sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 8

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 7

Richard James Horatio Gottheil


A entrevista de Herzl com o Sultão.

            As esperanças do corpo sionista em relação à Palestina e as boas intenções do poder soberano lá foram de alguma maneira amortecidas pelas instruções enviadas pela Porta {Sublime Porta, Porta Otomana ou simplesmente Porta, era a designação corrente dada entre 1718 e 1922 ao governo do Império Otomano} em novembro de 1900, fazendo impossível para os judeus visitantes na Palestina permanecerem lá por um período maior que três meses. O governo italiano imediatamente protestou que isso não faria nenhuma diferença entre seus súditos judeus e cristãos; e a questão tendo sido trazida para a atenção do Secretário Hay, o Embaixador Americano em Constantinopla, que foi em 28 de fevereiro de 1901, instruído a fazer um protesto similar em nome dos Estados Unidos. Esta ação da Porta, a qual foi meramente o reavivar de uma regulamentação que tinha sido emitida cerca de quinze ou vinte anos anteriormente, foi em muitos locais dito ter sido devido à renovada atividade sionista; mas em 17 de maio de 1901, o próprio sultão recebeu em pessoa Herzl em uma audiência, o último sendo acompanhado por dois outros membros do Actions Commitee, David Wolfssohn e Oscar Marmorek. Herzl foi recebido em duas ocasiões posteriores; e ao sair, o sultão conferiu-lhe o grande cordão da Ordem de Mejidie. De Constantinopla Herzl foi para Londres, onde, em 11 de junho, ele foi novamente recebido pelos Macabeus {Maccabæans em inglês, era uma associação judaica da Inglaterra que reunia importantes judeus com o foco nos interesses judaicos}, em ocasião na qual ele falou muito confiante do sucesso de sua missão com o sultão e pediu ao povo judeu por £1.500.000 em adição ao dinheiro no banco para o propósito de obter a carta. Mas o povo judeu se manteve em silêncio; e as negociações as quais tinham procedido até então foram em momento suspensas.

 

Zangwill no Quarto Congresso.

            O Quinto Congresso foi realizado na Basiléia em 1901, esta vez durante o inverno, entre 26 e 30 de dezembro. Os novos estatutos da organização foram aqui finalmente aceitos. Eles chamaram ao encontro do congresso uma vez a cada dois anos; e no intervalo entre os congressos um encontro do Larger Actions Committee com os líderes em vários países era para ser realizado. Foi também decidido que uma nova organização territorial poderia ser fundada em qualquer terra se contribuintes de 5.000 shekels {moeda judaica} exigissem o mesmo. Todos os preparativos para a abertura do banco tinham sido feitos; resoluções foram passadas para dar uma subvenção à Biblioteca Nacional em Jerusalém, e também para a necessidade de uma enciclopédia hebraica e a fundação de uma agência de estatísticas. Um severo criticismo ao Trust do Barão de Hirsch foi feito por Israel Zangwill, mas sua moção não foi colocada perante o congresso. Existiu novamente um longo debate “Kultur” {questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista}, o qual terminou com o seguinte pronunciamento: “O Congresso declara o melhoramento espiritual [“Kulturelle Hebung”], ou seja, a educação do povo judeu ao longo de linhas nacionais, ser um dos elementos principais do programa sionista, e coloca nele como uma tarefa sobre cada sionista trabalhar frente a este fim.” Durante este congresso trinta e sete delegados, compreendendo a fração democrática, liderada por Berthold Feiwel, estando insatisfeita com a decisão do presidente, deixou o Congresso num só bloco, mas retornou depois que a demonstração tinha sido feita.

            Em 10 de julho de 1902, Herzl apareceu perante a Royal Immigration Commission, acomodando-se em Londres, para determinar quais meios, se houvesse, deveriam ser tomados para prevenir o grande influxo de um proletariado estrangeiro na Inglaterra. O apelo de Herzl era mais por uma regulamentação de imigração, conforme os judeus estavam preocupados, mais em suas procedências da Europa oriental do que os procedentes da Europa ocidental e América. No verão do mesmo ano uma delegação da ramificação sionista alemã foi recebida em audiência em Carlsuhe pelo Grão Duque de Baden, que tinha em várias ocasiões dado testemunho de seu profundo interesse no movimento.

            No outono de 1898 e após as audiências preliminares em Postdam e Constantinopla, o Imperador Guilherme II da Alemanha publicamente recebeu uma delegação sionista na Palestina. A delegação consistia do Dr. Theodor Herzl, Dr. M. T. Schnirer, D. Wolfssohn, Dr. Bodenheimer, e o engenheiro Seidener, presidente dos grupos sionistas na Alemanha; e, após uma saudação introdutória em 28 de outubro no Colony Mikweh Yisrael próximo de Jaffa, ele foi recebido em 2 de novembro na tenda imperial em Jerusalém, com o Secretário de Estado von Bülow estando presente. Em resposta ao discurso apresentado, o imperador disse que “todos esses esforços, conforme visando a promoção da agricultura da Palestina para o bem do Império Turco, e tendo o devido respeito pela soberania do sultão, pode-se estar certo de sua boa vontade e interesse.”

            Tanto neste momento e, subsequentemente, Herzl teve entrevistas com o sultão. Seu programa original destinava uma compreensão com aquele soberano sobre a base de uma regulamentação das finanças turcas (“Die Welt,” I, nº 1). Ele tentou também impressionar o sultão sobre a perfeita lealdade do corpo sionista, enquanto mostrou numa maneira pública na qual ele lidou com o problema e em sua oposição para qualquer forma de pequena colonização a qual significava o contrabando de judeus para a Palestina contra o desejo do poder soberano, assim como o valor para a Turquia de um elemento industrioso, cumpridor da lei e progressivo no país. As concessões por parte do sultão eram para ser em forma de uma carta, o governo turco proporcionando aos judeus uma larga porção de autonomia municipal, os judeus, por sua vez pagando uma certa soma sobre a disponibilidade da concessão e um tributo anual depois disso. O padrão era similar ao daquela da Ilha de Samos, o qual, por conta da parte que havia assumido na libertação da Grécia em 1821, foi concedido em 11 de dezembro de 1832, por meio da intervenção da Inglaterra, França e Rússia, um principado autônomo cristão, tendo seu próprio exército, bandeira e congresso, e pagando ao sultão um tributo anual de 300.000 piasters {moeda usada então em parte do Mediterrâneo e Oriente Médio} (W. Miller, em “The Speaker”, 1898, página 579). Embora sobre várias ocasiões Herzl acreditou ele mesmo próximo da realização de suas medidas políticas, ele falhou por causa da carência de apoio monetário dos judeus. Ao fim do período o sultão propôs uma colonização dispersa dos judeus no império turco, o qual Herzl foi obrigado a recusar, como sendo incompatível com o Programa da Basiléia e com as necessidades do movimento judaico nacional (“Protokoll” do Sexto Congresso Sionista, página 6.)

Em outubro do mesmo ano (1898) negociações foram abertas com alguns membros do governo inglês por uma concessão de terra na península do Sinai. Estas negociações foram continuadas no Cairo por L. J. Greenberg com Lord Cromer e o governo egípcio. Uma comissão, consistindo do engenheiro Kessler, o arquiteto Marmorek, o capitão Goldsmid, o engenheiro Stephens, professor Laurant, o Dr. S. Soskin Dr. Hillel Joffe, e Sr. Humphreys, representando o governo egípcio, deixou o Egito no início de 1903 para fazer um exaustivo estudo do território sob consideração; e retornou ao fim de março. O governo egípcio embora em parte concordando com as demandas por uma administração judaica e estendido poderes municipais no assentamento proposto em Al’Arish {ou Alarixe, província egípcia}, sentiu-se ele próprio sem garantias em concordar com a concessão por conta da carência de água, a qual iria necessitar usar uma certa porção do Nilo. Deve ser adicionado que a Jewish Colonization Association tinha mostrado-se ela própria não disposta a prestar seu apoio, caso a concessão tivesse sido concedida (“Die Welt,” 1904, n°1).

 

Sionismo na Rússia

            A Rússia tendo fornecido o maior número de sionistas, a tendência do sentimento naquele país pode ser brevemente indicada. No Congresso de Minsk realizado em setembro de 1902, 500 delegados compareceram representando o Partido Ortodoxo, a Fração Democrata, um então chamado Partido Central, e a Bund {Liga} Socialista. Nessa reunião foram discutidos a relação da ortodoxia com o radicalismo, a questão “Kultur” {questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista}, e especialmente a colonização na Palestina. O Congresso não estava indisposto unir-se com sociedades colonizadoras não-sionistas para a imediata compra de terras na Palestina, assim fazendo a primeira quebra na rigidez da plataforma da Basiléia. Resoluções foram passadas para o efeito que todo dinheiro pertencente ao Fundo Nacional devesse ser usado somente para comprar terras na Palestina, e que os parágrafos dos estatutos do Fundo Nacional devessem ser mudados de modo a evitar a cobrança de capital para a qual as restrições estavam anexadas (ver {Mordechai} Nurock “Der i. Allrussische Zionisten-Congress in Minsk,” Riga, 1902).

 

A entrevista de Herzl com Von Plehve.

            O ano de 1903 é memorável nos anais do sionismo. Em 24 de junho, Von Plehve, o ministro russo do interior, emitiu uma circular secreta para os governantes, prefeitos das cidades, e chefes de polícia, colocando um banimento sobre todas as reuniões sionistas e proibindo toda coleção para propósitos sionistas. O dinheiro pertencendo ao Trust e ao Fundo Nacional Judaico, e os shekels coletados que eram para ser revertidos sobre a sociedade de Odessa para apoiar os agricultores judaicos na Palestina. A razão dada para esta ação foi a suposta impossibilidade de realizar o programa sionista exceto em um futuro distante; mas o real motivo foi o medo de que os socialistas judeus pudessem fazer uso da plataforma sionista para a propagação das teorias deles (“The Times”, Londres, 2 e 11 de setembro). Isto, junto com a estressante condição dos judeus em geral naquele país, induziram Herzl a visitar a Rússia no início de agosto de 1903. Ele teve entrevistas com {Serguei Yulyevitch} Witte e Von Plehve, e foi aclamado com alegria pelo proletariado judaico das cidades as quais atravessou. O resultado de sua entrevista com Von Pleve é dado em uma carta para Herzl datada de 12 de a gosto, e publicada no Sexto Congresso Sionista. Nela Von Plehve promete que se o movimento sionista confinar sua agitação para a criação de um estado independente na Palestina e para a organizada emigração da Rússia de um certo número de habitantes judeus, o governo russo irá dar seu apoio material e moral para as negociações sionistas em Constantinopla, e irá facilitar o trabalho das sociedades de emigração com determinadas verbas contribuídas pelos judeus da Rússia (“Die Welt”, 25 de agosto de 1903).

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 9


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 7

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 6

Richard James Horatio Gottheil


O Congresso da Basileia

            A despeito de toda oposição Herzl continuou a elaboração da política colocada à frente no “Judenstaat”. A primeira parte de seu programa foi a convocação de um congresso para os judeus e organizações judaicas que simpatizavam com o novo movimento. Este congresso era para ter sido realizado em Munique; mas a Kultusvorstand da congregação de Munique informou ao comitê que tinha estado encarregado da realização do evento que deveriam mudar o ponto de encontro. Em face desta atitude determinada em parte pelos líderes da comunidade, o lugar de encontro foi mudado em julho para Basiléia. Neste congresso haviam 204 delegados. Foi notável que duas lojas da B’nai B’rith na Romênia enviaram dois delegados; enquanto as organizações inglesas Chovevei Zion não estavam representadas, alegando como justificativa que o congresso era “perigoso”. Dificuldades adicionais ocorreram na realização deste congresso. A parte VII do primeiro volume de “Die Welt” tinha sido confiscada pelas autoridades austríacas. A maioria dos jornais da Europa tinha estado ativamente opostos ao sionismo, enquanto que parte da imprensa diária a qual estava de alguma forma controlada por judeus prosseguiu com uma consistente política de silêncio. Entre os delegados estavam representantes de várias organizações nacionais judaicas, embora a maioria dos membros vieram através de seus próprios esforços. As grandes organizações judaicas beneficiarias da Europa e América estavam totalmente sem representação; e, com uma ou duas exceções elas se mantiveram completamente livres de qualquer conexão com o sionismo. Todavia, um número de notórios cristãos, cujos interesses eram ou puramente humanitário ou teológico, testemunharam por seu comparecimento, com gentil interesse, no qual grandes seções do mundo não-judeu foram trazidas para o movimento. Entre eles estavam Dunant, o fundador da Cruz Vermelha; o reverendo M. Mitchell; reverendo Hechler, capelão da embaixada britânica em Viena; Barão Manteuffel; coronel Conde Bentinck; e o Dr Johannes Lipsius, o editor do “Der Christlich Orient”. Este Primeiro Congresso foi antes de tudo uma manifestação; embora a organização do movimento foi iniciada lá e um número de proposições feitas as quais foram realizadas em um período subsequente; por exemplo, a promoção do estudo da língua e literatura hebraica, a discussão de qual o plano para uma proposta de escola superior judaica em Jaffa ou Jerusalém que foi realizada; a formação de uma organização escolar geral hebraica e uma comissão especial para literatura (rabino chefe da Bulgária Ehrenpreis); a formação de um fundo nacional judaico (professor Shapira de Heidelberg). Neste congresso o Programa da Basiléia foi elaborado, o qual afirma ser o objetivo do sionismo o “estabelecer para o povo judaico um lar legalmente publicamente assegurado na Palestina (ver Theodor Herzl em “Contemporany Review”, 1897, páginas 587-600; tradução alemã de “Der Baseler Congress” Viena, 1897).

 

Propaganda após o primeiro congresso

            Entre o Primeiro e o Segundo Congresso o Actions Committee eleito ocupou-se ele mesmo em promover a propaganda pelos meios de um número de panfletos, tais como os redigidos por Herzl e Nordau no Primeiro Congresso; “Das Ende der Juden Noth” {O fim da necessidade dos judeus}, por York-Steiner, em alemão, hebreu, e iídiche; o panfleto de Nordau “Ueber die Gegner des Zionsismus” {Sobre os oponentes do sionismo}; e um panfleto colocando a frente as direções do sionismo, impresso em hebreu, árabe e francês para uso no Oriente. Ele {o Actions Committee} promoveu também a organização de vários grupos que tinham surgido; e ele tomou as primeiras medidas para a fundação do Jewish Colonial Trust. Uma conferência introdutória do Actions Committee, junto com alguns líderes de vários países, foi realizada em Viena, no mês de abril de 1898; e o Segundo Congresso ocorreu em Basiléia entre 18-31 de agosto daquele ano. A propagação do movimento pode ser medida pelo número de sociedades e grupos  sionistas que vieram desde o Primeiro Congresso:

País

Segundo

Primeiro

Total

Rússia

350

23

373

Áustria

176

42

218

Hungria

32

228

260

Romênia

100

27

127

Inglaterra

12

14

26

Alemanha

25

-------------

25

Itália

12

9

21

Bulgária

15

1

16

Suíça

6

-------------

6

França

3

-------------

3

Bélgica

2

-------------

2

Turquia

2

-------------

2

Dinamarca

1

-------------

1

Sérvia

1

-------------

1

Grécia

1

-------------

1

Egito

2

-------------

2

Transvaal

6

-------------

6

América

 

50

Nova Iorque 26;

 Chicago 8

10

60

           

Uma conferência preliminar russa tinha sido feita em Varsóvia na qual 140 delegados participaram, e uma segunda foi realizada na Basiléia, sendo os participantes rabinos ortodoxos, presidido pelo Haham {estudioso} M. Gaster de Londres. Mais de quarenta telegramas de adesão foram recebidos de rabinos ortodoxos; e além de um número de rabinos da Rússia, estavam também presentes representantes dos hassídicos {movimento judaico oriundo do judaísmo ortodoxo}. Um especial comitê de colonização na base do consentimento do governo turco; e um acordo foi alcançado para a formação do Jewish Colonial Trust, um comitê de nove integrantes foi apontado para este propósito, com o Dr. Wolgssohn de Colônia na liderança. A fundação de uma nação de fala hebraica foi proposta pelo rabino chefe da Bulgária, Ehrenpreis, e a resolução sobre a “Kultur”, proposta pelo Haham Gaster, cuja referência tem acima sido feita, foi aceita.

 

Os terceiro e quarto congressos

            O Terceiro Congresso, da mesma forma, ocorreu na Basiléia, entre 15 e 18 de 1899. Foi aqui que Herzl anunciou que seus esforços estavam centrados em receber uma carta do sultão. O relatório do Actions Committee mostrou que o número de sociedades na Rússia (877) tinha aumentado em 30 por cento e em outros países em 25 por cento. Os contribuintes em {moeda} shekel perfaziam mais que 100.000, os quais significavam que provavelmente um quarto de milhão de judeus foram ativamente identificados com o movimento sionista. Todos os sionistas Chovenei na Romênia tinham se tornados membros do congresso. Um novo esquema de organização foi submetido, o qual tinha por objetivo a construção de uma estrutura interna do movimento. A questão “Kultur” {questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista} foi seguidamente discutida, na tentativa de fazer claro que “Kultur” em nenhum meio militava contra o judaísmo em qualquer forma. A questão da colonização no Chipre foi trazida por Davis Trietsch, que tinha realizado uma conferência preliminar para considerar o propósito; mas ele não foi permitido prosseguir com a questão no congresso aberto, a grande maioria dos membros sendo decididamente avessa mesmo a uma consideração da proposta.

            O Quarto Congresso foi transferido para Londres, onde ocorreu no Quenn’s Hall entre 13 e 16 de agosto de 1900. A transferência foi feita com uma visão para influenciar a opinião pública britânica ainda mais, como em nenhum país tinha a propaganda sido recebida pelo público geral com mais compreensão ou com maior simpatia. Durante o ano que tinha transcorrido as sociedades russas tinham aumentado para 1.034, enquanto as da Inglaterra para 38, e aquelas dos Estados Unidos para 135; enquanto num pequeno país como a Bulgária existia não menos que 42 de tais sociedades.

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 8


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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domingo, 22 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 6

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 5

Richard James Horatio Gottheil


Atitude cristã

            Por outro lado, a atitude do mundo cristão frente ao sionismo tem sido em aproximadamente todos casos uma de cordial atenção; em alguns lugares, mesmo uma de promoção ativa. Enquanto aqueles dos mais importantes jornais que estavam em mãos dos judeus ou acordaram o movimento com escassa atenção ou foram absolutamente silenciosos (o vienense “Neue Freie Presse,” do qual Herzl foi editor de folhetim, nunca mencionou a palavra “sionismo” enquanto Herzl viveu), os outros grandes diários do mundo livremente abriram as colunas deles para as notícias do movimento, assim como também fizeram as revistas mensais e trimestrais na Inglaterra e Estados Unidos (por exemplo “Contemporary Review,” “Nineteenth Century,” “Forum,” “Fortnightly Review,” “North American Review,” “International Review,” e “Century”). Em outubro de 1897, o londrino “Daily Chrnonicle” e o “Pall Mall Gazette” publicamente aceitou o programa sionista e advogou a convocação de um congresso geral europeu. Muitos cristãos, é verdade, foram levados para tal caminho por esperanças religiosas de um retorno messiânico dos judeus para a Palestina e a possível conversão deles lá; embora o germânico “Allgemeine Missions Conferenz” declarou que “o sionismo não vai acelerar a conversão de Israel, mas vai atrasar ela” (“Nathaniel,” 1901). Outros, todavia, tinham um sincero desejo de avançar esta tentativa na autoajuda judaica.

            Em adição para aqueles mencionados acima que têm estado ativamente engajados em um projeto ou outro, há um grande número que pela voz deles e de outra forma tem encorajado o sionismo. No início de 1885 o professor K. Furrer da Universidade de Zurique estimulou os judeus russos a trabalharem para a colonização da Palestina pelos judeus; e em 1904 o Secretário John Hay dos Estados Unidos declarou numa entrevista que o sionismo era em sua opinião bastante consistente com o patriotismo americano. O Grande Duque de Baden em 4 de agosto de 1899, proferiu estas palavras para o Dr. A. Berliner: “O movimento é importante e merece vigorosa assistência.” O pintor prerafaelita Holman Hunt foi um dos primeiros a saudar a proposta de Herzl em Londres (1896) com amigável assistência. Ele tinha feito o mesmo (1905) para Israel Zangwill e os territorialistas {judeus que consideravam territórios alternativos fora da Palestina para fundarem o Estado judaico}. O reverendo W. H. Hechler de Viena tinha sido um constante participante no congresso, e tinha sido de real assistência em outras direções. O professor F. Heman de Basel, autor de “Das Aufwachen der Jüdischen Nation” (Basiléia, 1899), também merece menção, pois ele vê no sionismo uma força conciliatória, trazendo judeus e cristãos próximos um do outro. Entre aqueles que têm publicamente pronunciado eles mesmos em favor do sionismo devem ser mencionados Leon Bourgoius, o Primeiro Ministro da Romênia Stourdza, Barão Maxim Manteuffel, Bertha von Suttner, Felix Dahn, Karl Peters, Professor T. A. Masaryk, Björnstjerne Björnsen, Rider Haggard, Hall Caine, Maxim Gorki, e o professor Thomas Davidson. O filósofo Edward von Hartmann, todavia, é da opinião que o sionismo joga a favor dos antissemitas, e August Rohling em seu “Auf nach Zion” (1901) deu de fato cor para esta ideia; mas a conferência de políticos antissemitas em Hamburgo no ano de 1899  o  declarou {o antissemitismo} necessário para opor ao movimento {sionista}, uma vez que ele desperta a simpatia pelos judeus entre a população cristã. A Faculdade de Teologia da Universidade de Genebra colocou como assunto para o prêmio de ensaio do ano de 1905 o tema “Le Sionisme et Ses Aspirations Actuelles.” A coleção de opiniões tem sido publicada por Emil Kronberger, “Zionisten und Christen,” Leipizg, 1900 e por Hugo Hoppe, “Herrvorragende Nichtjuden über den Zionismus,” Koninsbergh, 1904.

 

A “Kultur-frage”

            Embora o número de pagantes sionistas em shekel {moeda judaica} tenha aumentado largamente ano após ano, a oposição esboçada acima tinha, com dificuldades, diminuído, exceto no caso daqueles cujo porta vozes tinha sido Lucien Wolf. Uma grande seção da judiaria ortodoxa ainda vê no sionismo, ou melhor, nos seus promotores um perigo para os estabelecido costume e ritos consagrados pelo tempo, a despeito do fato que uma específica resolução do Segundo Congresso da Basiléia declarou que o sionismo nada faria para militar contra tais costumes e tais ritos. Os rabinos ortodoxos em Grodno {cidade da Bielorrússia} em 1903 declararam eles mesmos opostos ao movimento, assim como fizeram um número de rabinos húngaros em 1904. Por outro alado o {movimento} Haside Zyyon de Lodz {cidade da Polônia} é composta de {judeus} hassidicos; e tais homens com Samuel Mohilewer, o rabino chefe J. H. Dünner na Holanda, o Hakham {palavra com equivalência para a palavra rabino} M. Gaster na Inglaterra, e H. Pereira Mendes em Nova Iorque têm se juntado às fileiras sionistas. O tropeço tinha sido a “Kultur-Frage” {questão cultural}, a questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista. O uso da palavra “Kultur” nesta conexão foi infeliz, enquanto o judeu da Europa oriental tinha sido levado a ver este termo como conotação de certas tendências distintivas e antirreligiosas da sociedade moderna. A dúvida tem permanecido, a despeito de todas tentativas para esclarecer a dificuldade pela definição. A questão foi debatida no Primeiro Congresso da Basiléia (na proposição de Birnbaum), mas foi realmente assumida nos terceiro, quarto e quinto congressos, no último do qual ela foi feita parte do programa do partido. A defesa do avanço físico e mental sobre linha modernas, tem provocado oposição em grande parte dos judeus ortodoxos, que de outro forma poderiam ter se juntado ao corpo sionista, enquanto a ideia de restauração ainda forma uma parte do equipamento teológico deles. Os judeus conectados com as sinagogas, e aqueles fora de qualquer distintiva organização judaica, na maioria dos casos ainda olham para o sionismo como uma reação, não somente de um posto de vista teológico, mas do ponto de vista da cultura geral também; e esta última, a despeito dos reiterados pronunciamentos feitos em vários congressos. Em seu discurso de abertura do Primeiro Congresso Herzl disse: “Nós temos nenhum pensamento de desistir mesmo um pé da cultura que nós temos adquirido; ao contrário, nós desejamos alargar esta cultura,” e no Terceiro Congresso ele adicionou, “Nós desejamos elevar nós mesmo para um plano moral ainda mais alto, para abrir novos meios de comunicação entre as nações e preparar o caminho para a justiça social. Assim como o poeta tece canções de sua própria dor, nós iremos preparar de nosso próprio sofrimento o avanço da humanidade em cujo serviço estamos.De fato, uma formal resolução foi adotada no Segundo Congresso para este efeito: “Sionismo procura não somente o renascimento econômico e político, mas também o renascimento espiritual do povo judaico e devemos permanecer sempre sobre o estatuto da cultura moderna, cujas realizações ele {o sionismo} valoriza muito.”

            Para um ainda maior número de judeus, que poderiam talvez simpatizar como o sionismo, a aparente impraticabilidade de plasmar a plataforma {de construção do Estado judaico} e as dificuldades insuperáveis em encontrar um lar para os judeus na Palestina ou arredor dela, juntamente com as peculiares circunstâncias políticas as quais tornam aqueles países o pomo de contenção entre os poderes europeus, ficam no caminho; embora alguns daqueles que agora ficam arredios têm mostrado  uma disponibilidade para se juntar às fileiras sionistas se outras medidas políticas, consideradas para os olhos deles mais práticas, estiverem envolvidas,– por exemplo – aquela conectada com a oferta de um território da África oriental.

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 7


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 5

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 4

Richard James Horatio Gottheil


Oposição

            A oposição ao sionismo surgiu de várias partes; e mesmo conforme o movimento abraçou dentro de seus vincos judeus de várias convicções religiosas, assim fez a oposição emanando de diferentes pontos do horizonte. O judaísmo ortodoxo na Europa a princípio manteve-se severamente indiferente, acreditando que por causa de que alguns líderes eram não observantes do cerimonial judaico, o movimento inteiro, então, colocou-se fora de um judaísmo positivo. Era suposto estar forçando a mão da Providência e ser contrário aos positivos ensinamentos do judaísmo ortodoxo em relação a vinda do Messias e o trabalho providencial de Deus na realização da restauração. Na Rússia a extrema sinagoga ortodoxa, não contente com um simples protesto, organizou uma ativa oposição a qual tinha em seu centro o rabino Akiba Rabinowitz e a revista “HaPeles” em Vilna. Uma biblioteca aberta lá pelos sionistas em 14 de abril de 1902, teve de ser fechada por um tempo. No linguajar comum esta oposição foi mencionada como “Gabinete Preto” (Lishkah ha-Shehorah).

            Um aspecto mais teológico foi dado à oposição por alguns dos rabinos europeus. Dr. Güdermann, rabino chefe de Viena, em seu “National-Judenthum” (Leipizg e Viena, 1897) disse que Israel tem sido, desde a dispersão, uma comunidade puramente religiosa, um líder de povos; que sua tarefa histórica tem consistido em oposta ideia do nacionalismo; e que se o judaísmo deve despertar em todos aderentes o comportamento de novamente tornar-se uma nação, seria cometer suicídio. De acordo para Güdemann, a vocação de Israel reside na impressão espiritual que ela tem estado apta a colocar sobre a humanidade e em seu esforço para acelerar o tempo messiânico o qual irá conciliar as nações uma com a outra. Ele sustenta que o judaísmo tem aclimatado ele mesmo em todos os lugares; que Sião é somente um símbolo de dele próprio {ou seja, do próprio judaísmo} e do futuro da humanidade; que neste sentido a palavra é usada nos livros de orações da sinagoga, e que o verdadeiro sionismo não pode ser separado do futuro da humanidade. Em simular espírito K. Kohler formula sua oposição ao sionismo. Ele não chama a si mesmo de um antissionista; mas acredita que num positivo caminho o judaísmo tem outro futuro perante ele. Para ele judaísmo é uma verdade religiosa confiada para uma nação destinada a interligar todas as nações e seitas, classes e raças de homens; sua tarefa é ser um fator cosmopolita da humanidade, baseada ela própria sobre uma passagem bíblica, “Vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” “A missão do judeu é não somente de caráter espiritual ou religioso, é social e intelectual também, e o verdadeiro sionismo exige dos judeus serem mártires na causa da verdade e justiça e paz até que o senhor for um e o mundo for um.” Ele repudia a ideia que a Judéia é o lar do judeu – uma ideia a qual “tira do lar” o judeu ao redor da vasta Terra – e mantém a inteira propaganda um sonho utópico porque mesmo se Turquia estiver disposta, nenhum dos grandes poderes da cristandade iria conceder a Terra Santa para o judeu; que a alta temperatura da Palestina iria não mais oferecer-lhe um solo congenial e saudável; que a Palestina tem pobres perspectivas de mesmo tornar-se um estado proeminente e de atrair o capital judaico; que os elementos incongruentes do qual um Estado judaico seria composto iria militar contra uma harmoniosa mistura numa grande comunidade; e que tão insignificante comunidade seria inapta para lidar com sucesso com as hostis forças reunidas contra ela. Todavia, ele vê com favor sobre a colonização da Palestina por judeus, e vê a “possibilidade do sionismo conduzir a um judaísmo unido e um congresso pan-judaico” (ver “The judeans,” página 68 e sequência, New York, 1899). Claude Montefiore proclamou-se ele próprio um convencido e determinado antagonista do plano sobre a base que o sionismo é calculado para gerar e fomentar sentimentos antissemitas, mais especialmente quando ele é encarado como um ideal glorioso, em vez de uma necessidade triste. Os judeus, ele pensa, são para combater a boa luta, não para se desesperar, mas com autopurificação e brava resistência para esperar o melhor tempo que a civilização irá em curto tempo trazer, quando os concidadãos dela irão reivindicar eles como seus próprios (obra citada, páginas 86 e seguintes).

 

Protestos dos rabinos germânicos

            Fortes denúncias de sionismo foram ouvidas, especialmente na Alemanha. O aparecimento do órgão do partido “Die Welt” foi declarado como sendo uma desgraça (“Allg. Zeit, des Jud.” 11 de junho de 1897); G. Karpeles manteve até mesmo que o judaísmo não era uma religião, mas sim um “sittliche Weltanschauung und geschichtliche Thatsache” {cosmovisão moral e fato histórico} (“Die Welt,” 1905 n° VIII.) Na mesma Associação de Judeus Rabinos da Alemanha, S. Maybaum (Berlim) e H. Vogelstein (Stettin) emitiu um protesto contra os sionistas, que foram declarados ser “fanáticos da Rússia e jovens estudantes de forte ideologia”. Em uma comunicação preliminar os protestantes estabeleceram os seguintes princípios: que os judeus não eram mais que um corpo religioso, e aqueles na Alemanha, alemães nacionais, embora com fidelidade para com a divina religião do Sinai. Eles exigiram um protesto unido de todas as congregações contra o sionismo político; combate a agitação para neutralizar as ações dos sionistas; e uma declaração pública de todas sociedades compostas de rabinos e professores contra o movimento. Dr. Leimdörfer (Hamburgo) associou-se ele mesmo neste protesto (“Die Welt,” 2 e 11 de julho de 1897). Em Hanover o advogado Dr. Meyer propôs em adição um encontro antissionista em Berlim no qual os judeus deveriam proclamar seus sentimentos patrióticos germânicos e nesta maneira desarmar os sionistas (ibidem {“Die Welt,” 2 e 11 de julho de 1897}). Nenhuma de tais ações, todavia, parecem ter sido assumidas; embora, na Inglaterra, vários rabinos foram inibidos pelo rabino chefe de pregar sobre o sionismo, e o haham {em hebraico um estudioso} M. Gaster foi impedido pelo Mahamad {ou seja, pelo conselho de anciões} das congregações espanhola e portuguesa de tocar no assunto enquanto estivessem exercendo suas funções oficiais (1899). O protesto formal apareceu no “Allgemeine Zeitung des Judenthums,” 16 de julho de 1897, assinado pelo Conselho de Ministros. Ela afirma, em primeiro lugar, que as tentativas dos sionistas fundarem um Estado nacional judaico na Palestina são contrárias para as promessas messiânicas do judaísmo como expostas nas Escrituras Sagradas e por autoridades religiosas; em segundo lugar, que o judaísmo exige de seus aderentes servir o Estado no qual eles vivem e de todas as maneiras para promover seus interesses nacionais {ou seja, os interesses da nação na qual cada judeu vive}, terceiro lugar, que nenhuma oposição à isso pode ser feita no nobre plano para colonizar a Palestina com agricultores judeus, porque aquele plano não tem nenhuma conexão com a fundação de um Estado nacional. No mesmo espírito a Conferência dos Rabinos Americanos, a qual ocorreu em Richmond - VA {Estado da Virgínia nos EUA}, em 31 de dezembro de 1898, declarou ela mesmo como oposta para o movimento sionista como um todo na base (conforme um dos membros afirmou) “que a América era a Jerusalém dos judeus e Washington era a Sião deles.”       

 

Lucien Wolf e Laurie Magnus

            Uma atitude de tipo intransigente contra o sionismo tem sido tomada na Inglaterra por Lucien Wolf. Começando com um viés não indistintamente favorável para o plano conforme formulado por Herzl, ele tinha vindo a sustentar não somente a impraticabilidade do esquema, mas a insustentabilidade de suas premissas. Ele acredita que os judeus são de origem aria e que eles não são antropologicamente uma raça separada (uma visão também mantida por Solomon Reinach; ver “R. E. J. “XLVII 1), e que em um período posterior somente um movimento antropológico cetentrional realizou-se; que existe perigo no sionismo, em que ele é o natural e duradouro aliado do antissemitismo e sua mais poderosa justificação; que ele é uma tentativa de virar para trás o curso da moderna história judaica; que ele {o sionismo} é “uma visão ignorante e de mente estreita de um grande problema – ignorante porque ele não leva em conta o decisivo elemento do progresso na história; e de mente estreita porque ele confunde memória política com um ideal religioso.” Como um meio de aliviar a angústia judaica na Europa oriental, Wolf o considera inadequado e em um certo sentido desnecessário. As chances de emancipação na Rússia ele sustenta ser por nenhum meio desesperada; e a questão judaica romena ele pensa estar grandemente melhorada e “de modo gerenciável”. A missão do judeu é uma de tipo mendelssohniana; para mostrar um exemplo para as nações, assumir sua posição sobre elevada tolerância e real universalismo, e “seu mais alto ideal tradicional é indubitavelmente nacional, mas não é a nação de um principado concentrado, mas sim uma nação sagrada de um reino de sacerdotes” (“The Zionist Peril” em “J.Q.R.” XVII. 1 – 25).

            Do ponto de vista do seu efeito sobre o status dos judeus na Europa ocidental e América, o Sionismo tem sido fortemente criticado por Laurie Magnus. Este criticismo pode ser resumido no seguinte extrato:        

“Um voo o qual não é fuga, um abandono, e uma evacuação – esta é a moderna rendição da esperança messiânica: ao invés de gentis vindo para a luz, Dr. Herzl oferece o pequeno quadro do conteúdo judaico, como visitantes estrangeiros, com uma ‘favorável boa vinda e tratamento’. Nós temos chamado isto de uma caricatura do judaísmo. Mas isso é mais que uma sátira – é uma traição. Dr. Herzl e aqueles que pensam com ele são traidores da história dos judeus, os quais eles não sabem ler e interpretam errado. Eles são eles mesmos autores do antissemitismo o qual eles professam matar. Pois como podem os países europeus os quais os judeus se propõem a ‘abandonar’ justificarem a sua retenção dos judeus? E por que deve a igualdade civil ter sido vencida pelo extenuante esforço dos judeus, se os judeus próprios estão a ser os primeiros a ‘evacuar’ a posição deles, e a reivindicar a cortesia pura de ‘visitantes estrangeiros’? (“Aspects of the Jewish Question,” {“Aspectos da Questão Judaica”} página 18, Londres, 1902).

            Esta é também praticamente a posição assumida pelo Prof. Ludwig Geiger, o líder dos judeus liberais em Berlim, embora com mais especial referência para o particular país no qual eles vivem. Ele disse:

“O sionismo é tão perigoso para o espírito germânico – “Deutschthum” – como o é a social democracia e o ultramontanismo {linha católica mais inflexível}. Ele tem alguma coisa de cada: de um é seu radicalismo, do outro é o ultramontanismo – “Jenseitige” {de outro mundo}–, o desejo por uma pátria outra que não seja pertencer a sua linguagem e cultura... sionismo pode ser apto a levantar seu exército de centenas de milhares, se nenhum obstáculo estiver colocado em seu caminho. Assim como nós somos advertidos contra os trabalhos ultramontanos na história e contra os ensinamentos da social-democracia, assim nós devemos estar avisados contra os sofismas sionistas – “Afterweisheit” {além da sabedoria} –. O judeu alemão que tem uma voz na literatura alemã deve, conforme ele está acostumado pelo último século e meio, a olhar sobre a Alemanha somente como sua pátria, e a língua alemã como como sua língua materna; e o futuro daquela nação deve permanecer o único sobre o qual ele baseia suas esperanças. Qualquer desejo para formar junto com seus correligionários um povo fora da Alemanha é, para não falar de sua impraticabilidade, diretamente uma ingratidão frente a nação cujo meio eles vivem – uma quimera; porque o judeu alemão é um alemão em suas peculiaridades nacionais, e Sião é para ele somente uma terra do passado, não do futuro.”

Nenhum oponente do Sionismo tem ousado dizer o que Geiger acrescenta:

A retirada de direito de cidadãos parece ser a necessária consequência da legislação germânica contra o sionismo, a única resposta que a consciência nacional alemã pode dar.” (ver “Stimmen der Wahrheit”, páginas 165 e sequência, Berlim, 1905).

  

Menores objeções

            Enquanto criticismos tais como estes tocaram sobre os princípios basais do sionismo, outros criticismos lidaram com acusações as quais são evidência de forte sentimento levantado sobre todos os lados na judiaria pelo sucessivo progresso do movimento sionista o “Univers Israélite” resumiu a questão ao dizer:        

“O longo e curto disto é, sionistas e antissemitas são uma e a mesma coisa.” O “Reform Advocate” de Chicago falou dos “antissemitas, seus amigos [os amigos de Herzl]” (12 de março de 1898). Um rabino em Marburg classificou o sionismo como “Messiasschwärmerei” {arrebatamento do messias}; e o viajante Edward Glaser acreditou que o sionismo foi colocado a frente pelo governo britânico a fim de quebrar a Turquia e formar um Estado tampão. O Hakham bashi{palavra para designar no Império Otomano o rabino chefe} em Constantinopla postou uma notícia na sinagoga colocando o jornal hebraico “Ha-Zefirah” sob proibição; e o Dr. Block, editor do “Wochenschrift” de Viena, esforçou-se primeiro para obter uma subvenção dos sionistas, oferecendo oito páginas de seu jornal para a causa se o “Die Welt” {jornal sionista fundado por Theodor Herzl em Viena} deixasse de aparecer (“Die Welt,” II, nº 48); falhando nisso ele {Dr. Block} tornou-se um oponente mais determinado. O livro de S. Bernfeld “Am Ende des Jahrhunderts” (1899) tinha uma simples menção do sionismo e do congresso; enquanto aquela porção do livro de Martin Philippsohn “Jahrbuch für Jüdisch Geschichte,” 1898, mencionando o Congresso da Basiléia de 1897, foi contundentemente retirado pelo editor, G. Karpeles. Quando o “Trust” foi fundado, o relatório foi espalhado de modo que cada um dos diretores teriam um bônus de 100,000 marcos para passar os estatutos, e que o único objetivo da corporação era combater ortodoxia. O londrino “Financial News” (28 de abril de 1899, página 872) falou dos “descuidados e irresponsáveis promotores do ridículo Trust.”

            Nos Estados Unidos, também, a oposição cresceu em ritmo acelerado.

O “Reform Advocate” em Chicago sugeriu editorialmente que o real objetivo de Herzl e Nordau era possuir eles mesmos as economias de seus irmãos mais pobres. Isaac M. Wise, presidente do Hebrew Union College, pensou que os sionistas eram “Traidores, hipócritas, ou fantásticos tolos cujos pensamentos, sentimentos, e ações estão em constante contradição uma com a outra” (“Hebrew Union College Journal,” dezembro de 1899, página 47); enquanto o rabino Samfield escreveu no “Jewish Spectator” que “sionismo é uma erupção anormal de sentimento pervertido.” O professor Louis Grossman considerou que a “agitação sionista contradiz tudo que é típico dos judeus e do judaísmo,” e que o “movimento sionista é uma marca de ingenuidade, e não sai do coração do judaísmo, seja antigo ou contemporâneo” (“Hebrew Union College Journal,” dezembro de 1899, página 72).

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 6


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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