sexta-feira, 12 de setembro de 2025

{Segunda Guerra Mundial e os} - Mitos sobre a “melhor hora” da Grã-Bretanha - por Alexander Cockburn

 

Alexander Cockburn


Há um mito hoje sobre a união dos britânicos naqueles dias sombrios [de 1939-1941]. “Londres aguenta”, disse Ed Murrow à América em suas transmissões da CBS. Na verdade, o moral estava apavorante. A maioria das pessoas, com razão, tinha pouca confiança na competência de seu governo e acreditava que a Alemanha venceria. Nas Ilhas do Canal, que os nazistas de fato tomaram, o povo os recebeu hospitaleiramente e entregou os judeus com entusiasmo. O Ministério da Informação britânico empregou 10.000 pessoas para ler a correspondência sorrateiramente, interceptando cerca de 200.000 cartas por semana, e descobriu que as pessoas estavam profundamente pessimistas e achavam que Churchill estava “acabado”.

Um relatório secreto do governo explicitou a falta de coragem popular: “Portsmouth — de todos os lados, ouvimos que saques e destruição gratuita atingiram proporções alarmantes. A polícia parece incapaz de exercer controle... O efeito sobre o moral é ruim e há um sentimento geral de desespero... a coragem deles se foi.”

Os famosos discursos de Churchill sobre “melhor momento” deles e assim por diante também não surtiram muito efeito. Ele os proferiu na Câmara dos Comuns, e quando a BBC lhe pediu para retransmiti-los no rádio, ele recusou. Então, a BBC secretamente usou um ator chamado Norman Shelley para lê-los, fingindo ser Churchill. O papel habitual de Shelley era interpretar Larry, o Cordeiro, em “Children's Hour”. A maioria das pessoas não sabia como era a voz de Churchill, e aquelas que sabiam achavam engraçado. Cartas choveram no número 10 da Downing Street perguntando o que havia de errado com o primeiro-ministro.

Muitas pessoas tentaram ignorar a guerra o máximo que puderam. No final de 1940, quase um terço da população admitiu não acompanhar as notícias da guerra. Quando perguntadas sobre o que mais as deprimia, as pessoas colocavam o clima em primeiro lugar, depois as notícias da guerra e, por fim, os ataques aéreos. De qualquer forma, a vida era péssima para uma grande parcela da população, que era desnutrida, mal alojada, mal educada e profundamente descontente. Quando visitaram o East End [de Londres], o rei e a rainha foram vaiados. No verão de 1941, uma mulher foi condenada a cinco anos de prisão por dizer: “Hitler é um bom homem, um homem melhor que o Sr. Churchill.”

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Palavras entre colchetes por Mark Weber

 

Fonte: Myths About Britain’s ‘Finest Hour’, por Alexander Cockburn, The Journal of Historical Review, março-abril de 2002 (vol. 21, n.º 2), página 34.

Este trecho é de seu ensaio, “Remembrances of War and Summer”, Los Angeles Times, 28 de maio de 2000. Foi reimpresso no The Journal of Historical Review, março-abril de 2002 (vol. 21, n.º 2), página 34.

https://ihr.org/journal/v21n2p34_cockburn.html

Sobre o autor: Alexander Cockburn (1941-2012), autor e colunista, nasceu na Escócia, formado em letras, Ingles, em Oxford, ele escreveu para vários meios de comunicação, entre os quais, CounterPunch, The Nation, The Wall Street Journal, Los Angeles Times. Sua apreciação crítica da história contemporânea tocou em temas polêmicos tais como guerras e questão judaica. Entre os muitos livros que escreveu estão: Corruptions of Empire (1988); Whiteout: The CIA, Drugs and the Press (1998) com Jeffrey St. Clair; The Politics of Anti-Semitism (2003) com Jeffrey St. Clair; A Colossal Wreck: A Road Trip Through Political Scandal, Corruption, And American Culture (2013).

 __________________________________________________________________________________

Relacionado, leia também:

 ‘Darkest Hour’ {o destino de uma nação}: grande filme, história defeituosa - Por Mark Weber

Por que os EUA preferiram se aliar com a URSS contra a Alemanha e não com a Alemanha contra a URSS? – por Salvador Borrego

A declaração judaica de guerra contra a Alemanha nazista - O boicote econômico de 1933 - por Matthew Raphael Johnson

As origens da Segunda Guerra Mundial - Por Georg Franz-Willing

Der Zweite Weltkrieg: Ursachen Und Anlass [A Segunda Guerra Mundial: Origens e Causas] - por Russell Granata

História alemã a partir de uma nova perspectiva - Revisado por Charles E. Weber

Resenha do livro de Werner Maser sobre os julgamentos de Nuremberg - por David McCalden



Quem ganhou? Quem perdeu? Segunda Guerra Mundial - por Patrick Buchanan

As mentiras sobre a Segunda Guerra Mundial - Paul Craig Roberts

A técnica da grande mentira na sala de testes de jogos {sandbox} - por David McCalden (escrito sob o pseudônimo Lewis Brandon)

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão publicados apenas quando se referirem ESPECIFICAMENTE AO CONTEÚDO do artigo.

Comentários anônimos podem não ser publicados ou não serem respondidos.