quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Noite Silenciosa - Noite Santa - A época do ano mais significativa para os povos europeus! - David Duke

 

David Duke


O Natal é o mais sagrado dia para o povo europeu, onde quer que nós estejamos no mundo, da Sibéria a São Francisco, do Alaska a Auckland. O Natal é mesmo mais que um momento religioso. Pois nossos antepassados*a assumiram a fé cristã e expressaram seu motivo na própria arte, coração e alma no que nós chamamos civilização ocidental.

            Hoje, o Natal tem mesmo transcendido esse motivo. Pois o Natal tem se tornado tudo o que nós celebramos como europeus. Depois de seu simbolismo cristão, ele é proeminentemente sobre família, raízes e comunidade.

            Não é acidente que ele coincide intimamente com a ainda mais antiga tradição europeia do solstício*b, pois o solstício é a celebração do nadir do inverno, e do calor e beleza e luz a vir. E ele é certamente o dia mais significativo do ano para todos europeus; protestante ou católico, cristão ou nórdico, crente ou não crente. Pois neste dia nós somos todos crentes em um sentido. Nós somos crentes na bondade, na beleza, na natureza, no amor, no brilho das faces de nossas crianças e na angélica luz refletida nos olhos e cabelos delas.

{Crédito da foto: zastavki.com}


            Durante o percurso através do Natal está a expressão da vida, do nascimento do salvador, ao símbolo da vida e da natureza expressos em nossas perenemente verdes e fragrantes árvores de Natal, à mais pura alegria nas faces de nossas crianças, ao Papai Noel de face avermelhada e barba branca em seu traje vermelho brilhante do extremo norte.

{Crédito das fotos:  Yuganov Konstantin}


            Um símbolo adequado é o Pai Natal, pois ele é como o avô arquetípico de nosso povo. A lenda europeia tem ele vindo das regiões geladas do norte, e que simboliza o lar ancestral de nosso povo. De fato, nossa raça foi moldada e afiada no cadinho da última grande era do gelo e no clima intensamente violento que governou sobre a Europa 40.000 anos atrás Este Papai Noel europeu arquetípico vem para nós no auge do inverno e na calada da noite para nos trazer presentes de amor, alegria e esperança!

            Para todos nós no Movimento dedicado à vida e liberdade de nosso povo, o Natal dever ser um dia sagrado e a véspera de natal uma noite sagrada, uma noite silenciosa de maravilha, beleza e significado.

            O mais intimidador e desencorajador inimigo de nosso povo é a desesperança e o desespero. Nós que somos plenamente conscientes do genocídio em curso de nosso povo através do mundo, a morte do Ocidente e do povo do Ocidente que segue acelerando, algumas vezes procuramos diminuir o a dor em nossos corações com o consolo do álcool ou o que é apenas um vício em massa como grande expectador de esportes no mundo ocidental, qualquer coisa que pareça afastar de nossas mentes o torpor na mente causado pelo prospecto de destruição e extinção de tudo que nós mantemos próximos de nossos corações.

            Mas, aqueles que têm riscado fora o povo europeu americano estarão surpresos na próxima década, pois um grande despertar está agora se agitando entre nosso povo. Os mesmos genes que nos deram nossos antigos heróis e artesãos, comandantes e poetas estão ainda dentro de nós. Eles estão ainda na alma e nos nervos de nossos filhos. É nossa tarefa sagrada tocar estes genes, tocar os corações e mentes de nosso povo e trazê-los para a verdade e, derradeiramente, para a vida novamente!

            Conforme o solstício / Natal é o nadir do inverno, então este momento na história é o nadir de nosso povo. Mas, os ventos de inverno da morte irão ser substituídos em breve por uma quente brisa de primavera da vida e renovação. Nós temos recebidos os presentes de Natal. Um presente que nós temos é a internet pela qual nosso povo pode se comunicar onde quer que ele esteja no mundo... em um instante. Nós agora temos a habilidade para conseguir a verdade para nossos irmãos na velocidade da luz onde quer que resida nosso povo.

            Agora mesmo, conforme você lê ou ouve essas palavras, há meninos e garotas em seus lares ao redor do mundo que ouvem essas palavras com você. E essas palavras cantam em seus corações conforme cantam no meu. Qual canção que nós cantamos? É a canção do amor da família e povo, é a canção da vida e da liberdade, é a canção da beleza e da realização, é a canção e da realização, é a canção que nosso povo tem cantado em seus corações desde o momento em que ele emergiu das névoas de neve e trouxe a civilização para terra. É uma canção que nós iremos cantar conforme nós despertarmos e é a canção que irá agitar os corações de nossos descendentes, mesmo enquanto viajam para as estrelas infinitas.



            Não temais meus irmãos, este é o solstício de inverno de nosso povo, a primavera não ficará longe se somente vocês manterem a fé, manterem a beleza pela qual nós lutamos em nossos corações, contemplem essas coisas no silêncio da véspera de Natal, e celebre-as na incontida alegria do dia de Natal com família e amigos, pois estes dias são seus dias, faça-os plenos de significado.

Ó noite silenciosa, ó noite sagrada! Deixe o amor dos amigos e parentes preencher nossos corações. Deixe esses dias renovar-nos e que nos redediquem à nossa herança e nossa liberdade.



Este tem sido David Duke

Feliz natal e para todos uma boa noite

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas

*a Nota de Mykel Alexander: Sobre a ancestralidade europeia ver:

O mundo dos indo-europeus, Por Alain de Benoist, 30 de julho de 2018, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/07/o-mundo-dos-indo-europeus-por-alain-de.html


 *b Nota de Mykel Alexander: Sobre a relação do Solstício com o natal e o povo europeu ver artigo breve e introdutório:

O Solstício de Inverno: Símbolo da antiguidade da civilização europeia, por David Duke, 30 de novembro de 2017, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2017/11/o-solsticio-de-inverno-simbolo-da.html

                Traduzido do original: The Winter Solstice: Symbol of the Antiquity of European Civilization, por David Duke, 20 de desembro de 2014, David Duke.

http://davidduke.com/winter-solstice-symbol-antiquity-european-civilization/

 

Fonte: Silent Night – Holy Night – The most meaningful Time of the Year to European Peoples!, por David Duke, 24/12/2018, David Duke.

https://davidduke.com/silent-night-holy-night-a-christmas-message-from-david-duke/

Sobre o autor: Dr. David Duke é graduado na Universidade Estadual de Louisiana com bacharelado em História. Ele concluiu seu doutorado na maior universidade da Ucrânia. Tem ministrado palestras em mais de 25 nações e em mais de 250 universidades ao redor do mundo. É um ativista político para a autodeterminação dos americanos de etnia europeia e é assíduo opositor da supremacia judaica o que atraiu antipatia e adversidade da comunidade judaica internacional, resultando em duas tentativas de prisão quando foi convidado a ministrar palestras na República Tcheca e na Alemanha.

            Foi eleito como membro da Câmara dos Representantes dos EUA (pelo Estado da Lousiana no mandato de 1989 – 1993), que é uma das duas câmaras do congresso dos EUA.   

            Entre suas obras estão:

My Awakening: A Path to Racial Understanding, Free Speech Press, Mandeville, 1998.

Jewish supremacism: my awakening on the Jewish question, Free Speech Press, Mandeville, 2007.

The secret behind communism: the ethnic origins of the Russian Revolution & the greatest holocaust in the history of mankind, Free Speech Press, Mandeville, 2013.

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O Solstício de Inverno: Símbolo da antiguidade da civilização europeia – por David Duke

O mundo dos indo-europeus - Por Alain de Benoist

Monoteísmo x Politeísmo – por Tomislav Sunić

Politeísmo e Monoteísmo - Por Mykel Alexander


sábado, 12 de dezembro de 2020

Ciência politizada vs. política científica - por Alex Kurtagić

 

Alex Kurtagić


Pode parecer irônico para aqueles que são ditos ter “visões de extrema direita,” mas talvez um dos maiores obstáculos na luta pelo Ocidente seja a obsessão da extrema direita com a compreensão científica das raças humanas. Não é tanto que o conhecimento científico sobre raça seja irrelevante para nosso propósito político (o qual é a luta pelo Ocidente), mas, ao contrário, que essa ciência é pensada possuir uma utilidade política que não possui e nunca terá.

Conforme eu tenho afirmado antes, a menos que ele já esteja temperamentalmente predisposto ao elitismo, o homem da rua no século 21 nunca será induzido a alterar suas visões sobre raça apenas à força de dados científicos, porque esses dados serão interpretados sempre em relação às considerações sociais extrafatuais que, no Ocidente, dependem do domínio da moralidade liberal igualitária.

Isso não quer dizer, entretanto, que a ciência da raça não tenha lugar na luta pelo Ocidente, porque tem. Isso quer dizer que os conceitos científicos daqueles que estão envolvidos nessa luta precisam de uma reavaliação ou reposicionamento. Neste ensaio, examinarei a relação da extrema direita com a ciência racial e seu uso como uma ferramenta de campanha.

 

A Penumbra Liberal

O liberalismo foi a primeira das ideologias igualitárias da modernidade. Ganhou ascendência política no século 18, de forma mais memorável na França, mas, antes disso, nos Estados Unidos, que se tornou o principal expoente global do liberalismo político. (A França, no entanto, definiu a terminologia política moderna, com base nos arranjos dos assentos da Assembleia Nacional, onde os que se sentavam à direita representavam o ancien régime, e os da esquerda, os partidários da Revolução.) Marxismo, a segunda ideologia igualitária, que surgiu durante a revolução industrial, criticou o liberalismo por não cumprir sua promessa de igualdade.

Em termos políticos, essas duas ideologias foram criticadas durante o século 20 pelo fascismo (com um “f” não capitalizado), o qual encontrou suas expressões mais conhecidas na Itália de Mussolini e no nacional-socialismo alemão. Metapoliticamente, no entanto, o liberalismo e, em seguida, o marxismo, estavam sob ataque da direita desde o século 19, o qual viu a cristalização de uma tradição intelectual anti-igualitária moderna.

A extrema direita de hoje é a herdeira política dessa tradição – embora, é preciso dizer, com todas as suas pretensões elitistas, sua abordagem tenha sido amplamente populista. Apesar de uma visão de mundo hierárquica unificadora (que essencialmente valoriza a qualidade em vez da igualdade), as concepções de raça da extrema direita estão divididas, notadamente ao longo das linhas anglófonas e do Atlântico Norte. Na Europa, principalmente no continente, a raça está envolvida com a cultura e às vezes com um certo misticismo. Na América, a raça é concebida de forma muito mais concreta, em termos quase puramente biológicos.

De fato, há uma tendência ao reducionismo biológico dentro da extrema direita americana que é incomum na Europa, embora a ciência da raça também seja estudada lá. Para o dissidente americano da extrema direita, raça é um problema empírico: trata-se de fatos e evidências, é um problema que deve ser compreendido numericamente e que requer uma solução quantitativa. Reflete uma perspectiva extrema e pragmática, cujas origens podem estar geralmente no temperamento inglês e, intelectualmente, nos empiristas britânicos, que se desenvolveram a partir da revolução científica que começou durante o Renascimento. Há exceções, é claro, e uma é Francis Parker Yockey, cujas opiniões sobre raça foram influenciadas pela filosofia da Europa continental.

Existem razões históricas para a divisão do Atlântico Norte. As mais óbvias têm a ver com como a América do Norte foi colonizada e por quem. O que mais tarde se tornou os Estados Unidos foi inicialmente uma série de colônias britânicas povoadas por ingleses, alguns dos quais decidiram importar para os novos territórios escravos da África Ocidental não destinados à cidadania ou assimilação. Ondas subsequentes de imigrantes da Europa diluíram então progressivamente a identidade especificamente inglesa em favor de uma branquitude genérica, que, uma vez que era determinada pela ancestralidade, era necessariamente biológica.

Uma razão menos óbvia, mas não menos importante, tem a ver com o período da história intelectual europeia quando os Estados Unidos vieram à existência. Os Pais Fundadores foram liberais clássicos. Thomas Jefferson foi influenciado por John Locke, Isaac Newton e Francis Bacon, as duas últimas figuras-chave na revolução científica; Benjamin Franklin, cujo trabalho no então incipiente campo dos estudos populacionais influenciou posteriormente Adam Smith e o utilitarista Thomas Malthus, que por sua vez influenciou Charles Darwin e Alfred Wallace; George Washington e Samuel Adams estavam entusiasmados com Thomas Paine, que viveu na França durante a década de 1790, esteve ativamente envolvido na Revolução Francesa, e escreveu uma a apologia a ela – os Direitos do Homem. Junto com James Madison e Alexander Hamilton, esses homens eram todos crentes firmes no republicanismo.

Em acordo, os documentos fundadores carregam a influência de John Locke, estendendo a teoria do contrato de Thomas Hobbes – na verdade, a Declaração de Independência dos Estados Unidos segue intimamente a fraseologia de John Locke; Montesquieu, outra figura iluminista, que defendeu a separação de poderes, embora ele seja controverso; Sir William Blackstone, jurista do Iluminismo britânico, autor dos Commentaries of the Laws of England; e Edward Coke, outro jurista, que estendeu as proteções da Magna Carta a todos os súditos, e não apenas à aristocracia.

Em suma, enquanto nós podemos argumentar que há na cultura americana uma vertente alternativa profundamente enterrada, que é arcaica, profundamente religiosa e quase bárbara; que remonta ao período colonial e foi estendida pelos pioneiros, aventureiros e fronteiriços do Velho Oeste; que existiam antes ou além do alcance da filosofia liberal estabelecida; e que foi posteriormente recuperado para acabar na ficção de Robert E. Howard e H.P. Lovecraft, entre outros – enquanto nós podemos dizer tudo o que foi dito acima, também podemos dizer sem dúvida que os Estados Unidos são um projeto liberal ou iluminista, e a interação da moralidade liberal igualitária com a branquitude multiétnica e uma sociedade multirracial muito desigual criou uma profunda preocupação com a raça.

Em adição, parte do projeto norte-americano envolvia a recriação de uma sociedade inglesa, e mais tarde norte-europeia, sem os fardos da história europeia. O continente norte-americano foi, como é frequentemente o caso do colonialismo de colonos, visto como uma paisagem vazia (as várias nações indígenas que nele residiam mentalmente e depois fisicamente “desapareceram”), a ser inscrita pelos colonos de acordo com as suas visões e / ou ambições. A América do Norte era, em essência, um canteiro de obras, física e metafisicamente, e isso atraiu um tipo particular de imigrante – um homem de ação, com devaneios de caráter muito material – que, por sua vez, enfrentou problemas práticos imediatos. O temperamento pragmático e avesso à teoria dos britânicos foi destilado, desta maneira, em um concentrado purificado, que definiu um tipo de extremismo no caráter americano.

            É interessante notar que muitos dos nomes proeminentes associados ao estudo científico da raça e seu aprimoramento têm sido ingleses, começando com Charles Darwin e seu primo Sir Francis Galton, passando por Mary Scharlieb, Elizabeth Sloan Chesser, Stella Brown e Alice Ravenhill, até os proponentes atuais Richard Lynn e o falecido J. Philippe Rushton. Também é interessante notar que este campo encontrou seu solo mais fértil nos Estados Unidos: Charles Davenport, Henry H. Goddard, Madison Grant, David Starr Jordan, Harry H. Laughlin, Henry Fairfield Osborn, Seth Humphrey, Paul Popenoe, Samuel George Morton, William Z. Ripley, Margaret Sanger e Lothrop Stoddard vêm à mente – uma tradição que atingiu os dois extremos do espectro político e que continuou até nossos dias em uma forma atenuada com E.O. Wilson e o falecido Arthur Jensen.

            De fato, o movimento eugênico americano recebeu apoio institucional e financiamento (a Instituição Carnegie e a Fundação Rockefeller, que mais tarde financiou Theodor Adorno), influenciou a política governamental (por exemplo, a Lei de Imigração de 1924, assinada pelo então presidente dos Estados Unidos Calvin Coolidge), e desfrutou apoio de nomes conhecidos como John Harvey Kellogg, inventor do Corn Flakes. Ainda mais, os principais dissiminadores desse corpo de trabalho nos últimos tempos têm sido quase todos americanos. Este tipo de material é, entretanto, profundamente do subterrâneo na Grã-Bretanha, onde goza de um nível de receptividade muito menor. É claro que as garantias legais de liberdade de expressão são maiores na América do que na Grã-Bretanha, e maiores na Grã-Bretanha do que na Europa continental, refletindo como as tendências pré-existentes têm sido exacerbadas pela legislação.

 

A morte do liberalismo clássico

Em ensaios anteriores eu discuti a natureza do liberalismo moderno, então eu não o examinarei novamente aqui. É suficiente dizer que, enquanto o liberalismo eventualmente derrotou seus críticos marxistas, ele também os absorveu. É por isso que, de certa forma, a derrota do marxismo não importou no final, porque em 1989 o processo de absorção já havia sido amplamente realizado, e o liberalismo ocidental havia então divergido significativamente de sua formulação clássica.

 

A politização da ciência

Os críticos marxistas do liberalismo clássico têm por décadas tentando demonstrar as várias maneiras nas quais, em sua opinião, a ciência ocidental é ideologicamente tendenciosa. Todos os cientistas mencionados acima abrangem o que os marxistas chamam de “racismo científico”, termo que tem sido adotado pelos liberais modernos. Ao fazer isso, eles têm politizado a ciência que reclamaram de ter sido politizada pela “supremacia branca”. Para ser justo, sua reclamação não era sem fundamento, porque o estudo científico das raças do homem pretendia não apenas satisfazer a curiosidade intelectual, mas também era usado para manter relações de poder interraciais e influenciar a política governamental. Jordan armou-se de argumentos eugênicos para fazer campanha contra a guerra; Grant e Stoddard para campanha contra a imigração; Sanger para a campanha pelo controle da natalidade.

Desde a década de 1930 uma politização reversa tem tomado lugar: a ciência permanece politizada, mas agora é a visão da crítica marxista que domina. A visão da “supremacia branca” não foi embora, entretanto. Ele sobrevive nas franjas externas da oposição, tão longe do mainstream é quase impossível vê-la a menos que seja arrastado para os holofotes para fins de demonização (a qual é uma forma de autoconfirmação esquerdista).

Por razões delineadas nas seções anteriores, a extrema direita nos Estados Unidos tem tendido a confundir ciência politizada com política científica. Em outras palavras, eles acreditam que derrotar a visão marxista é uma questão de refutá-la cientificamente. Consequentemente, nós vemos um arroio interminável de estatísticas relacionadas à raça e estudos de QI entrelaçando ataques ao liberalismo moderno e ao marxismo, suas interpretações tendenciosas da evidência científica e sua pseudociência igualitária.

A causa do problema é a adoção de uma mentalidade liberal moderna pela direita, onde essa mentalidade tem criado raízes via interseção com o libertarianismo. Tendo “libertado” o homem da religião e do misticismo, o mundo é para o liberalismo inteiramente material. Por sua vez, o marxismo, que radicalizou essa visão e compartilha as raízes do liberalismo na revolução científica, no racionalismo continental e no empirismo britânico, lançou ele próprio desde o início como “científico”. (O Capital é escrito em uma prosa que tem óbvias afetações científicas, um estilo que na época tinha o benefício adicional de contar com a ajuda dos censores.)

O esforço para refutar a má ciência dos igualitários com a boa ciência assume uma concepção de homem como um ator racional, capaz de chegar a conclusões corretas a partir de dados empíricos por meios racionais. Ele também assume que a vitória política é uma questão de competir efetivamente no mercado de ideias e persuadir pessoas suficientes – com “fatos concretos” – de que a ciência da raça está correta, pois então os liberais igualitários seriam desacreditados, dando lugar a seus oponentes. A moralidade liberal igualitária é descartada como meramente “ideologia”, a qual, é assumido, pode ser refutada com fatos, quando a verdade é que uma moralidade nunca pode ser refutada, somente desacreditada. Em suma, esses ativistas de extrema direita adotam uma metodologia liberal e uma concepção liberal do homem e do mundo, operando assim em território inimigo, onde jogam um jogo inventado pelo inimigo. Não se pasma que eles não são mais bem-sucedidos!

 

Política Científica

Nenhuma das opções acima significa que a ciência da raça é irrelevante, ou que não há lugar para a ciência na política. Pelo contrário, ambos são importantes. Seu lugar e aplicação, contudo, são diferentes daqueles assinalados a eles por muitos apoiadores e ativistas da extrema direita. Uma confusão fundamental entre muitos deles é a entre política e campanha: acreditando que uma política eficaz é feita de conhecimento objetivo, eles também acreditam que o conhecimento objetivo constitui uma campanha eficaz. Nisso eles estão errados.

O conhecimento é sempre aferido contra a moralidade prevalecente e, portanto, aceito ou rejeitado sobre a base das conclusões que derivam desse conhecimento se são “certas” ou “erradas” moralmente. Isso é visto claramente nas atitudes em relação à eugenia. A eugenia pressupõe que os humanos têm valores desiguais, então a moralidade liberal / de esquerda a classifica como “errada”, o que alimenta os esforços para negar seu status científico; na verdade, a eugenia é frequentemente referida pelos liberais e marxistas como uma “pseudociência”. Se a ciência alguma vez for olhada seriamente, é apenas com o propósito de desmascará-la. Na verdade, desmascará-la é de tal importância moral, que a verdade dos fatos não importa em absoluto.

Uma campanha eficaz – essencialmente mercadologia {em inglês marketing} – fia-se principalmente sobre considerações e processos extrafatuais envolvidos na motivação humana. Qualquer informação factual usada em campanhas tende a ser simples, curta e frequentemente trivial.

Isso não quer dizer que a fazer campanha é não-científico. Em áreas onde o sucesso ou o fracasso dependem da campanha, tais como o comércio e a política democrática, uma compreensão científica completa da psicologia humana, da motivação e das normas sociais é essencial. Talvez porque eles vejam o homem em termos puramente materiais, ou seja, em termos puramente biológicos, as vantagens de estudar o animal humano como animal foram bem compreendidas pelos liberais e seus críticos de esquerda. Mesmo os freudianos-marxistas no negócio de produzir pseudociências fraudulentas, tais como The Authoritarian Personality, focaram não em convencer as pessoas de que seus fatos estavam certos (para eles isso era um dado), mas na psicologia humana.

No caso da Escola de Frankfurt, foi para causar um curto-circuito no que eles viam como os instintos “fascistas” da mente ocidental. Formas posteriores de esquerdismo, crescendo do (e rejeitando parcialmente) o marxismo, como o primeiro Jean Baudrillard em The System of Objects, The Consumer Culture, and The Political Economy of the Sign, onde a psicologia social interage com a cultura e ideologia, a fim de compreender a base psicológica do capitalismo e encontrar uma maneira de curto-circuitar o sistema capitalista (e, um tanto implicitamente, as desigualdades que surgem nele). Se eles politizaram a ciência, isso foi um subproduto – embora intencional – de seu envolvimento em uma forma de política científica, pela qual quero dizer abordando o jogo de poder e autoridade nas relações sociais com uma metodologia científica.

O papel político da ciência da raça não é, portanto, a persuasão do neófito, mas a confirmação do inveterado e a reafirmação do simpatizante. Além disso, oferece a base para um futuro desenvolvimento na ciência do homem, sua futura interpretação e sua futura tradução em política, todas as quais são contingentes a uma mudança de paradigma na filosofia moral e, portanto, são os elementos de somente um cenário possível na luta pelo Ocidente. Se esse cenário se tornará realidade, dependerá do período de tempo e da direção da mudança, a qual está apoiada inteiramente no que os movimentos desestabilizadores são capazes de realizar dentro de sua janela de oportunidade.

 

Conclusão

A luta pelo Ocidente compreende múltiplos teatros de guerra, que alcançam desde a demografia crua até a teoria abstrata. A ciência é um deles. Que a estratégia da extrema direita neste teatro se fie em assunções liberais sobre o homem é irônico, mas talvez compreensível, dado que a concepção biológica e o estudo da raça surgiram em um contexto totalmente liberal. O resultado foi uma confusão entre ciência politizada e política científica.

A extrema direita na parte mais ocidental de nosso hemisfério tem focado em atacar os vícios científicos do liberalismo igualitário moderno (ou seja, a politização da ciência), enquanto falha em emular práticas bem-sucedidas (ou seja, política científica). Como usual, o foco tem sido atacar os efeitos, ao invés das causas. Qualquer movimento procurando derrotar o liberalismo no Ocidente precisaria desfazer o pensamento de todas as assunções liberais primeiro, entendendo completamente como e por que isto deve ser feito, e ser capaz de articular por que fazendo isso é então moralmente correto de uma maneira que faça aqueles que ouvem se sentirem bem e justo em prestar atenção.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

 

Fonte: Politicized Science vs. Scientific Politics, por Alex Kurtagić, 17 de dezembro de 2012, Counter Currents.

https://www.counter-currents.com/2012/12/politicized-science-vs-scientific-politics/

Sobre o autor: Alex Kurtagić (1970 – ) nasceu na Croácia filho de pais eslovenos. Devido a profissão do pai, viajou e viveu em vários países. Tem fluência em inglês e espanhol, e pratica o francês e alemão. Após completar os estudos nos EUA graduou-se na Universidade de Londres (M.A. entre 2004 – 2005) em Estudos Culturais. Também é músico, desenhista, pintor, escritor e editor (Wermod and Wermod Publishing Group). Seus artigos são publicados nas revistas virtuais The Occidental Quarterly, Vdare, Counter Currents, Taki Mag, e American Renaissance.

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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

História e Historiadores - por Revilo P. Oliver

 

Revilo P. Oliver


            Um conservador é essencialmente um homem que está disposto a aprender da experiência acumulada da humanidade. Ele deve se esforçar desapaixonada e objetivamente, e ele deve ler a partir de suas observações com uma plena consciência das limitações da razão. E ele deve, acima de tudo, ter a coragem de confrontar as realidades desagradáveis da natureza humana e o mundo no qual nós vivemos.

            Isto é o porquê a história, o vasto registro da tentativa e erro humano, é uma disciplina para conservadores. Ela necessariamente reside além das capacidades emocionais e intelectuais das crianças, selvagens, e “intelectuais liberais,” que instintivamente fogem da realidade para viver em um mundo de sonho no qual as leis da natureza podem ser suspensas pela intervenção de fadas, médicos-feiticeiros, ou “cientistas sociais.”

            A história é uma alta e árdua disciplina na qual é sempre necessária coletar e pesar dados complexos e muitas vezes elusivos, e nos quais, como em muitos outros campos de pesquisa, nós devemos frequentemente nos contentar com um cálculo de probabilidades mais que uma certeza. E quando nós tentamos extrair da história as leis do desenvolvimento histórico, descobrimos nós mesmos calculando a probabilidade das probabilidades – tão difícil e delicada tarefa que a mente humana pode estabelecer para ela própria.

            Afortunadamente para nós, nas questões práticas deste mundo, prudência e bom senso (embora qualidades um tanto incomuns) são um guia adequado e não dependem de respostas para grandes questões de filosofia. Um homem pode aprender não comprar um porco em um bolso sem encontrar solução para o problema epistemológica que Hume possuí tão claramente e que ainda permanece não solucionado. Nós podemos aprender muito da história sem responder as questões derradeiras.

            Nossas mentes, contudo, pela própria natureza delas, desejam uma filosofia coerente que irá dar conta da inteira realidade percebida. E nós vivemos em um tempo no qual nós somos constantemente confrontados pelas reivindicações, algumas obviamente mera propaganda, mas outras séria e sinceramente colocadas a diante – que este ou aquele desenvolvimento deve tomar lugar no futuro porque ele é “historicamente necessário.” Além do mais, nós vivemos em um tempo no qual tudo, exceto o não atencioso e irrefletido sentido de que nossa própria civilização está sendo erodida por vastas e obscuras forças, as quais, se não checadas, irão destruí-la totalmente – forças que nós podemos identificar e compreender somente se nós pudermos averiguar como e por que elas estão moldando nossa história. E aqui novamente nos é frequentemente dito que aquelas forças representam um destino inerente na própria civilização e, portanto, irresistível e inescapável.

            Isto é o porquê o desenvolvimento de um trabalho de filosofia da história é a mais urgente, bem como a mais difícil tarefa do pensamento do século XX.

 

Grécia e Roma

            A história como um relato raciocinado das mudanças políticas e sociais foi produto da mente grega. De fato, poderia ser argumentado que a capacidade para a história nesse sentido é exclusiva propriedade da cultura ocidental que os gregos criaram e nós herdamos – mas seria um argumento bastante longo. Não podemos indulgenciar nós mesmos nisso aqui, não mais do que nós podemos empreender um exame dos antigos historiadores. Mas nós devemos observar que as duas concepções básicas do processo histórico entre as quais a mente moderna deve escolher ambas formadas na Antiguidade Clássica. Eu meramente menciono dois historiadores que ilustram o contraste.

            Se nós considerarmos seu desapego e objetividade quase sobre-humanos, o poder intelectual que capacita-o extrair o essencial da grande massa de detalhes e então escrever concisamente do alto de complexos eventos, e sua lúcida apresentação da evidência incluída pela teoria da tese, nós devemos considerar Tucídides como o grande historiador de todos os tempos. Com perfeita precisão ele diz-nos o que aconteceu e como isso aconteceu; ele vê a realidade com um olho que nunca é borrado por uma lágrima pelo destino de seu país; e a implacável lucidez de seu intelecto é não mais perturbada por uma teoria do que era perturbada pela tentação, a qual nenhum outro escritor poderia ter resistido, adicionar no mínimo umas poucas palavras para explicar ou defender sua própria conduta como um general ou mencionar seus próprios infortúnios. Nós não podemos ler Tucídides sem profunda emoção, mas a emoção é nossa, não dele; nós não podemos lê-lo sem ponderar as lições de história, mas elas são lições que nós devemos extrair dos fatos, não aceitá-las feitas prontas do escritor.

{Busto do antigo general e historiador grego Tucídides (460-400 a.C.) do Museu Real de Ontário.
Fonte da imagem: Wikipedia em inglês.}


            O futuro sempre se assemelhará ao passado porque a natureza humana não muda; os homens serão sempre movidos pelos mesmos motivos e desejos básicos; as limitações da razão humana e da disposição humana de raciocinar constituem um tipo de fatalidade, mas os eventos da história são sempre o resultado de decisões humanas, de sabedoria ou loucas tolices, em lidar com questões que podem nunca ser calculadas com certeza no avanço porque o resultado irá em alguma extensão depender da uma chance – sobre fatores que não podem ser previstos. Nações, como os homens, podem sofrer consequências de seus próprios atos – consequências frequentemente imprevistas e algumas vezes imprevisíveis, mas não há força histórica a qual os compele a decidir como irão atuar; eles são sujeitos, portanto, a nenhum destino, além daquele que é inerente nas limitações de seus recursos morais, mentais e físicos. A história é trágica, mas sua tragédia é no estrito sentido da palavra, o resultado da cegueira humana.

            Esta concepção da história contrasta fortemente com outra, podendo ser descrita como ou mais covarde, desde que ela desloca responsabilidades, ou mais profunda, desde que ela tenta ter em conta decisões. O Sêneca velho, escrevendo sua história das Guerras Civis depois da queda da República Romana e o estabelecimento do Principado, foi certamente influenciado pela concepção estoica de um universo que opera por uma estrita necessidade mecânica em vastos ciclos de uma ecpirose à outra, repetindo-se ela própria interminavelmente. Sêneca viu no povo romano um organismo comparável a um homem e submetido, como o homem, a um tipo de desenvolvimento biológico. Roma passou sua infância sob os primeiros reis. Adolescente, a nação estabeleceu uma república e, como o infatigável vigor de um organismo, estendeu seu governo sobre as partes adjacentes da Itália; com a força e resolução da maturidade (iuventus), Roma conquistou virtualmente todo o mundo que era digno de tomar, e então, finalmente, cansada e sentindo o declínio de seus poderes, incapaz de reunir belicamente força e resolução para governar a si mesmo, ela em sua velhice (senectus) resignou-se a si mesma e a seus negócios nas mão de um guardião, encerrando sua carreira conforme ela começou, sob a tutela e governo de um monarca.

            Infelizmente, o fragmento sobrevivente da história de Sêneca não nos diz quão logo ele pensou que a decrepitude seria seguida pela morte. Nós não podemos sequer estar certo quão estritamente ele aplicou o implícito fatalismo na analogia; ele parece ter estabelecido que as nações, como os homens, poderiam em sua maturidade apressar ou retardar o iniciar da senilidade pelo cuidado que eles poderiam tomar sobre eles mesmos. Mas no melhor, a vontade e sabedoria humana podem pouco afetar a necessidade biológica que carregou todas coisas vivas para a inexorável tumba. Sêneca estava pensando em Roma, mais do que na civilização clássica como um todo, mas essa analogia antecipou o essencial do que nós agora chamamos concepção da história orgânica ou cíclica.

 

O dilema moderno

            A história moderna começa com o Renascimento, uma idade a qual pensava de si própria, conforme o nome indica, como um “renascimento” da Antiguidade Clássica. Por um longo tempo, as energias dos homens estavam concentradas em um esforço para ascender ao nível da alta civilização representada pelas grandes eras de Grécia e Roma. A mais comum metáfora descreveu a mudança cultural em termos de dia e noite: A civilização tinha alcançado o meio-dia na era de Cícero e Virgílio; a decadência do Império Romano foi o crepúsculo que precedeu a longa noite da Idade das Trevas; e o avivamento da literatura e artes que começou com Petrarca foi o alvorecer de um novo dia – o retorno do sol para iluminar a terra e levantar a mente dos homens. Esta metáfora foi pretendida marcar contrastes, não traçar uma analogia. A cultura não veio ao mundo conforme o sol levanta-se e se põe, independentemente do esforço humano; ao contrário, literatura, filosofia (incluindo o que nós agora chamamos ciência), e as artes foram produtos da mais alta e mais intensa criatividade da mente humana. Seguiu-se, portanto, que a civilização era essencialmente o corpo do conhecimento acumulado e mantido pelo intelecto e vontade do homem. Essa sensação de constante luta sob máximo esforço impedia uma concepção da história, enquanto a consciência de que o pedaço da civilização tinha sido senão quebrado durante a Idade das Trevas impedia um otimismo fácil e impensado.

            Da alvorada do Renascimento até os primeiros dias do século XX os homens pensaram da história da civilização como um continuum que poderia ser reduzido a uma linha em um gráfico. A linha começou na parte inferior em algum lugar na pré-história antes do tempo de Homero, subiu constante e regularmente ao pico na grande era de Atenas, mergulhou um pouco e então subiu novamente para a Idade Dourada de Roma, caiu regular e continuamente rumo ao zero, o qual quase é alcançado na Idade das Trevas, subindo um pouco na Idade Média tardia, e com o avivamento da aquisição de conhecimento, subiu de maneira cortante frente a um novo pico. A história assim concebida dividiu-se ela própria em três períodos: Antiga, Medieval, e Moderna.

            Essa concepção linear da história foi simplesmente tomada por concedida pelos historiadores. Guicciardini, Juan de Mariana, Thuanus, Gibbon, e Macaulay diferem grandemente um do outro em perspectiva, mas eles todos consideram a concepção linear como apodítica.

 

{O italiano Francesco Guicciardini (1483-1540), o espanhol Juan de Mariana  (1544-1624), e o francês Jacques Auguste de Thou (Thuanus) (1553-1617), foram proeminentes na  formação da concepção histórica da Idade Moderna. Estátua de Francesco Guicciardini, em Florença, na Galeria Uffizi, foto via Wikipedia em italiano; Monumento à Juan de Mariana no município de Talavera de la Reina, foto via Wikipedia em inglês; Monumento à Jacques Auguste de Thou (Thuanus), no Hotel de Ville, Paris, foto via Wikipedia em inglês.}


{Os inglêses Edward Gibbon (1737-1794) e Thomas Babington Macaulay (1800-1859), dois dos mais proeminentes formadores da concepção histórica contemporânea. Arte respectivamente de  Joshua Reynolds  (1723–1792), Wikipedia em inglês, e John Partridge (?-1872), Wikipedia em inglês.}

Apreensões do porvir

            O século XIX trouxe ao Ocidente a garantia da superioridade miliar sobre todos os outros povos do mundo. Parecia certo que o homem branco, graças a sua tecnologia, governaria para sempre o globo e suas populações apinhadas. E desta confiança jorrou uma euforia louca sobre a cabeça de uma bizarra noção de que progresso era inevitável e automático; que a civilização, ao invés de ser uma criação frágil e preciosa que o homem deve trabalhar muito duro para manter e mesmo mais dura para melhorá-la, tinha se tornado autoperpetuante e auto-ampliada; e que a linha no gráfico, tendo subido mais alto que o mais alto ponto atingido na antiguidade, estava destinada a mover para cima para sempre e sempre. Esta extravagante fantasia infantil, para ser certo, não se impôs nas melhores mentes do século (por exemplo, Buckhardt), mas como um vinho inebriante, intoxicou muitos escritores (por exemplo, Herbert Spencer) que passaram por sérios pensadores no dia deles. E serviu para sugerir às mentes reflexivas a questão se era ou não um destino inerente na natureza dos próprios processos históricos como distintos da sabedoria ou insensatez das decisões feitas pelo homem.

            Frente ao fim do século, profundas apreensões do porvir que poderiam não mais ser reprimidas encontraram expressão em trabalhos tais como La civilisation et ses lois de Theodore Funck-Brentano, The Law of Civilization and Decay de Brook Adams, e The Degradation of Democratic Dogma de Henry Adams. Ninguém pensou de duvidar da supremacia do Ocidente ou sua perpetuidade, mas os homens começaram a pensar reflexivamente se a civilização não estava caindo para um nível inferior. E para encontrar uma resposta, eles buscaram estabelecer uma “ciência da história” – o que agora é chamado historionomia em inglês e metahistória em francês – a qual averiguaria as leis naturais que governam o desenvolvimento da civilização.

            Na véspera da Primeira Guerra Mundial, umas poucas mentes dignas de atenção, prescientes da vinda da catástrofe, formularam a questão histórica em termos mais drásticos e fundamentais: Era a civilização do Ocidente mortal e já estava ficando velha? Iria um viajante de algum futuro e alienígena civilização meditar entre as ruínas empoeiradas de Nova Iorque e Londres e Paris como Volney tinha meditado entre as ruínas da Babilônia, Baalbec, e Persépolis – e talvez, como Volney, acalmar-se ele próprio com ilusões de que sua civilização poderia resistir, embora todos seus predecessores tinham deixado apenas montões de pedras quebradas para atestar que eles tinham existido uma vez.

   

Poder no mundo

            Nós devemos compreender que a ameaçadora severa questão assim posada era naquele tempo, e permanece mesmo hoje, inteiramente uma questão de decadência interna – de uma doença ou debilidade da mente e vontade ocidentais. Não era então, e não tinha ainda se tornado uma questão de força relativa ao resto do mundo. O poder das nações do Ocidente era, e é, simplesmente esmagador.

            Em 1914, os homens debatiam se a Rússia era ou não parte do mundo ocidental. Assumindo que não era, era óbvio que havia somente duas nações não-ocidentais na terra que possuíam a capacidade militar e industrial de oferecer séria resistência para mesmo uma noção de médio tamanho do Ocidente. E nem Rússia nem Japão poderiam ter esperado derrotar uma potência maior ocidental, exceto formando uma aliança com outro poder maior da Europa ou América. E a despeito de todos os esforços do Ocidente para destruir ele próprio em guerras fratricidas e ao exportar sua tecnologia e sua riqueza para outros povos, que permanece em grande parte verdadeiro até hoje.

            A retirada do Ocidente tem sido auto-imposta, e nós não devemos permitir que os guinchos de “liberais” distraiam nossa atenção daquele óbvio e fundamental fato. A Grã-Bretanha, por exemplo, estava em nenhum sentido compelido a desistir da Índia como colônia. Durante o grande motim indiano de 1857, cinquenta mil soldados britânicos abriram seu caminho através do inteiro subcontinente indiano, e em pouco mais que um ano reduziu à completa submissão sua população de mais de cem milhões. E isto, nota bene, foi feito em um tempo quando a única arma básica de guerra era o rifle, de modo que um homem com um rifle num lado correspondia igualmente a um homem com rifle no outro lado, exceto tanto quanto a disciplina e inteligência individual pode fazer alguma diferença no uso da arma comum e universalmente obtida. Em 1946, a Grã-Bretanha, com todas as armas que são por sua própria natureza um monopólio das grandes nações, poderia ter extinguido num sopro em umas poucas semanas a mais formidável revolta que Nehru e sua gangue poderiam concebivelmente ter instigado e organizado.

            O poder ainda é nosso. A maior parte do globo repousa aberta para nossa tomada, se nós como uma nação resolvermos tomá-la. A despeito de todos esforços frenéticos em Washington para sabotar os Estados Unidos pelos passados trinta anos, e está ainda além da dúvida que se nós tivéssemos então em mente, nós poderíamos, por exemplo, simplesmente tomar o inteiro continente da África, exterminar a população nativa; e fazer a vasta e rica área uma nova fronteira para a expansão de nosso próprio povo. Nenhum poder na terra – certamente nem o Soviete que nós temos tão diligentemente nutrido e construído com nossos recursos – ousaria se opor a nós. Para ser certo, há boas razões para não anexar a África, mas se nós estamos a pensar claramente sobre nosso lugar no mundo, nós devemos compreender que a carência de poder não é um deles.

            Que o mundo ocidental, com seu monopólio virtual dos instrumentos de poder, deveria se encolher servilmente perante as horas pelas quais sentiu somente desprezo quando era menos forte do que é agora, é uma prova óbvia que nossa civilização está sofrendo de alguma doença fatal ou decadência que tem nos privado – temporariamente ou permanentemente – da inteligência e da vontade de viver. Toda filosofia da história, ou, se você preferir, todo sistema de historionomia, é simplesmente um esforço para diagnosticar nossa doença de que padecemos – para dizer-nos, em efeito, se a debilidade e enervação do Ocidente é o resultado de uma doença curável ou de uma deterioração irreversível.

 

Compreensão histórica

            As questões sociais e políticas de nosso dia são primariamente problemas históricos. Para pensar sobre elas racionalmente, nós devemos começar por consultar o registro da experiência humana no passado. E nós logo percebemos que se somente soubéssemos suficiente sobre história – e a entendêssemos – nós teríamos as respostas para todas nossas questões.

            Eventos únicos são sempre incompreensíveis. E cada mudança é única até que ela tem sido repetida com suficiente frequência para ser reconhecida como formando parte de algum padrão inteligível. Nós não poderíamos identificar mesmo uma sensação tão simples em nossos corpos como fome, se não a experimentássemos mil vezes e observado que uma boa refeição invariavelmente a abolia – por enquanto.

            Nenhum homem vive o suficiente para ver com seus próprios olhos um padrão de mudança na sociedade. Ele é como o mosquito que nasce à tarde e morre ao pôr-do-sol, e que, portanto, não importa o quão inteligente ele possa ser, nunca poderá descobrir, ou mesmo suspeitar, que o dia e noite vêm em regular alternância. Diferente do mosquito, contudo, o homem pode consultar a experiência das comparativamente poucas gerações de suas espécies que têm lhe precedido durante o comparativamente breve período de cerca de cinco mil anos no qual os seres humanos têm tido o poder de deixar registros para a instrução da posteridade deles.

            Isto, infelizmente, não é suficiente história para dar respostas positivas e indubitáveis para muitas de nossas questões – mas é tudo o que nós temos. O historiador hoje está frequentemente na posição dos filósofos gregos que tentaram decidir se o sistema solar era geocêntrico ou heliocêntrico, e poderia não alcançar uma definitiva conclusão simplesmente porque não há disponível no mundo um registro de observações suficientemente exatas registradas sobre um período de tempo suficientemente longo.

O historiador moderno que tenta explanar a ascensão e queda das civilizações pode possivelmente encontrar a explanação certa, mas se o faz – e se ele é realmente um historiador – ele sabe que, no melhor, ele está na posição de Aristarco, quem primeiro sistematizou e formulou a teoria heliocêntrica, e quem primeiro tinha sabido que a teoria poderia não ser provada durante seu próprio tempo de vida ou por muitos anos a vir. (Ou seja, não até que a paralaxe {cálculo utilizado para medir a distância das estrelas utilizando o movimento da Terra em sua órbita} anual de ao menos uma estrela fixa tenha sido determinada. Isto foi realizado pela primeira vez por Bessel em 1838 – três séculos após Copérnico.) O que Aristarco não podia prever, naturalmente, era que o nível de civilização iria flutuar tanto que levaria vinte e um séculos antes que o homem pudesse ter certeza de que ele tinha estado certo.

            O historiador, embora ciente que sua hipótese deva permanecer uma hipótese em seu tempo, pode extrair uma analogia em termos de uma certeza histórica. Quando a humanidade civilizada perdeu interesse no problema que Aristarco tentou resolver com sua teoria não verificável, ela estava encabeçando rumo a uma Idade das Trevas na qual o homem esqueceu os fatos que tinham sido averiguados – uma época tão estultificada que os homens esqueceram que eles tinham uma vez sabido que a terra era um globo, e então tiveram uma recaída para a primitiva noção que ela era plana.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

 


Este ensaio foi publicado no The Journal of Historical Review, setembro-outubro. 1994 (Vol. 14, n° 5), páginas 23-27. É de um texto mais extenso, publicado pela primeira vez em 1963, que foi reimpresso na antologia America’s Decline: The Education of a Conservative (1982), páginas 182-183, 187-189, 190-191 e 212-213.

http://ihr.org/other/HistoryHistoriansOliver

 

Sobre o autor: Revilo P. Oliver (1910-1994) foi um estudioso americano de estatura internacional, ensinou Clássicos na Universidade de Illinois por 32 anos. Ele conhecia doze idiomas e escreveu artigos em quatro deles para publicações acadêmicas nos EUA e na Europa. Oliver obteve seu doutorado na Universidade de Illinois em 1940 e, em 1947, iniciou sua carreira de professor no departamento de Clássicos de lá. Durante o início da década de 1950 ele era tanto um membro da Guggenheim como da Fulbright.

Uma estilista brilhante e meticulosa, a escrita de Oliver pode ser elegante e erudita ou sarcástica e cortante. Entre 1955 e 1959, ele colaborou com frequência na National Review de William Buckley. Ele ajudou a organizar a sociedade anticomunista John Birch e por alguns anos serviu como membro do seu Conselho Nacional. Oliver foi um colaborador frequente do American Opinion, principal periódico da sociedade até 1966, quando renunciou após um desacordo político com o fundador Robert Welch.

            Ele era amigo e apoiador do Institute for Historical Review. De 1980 até sua morte, ele foi membro do Comitê Consultivo Editorial do Journal of Historical Review. 

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