domingo, 23 de setembro de 2018

Wall Street & a Revolução Russa de março de 1917 – por Kerry Bolton

Parte 2: Wall Street e a Revolução Bolchevique de Novembro de 1917 – por Kerry Bolton

Kerry Bolton
“Não existe um movimento proletário, nem mesmo comunista, que não tenha operado em interesse do dinheiro, nas direções indicadas pelo dinheiro, e pelo tempo permitido pelo dinheiro – e sem idealistas entre seus líderes tendo o a mais leve suspeita do fato.” Oswald Spengler[1].
            A “Revolução Russa” (sic) é anunciada tanto na imaginação popular e pela academia como um triunfo do povo contra a tirana czarista, mesmo se a maioria concede que a visão utópica azedou, no mínimo com a eventual ditadura de Stalin. Contudo, uma olhada por trás das múltiplas fachadas da história mostra que a “Revolução Russa” foi uma de muitas reviravoltas que tem servido aqueles que fornecem o financiamento. Poucos – sejam leigos ou supostos “experts” – parecem questionar a respeito donde o dinheiro vem para financiar estas revoluções, e esperam que nós acreditemos que elas sejam “revoltas espontâneas do povo contra a opressão,” apenas como esperam que hoje nós acreditemos que a chamada “revolução colorida” na Ucrânia, Geórgia, Sérvia, etc... sejam “demonstrações espontâneas.” Este ensaio examina o financiamento da Revolução Russa de março de 1917, então chamada Primeira Revolução que serviu como cena de abertura para os bolcheviques, e conclui que existiam forças trabalhando por trás das cenas, em cujos objetivos estavam fora o bem estar das massas.

            Março de 2010 marca o nonagésimo aniversário terceiro da (primeira) Revolução Russa, a qual serviu como o prelúdio para o golpe seguinte em novembro, conhecido como “Revolução Bolchevique”. A uma olhada além da ortodoxia mostra com ampla documentação que o socialismo, de uma social-democracia e fabianismo[2] para comunismo, tem geralmente “operado em interesse do dinheiro” conforme Spengler observou.

            O historiador e romancista Fabiano H. G. Wells, quando na Rússia em 1920 observou o ainda precário regime bolchevique, comentando sobre como os arque-capitalistas estavam já então indo para a embrionária república soviética negociar concessões comerciais[3], e escreveu:
... Os grandes negócios por nenhum meio são antipáticos ao comunismo. Quanto maior os grandes negócios crescem mais eles se aproximam do coletivismo. É o caminho superior dos poucos ao invés do caminho baixo das massas para o coletivismo[4]
            Os grandes negócios viam no socialismo um meio tanto para a destruição das fundações tradicionais das nações e sociedades como um mecanismo de controle. No caso da Velha Rússia onde o estado baseava-se nas tradições monárquicas e rurais não era passível de ser aberto para exploração de negócios globais de seus recursos a cena foi montada para os levantes de 1917, desde 1905 na época da Guerra Russo-Japonesa, a qual desempenhou um papel significante na formação do quadro revolucionário russo[5]. O financiamento para a formação daquele quadro veio de Jacob Schiff, um sócio sênior da Kuhn, Loeb & Co., de Nova Iorque, que apoiava o Japão na guerra contra a Rússia[6].

{O judeu capitalista Jacob Schiff: grande financiador do marxismo e da esquerda para
 implementar  o regime comunista  na Rússia. É um predecessor do também judeu
  George Soros em reunir a ação da direita liberal capitalista com a luta de classes
 da esquerda e fomento ao comunismo. Direita e esquerda juntas contra o nacionalismo!}

            O indivíduo mais responsável por transformar a opinião americana, incluindo a opinião diplomática e do governo, contra a Rússia czarista foi o jornalista George Kennan[7], que era patrocinado por Schiff. Em uma coleção de ensaios sobre a diplomacia russo-americana, Cowley afirma que durante a Guerra Russo-Japonesa de 1904 – 1905 Keenan estava no Japão organizando os prisioneiros de guerra em ‘células revolucionárias’ e alegou ter convertido “52,000 soldados russos em ‘revolucionários’”. Cowley também adiciona, significantemente, “Certo tipo de atividade, bem financiada por grupos nos Estados Unidos, contribuiu pouco para a solidariedade russa americana.[8]

            A fonte dos grupos revolucionários “de grupos nos Estados Unidos” foi explicada por Kennan na celebração da Revolução Russa de março de 1917, conforme relatado pelo New York Times:
 O Sr. Kennan disse do trabalho do Friends of Russian Freedom {Amigos da Liberdade Russa na revolução}.
Ele disse que durante a Guerra Russo-Japonesa ele estava em Tóquio, e que lhe foi permitido fazer visitas entre os 12,000 prisioneiros russos em mãos japonesas ao fim do primeiro ano da guerra. Ele tem concebido a ideia de colocar propaganda revolucionária nas mãos do exército russo.
As autoridades japonesas favoreceram isso e deram a ele permissão. Após a qual ele enviou para a América toda a literatura revolucionária russa para se ter...
“O movimento foi financiado por um banqueiro de Nova Iorque que vocês todos conhecem e amam,” ele disse, se referindo ao Sr. Schiff, “e logo nós recebemos uma tonelada e meia de propaganda revolucionária russa. Ao fim da guerra 50,000 oficiais e soldados voltaram para a casa como ardentes revolucionários. O Amigos da Liberdade Russa tem semeado 50,000 sementes de liberdade em 100 regimentos russos. Eu não sei quantos destes oficiais e homens estavam na fortaleza de Petrogrado na última semana, mas nós sabemos que parte do exército tomou parte da revolução.”
           Então foi lido um telegrama de Jacob H. Schiff, parte do qual é conforme segue: “Você irá dizer para mim daquele presente no encontro de hoje a noite o quão profundamente eu estou com pesar da minha incapacidade de celebrar com o Friends of Russian Freedom {Amigos da Liberdade Russa} a real recompensa do que nós temos esperado e se esforçado por estes longos anos.[9]

            A reação à revolução russa por parte de Schiff e de modo geral dos banqueiros nos EUA e Londres, foi de júbilo. Schiff escreveu entusiasticamente para o New York Times:
Posso eu através de suas colunas dar expressão para meu trabalho que a nação russa, de um grande e bom povo, tem finalmente efetuada a libertação deles de séculos de opressão autocrática e através de uma revolução quase sem derramamento de sangue tem agora garantido seu próprio passo. Louvado seja Deus nas alturas! Jacob H. Schiff[10].
Jacob Schiff no New York Times de 18 de março de 1917
            Escrevendo para o The Evening Post em resposta para uma questão sobre o novo status revolucionário na Rússia em relação aos mercados financeiros mundiais, Schiff respondeu como chefe da Kuhn, Loeb & Co:
Respondendo para sua pergunta sobre minha opinião dos efeitos da revolução sobre as finanças russas, eu estou muito convencido que com a certeza do desenvolvimento dos enormes recursos do país, os quais, com os grilhões removidos de um grande povo, seguirão os acontecimentos presentes, a Rússia irá antes de longo tempo figurar entre as nações mais favorecidas nos mercados financeiros do mundo[11].
            Schiff respondeu refletindo a geral atitude dos círculos financeiros de Londres e Nova Iorque na época da revolução. John B. Young do National City Bank, que tinha estado na Rússia em 1916 em relação a um empréstimo dos EUA, afirmou, em 1917, sobre a revolução, que ela tinha sido discutida amplamente quando ele tinha estado na Rússia no ano anterior; Ele viu aqueles envolvidos como “sólidos, responsáveis e conservadores[12].” Na mesma edição, o New York Times relatou que houve um aumento nas transações de câmbio russas em Londres precedendo em 24 horas a revolução, e que Londres tinha conhecido sobre a revolução antes de Nova Iorque. O artigo relatou que os mais proeminentes líderes financeiros e líderes empresariais em Londres e Nova Iorque tinham uma positiva visão da revolução[13]. Outro relato afirma que enquanto tinha havido alguma inquietação sobre a revolução, “estas notícias eram por nenhum meio indesejáveis nos mais importantes círculos bancários.[14]

Os banqueiros de Wall Street, liderados pelo judeu Jacob Schiff mobilizaram-se para
apoiar com recursos o estabelecimento definitivo do comunismo marxista na Rússia!
Jacob Schiff no New Yorkt Times 20 de março de 1917

            Estes banqueiros e industriais são citados nestes artigos como vendo a revolução como algo capaz de eliminar as influências pró-germânicas no governo russo e como inclinados a seguir um mais vigoroso curso contra a Alemanha. Ainda tais aparentes “sentimentos patrióticos” não podem ser considerados a motivação por trás do apoio plutocrático para a Revolução. Enquanto Max Warburg da casa bancária Warburg na Alemanha, aconselhava o Kaiser e enquanto o governo germânico organizou o financiamento e passagem segura de Lenin e sua comitiva da Suíça passando pela Alemanha indo para Rússia; seu irmão Paul[15] como associado de Schiff[16]cuidava dos interesses da família em Nova Iorque. O fator que estava por trás deste apoio para a revolução seja de Londres, Nova Iorque, Estocolmo[17], ou Berlim, era o dos tremendamente grandes recursos, em grande parte inexplorados que iriam se tornar disponíveis para os mercados financeiros do mundo, os quais tinham até então sido negados sob o controle do Czar. Deve-se ter em mente que estas dinastias bancárias eram – e são – não meramente bancos nacionais ou locais, mas sim internacionais e não possuem lealdade para qualquer nação em particular, a não ser que a nação passe a estar atuando no interesse deles em um determinado momento[18].

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas


[1] Nota do autor: Oswald Spengler, The Decline of The West, 1918, 1926 (London: G. Allen & Unwin, 1971), vol. 2, página 402.

[2] Nota do autor: A Sociedade Fabiana apresenta em seu escudo de armas um lobo em pele de cordeiro. Proeminente entre os membros fundadores estavam literatos tais como H. G. Wells e G. B. Shaw. Os fabianos fundaram a London School of Economics and Political Science como uma academia de treino para a futura elite governante em um estado coletivista. De acordo a co-fundadora Beatrice Webb, o financiamento para isto veio de Sir Ernst Cassel da Vickers armamentos e da Kuhn, Loeb & Co, Nova Iorque; e os Rothschild, et al. (K. R. Bolton, Revolution From Above: Manufacturing “Dissent” in the New World Order (Londres: Arktos, 2011), capítulo  “Revolution By Stealth”.

[3] Nota do autor: Washington A. Vanderlip estava na Rússia na mesma época que Wells, negociando concessões com o regime soviético, sendo bem sucedido.

[4] Nota do autor: H. G. Wells, Russia in the Shadows, capítulor VII, “The Envoy.” Wells foi para a Rússia em setembro de 1920 à convite de Kamenev, da Russian Trade Delegation em Londres, um dos líderes do regime bolchevique. Russian in the Shadows apareceu como uma série de artigos no The Sunday Express.

[5] Nota do autor: A monarquia russa e o campesinato russo eram ambos considerados historicamente coisa do passado pelos estabelecimentos financeiros ocidentais na mesma maneira que em nosso tempo os fazendeiros do campesinato africano são considerados coisa do passado e o sistema de apartaid entravou a globalização da economia da África do Sul. Como em março e novembro de 1917 nas revoluções russas, a revolução ostensiva “negra” na África do Sul eliminou o anacronismo africano e sob o “socialismo” tem privatizado as parastatals (as companhias de utilidades de propriedade do estado) e privatizado a economia.

[6] Nota do autor: “Jacob Schiff,” Dictionary of American Biography, volume XVI, página 431. Schiff deu um empréstimo de $200,000,000 para os agressores japoneses, pelo qual ele foi condecorado pelo Imperador Japonês.

[7] Nota do autor: Robert Cowley, “A Year in Hell,” America and Russia: A Century and a Half of Dramatic Encounters, ed. Oliver Jensen (New York: Simon and Schuster, 1962), páginas. 92-121. A nota introdutória para o capítulo indica a natureza da influência de Kennan: “Um jornalista americano, George Kennanm tornou-se o primeiro a revelar os plenos horrores do exílio siberiano e a butal estudada inumanidade da ‘justiça czarista’” Cowley cita o historiador Thomas A. Bayley se referindo sobe Kennan: “Nenhuma pessoa fez mais para causar ao povo dos Estados Unidos a virar-se contra os seus supostos benfeitores do passado.” (Uma referência ao apoio czarista para a União durante a Guerra Civil Americana) Mesmo livro página 118.

[8] Nota do autor: Robert Cowley, “A Year in Hell,” America and Russia: A Century and a Half of Dramatic Encounters, ed. Oliver Jensen (New York: Simon and Schuster, 1962), página 120.

[9] Nota do autor: New York Times, 24 de março de 1917, páginas 1-2.

[10] Nota do autor: Jacob H. Schiff, “Jacob H. Schiff Rejoices, By Telegraph to the Editor of the New York Times,” New York Times, 18de março de, 1917.

[11] Nota do autor: “Loans easier for Russia,” The New York Times, 20 de março de 1917.

[12] Nota do autor: “Is A People’s Revolution.” The New York Times, 16  de março de 1917.

[13] Nota do autor: “Bankers here pleased with news of revolution,” The  New York Times, 16  de março de 1917.

[14] Nota do autor: “Stocks strong – Wall Street interpretation of Russian News,” The  New York Times, 16  de março de 1917.

[15] Nota do autor: Paul Warburg, antes da emigração para os EUA tinha sido decorado pelo Kaiser em 1912.

[16] Nota do autor: Paul Warburg era também cunhado de Schiff.

[17] Nota do autor: Olaf Achberg, da Nye Banken, Estocolomo estava servindo como conduto para financiamento entre os banqueiros internacionais e os bolcheviques.

[18] Nota do autor: Por exemplo, que lealdades nacionais ou imperiais pode uma dinastia bancária, tal como os Rothschild possuir, quando eles têm ramificações dos bancos da família em Londres, Paris, Frankfurt e Berlim? A mesma questão aplica-se para tais bancos, e em nossa época para as corporações transnacionais.



Fonte: Ab Aeterno: Journal of the Academy of Social and Political Research, no. 2, March 2010
                                 
Sobre o autor: Kerry Raymond Bolton (nascido em 1956, em Wellington, Nova Zelândia) é formado em Psicologia, com pós-graduação em Sociologia, em Estudos Bíblicos e em Teologia Histórica. É colaborador do Foreign Policy Journal (http://www.foreignpolicyjournal.com/), The Occidental Quarterly, Journal of Social, Political, and Economic Studies, entre outros.


            Bolton é proprietário das editoras Renaissance Press e Spectrum Press. Entre seus principais livros estão: Revolution from Above (2011); Stalin: The Enduring Legacy (2012); Babel Inc. Multiculturalism, Globalisation, and the New World Order (2013); The Banking Swindle: Money Creation and the State (2013); Zionism, The Psychotic Left (2013) e  Islam and the West (2015).


segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Stalin preparado para o ataque do verão de 1941

Theodore O'Keefe
 editor assistente de publicações
do Journal for Historical Review
(editorial do Institute for Historical Review)

            Viktor Suvorov é um ex-membro do Estado Maior Soviético que agora vive no Ocidente. Ele é o autor de três obras autoridades sobre as forças armadas soviéticas. Escrevendo na edição de junho de 1985 do Journal of The Royal United Services Institute for Defence Studies, Suvorov reúne impressionantes evidências para mostrar que Stalin estava preparando atacar a Alemanha em 1941. O respeitado jornal britânico introduziu este surpreendente artigo ao notar que “historiadores que têm até então aceitado de forma acrítica a tese de que Stalin foi a vítima de uma agressão não provocada no verão de 1941 podem ter que revisar, ou no mínimo modificar, as visão deles.”

            Suvorov escreve que em 13 de junho de 1941 Stalin começou secretamente “o maior movimento de tropas por um único estado na história da civilização,” transferindo enormes forças para a fronteira soviético-germânica. As tropas soviéticas foram dispostas lá não para defesa, mas em preparação para uma invasão surpresa. “Parece certo,” escreve Suvorov, “que a concentração soviética nas fronteiras deveria ser completada em 10 de julho. Assim, o golpe alemão que caiu apenas 19 dias antes encontrou o exército vermelho na mais desfavorável situação – em vagões de ferrovia.”

Viktor Suvorov
            Citando informação compilada na maior parte das fontes soviéticas oficiais, Suvorov conclui que “a única intenção militar crível a qual Stalin poderia ter tido era começar a própria guerra no verão de 1941.”

            O ensaio de Suvorov, o qual está baseado em uma ainda não completada tese de Ph.D. fortalece a visão de David Irving, Erich Helmdach e outros historiadores revisionistas que o ataque da Alemanha e de seus parceiros do Eixo contra a URSS em 22 de junho de 1941, foi uma medida preventiva necessária a um iminente ataque violento soviético contra a Europa.

Tradução por Mykel Alexander  


Informação Bibliográfica

Autor
(editorial)
Título
Stalin Prepared for Summer 1941 Attack
Fonte
The Journal for Historical Review (http://www.ihr.org)
Data
Inverno 1985 – 1986
Fascículo
Volume 6 número 4
Localização
Página 501
Endereço




Sobre Theodore O'Keefe: Nascido em Nova Jersey (1949 - ) é formado em História em Harvard e com estudos em idiomas, latim, grego, francês, alemão, espanhol, italiano e japonês. Foi membro do Institute for Historical Review, autor de vários artigos sobre história e política, e editor assistente de publicações do Journal for Historical Review. 

Sobre Viktor Suvorov é o nome de pena de Vladimir Bogdanovich Rezun (1947 – ), um pesquisador e ex-membro da inteligência militar soviética (tenente-coronel) de descendência russa e ucraniana. Formado na Academia Diplomática Militar russa (1971 – 1974).  Entre suas principais obras estão:

The Liberators, 1981, Hamish Hamilton Ltd,.

Inside the Soviet Army, 1982, Macmillan Publishing Co. . (Em português como O exército Soviético por dentro, Editora Record, Rio de Janeiro, 1982).

Inside Soviet Military Intelligence, 1984. (Em português como A Espionagem Militar Soviética, Editora Record, Rio de Janeiro, 1984).

Icebreaker (Ледокол) 1990, Hamish Hamilton Ltd.

Suicide. For what reason did Hitler attack the Soviet Union? (Самоубийство), Moscou, ACT, 2000.
The Last Republic, ACT, 1997.

Last Republic II. Why did the Soviet Union lose the Second World War? (Последната Република II), Sofia, Fakel Express, 2007.

The Chief Culprit: Stalin's Grand Design to Start World War II. Annapolis, MD: Naval Institute Press, 2008. (Em português como O Grande Culpado, Editora Amarilys, Barueri, 2010.)

Defeat. Why was the “great victory” worse than any defeat? (Разгромът), Sofia, Fakel Express, 2009.

Shwado of Victory (Тень победы).

I Take It Back (Беру Свои Слова Обратно).

Cleansing (Очищение). Why did Stalin behead his army?, Moscow, 2002.

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domingo, 2 de setembro de 2018

Hitler queria Guerra? - Por Patrick Joseph Buchanan

01/09/2009

 Patrick Joseph Buchanan

Em 1° de setembro de 1939, 70 anos atrás, o exército alemão cruzou a fronteira polonesa. Em 3 de setembro, a Grã-Bretanha declarou guerra.

            Seis anos depois, 50 milhões de cristãos e judeus tinham perecido. A Grã-Bretanha estava quebrada e falida. A Alemanha uma ruína ardendo. A Europa tinha servido como lugar dos combates mais assassinos conhecidos pelo homem, e civis tinham sofrido horrores piores que os soldados.

            Em maio de 1945, as hordas do Exército Vermelho ocuparam todas grandes capitais da Europa Central: Viena, Praga, Budapeste, Berlim. Cem milhões de cristãos estavam sob o calcanhar da mais bárbara tirania na história: o regime bolchevique do maior terrorista deles todos, Joseph Stalin.

                Qual causa poderia justificar tais sacrifícios?

            A guerra germano-polonesa tinha saída de uma querela sobre uma cidade do tamanho de Ocean City, Maryland, no verão. Danzig, 95% alemã, tinha sido separada da Alemanha em Versalhes em violação do princípio de Woodrow Wilson de autodeterminação. Mesmo os líderes britânicos pensaram que Danzig deveria ser devolvida.

            Por que Varsóvia não negociou com Berlim, a qual insinuava numa oferta de território compensatório na Eslováquia? Porque os poloneses tinham uma garantia de guerra da Grã-Bretanha que, se a Alemanha atacasse, a Grã-Bretanha e seu império iriam viriam em socorro da Polônia.

            Mas por que iria a Grã-Bretanha entregar uma garantia de guerra não solicitada a uma junta de coronéis poloneses, dando a eles o poder de arrastar a Grã-Bretanha numa segunda guerra com a mais poderosa nação da Europa?

            Era Danzig digna de uma guerra? Ao contrário dos 7 milhões de habitantes de Hong Kong que os britânicos renderam à Pequim, que não queria ir, os habitantes de Danzig estavam clamando para retornar para a Alemanha.

            Veio a resposta: A garantia de guerra não era sobre Danzig, ou mesmo sobre a Polônia. Era sobre o imperativo estratégico e moral de “parar Hitler” depois que ele mostrou, rasgando o pacto de Munique e a Tchecoslováquia com ele, que ele saiu para conquistar o mundo. E esta besta nazi não poderia ser permitido fazer isto.

            Se verdade, um ponto justo. Americanos, depois de tudo, estavam preparados para usar bombas atômicas para manter o Exército Vermelho longe do Canal. Mas onde está a evidência que Adolf Hitler, cujas vítimas conforme março de 1939 eram uma fração das do general Pinochet, ou das de Fidel Castro, saiu para conquistar o mundo?

            Depois de Munique em 1938, a Tchecoslováquia de fato desmoronou e separou-se. Ainda, considere o que tornou-se suas partes.

            Os Sudetos alemães foram retornados para o governo alemão, conforme eles desejavam. Polônia tinha anexado a minúscula disputada região de Teschen, onde milhares de poloneses viviam. As terras ancestrais da Hungria no sul da Eslováquia tinham sido retornadas para ela. Os eslovacos tinham sua plena independência garantida pela Alemanha. Quanto aos tchecos, eles vieram à Berlim pelo mesmo acordo como os eslovacos, mas Hitler insistiu que eles aceitassem um protetorado.

            Agora pode-se desprezar o que foi feito, mas como esta partição da Tchecoslováquia manifestou um impulso hitleriano para a conquista do mundo?

            Vem a réplica: se a Grã-Bretanha não tivesse dado a garantia de guerra e ido à guerra, depois da Tchecoslováquia teria vindo a vez da Polônia, então Rússia, então França, então Grã-Bretanha, então Estados Unidos.

            Nós iríamos todos estar falando alemão agora.

            Mas se Hitler saiu para conquistar o mundo – Grã-Bretanha, África, o Oriente Médio, os Estados Unidos, Canadá, América do Sul, Índia, Ásia, Austrália – por que ele gastou três anos construindo a imensamente cara Linha Siegfried para proteger a Alemanha da França? Por que ele começou a guerra com nenhuma frota de superfície, sem transportes de tropas e somente 29 submarinos oceânicos? Como você conquista o mundo com uma marinha que não consegue sair do Mar Báltico?

            Se Hitler queria o mundo, por que ele não construiu bombardeiros estratégicos, ao invés de Heikels e Dorniers bi-motores que poderiam nem mesmo alcançar a Grã-Bretanha a partir da Alemanha.

            Por que ele deixou o exército britânico ir a Dunquerque?

            Por que ele ofereceu a paz britânica, duas vezes, depois que a Polônia caiu, e novamente depois que a França caiu?

            Por que, quando Paris caiu, Hitler não exigiu a frota francesa, como os Aliados exigiriam e conseguiram a frota do Kaiser? Por que ele não exigiu bases na Síria controlada pela França para atacar Suez? Por que ele implorou para Benito Mussolini não atacar a Grécia?

            Porque Hitler queria terminar a guerra em 1940, quase dois anos antes dos trens começarem a rolar para os campos.

            Hitler nunca quis guerra com a Polônia, mas uma aliança com a Polônia conforme ele tinha com a Espanha de Francisco Franco, a Itália de Mussolini, a Hungria de Miklos Horthy, e a Eslováquia do padre Josef Tiso.

            De fato, por que ele iria querer guerra quando, em 1939, ele estava cercado por vizinhos aliados, amigáveis ou neutros, salvo a França? E ele tinha riscado fora a Alsácia, porque reconquistar a Alsácia significava guerra com a França, e isto significava guerra com a Grã-Bretanha, cujo império ele admirava e que ele tinha sempre procurado como um aliado.

            Em março de 1939, Hitler nem mesmo tinha uma fronteira com a Rússia. Como então poderia ele invadir a Rússia?

            Winston Churchill estava certo quando ele chamou de “Guerra Desnecessária[1] – a guerra que pode ainda provar o golpe mortal em nossa civilização.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Nota


[1] Fonte utilizada pelo autor: Patrick J. Buchanan, Churchill, Hitler, and The Unnecessary War: How Britain Lost Its Empire and the West Lost the World, Editora Crow, 2008, 544 páginas.
{No Brasil foi traduzido como Churchill, Hitler e a “Guerra Desnecessária”, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2009, 424 páginas.}



Fonte: Patrick J. Buchanan – Official Website, 01/09/2009.



Sobre o autor: Patrick Joseph Buchanan (1938 – ) foi um conselheiro sênior de três presidentes americanos, diretor de comunicações da Casa Branca (1985/1987) no governo Reagan, concorreu duas vezes para a nomeação presidencial americana, 1992 e 1996; foi o candidato do Partido Reformista em 2000. Autor de vários livros, entre os quais Right from the Beginning; A Republic, Not an Empire; The Death of the West; State of Emergency; e Day of Reckoning. Buchanan é fundador membro de três dos principais programas de assuntos públicos dos EUA, na NBC o The McLaughlin Group, na CNN o The Capital Gang e Crossfire. Cofundador da revista The American Conservative, foi comentarista até 2012 da rede à cabo MSNBC e atualmente aparece na Fox News. Possui Bacharel em Estudos Americanos (Georgetown University) e mestrado em Jornalismo (Columbia Univesity). Patrick Buchanan é um dos mais francos publicistas americanos, tocando nas questões delicadas que a mídia globalista omite ou distorce.
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