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Alexander Cockburn |
Há
um mito hoje sobre a união dos britânicos naqueles dias sombrios [de
1939-1941]. “Londres aguenta”, disse Ed Murrow à América em suas transmissões
da CBS. Na verdade, o moral estava apavorante. A maioria das pessoas, com
razão, tinha pouca confiança na competência de seu governo e acreditava que a
Alemanha venceria. Nas Ilhas do Canal, que os nazistas de fato tomaram, o povo
os recebeu hospitaleiramente e entregou os judeus com entusiasmo. O Ministério
da Informação britânico empregou 10.000 pessoas para ler a correspondência sorrateiramente,
interceptando cerca de 200.000 cartas por semana, e descobriu que as pessoas
estavam profundamente pessimistas e achavam que Churchill estava “acabado”.
Um
relatório secreto do governo explicitou a falta de coragem popular: “Portsmouth
— de todos os lados, ouvimos que saques e destruição gratuita atingiram
proporções alarmantes. A polícia parece incapaz de exercer controle... O efeito
sobre o moral é ruim e há um sentimento geral de desespero... a coragem deles
se foi.”
Os
famosos discursos de Churchill sobre “melhor momento” deles e assim por diante
também não surtiram muito efeito. Ele os proferiu na Câmara dos Comuns, e
quando a BBC lhe pediu para retransmiti-los no rádio, ele recusou. Então, a BBC
secretamente usou um ator chamado Norman Shelley para lê-los, fingindo ser
Churchill. O papel habitual de Shelley era interpretar Larry, o Cordeiro, em “Children's
Hour”. A maioria das pessoas não sabia como era a voz de Churchill, e aquelas
que sabiam achavam engraçado. Cartas choveram no número 10 da Downing Street
perguntando o que havia de errado com o primeiro-ministro.
Muitas
pessoas tentaram ignorar a guerra o máximo que puderam. No final de 1940, quase
um terço da população admitiu não acompanhar as notícias da guerra. Quando
perguntadas sobre o que mais as deprimia, as pessoas colocavam o clima em
primeiro lugar, depois as notícias da guerra e, por fim, os ataques aéreos. De
qualquer forma, a vida era péssima para uma grande parcela da população, que
era desnutrida, mal alojada, mal educada e profundamente descontente. Quando
visitaram o East End [de Londres], o rei e a rainha foram vaiados. No verão de
1941, uma mulher foi condenada a cinco anos de prisão por dizer: “Hitler é um
bom homem, um homem melhor que o Sr. Churchill.”
Tradução
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
Palavras
entre colchetes por Mark Weber
Fonte: Myths About Britain’s ‘Finest Hour’, por Alexander
Cockburn, The Journal of Historical
Review, março-abril de 2002 (vol. 21, n.º 2), página 34.
Este trecho é de seu
ensaio, “Remembrances of War and Summer”, Los
Angeles Times, 28 de maio de 2000. Foi reimpresso no The Journal of Historical Review, março-abril de 2002 (vol. 21, n.º
2), página 34.
https://ihr.org/journal/v21n2p34_cockburn.html
Sobre o autor: Alexander
Cockburn (1941-2012), autor e colunista, nasceu na Escócia, formado em letras,
Ingles, em Oxford, ele escreveu para vários meios de comunicação, entre os
quais, CounterPunch, The Nation, The Wall Street Journal, Los
Angeles Times. Sua apreciação crítica da história contemporânea tocou em temas
polêmicos tais como guerras e questão judaica. Entre os muitos livros que
escreveu estão: Corruptions of Empire
(1988); Whiteout: The CIA, Drugs and the
Press (1998) com Jeffrey St. Clair; The
Politics of Anti-Semitism (2003) com Jeffrey St. Clair; A Colossal Wreck: A Road Trip Through
Political Scandal, Corruption, And American Culture (2013).
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