‘ação de reunir’, também utilizada no sentido de ‘reunir em assembleia’[11], todavia essa exata
palavra, sendo utilizada somente a partir dos judeus gregos-helenísticos entre
os séculos III e II a.C., é anacrônica em relação à origem da sinagoga como instituição propriamente,
se termos em conta que esta passou a vigorar já no século V. a.C. na ocasião
das reformas de Esdras e Neemias, conforme acima exposto.
Portanto, tais assembleias que seriam denominadas de sinagoga pelos judeus de fala grega,
possuíam uma denominação anterior, em hebraico, usada na Judeia ao menos a
partir do momento que judeus voltaram do chamado “Cativeiro” na Babilônia no
século V. a.C., uma vez que nesse período o local de encontro dos judeus ou
assembleia eram denominados por bet
ha-keneset, palavra hebraica, tendo em consideração que ‘a assembleia do
povo para adoração’ era denominada como uma keneset,
hebraico[12].
A fonte destas informações procede do livro Neemias,
capítulos 9 e 10 a qual contém a narrativa dos eventos das reformas de Esdras e
Neemias conforme acima exposta, e quando se fala que a origem da instituição da
sinagoga seria durante tais reformas,
é porque quando o povo foi reunido por Esdras num comício, conforme também já
exposto, tal reunião foi referida como a “grande assembleia”, em hebraico keneset ha-gedolah[13], de modo que a palavra keneset
seria então vertida posteriormente ao grego como sinagoga.
Contudo, outra complicação é que a origem do conceito de sinagoga parece ser mais remota ainda
que no século V a.C. no qual os judeus estavam respectivamente sob o domínio dos
impérios babilônico e persa. A menção da “casa da oração”[14] que o profeta Isaias,
estimado ter vivido no século VIII a.C., projeta para ocorrer no futuro através de uma
profecia sobre a construção de um novo templo que viria a ser erigido em
Jerusalém, pode ter sido
baseada em algum modelo de assembleia judaica vigente[15] em seu tempo, precursora
do keneset do período persa e da sinagoga do período helenístico[16].
Não obstante, na busca pela origem da sinagoga, segundo a tradição
judaica, pode-se recuar ainda mais que o século que supostamente Isaias teria
vivido, VIII a.C., e retroceder
até o tempo de Moisés:
“A origem da sinagoga, na qual a congregação se reunia para adorar e receber instruções religiosas conectadas com ela, é envolta na obscuridade. Na época que ela tinha se tornado uma instituição central do judaísmo (nenhum período da história de Israel é concebível sem ela), ela já era considerada como de origem antiga, remontando ao tempo de Moisés.[17]”
Mas mesmo admitindo que o que veio a se chamar sinagoga posteriormente teria surgido no período de Moisés, isto
ainda não resolve, ao menos em termos de datação cronológica, tal questão, pois
ter o tempo Moisés como parâmetro para estipular datação é ainda inviável, pois
se por um lado a tradição judaica alega ser o período que Moisés viveu anterior
ao primeiro milênio a.C., por outro lado, tal estimativa é de difícil
confirmação, devido a dificuldades de comprovação histórica da própria figura de
Moisés.
A obscuridade nessa questão persiste ainda por outros motivos, pois
supondo que descobertas arqueológicas ou histórico-literárias permitissem datar
o período em que viveu Moisés, e, consequentemente, teríamos então determinado o período em que haveria surgido a sinagoga, ainda sim as informações são
abertas, pois limitando-nos apenas em remontar ao tempo de Moisés, sem acesso à informações que dessem
mais detalhes do que era a sinagoga
da época, a questão continuaria vaga, pois teríamos de nos contentarmos somente
com a especulação muito aberta, e também, por outro lado, deve-se lembrar que não se
exclui que nesse período de Moisés a suposta sinagoga ou proto-sinagoga
fosse ainda uma continuação de uma outra
instituição precedente semelhante, nos perdendo assim, inevitavelmente, numa névoa conforme recuamos no
tempo, de modo que ao fazermos isso, ficam raros os dados positivos arqueológicos e
históricos, e ao mesmo tempo que tornam-se raros, estes ainda se diluem nas
fontes tradicionais, as quais seguem um padrão conforme se retrocede no tempo,
a saber, o conteúdo transmitido escrito tende a ser menos histórico e mais
literário, e retrocedendo ainda mais no tempo, passa a ser um compilado recolhido
de transmissão oral, por fim, passando a permanecer somente a mitologia, cuja interpretação de datação é muito mal explorada
ainda. Mircea Eliade, um dos mais capacitados estudiosos da história das
religiões, em sua História das Crenças e
das Ideias Religiosas, ao chegar no fundo do passado dos povos que aborda,
muitas vezes inferiu que tal fundo era o final de uma etapa anterior, que
apesar de inferível, todavia, não era alcançável em detalhes ou mesmo nas apreciações mais básicas. De qualquer maneira, os estudos atuais já admitem a possibilidade de identificar os antepassados dos judeus, denominados de habirus[18], palavra a qual, segundo alguns estudiosos, teria
dado origem ao termo hebreu. A descoberta
dos habirus fornecem um recuo na ancestralidade judaica insuspeita por muitos
estudiosos do assunto, inclusive um fato como o dos habiru seria visto com
muito ceticismo no século XIX, ou até mesmo rechaçados a priori, ao mesmo tempo que a infantil cronologia de criação do mundo feita
pelo bispo irlandês James Ussher no século XVII, a qual afirmava que o mundo
tinha apenas cerca de 6000 anos de existência[19] tinha adeptos ainda. O
estudo multidisciplinar pode diminuir muito a margem de erros, trazendo à
superfície fatos insuspeitos por muitos, e contrariar algumas afirmações e
paradigmas que foram aceitos precipitadamente.
Assim, se em relação às origens da sinagoga, tais considerações expostas
mostraram possibilidades amplas e vagas, restam, por outro lado, afirmações mais exatas e
precisas, como a que segue abaixo:
“A sinagoga como uma instituição permanente originou-se provavelmente no período do cativeiro babilônico, quando um lugar comum para adoração e instrução se tornou necessário.[20]”
Pode-se deduzir como conclusão, portanto, que as assembleias que reuniam
judeus, equivalentes ao que se veio a chamar de keneset e sinagoga, até
poderiam existir antes do período de Esdras e Neemias no século V a.C., porém,
não se detendo à especulação e atendendo uma maior consistência de dados
históricos, consolidaram-se como instituição permanente, regular, contínua e,
principalmente, com enorme autoridade, somente a partir destes dois líderes
judeus do século V a.C.
Esdras e seus sucessores, os escribas, empreenderam a recopilação das
tradições judaicas surgidas em épocas pretéritas, tanto as transmitidas pelas
escrituras quanto as transmitidas oralmente. Esta compilação foi ordenada em
três seções:
A primeira sendo a Torá ou Lei de Moisés, composta por cinco livros
que juntos se denomina Pentateuco.
O primeiro deles é o Gênesis,
que pretende relatar a história dos homens desde a criação até Abraão e a vida
do povo judeu (hebreu nas palavras de Dubnow, o que nos permite relacioná-los
com os mencionados habirus) até a suposta estadia de José no Egito.
O segundo deles é o Êxodo,
narrando a suposta escravidão dos judeus no Egito, a alegada recepção das leis
de Deus por Moisés, bem como a existência de um templo judaico em forma de
cabana, denominado de tabernáculo,
que pretende a tradição judaica, ter sido a casa de Deus na terra, sendo
precursor do Templo de Salomão.
O terceiro livro é o Levítico,
que fala da tribo dos levitas que exerciam em geral atividades sacerdotais. O
quarto livro é Números, referente às
alegadas andanças do povo judeu entre o Egito e Palestina. O quinto livro é Deuteronômio o qual seria uma revisão das leis
e disposições legadas por Moisés.
A segunda seção da compilação é a
dos Profetas, dividida em duas
partes, profetas maiores e profetas menores. A primeira parte pretende narrar o
período desde a chegada na Palestina até a destruição do alegado primeiro Templo
durante a conquista dos babilônios sobre a Judeia. A segunda parte trata de
desenvolvimentos dos costumes judaicos.
Após a morte de Esdras e Neemias os
judeus, tanto na Judeia quanto noutras cidades dentro do Império Persa, por
aproximadamente um século não foram perturbados em seu país sob tal
regime, este não se intrometia nos assuntos internos dos judeus, limitando-se
apenas a receber de seus habitantes o tributo anual fixado (Dubnow, pp 187-188).
Todavia, teria surgido uma intriga colocando de um lado o persa Hamã e doutro os
judeus, estes sob a liderança de Mordecai que também era íntimo do ambiente palaciano de
Xerxes I. Sob os argumentos de Hamã, Xerxes I haveria promulgado um édito que
teria equivalência a perseguição dos judeus, contudo, através das intrigas
palacianas o lado judeu prevaleceu e permitiu os judeus reverterem a situação
de possíveis vítimas de massacre para executores de massacre em seus
perseguidores, sendo tal evento, narrado no livro de Esther, inserido nas festividades judaicas a partir de então sob o nome de Purim (Dubnow, pp 188-189). No entanto essa narrativa, especificamente a contida em Esther, já no início do século XX, diante
do exame histórico encontrou dificuldades enormes para ser sustentada como fundamentada
em fatos[21],
e ainda assim os fanáticos religiosos abraâmicos, incluindo os cristãos, em
geral, desqualificam as escrituras de outros povos mesmo que estas tenham consolidada
veracidade comprovada no estudo comparado através de várias disciplinas,
evidenciando a grandeza de tais povos, com suas respectivas culturas e civilizações,
para, por outro lado, subscreverem a narrativa judaica do Antigo
Testamento, a qual não pode ser comprovada em muitas partes fundamentais, incluindo as narrativas dos reinos da
Judeia e de Israel, que pretendem se referir a um período anterior ao Império Neoassírio, motivo pelo qual optei
repassar essa leitura histórica somente após o período neoassírio.
A terceira seção das escrituras judaicas é a dos hagiógrafos ou escritos, que reunia muitos temas, como hinos
religiosos e parábolas, depois há uma série de tratados denominados de Cinco Rolos, contendo crônicas da vida
cotidiana com suas alegrias e pesares bem como os episódios mais recentes até
os eventos contidos no livro de Esther
e imediatamente posteriores, seguido com dois livros de teor histórico que
tratam do período dos judeus sob os impérios babilônico e persa, finalizando
com uma crônica geral da história judaica, o livro Crônicas.
Dubnow (p. 180), que foi além de historiador um fervoroso e militante sionista,
pretende que tais escrituras sejam as maiores da humanidade.
Continua...
Notas
[10] Ver também Wilhelm Bacher e Lewis
N. Dembitz em Jewish Encyclopedia, v.
11, p. 619:
“Após o retorno do Cativeiro, quando a vida religiosa
foi reorganizada, especialmente sobre Esdras e seus sucessores, em adoração
congregacional, consistindo em orações e leituras de seções da Bíblia,
desenvolvida lado a lado com o renascimento do culto do Templo em Jerusalém, e
assim levou à construção de sinagogas.”
[11] Dicionário Houaiss, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1ª edição,
2001. Vocábulo sinagoga.
[12] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz
em Jewish Encyclopedia, v. 11, p.
619.
[13] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz
em Jewish Encyclopedia, v. 11, p.
619.
[14]
Essa menção está
especialmente na passagem de Isaias
56.7
[15] Como exposto mais à frente, Bacher
e Dembitz (em Jewish Encyclopedia, v.
11, p. 619.) afirmam que nenhum período da história de Israel, e deve-se supor,
da Judeia também, é concebível sem a instituição da assembleia, a qual
tornou-se célebre, como tem sido explicado, sob os nomes primeiro de keneset e depois sinagoga, e podemos deduzir que no período de Isaias era o que este
se referia como “casa da oração.”
[16] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz
em Jewish Encyclopedia, v. 11, p.
619.
[17] Wilhelm Bacher e Lewis N. Dembitz
em Jewish Encyclopedia, v. 11, p. 619.
[18] The Oxford Handbook of
Biblical Studies (editador por J. W. Rogerson e
Judith M. Lieu), Oxford University Press, Nova Iorque, 2006, p. 57 e p. 62.
[19] Collin Renfrew, Prehistory – The making of the human mind,
Modern Library, Nova Iorque, 2008, pp 3-4.
[20] Wilhelm
Bacher e Lewis N. Dembitz em Jewish
Encyclopedia, v. 11, p. 619.
[21] Emil G. Hirsch, John Dyneley Prince, Solomon Schechter, em Jewish Encyclopedia, vol. 5, pp 232-237.
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