domingo, 30 de abril de 2023

O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 3

 Continuação de O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 2

Laurent Guyénot


Cristianismo como oposição controlada

“Dentro de cada cristão está um judeu”,*5 afirmou o Papa Francisco. Essa é a verdade mais simples e profunda sobre o cristianismo. A maioria dos cristãos não está ciente desse judeu dentro deles, mas ele comanda uma grande parte de sua visão de mundo. Meditar nessa verdade pode ser uma experiência que abre a mente, irradiando uma multiplicidade de perguntas. Devemos usar o conceito de “projeção” de Sigmund Freud e dizer que a maioria dos cristãos que odeiam os judeus odeiam o judeu dentro deles?   Ou este judeu é um judeu que se odeia, como todo judeu de acordo com Theodor Lessing (Jewish Self-Hatred, Berlim, 1930)? Talvez dentro de cada cristão haja dois judeus, um odiando o outro, Moisés e Jesus. De qualquer lado que nós queiramos olhar, o fato é que os cristãos são, pela definição do Novo Testamento, os herdeiros espirituais da promessa de Jeová para Israel. Eles são ramos novos enxertados no tronco de Israel, segundo a metáfora de Paulo (Romanos 11:16-24).

O que ainda precisa ser explicado é como Paulo e seus seguidores conseguiram convencer dezenas de milhares de gentios a se tornarem um novo Israel sintético, numa época em que o próprio nome de Israel era odiado em todo o Mar Mediterrâneo? Como é que a religião cristã, que converteria o Império Romano à adoração de um Messias judeu, nasceu no momento em que a maior onda de judeofobia varria através do Império? Para responder a essa pergunta, vamos examinar o contexto. Na virada do milênio, durante o próspero reinado de Augusto, os judeus tinham conquistado situações vantajosas em muitas partes do Império. Eles gozavam de liberdade de culto e autonomia judicial, e estavam isentos da formalidade civil do culto ao imperador, de todas as obrigações do sábado, e do serviço militar. Além disso, eles foram autorizados a coletar fundos e enviá-los para a burocracia do Templo de Jerusalém.17

Conforme os judeus abusavam de seus privilégios e conspiravam para aumentá-los, o ressentimento dos gentios crescia e surgiam tumultos antijudaicos. No ano 38 d.C., os gregos de Alexandria enviaram uma delegação a Roma, cujo líder Isidoro reclamou que os judeus estão “tentando incitar o mundo inteiro”.18 O imperador emitiu um edito declarando que, se os judeus continuassem a semear dissidência e “a agitar por mais privilégios do que possuíam anteriormente, [...] eu irei por todos os meios me vingar deles como fomentadores do que é uma praga geral que infecta todo o mundo.” Este édito foi seguido por outro dirigido a todas as comunidades judaicas do império, pedindo-lhes que não “se comportassem com desprezo para com os deuses de outros povos”.19

As tensões eram altas em Jerusalém, onde a dinastia herodiana pró-romana vacilou. Foi nessa época que uma conspiração de fariseus e saduceus denunciou Jesus aos romanos como um pretenso sedicioso rei dos judeus, calculando, de acordo com o Quarto Evangelho, que “Não compreendeis que é do vosso interesse [dos judeus] que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?” (João 11:50). Flávio Josefo menciona várias revoltas judaicas no mesmo período, incluindo uma durante a Páscoa de 48 ou 49 d.C., depois que um soldado romano designado para a entrada do Templo cometeu o irreparável: “levantando o manto, ele se curvou em uma atitude indecente, de modo a virar as costas para os judeus, e fez barulho de acordo com essa postura.”20  Em 66 estourou a Guerra Judaica, quando os saduceus desafiaram o poder romano banindo do Templo os sacrifícios diários oferecidos em nome e às custas do Imperador. Após a destruição do Templo pelo general e futuro imperador Tito em 70, as brasas do messianismo judaico continuaram a eclodir por mais 70 anos, e incendiaram a Palestina pela última vez com a revolta de Simon Bar Kochba, que provocou em retaliação q completo destruição de Jerusalém, sua conversão em uma cidade romana renomeada como Aelia Capitolina e o banimento dos judeus dela. Até então, a inimizade contra os judeus havia atingido um clímax em todo o Império.

É precisamente nessa época que os missionários cristãos difundem o culto a Cristo em todos os grandes centros urbanos do Império, a começar por aqueles habitados por grandes comunidades judaicas, como Antioquia, Éfeso e Alexandria. Uma explicação razoável para essa sincronicidade é que o cristianismo, em sua versão paulina, é uma religião fundamentalmente judeofóbica que surfou na maior onda da judeofobia. Como o culto de um semideus vítima dos judeus, satisfazia a percepção geral dos judeus como uma “raça odiada pelos deuses” (Tácito, Histórias V.3). Mas essa explicação não leva em conta o fato de que a religião judeofóbica triunfante não é uma religião pagã, mas o culto fundamentalmente judaico de um Messias judeu alegadamente cumprindo profecias judaicas.  O que nós temos aqui é um caso bizarro de dialética hegeliana, em que a “antítese” é controlada pela “tese” e absorvida por ela.

Através do cristianismo, a judeofobia romana tornou-se judaizada. A narrativa do Evangelho faz dos judeus os conspiradores contra o Filho de Deus, mas este Filho de Deus é judeu, e logo a “Mãe de Deus” – como Isis, Ishtar ou Artemis eram chamadas – seria transformada em judia também. Mais importante ainda, os cristãos judeofóbicos adotarão o Tanakh {coleção de Escrituras canônicas do judaísmo, ver nota #2} e o bizarro paradigma judaico do “deus ciumento” com seu “povo escolhido”. Desse ponto de vista, é como se Cristo pregado na cruz tivesse sido usado como isca para atrair gentios antijudaicos, pela linha do Velho Testamento, a adorar o judaísmo.

Este processo se encaixa no conceito de oposição judaica controlada conceituado por Gilad Atzmon em seu livro Being in Time e em um vídeo recente.*6 Sempre que o poder judaico é ameaçado pelo ressentimento dos gentios contra ele, ele produz “uma dissidência judaica satélite” destinada a controlar e provocar a oposição gentia. Essa dissidência judaica monopoliza o protesto e mantém os dissidentes não judeus na linha. Segundo uma parábola proposta por Atzmon, o objetivo é fazer com que qualquer problema judaico sofrido pelos gentios seja tratado por médicos judeus, cujo interesse fundamental é que o problema não seja resolvido. Ao afirmar ter a solução para o problema, os judeus dissidentes enganam os gentios sobre a natureza do problema e, por fim, agravam o problema.

Na visão de Atzmon, o processo não resulta necessariamente de um acordo secreto entre o poder judaico e a dissidência judaica. Os intelectuais da oposição judaica

“não estão necessariamente nos enganando conscientemente; na verdade, eles podem estar fazendo o melhor que podem, dentro do contexto de uma mentalidade tribal limitada. A verdade é que eles não conseguem pensar fora da caixa, não conseguem escalar os muros do gueto que cercam seus próprios seres tribais.”21

Nós podemos ver essa mentalidade tribal como um instinto coletivo de conservação que faz parte da essência do judaísmo. As brigas ideológicas entre judeus são sinceras, mas continuam sendo brigas entre judeus, que concordam tacitamente em falar mais alto que os gentios e excluem da discussão qualquer crítica radical do judaísmo como modo de ser.

À luz da análise de Atzmon, é concebível que a função primária do cristianismo fosse absorver a judeofobia greco-romana em um movimento que acabaria reforçando o status simbólico dos judeus, espalhando o mito de propaganda do “povo escolhido” fabricado cinco séculos antes. Esdras tinha convencido os persas de que os judeus adoravam o Deus do céu como eles; a Igreja continuou convencendo os romanos de que, antes de Jesus, os judeus eram o único povo que adorava o Deus verdadeiro e era amado por Ele. Tal credo dos gentios vale mais que mil declarações de Balfour, na marcha em direção à dominação mundial por meio do engano. Na narrativa cristã que diz: “Deus escolheu o povo judeu, mas depois o rejeitou”, o benefício da primeira parte é muito maior do que o custo da segunda, o que dificilmente faz sentido de qualquer maneira.

Se o rabino italiano Elijah Benamozegh está certo ao dizer que “a constituição de uma religião universal é o objetivo final do judaísmo”, então o cristianismo é um grande passo em direção a esse futuro glorioso: “No céu, um só Deus de todos os homens, e na terra uma única família de povos, entre os quais Israel é o mais antigo, responsável pela função sacerdotal de ensinar e administrar a verdadeira religião da humanidade”.22 O cristianismo preparou o caminho para a próxima etapa: o culto do judeu crucificado está sendo substituído pelo culto dos judeus exterminados {ou seja, pela falsificação da histórica conhecida como Holocausto judeu da Segunda Guerra Mundial#4}.

 

Cristianismo sem o Velho Testamento?

No segundo século de nossa era, Marcião de Sinope havia afirmado a incompatibilidade da Bíblia hebraica e do Evangelho: Jeová não pode ser o Pai de Cristo, disse ele, porque tudo se opõe a eles. As alianças de Moisés e Cristo são tão contrárias em seus termos que devem ter sido seladas com divindades totalmente estranhas uma à outra. Segundo o especialista alemão Adolf von Harnack, foi Marcião quem fundou a primeira igreja estruturada, estabeleceu o primeiro cânone cristão, ao qual primeiro deu o nome de evangelização. No início do século III, sua doutrina “tinha invadido toda a terra”, reclamou Tertuliano, que era da cidade semita de Cartago, assim como Agostinho e outros padres latinos que enfatizavam as raízes judaicas do cristianismo.23 Tivesse o marcionismo prevalecido, o Cristianismo teria rompido com o Judaísmo, que poderia ter murchado em alguns séculos.24 O Islã nunca teria acontecido. Por outro lado, talvez o próprio Cristianismo não tivesse prevalecido e fosse lembrado hoje como apenas mais uma religião oriental sobrenatural transitória, junto com sua prima maniqueísta.

{Marcião de Sinope (85 d.C - 160 d.C.) foi o principal heresiarca cristão, e causou o maior incômodo ao cristianismo justamente por romper em grande parte com o Antigo Testamento, o qual é o cerne do judaísmo.}

Podemos realmente separar o Novo Testamento do Velho? Somos nós informados de que o cânon de Marcião consistia nas cartas de Paulo e uma versão curta de Lucas, mas é difícil imaginar como ele poderia ter higienizado completamente o último a partir de suas 68 referências e alusões ao Velho Testamento.*7 Admitidamente, os Evangelhos originais continham menos itens do Velho Testamento do que hoje: por exemplo, a única passagem apocalíptica de Marcos (no capítulo 13), uma condensação de imagens apocalípticas dos livros de Daniel, Isaías e Ezequiel, foi uma adição secundária. Muitos estudiosos até consideram todas as profecias apocalípticas de Jesus em Mateus e Lucas como estranhas à mensagem original de Jesus, e alguns consideram a maior parte do Livro do Apocalipse (de 4:1 a 22:15), que não se refere a Jesus nem a qualquer tema cristão, como um livro judaico enquadrado entre um prólogo e um epílogo cristãos.25

A história alternativa é divertida, mas bastante inútil. O cristianismo chegou até nós com o Velho Testamento e um Novo Testamento pesadamente judaizado.   A fruta veio com o verme, cujo nome é Jeová. A pergunta é: o que podemos esperar do cristianismo hoje? Do ponto de vista que eu adotei aqui, parece que o cristianismo não pode ser a solução para o problema ele tem criado. Ainda, como muitos leitores do unz.com, regozijo-me com o renascimento da Igreja Russa e seu papel em promover uma moralidade pública saudável e reviver a dignidade nacional. De fato, posso até imaginar que a Igreja Católica poderia ressuscitar de suas cinzas se ao menos voltasse humildemente para sua mãe ortodoxa, a quem conspirou para destruir através da Idade Média. O cristianismo ortodoxo é o mais próximo do original e, de longe, o menos judaizado. Perseguido durante setenta anos de comunismo, certamente não é muito infiltrado por criptojudeus, no momento. Mas pode superar o problema inerente que eu tenho destacado aqui? Pode ela desafiar a alegação megalomaníaca e narcisista dos judeus de sua excepcionalidade metafísica? Uma abordagem radicalmente crítica do Velho Testamento é, acredito, um componente indispensável da emancipação mental dos gentios {isto é, dos não judeus} e da recuperação de seu mecanismo natural de defesa contra a matrix {alusão ao filme Matrix} Jeová-Sião. Os teólogos deveriam, no mínimo, poder dizer que Jeová é uma imagem judaicomórfica grosseiramente distorcida de Deus. O Islã tem uma vantagem aqui, já que os muçulmanos sempre admitiram que o Tanakh judeu {coleção de Escrituras canônicas do judaísmo, ver nota #2} é fraudulento. Não que eu veja o Islã como uma solução, longe disso, mas um consenso entre muçulmanos e cristãos ortodoxos sobre a natureza problemática das Escrituras Hebraicas poderia ser um primeiro passo frente a emancipação.

É importante também não superestimar a influência dessas questões na piedade popular. A fé do cristão médio não seria muito perturbada se o Velho Testamento deixasse de ser lido na Igreja, ou mesmo se fosse abertamente criticado. Também é importante não confundir cristandade com cristianismo: Notre-Dame não foi construída por bispos, padres ou santos, mas pelo povo de Paris. O mesmo pode ser dito de cada catedral ou igreja de aldeia. Johan Sebastian Bach não foi um padre (e certamente nunca compôs sob a inspiração do Velho Testamento), nem nenhum dos grandes gênios que construíram nossa civilização.

Finalmente, eu tenho me aproximado aqui de um aspecto problemático do cristianismo, mas outros pontos de vista são possíveis. Eu desenvolvi a antítese para a tese comum de que o cristianismo é antijudaico, mas também há verdade na tese. O cristianismo certamente não é inteiramente judaico: é também profundamente pagão. A lenda de Jesus é um mito heroico grego. Os cultos da Virgem Maria e dos santos são tradições pagãs superficialmente cristianizadas, sem raízes no Velho ou no Novo Testamento.   Reconhecer, aceitar e celebrar essas raízes pagãs pode ser um desenvolvimento bem-vindo dentro do cristianismo, como contrapeso ao fardo do Velho Testamento.

Mas eu sei o que você está pensando: “Quem se importa com o que um marcionita tem a dizer?”

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas

17 Nota de Laurent Guyénot: Michael Grant, Jews in the Roman World, Weidenfeld & Nicolson, 2011, páginas 58-61. 

18 Nota de Laurent Guyénot: Joseph Mélèze Modrzejewski, The Jews of Egypt, From Rameses II to Emperor Hadrian, Princeton University Press, 1995, página 178. 

19 Nota de Laurent Guyénot: Citado em Michael Grant, Jews in the Roman World, op. cit., páginas 134-135. 

20 Nota de Laurent Guyénot: Flavius Josephus, Jewish War, II,224, citado em Michael Grant, Jews in the Roman World, op. cit., página 148. 

*6 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://www.youtube.com/watch?v=7RcSDOt6Amo 

21 Nota de Laurent Guyénot: Gilad Atzmon, Being in Time: A Post-Political Manifesto, Skyscraper, 2017, página 208. 

22 Nota de Laurent Guyénot: Élie Benamozegh, Israël et l’humanité (1914), Albin Michel, 1980, páginas 28-29.  

#4 Nota de Mykel Alexander: Ver especialmente Germar Rudolf (Ed.), Dissecting the Holocaust - The Growing Critique of ‘Truth’ and ‘Memory’, Castle Hill Publishers, P.O. Box 243, Uckfield, N22 9AW, UK, novembro de 2019 (3ª edição revisada).

https://holocausthandbooks.com/index.php?main_page=1&page_id=1

Também ver de modo mais abrangente toda a série Holocaust Handbooks:

https://holocausthandbooks.com/index.php?main_page=1 

23 Nota de Laurent Guyénot: Adolf von Harnack, Marcion, l’évangile du Dieu étranger. Contribution à l’histoire de la fondation de l’Église catholique, Cerf, 2005 (tradução da segunda edição alemã de 1924). 

24 Nota de Laurent Guyénot: Se nós seguirmos a lógica de Peter Schäfer, The Jewish Jesus: How Judaism and Christianity Shaped Each Other, Princeton UP, 2012. 

*7 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: New Testament References to Old Testament Scriptures -

General Information - Passages in New Testament which quote or allude to the Old Testament.

https://mb-soft.com/believe/txh/ntot.htm 

25 Nota de Laurent Guyénot: Veja por exemplo: James Charlesworth, Jesus within Judaism, SPCK, 1989.

 

The Holy Hook - Yahweh’s Trojan Horse into the Gentile City, por Laurent Guyénot, 08 de maio de 2019, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/the-holy-hook/

Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).

Entre seus livros estão:

LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.

Jésus et Jean Baptiste : Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.

Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.

Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.

Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.

La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.

La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.

JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.

Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.

Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.

“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.

  __________________________________________________________________________________

Relacionado: sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1

Êxodo recorrente: Identidade judaica e Formação da História - Por Andrew Joyce, Ph.D., {academic auctor pseudonym}

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (parte 2 na sequência do próprio artigo)

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber

Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico - por David Duke

Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus - por Khalid Amayreh

Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir

Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir

Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber


quarta-feira, 26 de abril de 2023

O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 2

 Continuação de O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 1 

Laurent Guyénot


O desamparo aprendido dos cristãos

Está além da questão que o cristianismo desempenhou um papel importante na criação de Israel e continua a desempenhar um papel importante em garantir o apoio americano e europeu para seus empreendimentos criminosos.   Isso não tem nada a ver com os ensinamentos de Jesus ou o exemplo que ele deu com sua vida e morte, é claro. Em vez disso, isso se deveu ao Velho Testamento, o Cavalo de Tróia de Israel dentro do Cristianismo. Ao reconhecer o status especial dos judeus como o povo do Velho Testamento, os cristãos concederam a eles um extraordinário poder simbólico com o qual nenhuma outra comunidade étnica pode competir.

Por dois mil anos, o cristianismo tem ensinado os gentios a consentir com a reivindicação ilusória dos judeus à eleição divina: eles não são o primeiro e único grupo étnico a quem o Deus do universo tem se dirigido pessoalmente, o povo a quem Ele tem amado a ponto de exterminar seus inimigos? Não importa que os cristãos digam aos judeus que perderam a eleição porque rejeitaram a Cristo: o preço principal é deles. Aceitar a noção bíblica de “povo escolhido”, sejam quais forem as reservas, é aceitar a superioridade metafísica dos judeus. Se Cristo é o Messias de Israel, então verdadeiramente, “a salvação vem dos judeus” (João 4:22).

Nós estamos experimentando hoje as últimas consequências dessa submissão, que os povos da Antiguidade jamais poderiam ter imaginado em seus piores pesadelos. O status exaltado dos judeus e de sua “história sagrada” é a razão mais profunda de sua influência nos assuntos do mundo. Ao aceitar o tríplice paradigma bíblico – Deus ciumento, Povo eleito, Terra prometida –, as Igrejas cristãs, sobretudo católicas e protestantes, tornaram-se cúmplices do projeto imperialista da Bíblia hebraica. Portanto, não haverá emancipação definitiva de Sião sem emancipação mental e moral da matrix bíblica {analogia com o filme Matrix}.

Ao ler o Livro de Josué, o cristão é suposto aprovar, como uma questão de princípio, o extermínio dos habitantes das cidades de Canaã e o roubo de suas terras, uma vez que foi ordenado por Deus. Os editores da minha Bíblia de Jérusalem explicam em uma nota de rodapé no capítulo 3:

“Josué foi considerado pelos Padres como uma figura de seu homônimo Jesus [seus nomes são idênticos em hebraico], e a passagem jordaniana como uma figura do batismo cristão.”

Como Josué pode ser uma figura de Jesus? O que o Sermão da Montanha de Jesus tem a ver com o fanatismo sedento de sangue de Josué? Como pode o deus de Josué ser o Pai de Cristo? Uma dissonância cognitiva paralisante tomou conta dos povos cristãos, causando uma incapacidade crônica de pensar de forma inteligente sobre o divino e de ver e resistir à violência de Israel. Nós também podemos comparar o mundo cristão a um filho para quem mentiram a vida toda sobre seu pai verdadeiro e, ainda por cima, disseram que seu pai era um criminoso de guerra, quando na verdade ele é filho de um pai amoroso. As doenças neuróticas que mentiras e segredos genealógicos podem causar ao longo de várias gerações, embora em grande parte misteriosas, foram bem documentadas nos últimos cinquenta anos (particularmente por psicogenealogistas franceses), e acredito que tais considerações, aplicadas à usurpação da identidade de nosso Pai Celestial pelo psicopata Jeová, são relevantes para a psicologia das nações.

Por uma questão de princípio, o cristão é suposto aprovar a sentença de Jeová sobre aqueles que comeram com os moabitas e tomaram esposas entre eles: “Jeová disse a Moisés: ‘Toma todos os chefes do povo. Empala-os em face do sol, para Jeová: então a ira ardente de Jeová se afastará de Israel.” (Números 25:4). Mas então, por que culpar o elenco sacerdotal de Jerusalém por enviar Jesus para a tortura? Expliquem para mim de que maneira eles foram infiéis à Torá {os cinco primeiros livros do Antigo Testamento}! Sem mencionar, é claro, a contradição inerente em culpá-los pela cruz, pois, de acordo com o Evangelho, “o Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos escribas, ser morto, e depois de três dias ressuscitar.” (Marcos 8:31).

: “Jeová disse a Moisés: ‘Toma todos os chefes do povo. Empala-os em face do sol, para Jeová: então a ira ardente de Jeová se afastará de Israel.” (Números 25:4).


A santificação da liderança sangrenta de Jeová durante o Êxodo e a conquista de Canaã tornou os gentios incapazes de entender o fundamento histórico do judaísmo e impotentes em face de sua violência intrínseca hoje. Isso criou um ponto cego na mente dos cristãos: eles podem ver os efeitos do poder maligno de Sião, mas não sua causa, assumindo falsamente que a corrupção moral que eles veem nos judeus vem do Talmude e da Cabala.

Os cristãos não podem nem mesmo ver o plano judaico para dominar o mundo que está escrito em linguagem simples e reta, bem debaixo de seus narizes. Se o Tanakh {coleção de Escrituras canônicas do judaísmo, ver nota #2} judeu não tivesse se tornado o Livro Sagrado dos cristãos, teria sido exposto como prova das ambições racistas e supremacistas de Israel há muito tempo. Mas quando se trata do Velho Testamento, os cristãos são tomados por um grave distúrbio de leitura: quando o livro diz “Israel conquistará o mundo”, eles lêem “a Igreja converterá o mundo”.

Se a “questão judaica” é sobre o poder desordenado das redes da elite israelense dentro das nações, então a questão judaica também é uma questão cristã: é sobre a vulnerabilidade construída dentro das sociedades cristãs a esse poder. No fundo, quem cresceu cristão sabe que o povo escolhido {isto é, o povo judeu} terá a última palavra, porque se Jeová é Deus, sua promessa é eterna, como ele mesmo declara, em seu estilo inimitável: “Eu juro por mim mesmo, o que sai da minha boca é a verdade, uma palavra que não voltará atrás.” (Isaías 45:23).   Pode-se até falar do “desamparo aprendido” dos cristãos diante do poder judaico, uma vez que eles são ensinados em suas Escrituras que Deus sempre tem guiado a matança impiedosa de seus inimigos por Israel – não há necessidade das notas de rodapé de Scofield para saber disso. Há também um desamparo aprendido em ter como modelo final um homem crucificado pelos judeus: como pode a “imitação de Cristo” nos salvar do poder dos sumos sacerdotes de fazer lobby e corromper Pilatos?

A farsa metafísica judaico-babilônica torna Deus não apenas ridiculamente antropomórfico, mas judaicomórfico. Ser enganado por isso é confundir o Criador do Universo com um demônio tópico que ruge e cuspiu fogo de um vulcão midianita (Êxodo 19), adotado como divindade tutelar por uma confederação de tribos nômades semíticas que anseiam por um pedaço do Crescente Fértil. É internalizar uma imagem extremamente primitiva e não espiritual do divino que obstrui o pensamento metafísico sólido: o divórcio entre filosofia (o amor à Sabedoria) e teologia (a ciência de Deus) é uma manifestação dessa dissonância cognitiva no pensamento ocidental. Em última análise, o ciumento Jeová, destruidor de todos os panteões, é tão pouco convincente nas vestes do Grande Deus universal que está fadado a ser descartado por sua vez. O ateísmo é o resultado final do monoteísmo bíblico: é a rejeição do Deus bíblico, confundido com o verdadeiro Deus. “Se Jeová é Deus, não, obrigado” tem sido a justificativa simples para o ateísmo na cristandade desde o Iluminismo: Voltaire, por exemplo, desprezou o cristianismo ao citar o Velho Testamento. Jeová arruinou a fé em um Criador divino.

 

Como o cristianismo reforçou a alienação judaica

Também a considerar é o efeito que a santificação cristã do Tanakh judaico {coleção de Escrituras canônicas do judaísmo, ver nota #2} tinha tido sobre os próprios judeus. Isso desencorajou os judeus a questionarem suas escrituras e a se libertarem de seu deus psicopata#3. Qualquer judeu que questionasse a inspiração divina da Torá não só era banido de sua comunidade, mas também não encontrava abrigo entre os cristãos: isso aconteceu com Baruch Spinoza e muitos outros. Por dois mil anos, os cristãos oraram para que os judeus abrissem seus corações para Cristo, mas nada fizeram para libertá-los de Jeová.

Os críticos dos judeus na Antiguidade pagã tinham uma lógica simples: embora os judeus fossem considerados uma etnia, era comumente admitido que sua misantropia era devido a sua religião.

A culpa foi de Moisés, que os ensinou a desprezar os deuses e as tradições dos outros. Hecataeus de Abdera dá em seu Aegyptiaca (cerca de 300 a.C.) uma versão alternativa do Êxodo: para apaziguar seus deuses durante uma praga, os egípcios expulsaram de suas terras as muitas tribos de migrantes (aqueles conhecidos em acadiano como habirus) e alguns de eles se estabeleceram na Judéia sob a conduta de seu líder Moisés que, “por causa de sua expulsão, [...] introduziu um tipo de modo de vida misantrópico e inóspito”.14 O historiador romano Tácito conta uma história semelhante e também atribui a Moisés a introdução de “novas práticas religiosas, totalmente opostas às de todas as outras religiões. Os judeus consideram profano tudo o que consideramos sagrado; por outro lado, eles permitem tudo o que abominamos” (Tácito, Histórias V,3-5). Plutarco relata em seu tratado sobre Ísis e Osíris que alguns egípcios acreditavam que o deus dos judeus era Seth, o assassino de Osíris, exilado pelo conselho dos deuses no deserto de onde ele retorna periodicamente para trazer fome e discórdia. Essa opinião era tão difundida no mundo greco-romano que muitos acreditavam que os judeus adoravam em seu Templo a cabeça dourada de um burro, símbolo de Seth no divino bestiário do Egito. O general romano Pompeu é relatado ter estado surpreso ao não encontrar esta famosa cabeça de burro quando ele entrou no Sagrado dos Sagrados em 63 a.C.

Tudo era simples, então: os judeus não eram racialmente, mas religiosamente degenerados. Mas os Padres Cristãos, que sustentavam que somente os Judeus tinham adorado o verdadeiro Deus antes da vinda de Jesus Cristo, tiveram que elaborar uma explicação sofisticada para o comportamento antissocial dos Judeus, uma que é tão contraditória que sua mensagem aos Judeus equivale a um “duplo vínculo” {isto é, equivale a uma explicação que uma parte contradiz a outra parte}: por um lado, os judeus são informados de que seu Jeová é o verdadeiro Deus e que sua Bíblia é sagrada, mas, por outro lado, são criticados por comportamentos que aprenderam precisamente de Jeová em sua Bíblia . Eles são acusados de conspirar para governar o mundo, embora seja a própria promessa que Jeová fez para eles: “Jeová teu Deus te fará superior a rodas as nações da terra.” (Deuteronômio 28:1). Eles são culpados por seu materialismo e sua ganância, mas também aprenderam de Jeová, que sonha somente com pilhagem: “abalarei todas as nações, então afluirão a riqueza de todas as nações.” (Ageu 2:7).

Acima de tudo, eles são repreendidos por seu separatismo, embora esta seja a própria essência da mensagem de Jeová para eles: “Sereis consagrados a mim, pois eu, Jeová, sou santo e vos separei de todos os povos para serdes meus.” (Levítico 20:26). Judeus que querem romper com o separatismo judaico merecem a morte, de acordo com a lição da Bíblia. Os Pais da Igreja têm repetido a reclamação interminável de Jeová contra a tendência irreprimível de seu povo de se comprometer com os deuses das nações por meio de juramentos, refeições compartilhadas ou — abominação da abominação — casamentos. Mas não são esses “judeus de dura cerviz” que se rebelaram contra o jugo tirânico dos levitas, precisamente aqueles que buscaram livrar-se da alienação judaica assimilando-se à civilização circundante? Eles não estavam fazendo exatamente o que gostaríamos que fizessem hoje?

A contradição está em muitos escritos cristãos. João Crisóstomo, por exemplo, escreve em sua Primeira Homilia Contra os Judeus (II,3):

“Nada é mais miserável do que aquelas pessoas que nunca deixaram de atacar sua própria salvação. Quando havia necessidade de observar a Lei, eles a pisavam. Agora que a Lei deixou de obrigar, eles se esforçam obstinadamente para observá-la. O que poderia ser mais lamentável do que aqueles que provocam a Deus não apenas transgredindo a Lei, mas também guardando-a?”

Isso equivale a dizer aos judeus: “Maldito seja o que fizer, maldito seja o que não fizer”. Os cristãos os acusam de terem se rebelado contra Jeová ontem, e os acusam de obedecer a Jeová hoje, sob o pretexto de que as ordens de Jeová não mais ficam de pé. Quão pouco convincente para os judeus!

O anti-jeovismo {ou anti-javismo} é a única crítica efetiva a Israel porque é a única crítica justa. Ele abrevia a acusação de antissemitismo, pois visa libertar os judeus do deus sociopata que tem tomado o controle de seu destino – e que é, claro, somente o fantoche dos levitas. Um manifesto de anti-jeovismo {ou anti-javismo} pode começar com esta declaração de Samuel Roth em seu livro Jews Must Live:

“Começando com o próprio Senhor Deus de Israel, foram os sucessivos líderes de Israel que, um a um, reuniram e guiaram a trágica carreira dos judeus – trágica para os judeus e não menos trágica para as nações vizinhas que têm sofrido por causa deles. [...] a despeito de nossas falhas, nunca teríamos causado tanto dano ao mundo se não tivesse sido por nosso gênio para a liderança do mal.”15

O pioneiro sionista Leo Pinsker escreveu em seu livreto Auto-Emancipation (1882), que os judeus são “o povo escolhido para o ódio universal”. Eles são, de fato, mas não porque os gentios são universalmente afetados por uma “aberração psíquica”, uma “variedade de demonopatia” conhecida como judeofobia, conforme Pinsker acredita, mas porque sua aliança com Jeová os programou para serem odiados onde quer que eles vão.16

É hora de dizer aos judeus o que os cristãos não conseguiram dizer a eles: vocês nunca foram escolhidos por Deus. Vocês apenas têm sido enganados por seus levitas para tomar seu deus tribal vingativo pelo Pai Celestial universal. Este curto-circuito cognitivo causou em sua psique coletiva uma grave desordem de personalidade narcisista. Para nosso próprio infortúnio, nós, gentios, fomos enganados por sua autoilusão e caímos também sob o vínculo psicopático de seus líderes. Mas agora estamos acordando e, assim que recuperarmos nossos sentidos e nossa dignidade, nós ajudaremos vocês a saírem disso também.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander


Notas:

#3 Nota de Mykel Alexander: O tema central na questão judaica possivelmente é o da relação dos líderes judaicos através da história configurando o judaísmo internacional e suas ambições. O trabalho do jornalista Douglas Reed (1895-1976), Controversy of Zion, talvez seja ainda o que melhor trate esse tema da dinâmica do controle de tais líderes sobre a própria sociedade judaica. Para uma introdução a este trabalho de Douglas Reed ver:

- Controvérsia de Sião, por Knud Bjeld Eriksen, 02 de novembro de 2018, World Traditional Front.

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/11/controversia-de-siao-por-knud-bjeld.html 

14 Nota de Laurent Guyénot: Peter Schäfer, Judéophobie: Attitudes à l’égard des Juifs dans le monde antique, Cerf, 2003, páginas 13-15.

15 Nota de Laurent Guyénot: Samuel Roth, Jews Must Live: An Account of the Persecution of the World by Israel on All the Frontiers of Civilization, 1934, (archive.org). 

16 Nota de Laurent Guyénot: Leon Pinsker, Auto-Emancipation: An Appeal to His People by a Russian Jew (1882), on www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Zionism/pinsker.html.

 

The Holy Hook - Yahweh’s Trojan Horse into the Gentile City, por Laurent Guyénot, 08 de maio de 2019, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/the-holy-hook/

Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).

Entre seus livros estão:

LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.

Jésus et Jean Baptiste : Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.

Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.

Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.

Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.

La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.

La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.

JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.

Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.

Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.

“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.

  __________________________________________________________________________________

Relacionado: sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1

Êxodo recorrente: Identidade judaica e Formação da História - Por Andrew Joyce, Ph.D., {academic auctor pseudonym}

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (parte 2 na sequência do próprio artigo)

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber

Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico - por David Duke

Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus - por Khalid Amayreh

Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir

Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir

Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber


sábado, 22 de abril de 2023

O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 1

 

Laurent Guyénot


É a Igreja a prostituta de Jeová?

Eu concluí um artigo anterior*1 com o que considero a “revelação” mais importante da erudição bíblica moderna, uma que tem o potencial de libertar o mundo ocidental de um vínculo psicopático de dois mil anos: o ciumento Jeová era originalmente apenas o deus nacional de Israel, reembalado como “o Deus do céu e da terra” durante o exílio babilônico, como parte de uma campanha de relações públicas destinada aos persas, depois aos gregos e, por último, aos romanos. A noção bíblica resultante de que o Criador universal tornou-se o deus nacional de Israel na época de Moisés é assim exposta como uma inversão fictícia do processo histórico: na realidade, é o deus nacional de Israel que, por assim dizer, personificou o Criador universal na época de Esdras – enquanto permanecendo intensamente etnocêntrico.

O Livro de Josué é uma boa revelação para a farsa bíblica#1, porque seu autor pré-exílico nunca se refere a Josué simplesmente como “Deus” e nunca dá a entender que ele é outra coisa senão “o deus para os israelitas”, isto é, “nosso deus” para os israelitas e “seu deus” para seus inimigos (25 vezes). Jeová não mostra interesse em converter os povos cananeus, a quem ele considera valer menos que seu gado. Ele não instrui Josué a tentar convertê-los, mas simplesmente exterminá-los, de acordo com o código de guerra que ele deu a Moisés em Deuteronômio 20.

Contudo, encontramos no Livro de Josué uma declaração isolada de uma mulher cananéia de que “Jeová o vosso Deus é Deus tanto em cima nos céus como embaixo na terra” (2:11). Raabe, uma prostituta em Jericó, faz essa declaração a dois espiões israelenses que passam a noite com ela, e que ela esconde em troca de ser poupada, junto com sua família, quando os israelitas tomarem a cidade e massacrarem todos, “homens e mulheres, crianças e velhos” (6:21). A “profissão de fé” de Raabe é provavelmente uma inserção pós-exílica, porque não se encaixa bem com sua outra afirmação de que ela é motivada pelo medo, não pela fé: “Sei que Jeová vos deu esta terra e caiu sobre nós o vosso terror, e todos os habitantes da terra estão tomados de pânico diante de vós.” (2:9). No entanto, a combinação de medo e fé é consistente com os caminhos do Jeová.

A católica francesa Bible de Jérusalem – uma tradução erudita pelos dominicanos da École Biblique, que serviu de diretriz para a English Jerusalem Bible – acrescenta uma nota de rodapé à “profissão de fé ao Deus de Israel” de Raabe, dizendo que “tornou Raabe, aos olhos de mais de um Padre da Igreja, uma figura da Igreja gentia, salva por sua fé”.

Eu acho esta nota de rodapé emblemática do papel do cristianismo em propagar entre os gentios a ultrajante reivindicação metafísica dos israelitas, aquele grande engano que permaneceu, até hoje, uma fonte de tremendo poder simbólico. Ao reconhecer a sua própria imagem na prostituta de Jericó, a Igreja reivindica para si o papel que é precisamente seu na história, ao mesmo tempo que engana radicalmente os cristãos sobre o significado histórico desse papel. Com efeito, foi a Igreja que, tendo reconhecido o deus de Israel como o Deus universal, introduziu os judeus no coração da cidade gentia e, ao longo dos séculos, permitiu-lhes tomar o poder sobre a cristandade.

Esta tese, que vou desenvolver aqui, pode parecer fantasiosa, porque fomos ensinados que o cristianismo era fortemente judeofóbico desde o início. E isso é verdade. Por exemplo, João Crisóstomo, talvez o teólogo grego mais influente do crucial século IV, escreveu várias homilias “Contra os judeus”. Mas o que o preocupa, precisamente, é a nefasta influência dos judeus sobre os cristãos. Muitos cristãos, queixa-se, “juntam-se aos judeus para celebrar as suas festas e observar os seus jejuns” e mesmo acreditam que “eles pensam como nós” (Primeira homilia, I, 5).

“Não é estranho que aqueles que adoram o Crucificado tenham uma festa comum com aqueles que o crucificaram? Não é um sinal de loucura e da pior loucura? [...] Pois quando eles veem que vocês, que adoram o Cristo que eles crucificaram, estão seguindo com reverência seus rituais, como podem deixar de pensar que os ritos que eles realizaram são os melhores e que nossas cerimônias são inúteis? (Primeira Homilia, V,1-7).

Para horror de João, alguns cristãos mesmo conseguiram ser circuncidados. “Não me digam”, ele os adverte, “que a circuncisão é apenas um único mandamento; é esse mesmo mandamento que vos impõe o inteiro jugo da Lei” (Segunda Homilia, II,4). E assim, com toda a sua judeofobia (rebatizada anacronicamente de “antissemitismo” hoje), as homilias de João Crisóstomo são um testemunho da forte influência que os judeus exerceram sobre os cristãos gentios nos primeiros dias da triunfante Igreja imperial. E não importa o quanto os padres gregos e latinos tenham tentado proteger seu rebanho da influência dos judeus, isso tinha persistido conforme a Igreja se expandia. Pode-se até argumentar que a história do cristianismo é a história de sua judaização, de Constantinopla a Roma, depois de Roma a Amsterdã e ao Novo Mundo.

Nós comumente admitimos que a Igreja sempre oprimiu os judeus e impediu sua integração, a menos que eles se convertessem. Eles não foram expulsos de um reino cristão após o outro na Idade Média? Novamente, isso é verdade, mas devemos distinguir entre a causa e o efeito. Cada uma dessas expulsões foi uma reação a uma situação desconhecida na Antiguidade pré-cristã: comunidades judaicas ganhando poder econômico desmedido, sob a proteção de uma administração real (os judeus serviam como cobradores de impostos e agiotas dos reis, e eram particularmente indispensáveis em tempos de guerra), até que esse poder econômico, cedendo poder político, chegue a um ponto de saturação, cause pogroms e obrigue o rei a tomar medidas.

Consideremos, por exemplo, a influência dos judeus na Europa Ocidental sob os carolíngios. Atinge um clímax sob o filho de Carlos Magno, Luís, o Piedoso. O bispo de Lyon Agobard (c. 769-840) deixou-nos cinco cartas ou tratados escritos para protestar contra o poder concedido aos judeus em detrimento dos cristãos. Em Sobre a insolência dos judeus, dirigida a Luís, o Piedoso, em 826, Agobardo reclama que os judeus produzem “ordenações assinadas em seu nome com selos dourados” garantindo-lhes vantagens ultrajantes, e que os enviados do imperador são “terríveis para com os cristãos e gentis frente aos judeus.” Agobard reclama até de um decreto imperial impondo o domingo em vez do sábado como dia de mercado, a fim de agradar aos judeus. Em outra carta, ele reclama de um decreto proibindo qualquer um de batizar os escravos dos judeus sem a permissão de seus mestres.1

Dizia-se que Louis, o Piedoso, era dito estar sob a influência de sua esposa, a rainha Judith – um nome que significa simplesmente “judia”. Ela era tão amigável com os judeus que o historiador judeu Heinrich Graetz levantou a hipótese de que ela era uma judia secreta, à maneira da bíblica Ester. Graetz descreve o reinado de Louis e Judith (e “o tesoureiro Bernhard, o verdadeiro governante do reino” de acordo com ele) como uma idade de ouro para os judeus, e aponta que na corte do imperador, muitos consideravam o judaísmo como a verdadeira religião. Isso é ilustrado pela retumbante conversão do confessor de Luís, o bispo Bodo, que adotou o nome de Eleazar, foi circuncidado e se casou com uma judia. “Cristãos cultos”, escreve Graetz, “refrescaram-se com os escritos do historiador judeu Josefo e do filósofo judeu Filo, e leram suas obras de preferência àquelas dos apóstolos”.2  A judaização da Igreja Romana neste tempo é apropriadamente simbolizada pela adoção de pão ázimo para a comunhão, com nenhuma justificativa no Evangelho. Digo “a Igreja Romana”, mas talvez devesse ser chamada de Igreja Franca porque, desde a época de Carlos Magno, foi tomada por francos étnicos com desígnios geopolíticos sobre Bizâncio, como convincentemente tem argumentado o teólogo ortodoxo John Romanides.3

O Velho Testamento era especialmente influente nas esferas de poder francas. A piedade popular concentrava-se nas narrativas do Evangelho (evangelhos canônicos, mas também apócrifos como o imensamente popular Evangelho de Nicodemos), a adoração de Maria e os onipresentes cultos dos santos, mas reis e papas confiavam em uma teologia política extraída do Tanakh {que é a coleção de Escrituras canônicas do judaísmo#2}. A Bíblia hebraica tinha sido uma parte importante da propaganda franca desde o final do século VI. A História dos Francos, de Gregório de Tours, a fonte primária – e principalmente lendária – da história merovíngia, é enquadrada na ideologia providencial dos Livros dos Reis: os bons reis são aqueles que apoiam a Igreja Católica e os maus reis aqueles que resistem ao crescimento de seu poder. Sob Luís, o Piedoso, o rito de unção dos reis francos foi projetado segundo o modelo da unção do rei Davi pelo profeta Samuel em 1 Samuel 16.

 

O Velho Testamento como Cavalo de Tróia de Israel

            Nos tempos pré-cristãos, os estudiosos pagãos mostraram pouco interesse na Bíblia hebraica. Escritores judeus (Aristóbulo de Paneas, Artapanos de Alexandria) tentaram enganar os gregos sobre a antiguidade da Torá, alegando que Homero, Hesíodo, Pitágoras, Sócrates e Platão foram inspirados por Moisés, mas ninguém antes dos Pais da Igreja parece os ter tomado seriamente. Os judeus até produziram falsas profecias gregas de seu sucesso sob o título Oráculos Sibilinos e escreveram sob um pseudônimo grego uma Carta de Aristea a Filócrates louvando o judaísmo, mas, novamente, não foi até o triunfo do cristianismo que esses textos foram recebidos com credulidade gentia.

Graças ao cristianismo, o Tanakh judaico foi elevado ao status de história autorizada, e autores judeus que escreviam para pagãos, como Josefo e Filo, ganharam reputação imerecida – embora fossem ignorados pelo judaísmo rabínico. A academia cristã acriticamente se sintonizou com a história manipulada dos judeus. Enquanto Heródoto cruzou a Síria-Palestina por volta de 450 a.C. sem ouvir falar de judeus ou israelitas, os historiadores cristãos decidiram que Jerusalém era naquela época o centro do mundo e aceitaram como fato o império totalmente fictício de Salomão. Até o século 19, a história do mundo foi calibrada em uma cronologia bíblica em grande parte fantasiosa (a egiptologia agora está tentando se recuperar dela).4

Pode ser argumentado, é claro, que o Velho Testamento tem servido bem à cristandade: certamente não foi na não-violência de Cristo que a Igreja Católica encontrou a energia e os meios ideológicos para impor sua ordem mundial por quase mil anos na Europa Ocidental. No entanto, para esse passado glorioso, obviamente havia um preço a pagar, uma dívida para com os judeus que precisava ser paga de uma forma ou de outra. É como se o cristianismo tivesse vendido sua alma ao deus de Israel, em troca de sua grande realização.

A Igreja tinha sempre colocado o anúncio aos judeus como a porta de saída da prisão da Lei para a liberdade de Cristo. Mas nunca solicitou aos judeus convertidos que deixassem sua Torá na porta. Os judeus que entravam na Igreja entravam com a sua Bíblia, isto é, com grande parte da sua judaicidade, enquanto libertando-se eles próprios de todas as restrições civis impostas aos seus irmãos não convertidos.

Quando os judeus eram julgados muito lentos para se converter voluntariamente, às vezes eles eram forçados ao batismo sob ameaças de expulsão ou morte. O primeiro caso documentado remonta ao neto de Clovis, de acordo com o bispo Gregório de Tours:

“O rei Chilperico ordenou que um grande número de judeus fosse batizado, e ele próprio manteve vários nas fontes. Mas muitos foram batizados apenas no corpo e não no coração; eles logo voltaram a seus hábitos enganosos, pois realmente guardavam o sábado e fingiam honrar o domingo” (História dos Francos, capítulo V).

Essas conversões coletivas forçadas, produzindo apenas cristãos insinceros e ressentidos, foram realizadas durante a Idade Média. Centenas de milhares de judeus espanhóis e portugueses foram forçados a se converter no final do século XV, antes de emigrar através da Europa. Muitos desses “cristãos-novos” não apenas continuaram a “judaizar” entre si, mas agora podiam ter maior influência sobre os “cristãos-velhos”. A penetração do espírito judaico na Igreja Romana, sob a influência desses judeus relutantemente convertidos e seus descendentes, é um fenômeno muito mais massivo do que é geralmente admitido.

Um exemplo é a Ordem dos Jesuítas, cuja fundação coincidiu com o auge da repressão espanhola contra os marranos, com a legislação de “pureza de sangue” de 1547 emitida pelo Arcebispo de Toledo e Inquisidor Geral da Espanha. Dos sete membros fundadores, pelo menos quatro eram de ascendência judaica. O caso do próprio Loyola não é claro, mas ele era conhecido por seu forte filossemitismo. Robert Markys demonstrou, em um estudo inovador (download gratuito aqui*2, revisão aqui*3), como os criptojudeus se infiltraram em posições-chave na Ordem dos Jesuítas desde o seu início, recorrendo ao nepotismo para eventualmente estabelecer um monopólio nas posições de topo que se estendia ao Vaticano. O rei Filipe II da Espanha chamou a Ordem de “Sinagoga de Hebreus”.5

Os marranos estabelecidos na Holanda espanhola desempenharam um papel importante no movimento calvinista. De acordo com o historiador judeu Lucien Wolf,

“os marranos em Antuérpia tinham tomado uma ativa parte no movimento da Reforma e abandonaram sua máscara de catolicismo por uma pretensão não menos oca de calvinismo. […] A simulação do calvinismo trouxe-lhes novos amigos, que, como eles, eram inimigos de Roma, da Espanha e da Inquisição. [...] Além disso, era uma forma de cristianismo que se aproximava de seu próprio judaísmo simples.6

O próprio Calvino tinha aprendido hebraico com os rabinos e elogiava o povo judeu. Ele escreveu em seu comentário sobre o Salmo 119: “Onde Nosso Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos tiraram sua doutrina, senão Moisés? E quando retiramos todas as camadas, descobrimos que o Evangelho é simplesmente uma exibição do que Moisés já havia dito”. A Aliança de Deus com o povo judeu é irrevogável porque “nenhuma promessa de Deus pode ser desfeita”. Essa Aliança, “em sua substância e verdade, é tão semelhante à nossa, que podemos chamá-los de uma. A única diferença é a ordem na qual elas foram dadas.”7

O historiador judeu Cecil Roth (1899-1970)


Dentro dum século, o calvinismo, ou puritanismo, tornou-se uma força cultural e política dominante na Inglaterra. O historiador judeu Cecil Roth explica:

“Os desenvolvimentos religiosos do século XVII levaram ao seu clímax uma inconfundível tendência filossemita em certos círculos ingleses. O puritanismo representou acima de tudo um retorno à Bíblia, e isso automaticamente promoveu um estado de espírito mais favorável em relação ao povo do Velho Testamento”.8

Alguns puritanos britânicos chegaram a considerar o Levítico ainda em vigor; eles circuncidavam seus filhos e respeitavam escrupulosamente o sábado. Sob Carlos I (1625-1649), escreveu Isaac d'Israeli (pai de Benjamin Disraeli), “parecia que a religião consistia principalmente em rigores sabatistas; e que um senado britânico foi transformado em uma companhia de rabinos hebreus.”9 Judeus ricos começaram a casar suas filhas com a aristocracia britânica, a ponto de, segundo estimativa de Hilaire Belloc, “com o início do século XX, aquelas das grandes famílias territoriais inglesas nas quais não havia sangue judeu eram a exceção.”10

A influência do puritanismo em muitos aspectos da sociedade britânica estendeu-se naturalmente aos Estados Unidos. A mitologia nacional dos “Padres Peregrinos” fugindo do Egito (Inglaterra Anglicana) e estabelecendo-se na Terra Prometida como o novo povo escolhido, dá o tom. Contudo, a judaização do cristianismo americano não foi um processo espontâneo de dentro, mas sim controlado por manipulações hábeis de fora. Para o século XIX, um bom exemplo é a Scofield Reference Bible, publicada em 1909 pela Oxford University Press, sob o patrocínio de Samuel Untermeyer, advogado de Wall Street, cofundador do Federal Reserve e sionista dedicado, que se tornaria o arauto da a “guerra santa” contra a Alemanha em 1933. A Bíblia Scofield está repleta de notas de rodapé altamente tendenciosas. Por exemplo, a promessa de Jeová a Abraão em Gênesis 12:1-3 recebe uma nota de rodapé de dois terços da página explicando que “Deus fez uma promessa incondicional de bênçãos por meio da semente de Abrão à nação de Israel para herdar um território específico para sempre” (embora Jacó, quem primeiro recebeu o nome Israel, ainda não havia nascido”. A mesma nota explica que “Tanto V.T {Velho Testamento} e N. T. {Novo Testamento} estão cheios de promessas pós-sinaíticas sobre Israel e a terra que será a possessão eterna de Israel”, acompanhadas por “uma maldição lançada sobre aqueles que perseguem os judeus” ou “cometem o pecado do antissemitismo”.11

{O judeu Samuel J. Untermyer (1858-1940), sionista, financista de Wall Street, um dos articuladores do obscuro banco central americano (FED ou Federal Reserve), financiador de manipulações de interpretações bíblicas e agitador contra a Alemanha de Hitler e contra a paz mundial}

Como um resultado desse tipo de propaganda grosseira, a maioria dos evangélicos americanos considera a criação de Israel em 1948 e sua vitória militar em 1967 como milagres cumprindo profecias bíblicas e anunciando a segunda vinda de Cristo. Jerry Falwell declarou: “No topo de nossas prioridades deve estar um compromisso inabalável e devoção ao estado de Israel”, enquanto Pat Robertson disse: “O futuro desta nação [América] pode estar em jogo, porque Deus abençoará aqueles que abençoam Israel”. Quanto a John Hagee, presidente dos Cristãos Unidos por Israel, ele certa vez declarou: “Os Estados Unidos devem se unir a Israel em um ataque militar preventivo contra o Irã para cumprir o plano de Deus tanto para Israel quanto para o Ocidente”.12

{O muito influente pastor cristão sionista Jerry Falwell (1933-2007) – na esquerda da foto – exortou milhões de americanos que “No topo de nossas prioridades deve estar um compromisso inabalável e devoção ao estado de Israel”}. O também pastor Marion Gordon “Pat” Robertson (1933-) – na direita da foto – afirmou da mesma maneira para milhões de americanos que “o futuro desta nação [América] pode estar em jogo, porque Deus abençoará aqueles que abençoam Israel”}

Cristãos tolos e facilmente enganáveis não apenas veem a mão de Deus sempre que Israel avança em seu destino auto-profetizado de dominação mundial, mas estão prontos para ver os próprios líderes israelenses como profetas quando anunciam seus próprios crimes de bandeira falsa: Michael Evans, autor de American Prophecies, acredita que Isser Harel, fundador dos serviços secretos israelenses, teve uma inspiração profética quando, em 1980, previu que terroristas islâmicos atacariam as Torres Gêmeas.13 Benjamin Netanyahu também se gabou na CNN em 2006 de ter profetizado o 11 de setembro em 1995.*4 Para os menos crédulos, isso diz muito sobre o dom judaico de profecia.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Continua em O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 2

Notas

*1 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1, por Laurent Guyénot, 26 de março de 2023, World Traditional Front. (Parte 2 na sequência do próprio artigo).

https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2023/03/sionismo-cripto-judaismo-e-farsa.html 

#1 Nota de Mykel Alexander: Para as passagens bíblicas deste artigo será usada a versão traduzida publicada como Bíblia de Jerusalém (1ª edição, 2002, 12ª reimpressão, 2017, Paulus, São Paulo), da École biblique de Jérusalem (Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém), a qual é vertida diretamente do hebraico, do aramaico e do grego para o português, de modo que nos textos do Antigo Testamento a divindade judaica é traduzida como Yahweh, mas, por fins didáticos, usarei a forma simplificada de Jeová. 

1 Nota de Laurent Guyénot: Adrien Bressolles, “La question juive au temps de Louis le Pieux,” em Revue d’histoire de l’Église de France, tome 28, nº 113, 1942. páginas 51-64, on https://www.persee.fr 

2 Nota de Laurent Guyénot: Heinrich Graetz, History of the Jews, Jewish Publication Society of America, 1891 (archive.org), vol. III, capitulo VI, página 162. 

3 Nota de Laurent Guyénot: John Romanides, Franks, Romans, Feudalism, and Doctrine: An Interplay Between Theology and Society, Holy Cross Orthodox Press, 1981, em:

www.romanity.org/htm/rom.03.en.franks_romans_feudalism_and_doctrine 

#2 Nota de Mykel Alexander:  A coleção de Escrituras canônicas do judaísmo é nomeada Tanak, acrônimo formado pelas primeiras letras das três partes da Bíblia judaica:

- Tōrāh ou Torá (Lei, instrução) – são os cinco primeiros livros (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio) da bíblia judaica e do Antigo Testamento da bíblia cristã;

- Năḇīʾīm ou Nevi'im (Profetas);

- Kăṯūḇīm ou ketuvim (Escritos).

                Nestas três partes estão distribuídos vinte e quatro livros de origens manuscritas.

                O cânon da Bíblia judaica o qual foi fixado pelos judeus da Palestina no início da era cristã só admite os livros hebraicos, e foi acolhido também pelas vertentes cristãs evangélicas, excluindo complementos gregos adicionados em Ester e Daniel (algumas partes em grego; Susana; Bel e o Dragão), bem como demais livros não oriundos do hebraico (Judite; Tobias; Macabeus I e II mais III e IV apócrifos; Eclesiástico; Livro da Sabedoria ou Sabedoria de Salomão; Baruc; Carta de Jeremias.) originalmente incorporados no cânon católico.  

                Ver:

- Bíblia de Jerusalém, 1ª edição, 2002, 12ª reimpressão, 2017, Paulus, São Paulo. Ver na parte introdutória a listas dos livro da Bíblia Hebraica e lista de livros da Bíblia Grega.

- Brian Kibuuka, A Torá comentada, Fonte Editorial, São Paulo, 2020. Ver prefácio do Dr. Waldecir Gonzaga e apresentação de Brian Kibuuka (páginas 21-24). 

4 Nota de Laurent Guyénot: Read Gunnar Heinsohn, “The Restauration of Ancient History,” em www.mikamar.biz/symposium/heinsohn.txt  et John Crowe, “The Revision of Ancient History – A Perspective,” em www.sis-group.org.uk/ancient.htm 

*2 Fonte utilizada por Laurent Guyénot

http://www.oapen.org/search?identifier=627427 

*3 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: : Review: The Jesuit Order as a Synagogue of Jews – Part One, por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}, 26 de dezembro de 2017, The Occidental Observer.

https://www.theoccidentalobserver.net/2017/12/26/review-the-jesuit-order-as-a-synagogue-of-jews-part-one/ 

5 Nota de Laurent Guyénot: Robert A. Markys, The Jesuit Order as a Synagogue of Jews: Jesuits of Jewish Ancestry and Purity-of-Blood Laws in the Early Society of Jesus, Brill, 2009, download gratuito em http://www.oapen.org/search?identifier=627427 

6 Nota de Laurent Guyénot: Lucien Wolf, Report on the “Marranos” or Crypto-Jews of Portugal, Anglo-Jewish Association, 1926. 

7 Nota de Laurent Guyénot: Vincent Schmid, “Calvin et les Juifs : Prémices du dialogue judéo-chrétien chez Jean Calvin,” 2008, em www.racinesetsources.ch. 

8 Nota de Laurent Guyénot: Cecil Roth, A History of the Jews in England (1941), Clarendon Press, 1964, página 148. 

9 Nota de Laurent Guyénot: Isaac Disraeli, Commentaries on the Life and Reign of Charles the First, King of England, 2 vols., 1851, citado em Archibald Maule Ramsay, The Nameless War, 1952 (archive.org). 

10 Nota de Laurent Guyénot: Hilaire Belloc, The Jews, Constable & Co., 1922 (archive.org), página 223. 

11 Nota de Laurent Guyénot: Joseph Canfield, The Incredible Scofield and His Book, Ross House Books, 2004, páginas 219–220. 

12 Nota de Laurent Guyénot: Jill Duchess of Hamilton, God, Guns and Israel: Britain, The First World War And The Jews in the Holy City, The History Press, 2009 , kindle, e. 414-417. 

13 Nota de Laurent Guyénot: Michael Evans, The American Prophecies, Terrorism and Mid-East Conflict Reveal a Nation’s Destiny, Hodder & Stoughton, 2005, citado em Christopher Bollyn, Solving 9-11: The Deception That Changed the World, C. Bollyn, 2012, página 71. 

*4 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://www.youtube.com/watch?v=-QMLO558gec

 


The Holy Hook - Yahweh’s Trojan Horse into the Gentile City, por Laurent Guyénot, 08 de maio de 2019, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/the-holy-hook/

Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).

Entre seus livros estão:

LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.

Jésus et Jean Baptiste : Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.

Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.

Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.

Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.

La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.

La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.

JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.

Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.

Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.

“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.

  __________________________________________________________________________________

Relacionado: sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1

Êxodo recorrente: Identidade judaica e Formação da História - Por Andrew Joyce, Ph.D., {academic auctor pseudonym}

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (parte 2 na sequência do próprio artigo)

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber

Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico - por David Duke

Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus - por Khalid Amayreh

Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir

Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir

Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber