quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O que é realmente “cultura”? - parte 5 - Por Mykel Alexander


Mykel Alexander

Mencionei a Filosofia por último neste ranking de criações da humanidade elaborado por Murray por dois motivos, uma vez que há profundas causas para vincular tais criações com a Filosofia.

 O primeiro motivo é por ser produtivo didaticamente antes mencionar que existe uma íntima conexão da Literatura helênica com a Filosofia na Grécia, e que ambas expressam a psicologia do homem helênico, sendo esta última a causa da excelência na maioria das áreas da criação humana conforme elencadas no ranking por Murray.

O segundo motivo é pela ruptura na psicologia do indivíduo ocidental entre inteligência e força moral (costumes), o que resulta em desobediência ou deturpações do homem em relação a suas próprias conclusões que são baseadas na razão.


Conexão da literatura com a Filosofia

Para prosseguir é preciso que o leitor saiba o que é a Filosofia. Há duas possibilidades fundamentais de explicar o que é a Filosofia, a primeira sendo um modo descrevendo racionalmente do que ela é composta, e a segunda seria um aprofundamento na psicologia, isto é, na psique ou alma humana, o que faz ecoar uma máxima do indomável filósofo Heráclito de Éfeso (VI-V a.C.):
“Não poderás achar os limites da alma, nem mesmo se percorreres todos os caminhos, tão profunda é a razão que ela possui.[42]
Didaticamente será melhor deixar para mais adiante a explicação da Filosofia pela perspectiva psicológica ao modo de Heráclito, e começar, assim sendo, pela descrição básica do que a Filosofia é composta, e para tanto recorro à principal obra de história da Filosofia que foi conservada da Antiguidade, escrita em grego por Diôgenes Laêrtios (II-III d.C.), o qual afirma:
“As partes da filosofia são três: física, ética, e dialética ou lógica. A física é a parte dedicada ao universo e ao seu conteúdo; a ética é a parte dedicada à vida e ao que se relaciona conosco; a dialética é o processo de raciocínio usado em ambas partes anteriores. [43] 
A escolha didática de explicar o que é a Filosofia através das partes que a compõe é pelo fato de que estas três partes estão atualmente consolidadas de tal modo, que adquiriram a posição de disciplinas autônomas, então, é uma maneira que aponta a forma da Filosofia estaticamente, nomeando do que é composta e o que é cada parte. Enquanto que a exposição do que é a Filosofia pela perspectiva mais próxima de seu desenvolvimento através de suas várias etapas, é uma maneira dinâmica, na qual se pode perceber a natureza, relação e desenvolvimento de suas partes, e que somente no decorrer de sua existência adquiriu o nome de Filosofia, não começando tal processo já tendo a denominação de Filosofia.

Pode-se dizer, portanto, que as três partes da Filosofia acima mencionadas por Diôgenes Laêrtios, cujas denominações são originalmente gregas, devem ser compreendidas como:

Ética (que em latim encontra correspondência na palavra moral) é o que representa os costumes vividos com constância de um indivíduo ou povo.

Lógica é o uso linear da razão através da sucessão de causa e efeito.

E a Física desenvolveu-se como a Metafísica, isto é, a conjugação dos saberes latentes na Física, referente ao “universo e ao seu conteúdo”, em um significado mais profundo e mais amplo que dá uma superior visão do todo[44].

Portanto, a Filosofia é composta basicamente por três partes, isto é, por Ética/Moral, Lógica e Física/Metafísica, conforme se verifica nas consolidadas histórias da Filosofia[45].

Contudo, temos uma situação que precisa ser colocada em destaque para se entender a origem do gênio grego e qual a relação dessa origem com a formação da Filosofia. Não é difícil perceber que ao se examinar o que significa cultura, a definição ‘c’ para a palavra cultura extraída do dicionário Houaiss, “O cabedal de conhecimentos, a ilustração, o saber de uma pessoa ou grupo social.”, a que mais se consolidou no entender popular, é uma definição que necessariamente exige a Filosofia como um suporte fundamental para se ter cultura. Frederick Charles Copleston (1907-1904), padre jesuíta e acadêmico de Oxford, abre sua celebrada History of Philosophy de 9 volumes com uma consideração pertinente sobre a relação de cultura e Filosofia dentro da mentalidade do século XX que bem corresponde a mencionada definição ‘c’ do dicionário Houaiss, e Copleston faz a seguinte indagação: Por que estudar a História da Filosofia? E responde, dentro da mentalidade e contexto de um homem britânico, conforme segue:
“Nós dificilmente devemos chamar qualquer pessoa de ‘educada’ que não tenha qualquer conhecimento de história; nós todos reconhecemos que um homem deve conhecer alguma coisa da história de seu próprio país, seus desenvolvimentos político, social e econômico, suas realizações artísticas e literárias – preferencialmente de fato num contexto mais amplo da Europa e, a uma certa extensão, mesmo da história do mundo. Mas se de um homem inglês educado e culto deve ser esperado possuir algum conhecimento de Alfredo o Grande e Elizabeth, de Cromwell e Marlborough e Nelson, da invasão normanda, da Reforma e da Revolução Industrial, pareceria igualmente claro que ele deveria conhecer no mínimo alguma coisa de Roger Bacon e Duns Scotus, de Francis Bacon e Hobbes, de Locke, Berkeley e Hume, de J. D. Mill e Herbert Spencer. Ainda mais, se um homem educado é esperado não ser totalmente ignorante da Grécia e de Roma, se ele iria se envergonhar de ter de confessar que ele não tinha nunca nem ouvido sobre Sófocles ou Virgílio, e conhecendo nada das origens da cultura europeia, dele pode ser igualmente esperado conhecer nada de Platão e Aristóteles, dois dos maiores pensadores que o mundo jamais tem visto, dois homens que se levantam na proeminência da filosofia europeia. Um homem culto irá conhecer um pouco concernindo Dante e Shakespeare e Goethe, concernindo São Francisco de Assis e Fra Angelico, concernindo Frederico o Grande e Napoleão I: por que não seria esperado também ele conhecer alguma coisa de Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, Descarte e Spinoza, Kant e Hegel? Seria absurdo sugerir que nós devemos informar nós mesmos em relação aos grandes conquistadores e destruidores, mas permanecermos ignorantes aos grandes criadores, aqueles que têm realmente contribuído para a cultura europeia. Mas não são somente os grandes pintores e escultores que têm nos deixado um tesouro e legado contínuo: ele é também o dos grandes pensadores, homens como Platão e Aristóteles, Santo Agostinho e São Tomas de Aquina, que têm enriquecido a Europa e a cultura dela. Pertence, portanto, a educação culta conhecer alguma coisa no mínimo do curso da filosofia europeia, pois são nossos pensadores bem como nossos artistas e generais, que têm ajudado fazer nosso tempo, seja para o bem ou para o mal.[46]
Todavia, admitindo que a mentalidade humana difere muito através dos séculos e milênios, e sendo a Filosofia composta por Ética/Moral, Lógica e Física/Metafísica, deve ser observado que durante as várias etapas da história em que a Filosofia esteve presente, houve prevalência de uma de suas partes sobre outras. Pode-se dizer que isso ocorreu na Antiguidade, na Idade Média, na Idade Moderna e na Idade Contemporânea. Pode-se, portanto, fazer perguntas sobre o nível de cultura de cada época, conforme a prevalência em cada época de um dos componentes da Filosofia na cultura da respectiva época. Será mencionado abaixo, de modo resumido para fins de exemplo, como as partes da Filosofia prevaleceram na Antiguidade, uma vez nesta que a Filosofia surgiu e atingiu sua legítima expressão.

 No Período Arcaico Grego (séculos VIII-V a.C.) prevaleceu a Física, no período Clássico Grego (séculos V-IV a.C.) da Física se consolida a Metafísica, a Ética/Moral surge em suas definições fundamentais em Sócrates, e a Lógica que permeia todos os diálogos de Platão será sistematizada por Aristóteles, de modo que no Período Clássico os três componentes da Filosofia, isto é , Ética/Moral, Lógica e Física/Metafísica, estão quase simultaneamente em sua plenitude, enquanto no Período Helenístico (séculos III-II a.C.) a Física/Metafísica e a Lógica decaem, prevalecendo a Ética/Moral, mantendo-se assim no Período da Roma Republicana (séculos II-I a.C.) e nos dois primeiros séculos do Império Romano, quando a partir de então com os neoplatônicos durante os séculos III-VI d.C. volta-se a ter a Metafísica como primazia bem como a retomada da Lógica, e finalmente a partir do século VI d.C., o da dissolução do Império Romano, a Lógica através da tradição dos trabalhos Boécio (477-524 d.C.) será o que subsistirá de Filosofia do rescaldo do fim do Império Romano através de grande parte do período medieval, isso significa um extensão que dura até o século X, quando através do islamismo, em grande parte, os textos filosóficos retornam para a Europa.  

Voltando à relação que Murray fez dos grandes gênios, e na qual me restringi aos ocidentais, grande parte deles tinha em seu ponto de partida na visão do mundo a Filosofia[47], e se temos em conta os nomes que remontam à Antiguidade, todos os citados tinham a Filosofia como ponto de partida, ou a tinham ao lado de outras áreas do saber, como a medicina, a matemática, arquitetura ou engenharia, e quanto mais se retorna ao tempo, mais a Filosofia é o ponto de partida, porém com as ciências não tendo ainda assumido contornos definidos, pois estavam interpenetradas entre si e com a Filosofia, numa conformação de saber primordial[48], e se na ânsia de buscarmos o ponto nascente do gênio criador helênico, recuando ainda mais nos primórdios da tradição helênica, como vimos na explicação de Jaeger, precedendo o surgimento da Filosofia está a tradição homérica, primeiro oralmente e depois escrita, especialmente no que toca a Ética aristocrata, isto é, o costume rotineiro do homem que sempre estar na própria plenitude, num estágio de excelência / arete.

Se pode afirmar então que a tradição homérica fez sua parte no surgimento da Filosofia ao contribuir com uma Ética de excelência? A resposta é sim, mas não se limitando a isso. Reale admite nos precedentes homéricos da Filosofia mais do que a contribuição ética. Ele observa:
“Ora, os poemas homéricos apresentam algumas peculiaridades que os diferenciam de poemas que se encontram na origem da civilização de outros povos, pois já contêm algumas das características do espírito grego que resultarão essenciais para a criação da filosofia.
a) Com efeito, Homero tem grande senso da harmonia, da proporção, do limite e da medida;
b) Não se limita a narrar uma série de fatos, mas também pesquisa suas causas e razões (ainda que em nível mítico-fantástico);
c) procura de diversos modos apresentar a realidade em sua inteireza, ainda que de forma mítica (deuses e homens, céu e terra, guerra e paz, bem e mal, alegria e dor, totalidade dos valores que regem a vida do homem).[49]
Então, temos como solo helênico donde será base para o nascimento da Filosofia e demais ciências, a tradição homérica, o que vale dizer a mentalidade forjada pela tradição homérica, cujo centro temático era a busca pela excelência / arete e o cumprimento do dever, mas, conforme Reale observou, com ínfimos, mas essenciais rudimentos de Metafísica, já que pretende Homero “apresentar a realidade em sua inteireza”, e a visão do todo é por excelência o núcleo da Metafísica, bem como há rudimentos de Lógica quando Homero “não se limita a narrar uma série de fatos, mas também pesquisa suas causas e razões.”, colocar fatos em série com suas causas e razões é o núcleo da Lógica.

            Mas então porque o grande contributo de Homero para a Filosofia foi a Ética e não a Metafísica ou a Lógica?

            A resposta está nos próprios desafios e limitações que a Era Homérica impunha.

Pode-se admitir, através dos estudos históricos, literários e arqueológicos[50], que o cumprimento do dever no período homérico era mais do que nunca vital, dado ser uma época de choque de povos decorrente do fim das civilizações mediterrâneas do mundo grego micênico e dos restos da época da civilização minoica, mais antiga ainda, de modo que a “ordem do dia” era a proteção das muralhas, sendo assim, os esforços de guerra sucedendo-se ininterruptamente exigiam uma vida de extrema austeridade. Um costume rotineiro refere-se a Ética/Moral se termos em conta a definição de Diôgenes Laêrtios (Livro I,18) de Ética a qual corresponde “a parte dedicada à vida e ao que se relaciona conosco”, e segundo também o que defini anteriormente, para fins didáticos, como “o que representa os costumes vividos com constância de um indivíduo ou povo.” Portanto o período homérico foi uma época que exigiu a uma formação Ética/Moral de extrema austeridade para o cumprimento do dever, dado o contexto da época homérica.

Devemos então examinar esse solo ou mentalidade helênica que a tradição homérica forjou, e para tanto teremos de ter em consideração o mencionado contexto da época, e que iremos apreciar partindo de algumas premissas, delineadas a seguir, cuja realidade é tão evidente, que é muito difícil imaginar estarem ausentes de quaisquer crônicas da história universal, por envolverem os fundamentos mais básicos da natureza humana.

Que a austeridade é uma qualidade que tende a excluir o supérfluo e a priorizar o indispensável é algo que se compreende sem dificuldades, e que a natureza humana responde melhor às exigências de austeridade em tempos de guerra e de perigo alarmante do que nos tempos de paz e prosperidade material também não é difícil de se compreender.

A situação limite de conservação da existência ao tirar o supérfluo, acentua a agudez mental de busca pelo essencial, e o essencial necessariamente mira o mais real possível, o mais verdadeiro possível. Essa postura mental possui íntima conexão com a Física (e com o posterior desenvolvimento da Metafísica), definida como “a parte dedicada ao universo e ao seu conteúdo.”, segundo o próprio Diôgenes Laêrtios (Livro I,18).

Se tal postura do homem homérico se consolidar através do exercício cotidiano de austeridade imposto pela pressão de superar as ameaças de existência, configura-se, portanto, uma formação de mentalidade comprometida com a verdade e que ao mesmo tempo não se permitiu a liberdade de se auto-enganar através de desculpas a si mesmo para se evadir dos deveres da ordem do dia, dada a ininterrupta pressão da ameaça de aniquilação deste longo período de guerras. Temos aqui uma formação Ética/Moral e um comprometimento em busca da verdade os quais serão consolidados em Sócrates e Platão primeiramente, e posteriormente em Aristóteles, mas neste com importantes diferenças as quais serão devidamente mencionadas.

            Temos, portanto, constatado até agora na tradição homérica dois, Ética/Moral e Física, dos três componentes que integram a Filosofia, restando assim a Lógica.

            Diôgenes Laêrtios (Livro I,18) afirmou que a Lógica ou “dialética é o processo de raciocínio usado em ambas partes anteriores.”, e que para fins didáticos eu a defini como “o uso linear da razão através da sucessão de causa e efeito.” Raciocínio e causa e efeito estão presentes na tradição homérica, é verdade que sob assédio quase ininterrupto do conteúdo mitológico, que muitas vezes pode ser afirmado tratar-se do irracional, e não do racional. Não obstante, o conteúdo mitológico representa, em uma apuração através da simbologia, justamente forças da natureza e do Universo, de modo que do mesmo modo que a Lógica aristotélica parte de premissas metafísicas, em última análise uma Força ou Ser universal (o motor imóvel na terminologia de Aristóteles), quando sistematizadas pelo próprio Aristóteles, os rudimentos de Lógica ou dialética homérica partem de premissas mitológicas que expressam conteúdo de forças universais, o que vale dizer que expressam a Física, isto é, “a parte dedicada ao universo e ao seu conteúdo.”, segundo o próprio Diôgenes Laêrtios (Livro I,18). Além de tudo basta lembrar que a dicotomia entre imortal e mortal, presenta na tradição homérica na relação entre os deuses, heróis e humanos, tem implícita em si o eixo da Metafísica, que é a relação entre o que é inalterável e o que é transitório, relação esta que em Heráclito de Éfeso (séculos VI-V a.C.) e Parmênides de Eleia (séculos VI-V a.C.) terá grandes avanços.

Reforçando os esclarecimentos mitológicos acima está a própria conexão literária e filosófica que une a tradição homérica e as grandes escolas filosóficas antigas na formação da concepção de alma, em que a parte mais “elevada” da alma na tradição greco-romana, denominada de nous e consolidada primeiro em Aristóteles e ampliada em Plotino, já estava presente na tradição homérica, embora se rudimentarmente em termos racionalizados, contudo tendo já o centro do conceito de nous estabelecido, isto é, uma capacidade do intelecto do mais alto discernimento[51].

Podemos a partir do acima exposto admitir os rudimentos filosóficos presentes na tradição homérica, e isto é muito relevante pois implica o homem da época homérica compreender ou ter latente a capacidade de compreender o mundo tanto através com seus sentidos físicos, como através da pura reflexão mental, dentro dos respectivos limites da capacidade dos sentidos e da mente. E o homem homérico reagiu aos desafios de sua época, partindo de seu saber primordial, que continha em si os fundamentos da Física (Metafísica), da Ética e da Lógica, forjando na vida ininterrupta de luta tanto pela sobrevivência como para se afirmar através do desenvolvimento do componente filosófico mais adequado às necessidades de então, que foi o dos costumes, isto é, o da Ética, e de uma ética guerreira, desenvolvida tendo em vista sempre a excelência / arete.

É preciso destacar que tanto o nous, o intelecto penetrante e profundo, que guia o conhecimento da mente, como a linha lógica, a qual racionaliza a causa e efeito, já estavam, ao menos rudimentarmente, presentes nos tempos homéricos, enquanto a ética, a guia da conduta de vida, não só estava presente e muito desenvolvida, mais elevou-se de tal modo que era o padrão de excelência / arete.  

Irei agora apresentar um questionamento filosófico.

Coloquei que o contexto histórico obrigou este tipo de proeminência na Ética ao invés da Física / Metafísica ou Lógica. Mas posso eu fazer um questionamento: iriam os helenos sem a necessidade histórica daquele momento, em que o risco de aniquilação os obrigavam a estarem com muita atenção as suas qualidades e defeitos, mas que eram todas direcionadas na ética guerreira, de bravura e de dever, desenvolverem a excelência / arete nas outras duas partes que compõem a Filosofia, isto é, na Lógica ou na Física / Metafísica?

Em outras palavras, posso perguntar: os helenos, se não estivessem com suas energias ocupadas em séculos de combate diante de todos os desafios decorrentes do choque de povos de tal momento histórico, iriam direcionar suas energias para a Lógica e para a Metafísica com a mesma excelência que direcionaram para a formação de uma ética guerreira e de cumprimento do dever?

            Mas também se pode perguntar se os helenos teriam mesmo desenvolvidos a sua Ética em tal nível de excelência em tempos de paz, como se possuíssem uma inclinação para buscar a verdade a partir de uma mentalidade austera que só busca o essencial sem se auto-enganar, mesmo em tempos de paz sem pressão da ameaça de aniquilação dos povos invasores? Ou somente tiveram tais desenvolvimentos porque a necessidade do momento histórico, de ininterruptas lutas decorrente do choque de povos de um mundo que havia colapsado obrigou-os a serem fortes, inteligentes e realistas?

A consideração que levanto, que insisto que o leitor perceba, é saber: o quanto dos grandes feitos dos helenos são procedentes da necessidade histórica, uma contingência, e o quanto é procedente da própria natureza deles?

O que vale perguntar: o quanto da grandeza dos helenos, que posteriormente resultou na Filosofia e nas demais grandes realizações do Ocidente procede da natureza deles, e o quanto procede das necessidades das contingências históricas?  



Continua...

Notas


[42] Nota do autor: Diôgenes Laêrtios, Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, UNB, Brasília, 2008, 2ª edição. Tradução do grego ao português por Mário da Gama Kury baseada no texto fixado por Carel Gabriel Cobet, Editora Didot. Diôgenes Laêrtios cita essa sentença atribuída à Heráclito, ver Livro IX,1,7.

[43] Nota do autor: Diôgenes Laêrtios, Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, UNB, Brasília, 2008, 2ª edição. Tradução do grego ao português por Mário da Gama Kury baseada no texto fixado por Carel Gabriel Cobet, Editora Didot. Livro I,18.

[44] Nota do autor: A origem da palavra metafísica suscitou inúmeras controvérsias na História da Filosofia, e um artigo de Paul Gerard Horrigan, Origin of term “Metaphysics”, fornece importantes elucidações.

[45] Nota do autor: No decorrer do desenvolvimento da Filosofia, várias disciplinas foram ganhando forma definida, no entanto, mesmo na historiografia da Filosofia as definições de suas partes são relativamente amplas, conforme abaixo seguem exemplos de algumas das principais histórias da Filosofia, no entanto ainda assim podem ser compreendidas na mencionada definição de Diôgenes Laêrtios.

- Eduard Zeller (1814-1908) tratando das partes que compõem a Filosofia segundo o trabalho de Aristóteles, o marco da sistematização da Filosofia, relaciona Lógica, Metafísica e Física, e Ética (Outlines of the History of Greek Philosophy, The World Publishing Company, 13ª edição, 15ª impressão, Nova Iorque, 1971. Originalmente escrito em 1883, e traduzido da 13ª edição alemã, aos cuidados de Wilhelm Nestle, por L. R. Palmer, p. 187).

- Wilhelm Windelband (1848-1915) pretendendo uma apresentação básica, baseado principalmente na sistematização de Aristóteles, elenca como componentes principais da Filosofia em dois grupos: a) contendo a Metafísica, Teologia e Física mais Lógica e Epistemologia; b) Ética ou Moral (Historia General de la Filosofia, Editorial El Ateneo, Cidade Do México, 1960. Originalmente escrito em 1891, primeira edição, e traduzido da 15ª edição alemã, aos cuidados de Heinz Heimsoeth em 1956, por Francisco Larroyo, pp 19-20).   

- John Burnet (1863-1928) capta na transição da Grécia Arcaica para a Clássica o teor de busca cosmológica (a origem da Física dos pré-socráticos), o questionamento que não se limita ao sentido comum e busca a ciência, isto é, os rudimentos da Lógica, bem como o aprofundamento na validade dos costumes tradicionais dando o surgir da Ética (Early Freek Philosophy, The Meridian Library, Nova Iorque, 1957, reimpresso a partir da edição corrigida de 1930, p. 1).

-  William Keith Chambers Guthrie (1906-1981) ao sintetizar o que compunha a Filosofia relacionou: a) as investigações especulativas e científicas sobre o Universo (Macrocosmo) com a palavra Metafísica; b) as atividades práticas do homem como indivíduo (microcosmo) no mundo e na sociedade ele relacionou com  a ética e a política; c) a filosofia aumenta seu rigor crítico, daí desdobrando a Lógica, a Epistemologia e a Teoria do Conhecimento (The Greek Philosophers – from Thales to Aristotle, Routledge, Londres, 1997. Primeira edição de 1950, pp. 16-18).

- Julián Marías (1914-2005) ao abordar a doutrina estóica, após a consolidação da Filosofia pelos desenvolvimentos de Platão e a sistematização de Aristóteles, menciona a Filosofia nos estóicos já composta nominalmente por Lógica, Física e Ética (Historia da Filosofia, Ed. Martins Fontes, 1ª Edição, São Paulo, 2004.  Originalmente escrito em espanhol em 1941, tradução de Claudia Berliner, p. 100).

- Hans Joachim Störing (1915-2012) entre os vários componentes da Filosofia inclui a Metafísica (ocupa-se com o ser em sua totalidade), a Lógica (a doutrina do pensar correto e da verdade), e a Ética (do agir correto) na lista dos componentes da Filosofia, mas partindo da visão atual em que ramificações da Filosofia que na Antiguidade não eram universalmente sistematizadas como hoje estão na forma de disciplinas autônomas, por isso ele cita Epistemologia e Estética, que já existiam nos trabalhos de Platão e Aristóteles, mas a Antiguidade consagrou como as três principais partes as que Diôgenes Laêrtios explicitou categoricamente conforme mencionado (História geral da filosofia, Editora Vozes, Petrópoles, 2009. Vertido ao português por um corpo de 5 tradutores a partir da 17ª edição alemã revisada de 1999, p. 11). 

[46] Nota do autor: Frederick Copleston, A History of Philosophy – Volume I – Greece and Rome, Doubleday, Nova Iorque, 1993 (publicado originalmente em 1962), página 1.

[47] Nota do autor: O período do Renascimento é ao mesmo tempo a eclosão de um processo de resgate do saber da Antiguidade, centrado na Filosofia greco-romana e ao redor da qual gravitam as demais ciências, bem como o ponto de partida do desenvolvimento da ciência moderna, a qual em suas origens renascentistas também mantinha o padrão da Antiguidade no qual as ciências gravitavam ao redor da Filosofia, uma vez que esta era composta pela Metafísica, Lógica e Moral/Ética, os três pontos de partida das ciências como um todo. Somente no decorrer da Idade Moderna as ciências foram criando maior independência da Filosofia, mas nem sempre resultando em total ruptura, de modo que duas correntes principais se formaram na Idade Moderna, os empiristas, predominantes nos povos de idioma inglês e mais focados nos experimentos, e os racionalistas, predominantes nos povos de idioma francês, mais focados nas questões metafísicas e lógicas. No decorrer da Idade Moderna e no advento da Idade Contemporânea a escola germânica manteve uma linha mais conciliadora entre as vertentes empiristas e racionalistas, e como na Antiguidade e no Renascimento tendo as ciências uma íntima conexão com Filosofia. Essa relação é consenso nas mais consolidadas produções de história geral da Filosofia em vigor: em idioma inglês Frederick Charles Copleston (1907-1994), em espanhol Julián Marías (1914-2005), em alemão Hans Joachim Störig (1915-2012), e em italiano Giovanni Reale (1931-2014).

[48] Nota do autor: Observa Jaeger: “Nas cosmologias iniciais dos fisicistas gregos os elementos míticos e racionais interpenetravam-nas numa ainda não dividida unidade.” (Werner Jaeger, Aristotle – fundamentals of the history of his development, Oxford, Londres, 2ª edição 1948, reimpressão 1968, p. 377). 

Os grandes nomes de vanguarda da Filosofia em seus primeiros registros, especialmente Tales de Mileto (séculos VII-VI a.C.) e Anaximandro de Mileto (séculos VII-VI a.C.) são modelos de homens possuidores desse saber primordial, em que são filósofos, cientistas, políticos e religiosos ao mesmo tempo. Ver capítulo da Escola de Mileto em Copleston (ver também introdução), Marías, Störig e Reale.

[49] Nota do autor: Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia 1 – Filosofia pagã antiga, Editora Paulus, 3ª Edição, São Paulo, 2007. Originalmente escrito em italiano, 1997, tradução de Ivo Storniolo. Página 7.

[50] Nota do autor: Explica Emilio Crespo Güemes (1950 -) filólogo da Universidad Autónoma de Madrid que a ação da narrativa homérica se situa na Idade do Bronze da Grécia, isto é, antes de 1100 a.C., mais especificamente no período que os arqueólogos denominam de Heládico Recente (1550-1050 a.C.) o qual corresponde ao auge da civilização micênica (Ver introdução à Ilíada, Editorial Gredos, Madrid, 1996, reimpressão da 1ª edição de 1991, páginas 32-33).

Ao redor do século XV a.C. a civilização micênica, lideradas pelos helênicos que eram denominados nos escritos homéricos como aqueus, estava em seu esplendor, sucedendo a civilização minoica, com seus principais chefes ocupando as planícies continentais da Grécia e as ilhas ocidentais, com colonização e comércio no Chipre e Síria, e provavelmente em Creta e na Sicília, e mantinham relações comerciais com Tróia. As guerras teriam sido a causa do declínio e queda da civilização micênica, e por duas causas: a primeira teria sido pelos micênicos ao suplantarem em poder os minoicos, contudo, com o fim das contenções à desordem que o poder marinho dos próprios minoicos impunha, irrompeu a pirataria que teria sido potencializada gigantescamente pela segunda causa, as catástrofes naturais que são registradas em períodos anteriores, na época minoica, bem como nesse período em Tróia, por exemplo, agravando ainda mais as convulsões civilizatórias. Tanto em terra quanto no mar tornou-se inseguro sustentar o comércio. A pirataria se alastrou completamente no Mediterrâneo e os impérios hitita e egípcio os combateram, sucumbindo nessa era o império hitita, mas tendo o império egípcio rechaçado todos os ataques. A conexão entre os povos no Mediterrâneo passou a cessar em muitos locais, e encerrando nessa época a grandeza dos micênicos. A esta época dos invasores do mar se deve os relatos dos grandes feitos helênicos que foram vertidos na poesia épica, especialmente em Homero, cuja obra célebre sobre este momento é a guerra entre os helenos denominados por Homero como os aqueus, isto é, os micênicos identificados pela arqueologia, contra os troianos em que o maior herói era o mencionado Aquiles. Após algum tempo seguindo o rescaldo da guerra de Tróia, os helênicos aqueus foram se enfraquecendo e finalmente sendo suplantado pelos helênicos dóricos. (Andrew Robert Burn, The Penguin Histoy of Greece, Penguin Books, Londres, 1990, páginas 45-62).

[51] Nota do autor: Jan Bremmer (1944-), da Universidade de Groningen, ao investigar o substantivo grego noos (ou nous) na tradição homérica, explica ser noos um importante componente da alma, significando ser “a mente ou um ato da mente, um pensamento ou um propósito.” Ver Jan Bremmer, The Early Greek Concept of the Soul, Princeton University Press, Princeton (USA), 1983. Página 57.

Kurt von Fritz (1900-1985) da Universidade de Munique e de Columbia, num trabalho filológico sobre nous (Classical Philology, vol. 38, nº 2, abril, 1943, páginas 79-93. ΝΟΟΣ and Noein in Homeric Poems) evidenciou características deste substantivo grego que são da mais alta relevância psicológica e filosófica já presentes na tradição homérica. Por nous já se podia entender:

a) Elemento de intelecto e de volição (p. 81).
b) É atenção, intenção, plano, meta deliberada (p. 82).
c) Meta deliberada de longo prazo, nunca há imediatismo (p. 83).
d) Denota visão profunda, em dois estágios: 1º visão inicial e 2º visão de longo prazo (p. 86).
e) O elemento volitivo encontra-se constantemente associado (p. 87).
f) Há o atributo de juntar várias linhas de raciocínio lógico para formar um quadro completo (p. 87).
g) Há ainda uma percepção direta do quadro total, sem utilização do processo racional de progressão gradual para chegar até esta visualização (p. 90).
h) Finalmente é a visão do todo, como o inteiro se desdobrando, “não um processo de raciocínio pelo qual sua utilidade ou necessária interdependência de suas diferentes partes possa ser demonstrada” (p. 90).



Sobre o autor: Mykel Alexander possui Licenciatura em História (Unimes, 2018), Licenciatura em Filosofia (Unimes, 2019) e Bacharel em Farmácia (Unisantos, 2000).



O que é realmente “cultura”? - parte 1 - Por Mykel Alexander

O que é realmente “cultura”? - parte 2 - Por Mykel Alexander

O que é realmente “cultura”? - parte 3 - Por Mykel Alexander

O que é realmente “cultura”? - parte 4 - Por Mykel Alexander





terça-feira, 17 de setembro de 2019

Quem ganhou? Quem perdeu? Segunda Guerra Mundial - por Patrick Buchanan


Patrick Buchanan

           No domingo, o 80º aniversário da invasão nazista da Polônia, o vice-presidente Mike Pence falou em Varsóvia na praça Pilsudski das “cinco décadas de indizíveis sofrimentos e morte que seguiram” à invasão. Cinco décadas!

           O que Pence estava dizendo era que, para a Polônia, a Segunda Guerra Mundial não terminou em vitória, mas derrota e ocupação por um império do mal governado por um dos maiores assassinos de massa do século XX, Josef Stalin.

            A “Liberação da Europa,” no 75º aniversário do qual nós celebramos a praia de Omaha em 6 de junho, foi uma liberação que se estendeu apenas até o Rio Elba no coração da Alemanha.

            Além do Elba, os nazis foram aniquilados, mas a vitória pertenceu a uma igualmente ideologia maligna[1], pois os “libertadores” de Auschwitz tinham por décadas administrados um arquipélago de campos de concentração tão grande quanto o de Himmler.

            Então, quem realmente venceu, e quem perdeu, a guerra?

            Winston Churchill queria lutar pela Tchecoslováquia em Munique em 1938, e a Grã-Bretanha foi para a guerra pela Polônia em 1939. Ainda se ambas nações terminaram sob o governo bolchevique por metade dum século, ganhou a Grã-Bretanha a liberdade para eles? E se isto foi o resultado predizível de uma guerra em uma parte da Europa onde os nazis confrontaram os bolcheviques porque a Grã-Bretanha foi à guerra?

            Por que a Grã-Bretanha declarou guerra por uma causa e país que não poderia defender? Por que a Grã-Bretanha transformou uma guerra germano-polaca numa guerra mundial que certamente iria levar a bancarrota e trazer abaixo seu império, enquanto ela não poderia alcançar seu objetivo declarado para guerra – uma Polônia independente e liberada?

            Que interesse vital britânico foi posto em perigo pela recuperação de uma cidade portuária por Hitler, Danzig, que tinha sido separada da Alemanha contra a vontade de seus 300,000 habitantes e entregue para a Polônia em Versalhes em 1919?

Os habitantes de Danzig nunca quiseram deixar a Alemanha, e 90% queria retornar. Mesmo o gabinete britânico achou que a Alemanha tinha um caso e Danzig deveria ser devolvido.

Por que então a Grã-Bretanha declarou guerra?   

Por que o primeiro-ministro Neville Chamberlain tinha insanamente dado aos poloneses um cheque em branco, uma garantia de guerra em 31 de março, 1939: Se a Alemanha usar a força para recuperar Danzig, e você resistir, nós iremos lutar ao seu lado.

            A garantia de guerra da Grã-Bretanha garantiu a guerra.

            Dada a causa pela qual o país deles foi para a guerra, as ações britânicas durante a guerra parecem inexplicáveis.

            Quando o exército de Stalin invadiu a Polônia, em 17 de setembro, de 1939, duas semanas depois de Hitler, a Grã-Bretanha não declarou guerra à União Soviética.

            O corpo de oficiais poloneses foi executado sob ordens de Moscou em 1940. Quando os corpos foram desenterrados em Katyn em 1943, Churchill, agora um aliado de Stalin, respondeu ao pedido dos poloneses livres para investigar a atrocidade: Não há utilidade alguma perambular ao redor de velhas tumbas de três anos de idade em Smolensk.”

            Em vez de atacar Hitler depois que ele invadiu a Polônia, a Grã-Bretanha e França permaneceram atrás da Linha Maginot e esperaram os exércitos de Hitler fulminassem o oeste em 10 de maio de 1940, o dia que Churchill assumiu o poder.

            Em três semanas, o exército britânico tinha sido derrotado e jogado fora do continente. Em seis semanas, a França tinha se rendido.     

            Depois de Dunquerque e a Batalha da Grã-Bretanha em 1940, a Grã-Bretanha recusou todas ofertas de Hitler para terminar a guerra, mantendo-a até junho de 1941, quando Hitler virou sobre seu parceiro Stalin e invadiu a União Soviética.

            Churchill é o “homem do século” por persuadir a Grã-Bretanha para ficar sozinha contra a Alemanha nazista em 1940, a “melhor hora {finest hour}” da Grã-Bretanha.

            Mas no final da guerra, qual era o balanço de Churchill?

            A Polônia pela qual a Grã-Bretanha foi para a guerra foi perdida para o stalinismo e iria permanecer assim pela Guerra Fria inteira. Churchill seria forçado a assentir a anexação ode Stalin de metade da Polônia e sua incorporação no Bloco Soviético. Para apaziguar Stalin, Churchill declarou guerra à Finlândia.

            A Grã-Bretanha terminaria a guerra bombardeada, sangrada e falida, com seu império na Ásia, Índia, no Oriente Médio e África desintegrado. Em duas décadas tudo teria acabado.

            A França iria terminar a guerra após viver sob a ocupação nazista e o governo Vichy por cinco anos, perdeu seu império africano e asiático, e então sustentar derrotas e humilhação na Indochina em 1954 e Argélia em 1962.

Quem realmente venceu a guerra?

            Certamente, os Soviéticos que, após derrotas em milhões da invasão nazista, terminaran por ocupar Berlim, tendo anexado os estados bálticos e transformado a Europa Oriental num campo de base soviético, embora se diga que Stalin tinha mencionado de um czar do século XIX, “Sim, mas Alexander eu fiz isso à Paris!”

            Os americanos, que ficaram mais tempo fora, terminaram a guerra com as menores perdas entre as grandes potências. Ainda, a América é uma parte do Ocidente, e o Ocidente foi o perdedor das guerras mundiais do último século.

            De fato, as duas guerras entre 1914 e 1945 podem ser vistas como a Grande Guerra Civil do Ocidente, a Guerra dos Trinta Anos da Civilização Ocidental que culminou na perda de todos impérios ocidentais e na conquista definitiva do Ocidente pelos povos libertados de suas ex-colônias.


Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Nota


[1] Nota do tradutor: Na verdade essa comparação de Patrick Buchanan apenas seria certa se a comparação com o império da destruição que foi URSS for feito com a Alemanha de Hitler segundo a narrativa Aliada, pois se a comparação for feita colocando frente a frente as ideologias da Alemanha de Hitler e a URSS as diferenças são totais. O governo de Hitler resgatou a tradição ancestral alemã, o governo soviético combateu a tradição ancestral russa; o governo de Hitler defendeu o próprio povo, o governo soviético perseguiu aos milhões o próprio povo; o governo de Hitler permitiu a liberdade religiosa, e o governo soviético combateu a liberdade religiosa; o governo de Hitler impediu a articulação das frentes do judaísmo internacional dentro da Alemanha, tanto liberais quanto marxistas; o governo soviético foi iniciado pelo judaísmo internacional e negociou com os liberais capitalistas do judaísmo internacional.



Fonte: CNSNEWS – The right News – the right now, 03/09/2019.

Sobre o autor: Patrick Joseph Buchanan (1938 – ) foi um conselheiro sênior de três presidentes americanos, diretor de comunicações da Casa Branca (1985/1987) no governo Reagan, concorreu duas vezes para a nomeação presidencial americana, 1992 e 1996; foi o candidato do Partido Reformista em 2000. Autor de vários livros, entre os quais Right from the BeginningA Republic, Not an EmpireThe Death of the WestState of Emergency; e Day of ReckoningBuchanan é fundador membro de três dos principais programas de assuntos públicos dos EUA, na NBC o The McLaughlin Group, na CNN o The Capital Gang e Crossfire. Cofundador da revista The American Conservative, foi comentarista até 2012 da rede à cabo MSNBC e atualmente aparece na Fox News. Possui Bacharel em Estudos Americanos (Georgetown University) e mestrado em Jornalismo (Columbia Univesity). Patrick Buchanan é um dos mais francos publicistas americanos, tocando nas questões delicadas que a mídia globalista omite ou distorce.


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