Rashid Khalidi |
O historiador Rashid
Khalidi, autor de The Hundred Years’ War
on Palestine, junta-se ao apresentador Chris Hedges para detalhar o
declínio da liberdade acadêmica nas universidades americanas e na sociedade em
geral, à medida que o controle de Donald Trump sobre a liberdade de expressão
se intensifica.
Khalidi observa que,
embora a confusão entre antissionismo e antissemitismo seja uma tática antiga
para sufocar o exame acadêmico de Israel, seu uso atual é sem precedentes.
Hoje, professores são intimidados a ponto de evitar ensinar sobre Israel e
Palestina; departamentos inteiros de estudos do Oriente Médio são ameaçados de
intervenção, e o financiamento federal é retido das universidades.
Chris Hedges |
“Eu conheço muitas pessoas que não vão lecionar cursos neste semestre — colegas meus — por medo de que, se eu ensinar sobre colonialismo de assentamento, se eu ensinar sobre genocídio, se eu abordar isto ou aquilo sobre o Oriente Médio, serei levado diante desses tribunais de fachada”, diz Khalidi a Hedges.
“Isso significa que sua
vida será arruinada. Você vai precisar de advogados, terá de lidar com um
processo completamente opaco e que foi criado… para punir e disciplinar
qualquer um que abra a boca sobre a Palestina.”
Chris
Hedges: Cento e sessenta estudantes, professores e funcionários
da Universidade da Califórnia, em Berkeley, receberam no início deste mês uma
carta do principal assessor jurídico da universidade, David Robinson. A carta
informava que arquivos contendo seus nomes haviam sido encaminhados ao
Escritório de Direitos Civis do Departamento de Educação, em resposta a uma
investigação sobre antissemitismo em faculdades e universidades.
A decisão, a qual
violou as proteções garantidas pela 6ª e pela 14ª Emendas da Constituição — o
direito a um advogado, o direito a um júri imparcial e o direito de saber quem
são seus acusadores, bem como a natureza das acusações e das provas contra a
pessoa acusada de má conduta — faz parte de uma campanha nacional para
criminalizar a liberdade de expressão, utilizando o antissemitismo como arma e,
após o assassinato de Charlie Kirk, para punir qualquer crítica à extrema
direita e ao governo Trump, incluindo o próprio Trump.
O historiador Rashid
Khalidi, em uma carta ao presidente da Universidade Columbia, afirmou que as
restrições à liberdade de expressão na instituição tornavam impossível
ministrar seu curso de outono sobre a história moderna do Oriente Médio.
Columbia, juntamente
com muitas outras universidades e governos estaduais, adotou a definição de
antissemitismo da International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA). A
definição da IHRA {International Holocaust Remembrance Alliance}, nas palavras
de Khalidi, “deliberadamente, de forma mentirosa e dissimulada, confunde a
identidade judaica com o Estado de Israel, de modo que qualquer crítica a
Israel, ou mesmo a simples descrição de suas políticas, passa a ser considerada
uma crítica aos judeus.”
“É impossível”, ele
prossegue, “com qualquer honestidade, ensinar sobre temas como a história da
criação de Israel e a contínua Nakba palestina, que culmina no genocídio
atualmente perpetrado por Israel em Gaza, com a conivência e o apoio dos
Estados Unidos e de grande parte da Europa Ocidental.”
Columbia abdicou de sua
integridade acadêmica em um esforço desesperado para apaziguar o governo Trump.
A universidade desmantelou os acampamentos estudantis, permitiu que a polícia
entrasse no campus para prender mais de cem alunos e aceitou nomear um inspetor
aprovado por Trump para revisar os registros de admissão de Columbia, a fim de
aplicar a decisão da Suprema Corte que proíbe políticas de ação afirmativa,
garantindo assim que a universidade não admita um número excessivo de
estudantes não brancos.
A instituição também
concordou em colocar seu Departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul da Ásia
e África sob “intervenção acadêmica”, retirando desses departamentos sua
autonomia intelectual.
A criminalização da
liberdade de expressão, fatal para a investigação intelectual honesta, é uma
praga que está destruindo nossas universidades e nossa sociedade como um todo. Para
discutir esse ataque por parte do governo Trump e a conivência das principais
instituições, incluindo as acadêmicas e a mídia, eu recebo Rashid Khalidi,
professor emérito Edward Said de Estudos Árabes Modernos na Universidade
Columbia e autor de diversos livros, entre eles The Hundred Years’ War on Palestine, Palestinian Identity: The
Construction of Modern National Consciousness e The Iron Cage: The Story of the Palestinian Struggle for Statehood.
Vamos falar sobre o que
eles têm feito, porque provavelmente eu não tenho passado tanto tempo no meio
acadêmico quanto você, mas estive lá por oito anos — quatro como graduando e
quatro na pós-graduação — e estou devastado. É fácil destruir, mas muito
difícil reconstruir.
Vamos discutir o que
essas universidades fizeram consigo mesmas em termos de sua integridade
acadêmica e de sua capacidade de promover a vida intelectual.
Rashid
Khalidi
Bem, eu argumentaria
que elas se automutilaram. Em alguns casos, até mesmo antes de o governo Trump
pedir que fizessem isso. Harvard, por exemplo, demitiu as duas pessoas que
dirigiam seu centro de estudos do Oriente Médio, encerrou um programa com a
Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, e fechou um programa na Escola de
Teologia enquanto negociava com o governo Trump sobre suas exigências à
universidade.
Portanto, nós temos visto
em muitos lugares o que eu chamaria de obediência antecipatória, esperando que
algo acontecesse e, em alguns casos, aproveitando isso para fazer coisas que
forças poderosas dentro das universidades já queriam fazer de qualquer forma.
No caso de Harvard, há
pessoas como Larry Summers, ex-secretário do Tesouro, e Bill Ackman, grande
doador e ex-aluno, exercendo pressão sobre Columbia por meses e meses para
reprimir o ativismo estudantil.
Chris
Hedges: Isso é Columbia ou Harvard?
Rashid
Khalidi: Isso é Harvard. Nós tivemos o mesmo tipo de
processo ocorrendo aqui em Columbia. A presidente, a então presidente, já que
tivemos três, na verdade quatro, nos últimos dois anos e meio, nomeou uma
força-tarefa sobre antissemitismo com três copresidentes escolhidos expressamente
por sua absoluta ignorância sobre a pesquisa em antissemitismo.
Um era advogado
tributarista, outro especialista em estudos urbanos, e o terceiro professor de
jornalismo. Columbia tem um número muito grande de especialistas em Holocausto*1, genocídio e antissemitismo em seu
corpo docente, e todos eles foram deliberadamente excluídos da condução dessa
chamada força-tarefa, que produziu uma recomendação para que Columbia adotasse
a definição da International Holocaust Remembrance Alliance que você mencionou
na introdução, criada essencialmente para impedir críticas a Israel.
Ela não foi realmente
concebida para lidar com a imensa maioria do antissemitismo hoje, que vem da
direita política e sempre veio da direita. Os nazistas não eram de esquerda. A
Ku Klux Klan não é de esquerda. As pessoas que marcharam por Charlottesville,
Virgínia, na cidade universitária próxima ao campus da Universidade da
Virgínia, gritando “os judeus não vão nos substituir”,[1]
não eram de esquerda.
Portanto, o verdadeiro
antissemitismo, na maior parte, está na direita. E o pouco que existe à
esquerda é em grande medida distinto, ou em muitos casos totalmente distinto,
da crítica às políticas de Israel, que está realizando uma série genocida de
massacres, limpeza étnica e crimes de guerra na Faixa de Gaza, e contra os
quais a maioria dos americanos hoje se posiciona.
Mas, aos olhos do
governo Trump, e aos olhos das pessoas que produziram este relatório da
força-tarefa sobre antissemitismo, parte um, esses protestos são ou eram
“antissemíticos”. Então Columbia, novamente, mesmo antes de o governo Trump
insistir que adotasse isso, já havia nomeado uma força-tarefa que recomendava a
mesma coisa.
Portanto, nós temos
estado seguindo esse caminho mesmo antes de, em março, o governo Trump emitir
um conjunto de exigências que Columbia aceitou quase imediatamente.
Chris
Hedges: Muita gente diz que isso teve a ver com a retirada
de verbas federais. Columbia foi ameaçada de perder 400 milhões de dólares, se
não me engano. Harvard, acho que 1,5 bilhão ou algo assim, e que isso teria
sido o impulso para se conformar às exigências de Trump. Ou você acha que há
outra razão?
Rashid
Khalidi: Bem, certamente isso foi um impulso, mas, como
disse um dos copresidentes da força-tarefa sobre antissemitismo, eles estão nos
fazendo fazer o que nós já queríamos fazer de qualquer maneira.
A facção dominante do
Conselho de Curadores e um grande número de professores seniores das escolas
profissionais vêm pressionando nessa direção. Um grupo desses professores,
principalmente das escolas de medicina, direito e negócios, escreveu uma carta
aberta ao presidente antes mesmo de o governo Trump iniciar sua extorsão,
exigindo a aceitação da IHRA {International Holocaust Remembrance Alliance},
que o campus permanecesse fechado e uma série de outras medidas, como a
“purificação” de alguns departamentos.
É isso que eu chamo de
quinta coluna. Portanto, isso não é apenas um ataque vindo de fora. Foi um
ataque externo coordenado com pessoas de dentro, incluindo, eu diria, a facção
dominante ou uma grande facção do Conselho de Curadores e vários professores
seniores das escolas profissionais, para os quais, é claro, a questão do
financiamento foi um impulso adicional ao que muitos deles já queriam fazer.
Chris
Hedges: Então, ao mesmo tempo, houve a revogação de vistos
estudantis para pessoas fora dos Estados Unidos. Isso não é algo, eu acho,
desconectado do que está acontecendo. Parece fazer parte de um mesmo pacote.
Está correto?
Rashid
Khalidi: Absolutamente. Eu quero dizer, o pacote é, claro,
maior do que universidades e antissemitismo. O pacote é autoritário, no qual o
governo federal faz coisas que nunca havia feito antes, interferindo na mídia
da maneira que está fazendo, interferindo em universidades privadas da maneira
que está fazendo.
E isso não é apenas em
busca da quimera, da fantasia do antissemitismo como motivador dessas
manifestações. Trata-se de uma agenda muito mais ampla que esta administração
mantém há muito tempo. Reprimir imigrantes é algo que já fazem de qualquer
forma. E isso é mais uma tentativa de argumentar, bem, olhem para essas
pessoas, elas estão dizendo coisas que vão contra nossos valores.
Olhem para essas
pessoas, esses estrangeiros que vêm estudar em nossas universidades, estão
incitando violência. Na verdade, houve muito pouca violência na maioria dos
protestos e grande parte dela ocorreu contra pessoas em acampamentos, como na
UCLA, por manifestantes pró-Israel.[2]
A questão
anti-imigrante é um elemento chave de toda a abordagem desta administração. E o
que estão fazendo com os estudantes é apenas um elemento desse todo maior. E
isso é o que eu acho realmente importante. Não se trata apenas das
universidades. Muitas pessoas realmente não se importam com universidades de
elite.
Trata-se dos nossos
direitos em geral. Trata-se de direitos de liberdade de expressão. Trata-se de
outros direitos e de barreiras constitucionais ao poder absoluto, das quais os
fundadores e os redatores da Constituição tinham muito medo. Quero dizer, eles
pensavam no rei George. Agora temos que pensar no rei Donald e na maneira como
ele basicamente está reescrevendo e pisoteando grandes trechos da Constituição
e da Declaração de Direitos.
Chris
Hedges: As universidades são importantes. Quero dizer,
passei 20 anos no exterior e observei como regimes autoritários, uma vez que
fecham esse espaço dentro das universidades — que é tradicionalmente um espaço
sagrado para o livre intercâmbio de ideias —, uma vez que fecham esse espaço, a
capacidade de resistir e discordar se torna quase impossível.
Eu quero apenas falar
sobre o fato de que universidades americanas, especialmente universidades de
pesquisa, são mundialmente renomadas. É claro que danificamos isso
tremendamente. Mas o que nós perdemos ao criar, essencialmente, esses gulags
acadêmicos, onde qualquer crítica a genocídios pode levar à suspensão ou
expulsão?
Rashid
Khalidi: Bem, eu acho que sua comparação com regimes
autoritários no exterior é muito adequada. Eu estava no Chile visitando meu
filho e meus netos quando a administração Trump emitiu suas exigências em
março. E minha nora chilena me disse que isso é exatamente o que eles fizeram
lá durante a ditadura.
A mídia, o judiciário,
os advogados, as universidades, tiveram que fechar aquele espaço na sociedade
civil como prelúdio ou parte da tomada de poder por esse regime militar
autoritário. Ainda não chegamos a esse ponto, e espero que nós nunca cheguemos.
Mas isso é claramente parte de um pacote maior, pressionando grandes redes de
televisão a censurar o discurso de comediantes. Eu tenho certeza de que fizeram
isso em outros lugares, mas não consigo imaginar que antes fosse assim.
Chris
Hedges: Certo, e sejamos claros, mas Kimmel não disse
nada. Eu ouvi três vezes. Ele não disse nada. Ele não disse nada.
Rashid
Khalidi: Eu sei. É o efeito de demonstração. É isso que
estão fazendo com as universidades. É isso que estão fazendo com a mídia. É
isso que estão fazendo com os escritórios de advocacia. É apenas para mostrar
às pessoas: nós podemos fazer isso. E esse é apenas o começo, se vocês não se
alinharem.
Chris
Hedges: Você, embora seja professor emérito, ainda
leciona, eu acho, um curso muito popular — provavelmente um curso introdutório?
Eu acho que você tem algo como 400 alunos, o que, como eu disse na introdução,
você não está lecionando. Quero lhe perguntar especificamente: que tipo de coisas
você sente que não poderia dizer em sala de aula, ainda que fossem,
historicamente, corretas?
Rashid
Khalidi: Bem, uma das coisas que a definição da IHRA {International
Holocaust Remembrance Alliance} aborda é a realização de certos tipos de
comparações. Essas coisas são proibidas, são, na prática, consideradas
antissemitismo. Ela diz várias outras coisas sobre Israel.
Eu leciono no curso que
você mencionou, o qual, infelizmente, não darei neste outono. Eu decidi que não
poderia ensiná-lo. Eu leciono, por exemplo, sobre o genocídio armênio. E,
quando se fala sobre isso, é necessário compará-lo com outros genocídios: o
genocídio dos Herero e Nama, no que então era o Sudoeste Africano, hoje
Namíbia; o próprio genocídio armênio e seus efeitos subsequentes; obviamente, o
Holocausto.
E eu teria que incluir
— ou as pessoas diriam, “por que você não está falando sobre o que está
acontecendo hoje?” —, eu teria que incluir o que muitos especialistas da área
têm reconhecido como um genocídio. Eu teria que abordar isso, e isso poderia me
colocar sob acusações disciplinares, porque Columbia afirmou que a definição da
IHRA {International Holocaust Remembrance Alliance} será base para processos
disciplinares.
E isso tem acontecido com
colegas meus, um deles acusado após o semestre de outono de 2023. Ela leciona
sobre genocídio, Holocausto e temas afins. É filha de dois sobreviventes do
Holocausto. E um aluno reclamou sobre alguns dos textos que ela utilizava,
algumas das coisas que dizia e certas comparações que fazia. Ela foi arrastada
diante de um tribunal de fachada por boa parte de um ano acadêmico.
E, finalmente, ela decidiu
que não poderia mais lecionar. Assim como eu, era aposentada e dava apenas um
ou outro curso. E eu teria sentido que ensinar, por exemplo, sobre as diversas
leis constitucionais em Israel, que são inerentemente racistas, me colocaria em
conflito com um dos exemplos dados na definição da IHRA {International Holocaust
Remembrance Alliance} — o de chamar Israel de um empreendimento racista.
Bem, eu quero dizer,
quando se fala sobre essa lei aprovada em 2018, eu que diz que apenas o povo
judeu tem direito à autodeterminação e que o assentamento judaico é um valor
nacional — essas coisas são discriminatórias e racistas em sua própria
formulação. Elas agora fazem parte da constituição israelense. Foram adotadas
pela Knesset por maioria, o que as torna provisões constitucionais.
Eu não poderia ter dito
isso em aula sem que alguém dissesse “você está violando a IHRA {International
Holocaust Remembrance Alliance}” e me arrastasse por tribunais farsescos que
Columbia estabeleceu arbitrariamente ou escolheu instituir com base em leis
federais. Eu tive uma discussão com um administrador, e ele disse “bem, isso é
lei federal”. Eu respondi: “vocês têm a capacidade, nesses tribunais, de dizer
que algo não tem mérito e simplesmente arquivar o caso.”
Em vez disso, as
pessoas são arrastadas por meses e meses de investigação. Esses são exemplos,
entre outros, de coisas que talvez eu não pudesse dizer. Eu falo sobre o
islamismo wahabita. Agora, há pessoas que poderiam vir e dizer que o que eu
digo é ofensivo para nós, enquanto sauditas, como grupo étnico, ou ofensivo em
relação às nossas crenças religiosas.
E eu teria tido que
suportar o mesmo tipo de procedimentos idiotas pelos quais vários dos meus
colegas foram arrastados, nos quais eles ensinaram assuntos sobre os quais
sabem mais do que qualquer pessoa na Terra, em alguns casos, utilizando textos
que são os textos padrão, e estudantes que se sentem ofendidos por qualquer
motivo conseguem usar esses procedimentos para, em um ou dois casos, ou acabar
com suas carreiras ou forçá-los a parar de ensinar o que estavam ensinando.
Chris
Hedges: Vamos falar sobre o modo como acadêmicos como você
são monitorados por grupos como a CAMERA (Committee for Accuracy in Middle East
Reporting and Analysis), o Campus Watch, e claro, Charlie Kirk tinha, acho, um
site chamado Professor Watchlist, ou algo assim. Fale sobre isso. Eles
certamente o acompanharam de perto.
Rashid
Khalidi: Bem, isso não é novo. Isso remonta às décadas de
1980 e 1990, quando eu acho que a ADL (Anti-Defamation League) chegou a
publicar livros — isso antes da internet, antes do material online — sobre
pessoas que, segundo eles, eram anti-Israel. E tem sido uma constante com a
qual lidamos há décadas, de fato.
Quando eu cheguei a
Columbia, em 2003, havia um grande número de organizações externas promovendo
uma narrativa de que havia vários membros do corpo docente em Columbia que eram
antissemitas e anti-Israel. Eles encontraram um grupo de colaboradores dentro
do corpo estudantil. Uma delas, aliás, era Bari Weiss, que era estudante de
graduação na época.
Chris
Hedges: Sim, eu ia te perguntar e quero que você pare e
explique, porque ela parece estar prestes a chefiar a divisão de notícias da
CBS. Explique o que ela fez em Columbia.
Rashid
Khalidi: Certo. Bem, ela e um pequeno grupo de outros
estudantes reclamaram sobre vários dos meus colegas, a maioria deles do
departamento que agora é alvo, o Departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul
da Ásia e África. Na época, tinha outro nome.
E eles fizeram um filme
chamado “Columbia Unbecoming”, Conduct Unbecoming, um nome bonitinho, sempre
uma jovem muito habilidosa com a mídia, atuando junto a grupos poderosos fora
do campus que a impulsionaram à fama desde então.
Eles levaram isso
adiante, e o então presidente encaminhou para um comitê que concluiu que não
havia fundamento nas acusações. Isso não os deteve. Eles tiveram um coro
naquilo que eu chamo de imprensa sensacionalista. Havia um jornal publicado em
Nova York chamado New York Sun. Ainda
existe online. Você tinha o Wall Street
Journal de Murdoch, desculpe, o New
York Post de Murdoch. Havia o Daily
News e mais alguns jornais.
E estações de TV,
especialmente as da Fox, que perseguiram essa narrativa por bastante tempo,
mesmo depois de ela ter sido desmentida pelo comitê presidencial que analisou
essas acusações. Desde então, a Sra. Weiss alcançou fama e fortuna, foi
contratada pelo New York Times,
dispensada pelo New York Times e
criou seu próprio jornal.
Chris
Hedges: Não acho que ela tenha sido dispensada.
Rashid
Khalidi: Bem, não, provavelmente não foi. Isso daria muito
crédito ao New York Times, que, na
minha opinião, não merece absolutamente nenhum crédito. E o comportamento deles
em relação a Gaza e ao que está acontecendo nos campi tem sido desprezível, na
minha visão. E na visão de quase qualquer outra pessoa que realmente saiba o
que está acontecendo em Gaza e depois leia as besteiras publicadas diariamente
nas páginas de notícias e opinião do New
York Times.
Chris
Hedges: Eu quero dizer, o que ela fez foi bastante cruel,
mas ela era apenas um cavalo de tróia. Essas pessoas são muito bem financiadas.
De fato, o AIPAC e esses grupos sionistas criam pontos de argumentação para
esses estudantes. Não é um esforço individual, sejamos claros. E a Casa Hillel
em todos esses campi é basicamente uma casa do AIPAC.
Rashid
Khalidi: Bem, cada Hillel. Quero dizer, os Hillels
costumavam ser independentes. Cada Hillel em cada universidade tinha seu
próprio conselho local de professores e membros da comunidade. Quando eu
lecionava na Universidade de Chicago, ia falar no Hillel de lá, o rabino na
época, que Deus tenha sua alma, Danny Leifer, me convidava a cada poucos meses
e tínhamos debates, discussões e argumentos.
Isso agora é
impossível. Se você apoiou, ou é publicamente conhecido por apoiar, o boicote,
desinvestimento e sanções, você não pode mais atravessar os portais de um
Hillel. Há um Hillel nacional com regras nacionais. Muitos estudantes estão
insatisfeitos com isso, muitos estudantes judeus, mas é o que é.
E há um Israel Affairs
Officer, pelo que eu sei, nomeado pelo governo israelense, que está lá para
garantir que a linha seja seguida e que a propaganda israelense seja gerada
conforme exigido.
Portanto, sim, há isso,
e isso é apenas o mínimo. Eu quero dizer, existem todos os tipos de grupos,
[Mothers Against College Antisemitism][3],
grupos de professores, poderosos, bem financiados, fora do campus, bem como
programas de Estudos Israelenses que as próprias universidades organizam. Há um
programa de graduação importante com a Universidade de Tel Aviv na School of
General Studies. Há um novo programa para trazer pós-doutores e professores
israelenses em sabático para Columbia.
A universidade
determinou que três professores, novos professores, sejam nomeados em Estudos
Israelenses. Então há todos os tipos de aspectos nisso, que envolvem atores
externos muito poderosos, muito bem financiados e bem conectados, e, nesse
contexto, os estudantes são apenas um fator menor, realmente menor.
Se você olhar para o
corpo estudantil de Columbia, suas opiniões eram muito claras alguns anos
atrás, quando a maioria em Columbia e Barnard votou pelo desinvestimento de
empresas que apoiam a ocupação israelense. Essa era a opinião da maioria dos
estudantes de Columbia há alguns anos. Meu palpite é que essa opinião apenas se
fortaleceu.
Mas uma pequena minoria
de estudantes, provavelmente uma minoria de estudantes judeus que se opõem a
essas opiniões, ganhou enorme atenção e muito apoio de fora. Eles têm, em
particular, apoio dentro do Conselho de Curadores e entre muitos ex-alunos e
doadores, assim como dessas poderosas organizações externas.
Chris Hedges
Lembro de ter
conversado com alguns dos estudantes judeus no acampamento de Columbia, e eles
iam ao Jewish Theological preparar suas refeições para o Shabat e eram
insultados, assediados por sionistas. De fato, de muitas maneiras,
anedoticamente, os estudantes judeus que se juntaram a esses protestos eram os
mais visados no campus.
Rashid
Khalidi: Quer dizer, eles tiveram a maior dificuldade
porque, em casa ou em sua comunidade, há uma divisão profunda. Especialmente as
pessoas mais velhas são muito comprometidas com uma certa visão de Israel. E
para elas, o que muitos desses estudantes estavam fazendo era heresia. Isso é
menos o caso entre os mais jovens, em todo o espectro.
Os jovens têm muito
menos probabilidade de acreditar nas fantasias propagadas pela mídia
tradicional. Eles não prestam atenção ao New
York Times ou à CNN ou qualquer outro veículo. Eles recebem suas notícias
de mídias alternativas, independentes e sociais.
E eles veem um
genocídio ao vivo e sabem que isso é verdade. Essa é a verdade. A CNN mente. O New York Times mente. Isso é verdade.
Eles sabem disso. E, cada vez mais, os jovens que assistem a programas como os
que você faz e muitos outros hoje em dia recebem notícias de podcasts.
Eles recebem as
notícias, como eu disse, de transmissões ao vivo de Gaza, onde pessoas estão
sendo sistematicamente assassinadas uma a uma pelos israelenses, a propósito.
Hoje, emitiram uma ameaça contra um desses jornalistas locais dizendo que ele é
Hamas. Isso é uma sentença de morte. Há mais de 200 jornalistas que foram
assassinados em Gaza. É o maior total de jornalistas em qualquer guerra que eu
me lembre. E a mídia tradicional parece não prestar atenção. Esses são seus
jornalistas. São jornalistas. Mas são jornalistas pardos. São palestinos. Eles
não contam.
Chris
Hedges: Sim. Bem, eu também diria que são jornalistas que
realmente estão fazendo o trabalho, em vez de ficarem em um hotel em Jerusalém
recebendo informações de bastidores do IDF {Forças de Defesa de Israel}. De
certa forma, eles envergonham os jornalistas porque estão realmente reportando,
em vez de atuar como estenógrafos do poder.
Eu quero perguntar
sobre o que significa colocar esses departamentos em receivership. O que isso
significa?
Rashid
Khalidi: Bem, isso na verdade ainda não aconteceu. Ainda
não vimos o que o monitor, nomeado pelo governo federal, pertencente a uma
empresa que celebrou Israel em uma cerimônia em junho, vai realmente fazer.
Ainda não sabemos o que esse monitor vai fazer.
Ainda não vimos o que o
novo vice-reitor sênior para estudos regionais, cujo mandato começa com os
estudos do Oriente Médio, que inclui tanto o departamento de Estudos do Oriente
Médio, Sul da Ásia e África quanto o Middle East Institute, o Center for
Palestine Studies e o Institute for Israel and Jewish Studies, vai realmente
fazer. Nós sabemos que este último será reforçado. Eles já disseram que terão
três nomeações em Israel Studies.
Portanto, ele não fará
nada no Institute for Israel and Jewish Studies, exceto conceder três vagas.
Mas ainda nós não vimos o que nem o monitor nem esse vice-reitor sênior vão
realmente fazer em relação a esse departamento. Eu acho que o importante é o
efeito intimidatório.
Você não precisa
realmente fazer muito. Basta escolher alguns professores, como minha colega na
faculdade de direito, Katherine Franke, ou minha colega que acabei de
mencionar, Marianne Hirsch, que decidiram não dar suas aulas depois de serem
assediadas da forma que mencionei em 2023.
Basta escolher alguns
alvos e o efeito demonstrativo disso é intencional e visa, e às vezes consegue,
intimidar discursos, intimidar o ensino. Eu conheço muitas pessoas que não vão
dar cursos este semestre por medo de que, se eu ensinar sobre colonialismo de
colonos, se eu ensinar sobre genocídio, se eu ensinar isto ou aquilo sobre o
Oriente Médio, eu seja levado a esses tribunais simulados com base em alguma
denúncia de um estudante que pode ter interpretado ou mal interpretado o que eu
disse em sala ou interpretado ou mal interpretado uma das leituras atribuídas.
E isso significa que
sua vida será destruída. Você terá que contratar advogados, lidar com um
processo completamente opaco e que foi projetado, aliás, que a universidade
escolheu administrar, para punir e disciplinar qualquer pessoa que fale sobre a
Palestina. Eu quero dizer, esse é o mandato do conselho de curadores. Esse é o
mandato do governo federal. Esse é o mandato desses comitês da Câmara que
lançam investigação após investigação, assediam presidentes de universidade e
provavelmente estão prestes a começar a assediar professores universitários.
Chris
Hedges: E nós devemos ser claros sobre Katherine Franke,
que eu entrevistei, fiz um programa com ela, ela estava na faculdade de direito
por 25 anos, é uma estudiosa constitucional renomada nacionalmente e condenou o
assédio dos estudantes e foi aposentada forçosamente. Não sei como você quer
colocar, mas empurrada para fora.
Rashid
Khalidi: Exatamente. Exatamente.
Chris
Hedges: Vamos falar sobre a SIPA [School of International
and Public Affairs][4].
Eu quero falar sobre isso, eu acho importante, porque é chefiada por um
israelense. E esta é a escola de Mahmoud Khalil. Então fale sobre esse pequeno
poço incestuoso lá.
Rashid
Khalidi: Bem, a pessoa que a chefia é uma mulher chamada Keren
Yarhi-Milo, que serviu como capitã na inteligência militar israelense e depois
trabalhou na missão israelense junto às Nações Unidas, e que é especialista em
estudos de segurança e terrorismo, o que eu chamo de terrorologia, uma
disciplina que envolve ausência de conhecimento sobre a cultura, história e
línguas das sociedades das pessoas que você estaria descrevendo como
terroristas, mas que se concentra em outras coisas.
E eu quero dizer que
nós temos muitos docentes israelenses que são bastante comprometidos com os
direitos palestinos, que são severamente críticos de Israel. Eu diria que a
maioria dos que estão nas artes e ciências, nas ciências sociais e humanas, se
encaixam nessas categorias. No mínimo, não são propagandistas por Israel.
Esta é uma mulher que
trabalhou fazendo propaganda para Israel na missão da ONU de Israel. E que
trabalhou, como disse, na inteligência militar. Eu não sei em qual ramo. E ela
é a reitora da SIPA.
Chris
Hedges: Para quem não sabe, esta é a School of
International [and Public] Affairs.
Rashid
Khalidi: Correto, em Columbia. Ela trouxe ou supervisionou
um grupo de ex-funcionários estadunidenses belicistas: a secretária de Estado
Hillary Clinton, o secretário de Estado Mike Pompeo, o ex-embaixador em Israel,
um homem chamado Jack Lew, L-E-W.
Qual é o nome dela?
Victoria Nuland, que foi Secretária Adjunta para o Leste Europeu e, de fato,
ajudou a derrubar o regime ucraniano anterior, atuando no Maidan durante a
época da revolta. Imagine, um diplomata americano sênior bem ali, enquanto ocorria
a mudança de regime. Então esse grupo organizou em um centro, um novo centro
que, acredito, a secretária Clinton dirige, e Yarhi-Milo, são o novo centro de
gravidade.
Um grupo de belicistas,
um grupo de apologistas de genocídio, junto com uma ex-oficial da inteligência
militar israelense, praticamente domina grande parte do discurso de políticas
que sai da School of International and Public Affairs hoje. Eu acho que Clinton
e Yarhi-Milo publicaram um artigo de opinião hoje de manhã no New York Times. Eles recebem uma
plataforma proeminente para suas opiniões.
Chris
Hedges: Antes de nós encerrarmos, vamos falar sobre Gaza
e, bom, isso passa de um horror a outro, fome em massa, a chamada Gaza
Humanitarian Foundation. Quando eu cobri a guerra em El Salvador, eu dividi meu
apartamento com uma médica, Alina Margolis, que esteve no Gueto de Varsóvia.
Ela era casada com Marek Edelman, o vice-comandante da Revolta do Gueto de
Varsóvia, o único que sobreviveu.
Cada história que ela
me contou sobre o gueto, incluindo a fome em massa e o uso da comida como isca
para atrair judeus famintos para os transportes, se correlaciona completamente
com o que está acontecendo em Gaza. Claro, a destruição do gueto, a destruição
de Gaza.*2 E depois nós temos esse reconhecimento
performático de um Estado palestino por países como o Reino Unido ou Canadá,
mas as armas continuam chegando a Israel.
Rashid
Khalidi: Certo. Eu quero dizer, me perguntaram sobre o
reconhecimento, chegando em um momento dos crimes de guerra mais graves do
século XXI, possivelmente o primeiro genocídio do século XXI. É notável que
tantos países tenham colocado energia em algo que, na prática, é uma fantasia,
porque se você fala de um Estado palestino e não fala de acabar com a ocupação
e a colonização, você não está falando de nada.
Se você não disser onde
esse Estado vai estar? Bem, será na Cisjordânia. A Cisjordânia já está 70 a 80
por cento tomada por Israel. Sobre o que você está falando exatamente?
Você não está falando
em acabar com a ocupação. Você não está falando sobre os 800 mil colonos
introduzidos ilegalmente na Cisjordânia por Israel desde 1967. Mas você está
falando de um Estado palestino. Onde?
Num momento, como você
disse, em que esses horrores não estão apenas continuando, estão aumentando. Em
uma situação em que os países que participam desse reconhecimento são, com
exceção dos Estados Unidos, os maiores, os mais importantes deles, os países
que armam Israel, os países que, no caso da Europa, realizam um terço do
comércio externo de Israel.
Eu quero dizer, tudo o
que eles precisam fazer é fechar essa torneira. E Israel está em sérios
problemas. Os motores dos tanques Merkava e dos veículos blindados Namer são
fabricados na Alemanha Ocidental. A Grã-Bretanha fabrica peças para o caça
F-35. Essas são as armas que estão destruindo Gaza. Os aviões, os tanques, a
artilharia, todos vêm da Europa e dos Estados Unidos. Todos eles.
Israel fabrica muitas
coisas, mas a maioria das munições de artilharia de 155 milímetros, a maioria
dos projéteis de tanques de 120 milímetros, a maioria de todos os motores para
toda a blindagem, todos os aviões de guerra, todos os helicópteros de ataque
vêm de fora. Se você não fizer nada sobre isso e falar de um Estado palestino
sem falar sobre a condição necessária para um Estado palestino, que é acabar
com a ocupação e a colonização, você está participando de crimes de guerra.
Você é mais que cúmplice.
Eu diria que esses
países, o Reino Unido parou 10% de seus embarques de armas. 90% continuam.
Outros países, Alemanha, reduziram algumas exportações de armas. O único país
que parou todas, tanto compras quanto exportações, é a Espanha entre os países
europeus. Isso é apenas um passo. Os espanhóis também fizeram algo muito
importante. Eles não permitem navios vindo para seus portos com armas destinadas
a Israel.
Se todos os países
fizessem isso, na verdade imporiam um impedimento ao massacre de palestinos. Em
vez disso, estão fazendo declarações na Assembleia Geral, enquanto nós falamos.
Chris
Hedges: Eu não tenho muita esperança de que Israel seja
detido. Eu quero dizer, as únicas duas formas de parar esse genocídio e a
expulsão em massa dos palestinos são: ou fazer o que fizemos no norte do
Iraque, que é empurrar os israelenses da mesma forma que os iraquianos foram
empurrados abaixo do 38º paralelo, criar uma zona de exclusão aérea e usar
navios para basicamente romper o bloqueio humanitário; ou cortar as armas. Eu não
vejo nenhuma dessas acontecendo.
O que este momento na
história vai significar? Israel, os Estados Unidos, certamente dentro da
comunidade mundial, especialmente no Sul Global, são párias. Isso eviscerou
qualquer pretensão de estado de direito, de direito internacional. Quais são as
consequências desse genocídio?
Rashid
Khalidi: Bem, eu acho que você realmente apontou um deles.
A estrutura toda criada após a Segunda Guerra Mundial, após o Holocausto, após
Hiroshima e Nagasaki, após Dresden, Londres e Hamburgo, toda a estrutura, a
convenção sobre genocídio, as restrições sobre o uso de certas armas e assim
por diante, está sendo destruída por Israel e pelos Estados Unidos em Gaza.
Agressores futuros vão
poder fazer qualquer coisa sem restrições, sem um tecido legal que os contenha.
A lei da guerra fala sobre proporcionalidade e discriminação. As estatísticas
israelenses agora falam sobre assassinato indiscriminado de civis. 83% dos
mortos, segundo um banco de dados, o banco de dados da inteligência militar
israelense, são civis. Isso é indiscriminado. Isso é uma violação das regras de
guerra.
Se você pode se safar
disso e alegar escudos humanos, o que tanto a administração Biden quanto a
administração Trump repetiram felizes após seus mestres corais israelenses,
tudo o que foi criado após a Segunda Guerra Mundial vai pelos ares em Gaza.
Simplesmente desaparece. E teremos um mundo muito mais feio e cruel. Já era
feio e cruel antes.
Essas normas foram
sistematicamente violadas por vários países, poderosos e pequenos. Mas o que
Israel e os Estados Unidos estão fazendo, o país mais poderoso do mundo,
apoiado por seu aliado mais importante, ou apoiando seu aliado mais importante,
é uma demonstração para o mundo de que essas regras não têm mais força. Faça o
que quiser com civis. Faça o que quiser com médicos. Faça o que quiser com
jornalistas. Faça o que quiser com qualquer pessoa. E você se safa, apenas
alegando escudos humanos ou algum outro pretexto transparente. E está tudo
certo.
Então, eu acho que essa
é uma das consequências. Outra consequência é uma população palestina
completamente traumatizada por não sei quanto tempo. O que isso levará em
termos de vingança, retaliação, resistência, eu não sei. Ou, alternativamente,
desespero. Uma geração como a geração após 1948, que permaneceu muda. A geração
dos meus pais, eles não falavam sobre isso. Assim como os sobreviventes e
parentes de sobreviventes do Holocausto não falaram sobre isso por uma geração.
Eu lembro que cresci em Nova York. Alguns dos meus amigos tinham familiares que
perderam pessoas no Holocausto, e eles perguntavam aos pais sobre isso, mas eles
não falavam.
Nós podemos ter isso
para uma geração inteira de palestinos, mas o que eu tenho certeza é que isso
vai destruir uma série inteira de ideias sobre uma ordem legal internacional,
sobre uma ordem internacional baseada em regras.
Essas coisas simplesmente
foram destruídas em Gaza. E todos nós vamos pagar o preço por isso no futuro,
não apenas os palestinos. Hoje, os palestinos são o cordeiro sacrificial. Mas
isso agora se aplicará a qualquer outra pessoa que seja vítima de um agressor,
da mesma forma que os palestinos são agora.
Chris
Hedges: Excelente, obrigado, Rashid. E eu quero agradecer
a Diego Ramos, Victor Padilla, Max Jones, Thomas Hedges e Sofia Menemenlis, que
produziram o programa. Você pode me encontrar em ChrisHedges.Substack.com.
Tradução
por Nicolas Clark
Revisão
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
Notas:
*1 Nota de Mykel Alexander: Já
desde o início do século XX a temática do alegado Holocausto judaico vem sido
incutida nas pessoas de modo gradualmente crescente. Inicialmente com
recorrente alusão ao sofrimento de judeus, sempre ou quase sempre repetindo o
número de 6 milhões de vítimas em iminência de morte, através dos veículos de comunicação
de mais relevante alcance no Ocidente, especialmente no jornal New York Times (em que o próprio
entrevistado do artigo de Chistopher Hedges, Rashid Khalidi, afirma ser um
jornal mentiroso), então já um veículo midiático de posse judaica, o principal
diário do Ocidente e isso num período que a notícia em papel escrito era o
principal meio de difusão de notícias. Ver:
- O Primeiro Holocausto – e a Crucificação dos
judeus deve parar - parte 1, por Olaf Rose, 15 de janeiro de 2023, World
Traditional Front. (Parte 2 na sequência do próprio artigo).
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2023/01/o-primeiro-holocausto-e-crucificacao.html
- O Holocausto de Seis Milhões de Judeus — na
Primeira Guerra Mundial - por David Skrbina {pseudônimo Thomas Dalton}, Ph.D.,
15 de fevereiro de 2022, World Traditional Front.
http://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/02/o-holocausto-de-seis-milhoes-de-judeus.html
- O Primeiro Holocausto - por Germar Rudolf, 26 de
janeiro de 2020, World Traditional Front.
http://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/01/o-primeiro-holocausto-por-germar-rudolf.html
Sobre
o que e como foram obtidas as confissões dos nazistas ver:
- Resenha do livro de Werner Maser sobre os
julgamentos de Nuremberg, por David McCalden, 26 de maio de 2021, World
Traditional Front.
http://worldtraditionalfront.blogspot.com/2021/05/resenha-do-livro-de-werner-maser-sobre.html
- Os Julgamentos de Nuremberg - Os julgamentos dos
“crimes de guerra” provam extermínio?, por Mark Weber, 20 de novembro de
2020, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/11/os-julgamentos-de-nuremberg-os.html
- O valor do testemunho e das confissões no
holocausto - parte 1, por Germar Rudolf, 21 de março de 2021, World
Traditional Front. (Na sequência do artigo as demais partes 2 e 3)
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2021/03/o-valor-do-testemunho-e-das-confissoes.html
Sobre a inconsistência histórica, técnica e documental das alegadas câmaras de gás ver:
- As câmaras de gás: verdade ou mentira? - parte 1,
por Robert Faurisson, 30 de outubro de 2020, World Traditional Front.
(Primeira de seis partes, as quais são dispostas na sequência)
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/10/as-camaras-de-gas-verdade-ou-mentira.html
- A Mecânica do gaseamento, por Robert Faurisson, 22
de outubro de 2018, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2018/10/a-mecanica-do-gaseamento-por-robert.html
- O “problema das câmaras de gás”, por Robert
Faurisson, 19 de janeiro de 2020, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/01/o-problema-das-camaras-de-gas-por.html
- As câmaras de gás de Auschwitz parecem ser
fisicamente inconcebíveis, por Robert Faurisson, 23 de janeiro de 2020, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2020/01/as-camaras-de-gas-de-auschwitz-parecem.html
- Testemunhas das Câmaras de Gás de Auschwitz, por
Robert Faurisson, 20 de agosto de 2023, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2023/08/testemunhas-das-camaras-de-gas-de.html
- A técnica e a química das ‘câmaras de gás’ de
Auschwitz - Parte 1 – Introdução, por Germar Rudolf, 27 de janeiro de
2023, World Traditional Front. (Demais partes na sequência do
próprio artigo).
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2023/01/a-tecnica-e-quimica-das-camaras-de-gas.html
Sobre
a ausência de plano de extermínio alemão referente ao alegado holocausto e o
que eram realmente os campos de concentração ver:
- O Mito do extermínio dos judeus – Parte 1.1
{nenhum documento sequer visando o alegado extermínio dos judeus foi jamais
encontrado}, por Carlo Mattogno, 22 de novembro de 2023, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2023/11/o-mito-do-exterminio-dos-judeus-parte.html
- Campos de Concentração Nacional-Socialistas
{nazistas}: lenda e realidade - parte 1 - precedentes e funções dos campos, por
Jürgen Graf, 10 de maio de 2023, World Traditional Front. (Demais
partes na sequência do artigo).
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2023/05/campos-de-concentracao-nacional.html
[1] Fonte utilizada por Christopher
Hedges: 'Jews will not replace us': Vice film lays bare horror of neo-Nazis in
America - A Vice News film crew embedded with a far-right speaker in
Charlottesville last weekend seeks to highlight the motivations of white
supremacists, por Adam Gabbatt, 16 de agosto de 2017, The Guardian.
https://www.theguardian.com/us-news/2017/aug/16/charlottesville-neo-nazis-vice-news-hbo
[2] Fonte utilizada por Christopher
Hedges: How Counterprotesters at U.C.L.A. Provoked Violence, Unchecked for
Hours, por Neil Bedi, Bora Erden, Marco Hernandez, Ishaan Jhaveri, Arijeta
Lajka, Natalie Reneau, Helmuth Rosales e Aric Toler, 3 de maio de 2024, The New York Times.
https://www.nytimes.com/interactive/2024/05/03/us/ucla-protests-encampment-violence.html
[3] Fonte utilizada por Christopher
Hedges: A WELL-CONNECTED NYU PARENT IS TRYING TO GET STUDENTS DEPORTED, por
Akela Lacy, 31 de janeiro de 2025, The
Intercept.
https://theintercept.com/2025/01/31/nyu-gaza-protesters-deport-maca-antisemitism/
[4] Fonte utilizada por Christopher
Hedges:
*2 Nota de Mykel Alexander: A
narrativa de agressividade dos nacional-socialistas (vulgo nazistas) sobre os
judeus do Gueto de Varsóvia não corresponde ao rigor crítico de apuração dos
fatos:
- Resenha de Varsóvia sob o domínio alemão (Warschau
Unter Deutscher Herrschaft), por Reuben C. Lang, 25 de maio de 2025, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2025/05/resenha-de-varsovia-sob-o-dominio.html
- O ‘Levante’ do Gueto de Varsóvia - Insurreição judaica
ou operação policial alemã?, por Robert Faurisson, 20 de maio de 2025, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2025/05/o-levante-do-gueto-de-varsovia.html
Fonte: Inside America’s
Academic Gulags (w/ Rashid Khalidi), por Christopher Hedges, 08 de outubro de
2025, UNZ Review – An Alternative Media
Selection.
https://www.unz.com/article/inside-americas-academic-gulags-w-rashid-khalidi/
Sobre o autor: Rashid
Ismail Khalidi (1948-) é um historiador palestino-americano que pesquisa a
história do Oriente Médio e ocupa a Cadeira Professor Edward Said de Estudos
Árabes Modernos na Universidade de Columbia. Ele atuou como editor do Journal of Palestine Studies de 2002 a
2020, quando se tornou coeditor com Sherene Seikaly. Em 1970, Khalidi
graduou-se no bacharelado de História pela Universidade de Yale, onde foi membro
da Wolf's Head Society. Rashid recebeu seu PhD em História Moderna da Universidade
de Oxford em 1974. De 1976 a 1983, Khalidi foi professor assistente em tempo
integral no Departamento de Estudos Políticos e Administração Pública da
Universidade Americana de Beirute e foi pesquisador no Instituto de Estudos da
Palestina. Ele também lecionou na Universidade Libanesa. Entre seus livros
estão:
British
Policy towards Syria and Palestine, 1906–1914. Ithaca Press
for St. Antony's College, 1980.
Palestine
and the Gulf (co-editor), Institute for Palestine
Studies, 1982.
Under
Siege: PLO Decision-making during the 1982 War.
Columbia University Press, 1986.
The
Origins of Arab Nationalism (Co-editor), Columbia University
Press, 1991.
Palestinian
Identity: The Construction of Modern National Consciousness,
Columbia University Press, 1997.
Resurrecting
Empire: Western Footprints and America's Perilous Path in the Middle East,
Beacon Press, 2004.
The
Iron Cage: The Story of the Palestinian Struggle for Statehood.
Beacon Press. 2006.
Sowing
Crisis: The Cold War and American Dominance in the Middle East,
Beacon Press, 2009.
Brokers
of Deceit: How the U.S. Has Undermined Peace in the Middle East,
Beacon Press, 2013.
The
Hundred Years' War on Palestine: A History of Settler Colonialism and
Resistance, 1917–2017, Metropolitan Books 2020.
Sobre o autor: Christopher
Hedges (1956) é um jornalista americano. Hedges recebeu seu diploma de Bacharel
em Inglês pela Colgate em 1979. Ele obteve pós-graduação na Divinity School da
Universidade de Harvard, em clássicos e grego clássico. Hedges esteve no
decorrer do tempo presente em atividades seminaristas na Igreja Católica e
esportivas. Na Universidade de Harvard durante 1998-1999 escolheu estudar latim
por causa de seu interesse anterior nos clássicos ao estudar grego clássico.
Conforme
seu interesse em jornalismo cresceu, influenciado pelo trabalho de George
Orwell, adentrou na carreira de jornalista, cobrindo a Guerra das Malvinas a
partir de de Buenos Aires. De 1983 a 1984, cobriu os conflitos em El Salvador,
Nicarágua e Guatemala para o The Christian Science Monitor e NPR (National
Public Radio). Entre 1984-1988 foi chefe da seção de cobertura da América
Central pelo Dallas Morning News. Em 1988 priorizou o estudo do
árabe. Ele foi nomeado chefe do escritório do Oriente Médio do The
Dallas Morning News em 1989. Pelo The New York Times cobriu
a Primeira Guerra do Golfo, onde suas reportagens atraíram hostilidades tanto
de setores militares dos EUA como do Iraque, passando a ser chefe do setor do
Oriente Médio por este jornal. Em 1995, Hedges foi nomeado chefe da cobertura
dos Balcãs do The New York Times, cobrindo as guerras da Iugoslávia
(1995-2000). Posteriormente continuou seu trabalho cobrindo eventos relacionado
ao Oriente Médio, 11 de setembro e organizações extremistas. Por emitir
posições contrárias à política externa americana no Iraque e também neste tema
opinião contrária ao editorial do The New York Times, em 2005 ele
se retirou do jornal. Entre 2006-2020 foi colunista do portal Truthdig.
Entre 2016-2022 Hedges começou a apresentar o programa de televisão On
Contact para a rede RT America, de propriedade do governo russo, a
qual foi encerrada após a invasão russa de 2022 (Hedges registrou que a rede
russa não o censurou sobre sua reprovação da invasã russa, como o The
New York Times o censurou sobre sua reprovação da posição americana
frente ao Iraque). A partir de abril de 2022 na The Real News Network ele
produz a série The Chris Hedges Report.
Em 2011 foi preso por ativismo no movimento Occupy Wall Street contra a casa
bancária judaica Goldman Sachs. Escreveu
os livros:
War Is a Force That Gives Us Meaning (2002); What Every Person Should Know
About War (2003)
Losing Moses on the Freeway: The 10 Commandments in
America (2005)
American Fascists: The Christian Right and the War on
America (2007)
I Don't Believe in Atheists (2008)
Collateral Damage: America's War Against Iraqi
Civilians, com Laila
Al-Arian (2008)
When Atheism Becomes Religion: America's New
Fundamentalists (2009),
um novo título para I Don't Believe in Atheists; Empire of
Illusion: The End of Literacy and the Triumph of Spectacle (2009)
Death of the Liberal Class (2010)
The World As It Is: Dispatches on the Myth of Human
Progress (2010)
Days of Destruction, Days of Revolt, com Joe Sacco (2012)
Wages of Rebellion: The Moral Imperative of Revolt (2015)
Unspeakable (2016)
America: The Farewell Tour (2018)
Our Class: Trauma and Transformation in an American
Prison (2021)
The Greatest Evil is War (2022).
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