sábado, 1 de abril de 2023

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 2 - por Laurent Guyénot

 Continuação de Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot

Laurent Guyénot

 

Sião e a Nova Ordem Mundial

Se os judeus podem ser ao mesmo tempo e simultaneamente nacionalistas (sionistas) e internacionalistas (comunistas, globalistas etc.), é, em última análise, porque essa dualidade é inerente à natureza paradoxal de Israel. Não nos devemos esquecer que até a fundação do “estado judeu”, “Israel” era uma designação comum para a comunidade judaica internacional, por exemplo, quando em 24 de março de 1933, o britânico Daily Express imprimiu na primeira página: “A inteira Israel através do mundo está unida na declaração de uma guerra econômica e financeira contra a Alemanha {The whole of Israel throughout the world is united in declaring an economic and financial war on Germany.}”[33] Até 1947, a maioria dos judeus americanos e europeus estavam satisfeitos por serem “israelitas”, membros de uma Israel mundial. Eles viram a vantagem de ser uma nação dispersa entre as nações. Organizações judaicas internacionais como B'nai B'rith (Hebraico para “Filhos do Pacto”) fundada em Nova York em 1843, ou a Alliance Israélite Universelle, fundada em Paris em 1860, não tinham reinvindicações sobre à Palestina.

Mesmo depois de 1947, a maioria dos judeus americanos permaneceu ambivalente em relação ao novo Estado de Israel, sabendo perfeitamente que apoiá-lo os tornaria vulneráveis à acusação de dupla lealdade. Foi somente após a Guerra dos Seis Dias que os judeus americanos começaram a apoiar Israel de maneira mais ativa e aberta. Havia duas razões para isso. Primeiro, O controle sionista da imprensa tornou-se tal que a opinião pública americana foi facilmente convencida de que Israel havia sido vítima e não o agressor na guerra que levou Israel a triplicar seu território. Em segundo lugar, depois de 1967, o esmagador envio do poder israelense contra o Egito, uma nação apoiada diplomaticamente pela URSS, permitiu ao governo Johnson elevar Israel a um ativo estratégico na Guerra Fria. Norman Finkelstein explica:

“Para as elites judaicas americanas, a subordinação de Israel ao poder dos EUA foi um golpe inesperado. Os judeus agora estavam na linha de frente defendendo a América — de fato, ‘Civilização ocidental’ — contra as hordas árabes retrógradas. Enquanto antes de 1967 Israel conjurava o bicho-papão da dupla lealdade, agora conotava super lealdade. [...] Após a guerra de 1967, o élan militar de Israel pôde ser comemorado porque suas armas apontavam na direção certa — contra os inimigos da América. Suas proezas marciais podem até facilitar a entrada nos santuários internos do poder americano.”[34]

Os líderes israelenses, por sua vez, pararam de culpar os judeus americanos por não se estabelecerem em Israel e reconheceram a legitimidade de servir Israel enquanto residiam nos Estados Unidos. Em termos muito reveladores, Benjamin Ginsberg escreve que já na década de 1950, “foi alcançada uma acomodação entre o estado judeu em Israel e o estado judeu na América”; mas foi depois de 1967 que o compromisso se tornou um consenso, pois os judeus antissionistas foram marginalizados e silenciados.[35] Assim nasceu um novo Israel, cuja capital não era mais apenas Tel Aviv, mas também Nova York; um Israel transatlântico, uma nação sem fronteiras, deslocalizado. Não era realmente uma novidade, mas um novo equilíbrio entre duas realidades inseparáveis: a diáspora internacional dos israelitas e o Estado nacional dos israelenses.

Graças a essa poderosa diáspora de israelenses virtuais agora entrincheirada em todos os níveis de poder nos EUA, França e muitas outras nações, Israel é uma nação muito especial de fato. E todos podem ver que não tem intenção de ser uma nação comum. Israel está destinado a ser um império. Se o sionismo é definido como o movimento para a fundação de um Estado judeu na Palestina, o que vemos hoje em dia pode ser chamado de meta-sionismo ou super-sionismo. Mas não há necessidade real de um termo tão novo, pois o sionismo sempre tem sido acerca de uma nova ordem mundial, sob a máscara do “nacionalismo”.

David Ben-Gurion, o pai “da nação”, foi um firme crente na teoria da missão, declarando: “Eu acredito em nossa superioridade moral e intelectual, em nossa capacidade de servir de modelo para a redenção da raça humana.”[36] Em uma declaração publicada na revista Look em 16 de janeiro de 1962, ele previu para os próximos 25 anos:

“Todos os exércitos serão abolidos e não haverá mais guerras. Em Jerusalém, as Nações Unidas (verdadeiramente Nações Unidas), construirão um Santuário dos Profetas para servir a união federada de todos os continentes; esta será a sede da Suprema Corte da Humanidade, para resolver todas as controvérsias entre os continentes federados, conforme profetizado por Isaías.”[37]

Essa visão foi passada para a próxima geração. Em outubro de 2003, o altamente simbólico King David Hotel sediou uma “Cúpula de Jerusalém,” cujos participantes foram três ministros israelenses em exercício, incluídos Benjamin Netanyahu e Richard Perle como convidados de honra. Eles assinaram uma declaração que reconheceu a autoridade especial “de Jerusalém para se tornar um centro da unidade mundial,” e professaram:

“Nós acreditamos que um dos objetivos do renascimento divinamente inspirado de Israel é torná-lo o centro da nova unidade das nações, que levará a uma era de paz e prosperidade, predita pelos Profetas.”[38]

 

Sionistas e a Bíblia

Tanto a profecia de Ben-Gurion quanto a Declaração de Jerusalém destacam o fato de que o sionismo é um projeto internacional baseado na Bíblia {o qual incluí a manipulação de palavras, conceitos e contextos #5}. Que o sionismo é bíblico não significa que seja religioso; para sionistas, a Bíblia é uma narrativa “nacional” e um programa geopolítico, em vez de um livro religioso (na verdade não há palavra para “religião” no hebraico antigo). Ben-Gurion não era religioso; ele nunca foi à sinagoga e comia carne de porco no café da manhã. No entanto, ele era intensamente bíblico. Dan Kurzman, que o chama de “a personificação do sonho sionista,” intitula cada capítulo de sua biografia (Ben-Gurion, Prophet of Fire, 1983) com uma citação da Bíblia. O prefácio começa assim:

“A vida de David Ben-Gurion é mais do que a história de um homem extraordinário. É a história de uma profecia bíblica, um sonho eterno. [...] Ben-Gurion era, em um sentido moderno, Moisés, Josué, Isaías, um messias que sentia que estava destinado a criar um estado judeu exemplar, uma luz ‘para as nações’ que ajudaria a redimir toda a humanidade.”

Para Ben-Gurion, escreve Kurzman, o renascimento de Israel em 1948 “fez um paralelo com o Êxodo do Egito, com a conquista da terra por Josué, com a revolta dos Macabeus.” O próprio Ben-Gurion enfatizou: “Não pode haver educação política ou militar que valha a pena sobre Israel sem um profundo conhecimento da Bíblia.”[39] Dez dias depois de declarar a independência de Israel, ele escreveu em seu diário: “Quebraremos a Transjordânia [Jordânia], bombardearemos Amã e destruiremos seu exército, e então a Síria cairá, e se o Egito ainda continuar lutando — bombardearemos Port Said, Alexandria e Cairo.” Então ele acrescenta: “Isso será uma vingança pelo que eles (egípcios, aramis e assírios) fizeram com nossos antepassados durante os tempos bíblicos.”[40] Você pode ser mais bíblico do que isso? Ben-Gurion não era de forma alguma um caso especial. Sua paixão pela Bíblia foi compartilhada por quase todos os líderes sionistas de sua geração e pela seguinte. Moshe Dayan, o herói militar da Guerra dos Seis Dias, escreveu um livro intitulado Living with the Bible (1978), no qual ele justificou biblicamente a anexação de territórios árabes por Israel. Naftali Bennet, ministro israelense da Educação, também recentemente justificou a anexação da Cisjordânia pela Bíblia.*6

O cristão dirá que os sionistas não leem a Bíblia corretamente. Obviamente, eles não leem com os óculos cristãos rosa. Em Isaías, por exemplo, os cristãos encontram esperança de que, um dia, as pessoas “quebrarão suas espadas, transformando-as em relhas, e suas lanças, a fim de fazerem podadeiras” (Isaías 2:4). Mas os sionistas começam corretamente com os versículos anteriores, que descrevem esses tempos messiânicos como uma Pax Judaica, quando “todas as nações” prestarão homenagem “à montanha de Jeová, à casa do deus de Jacó”, quando “a Lei emitirá de Sião e a palavra de Jeová de Jerusalém,” para que Jeová “julgue entre as nações e arbitre entre muitos povos.” Mais abaixo, no mesmo livro, eles liam:

“As riquezas do mar afluirão a ti, a ti virão os tesouros das nações” (60:5); “Com efeito, a nação e o reino que não te servirem perecerão, sim, essas nações serão reduzidas à ruína” (60:12); “Sugarás o leite das nações, amamentar-te-ás das riquezas dos reis” (60:16); “alimentar-vos-eis das riquezas das nações; e as sucedereis em sua glória” (61:5-6);

{Promessas da entidade maligna conhecida na Bíblia como Jeová (numa representação artística bem didática acima) para que os judeus o adorem, conforme o livro de Isaías:
 “As riquezas do mar afluirão a ti, a ti virão os tesouros das nações” (60:5); “Com efeito, a nação e o reino que não te servirem perecerão, sim, essas nações serão reduzidas à ruína” (60:12); “Sugarás o leite das nações, amamentar-te-ás das riquezas dos reis” (60:16); “alimentar-vos-eis das riquezas das nações; e as sucedereis em sua glória” (61:5-6).}

O sionismo não pode ser um movimento nacionalista como outro, porque ressoa com o destino de Israel, conforme descrito na Bíblia: “Jeová, seu Deus, o elevará mais alto do que qualquer outra nação do mundo” (Deuteronômio 28:1). Somente levando em consideração as raízes bíblicas do sionismo é possível entender que o sionismo sempre carregou dentro dela uma agenda imperialista oculta. Pode ser verdade que Theodor Herzl e Max Nordau desejassem sinceramente que Israel fosse “uma nação como outras”, como explica Gilad Atzmon.[41] Mas ainda assim, quando chamaram seu movimento de “sionismo”, usaram o nome bíblico de Jerusalém emprestado das profecias mais imperialistas, e mais notavelmente Isaías 2:3 citada acima.

{David Ben-Gurion (1883-1976), primeiro ministro de Israel em dois mandatos (1948-1952 e 1955-1962) enfatizou: “Não pode haver educação política ou militar que valha a pena sobre Israel sem um profundo conhecimento da Bíblia.” E também disse que Israel, com apoio do Ocidente, ao invadir o Egito em 1956, o que estava em jogo “a restauração do reino de Davi e Salomão.” A conclusão a seguir é inegável: o judaísmo internacional lançou todas armas contra o fanatismo cristão e islâmico no decorrer da história, mas apenas para monopolizar o fanatismo no mundo conforme a visão de mundo judaica. Foto de 2 de dezembro de, 1949 no deserto de Negev, sul de Israel. Crédito da foto: Governo Israelense.}

As profecias bíblicas descrevem o destino final de Israel, ou meta-sionismo, enquanto os livros históricos, e particularmente o Livro de Josué, estabelecem o padrão para o primeiro estágio, a conquista da Palestina ou o sionismo. Como escreveu Avigail Abarbanel em “Por que deixei o Culto”, os conquistadores sionistas da Palestina “têm acompanhado de perto o ditado bíblico de Josué para entrar e pegar tudo. [...] Para um movimento supostamente não religioso, é extraordinário o quão intimamente o sionismo [...] seguiu a Bíblia.”[42] No mesmo humor, Kim Chernin escreve:

“Não posso contar o número de vezes que li a história de Josué como uma história de nosso povo entrando em sua posse legítima de sua terra prometida sem parar para dizer a mim mesmo, ‘mas esta é uma história de estupro, pilhagem, abate, invasão e destruição de outros povos.’” [43]

Uma “história de genocídio” não seria exagerada se considerarmos o tratamento reservado aos cananeus: em Jericó, “Então consagraram como anátema tudo que havia na cidade: homens e mulheres, crianças e velhos, assim como os bois, ovelhas e jumentos, passando-os ao fio da espada.” (Josué 6:21). A cidade de Hai teve o mesmo destino. Seus habitantes foram todos abatidos, doze mil deles, “de modo tal que não restou nenhum sobrevivente nem fugitivo. [...] Depois que Israel acabou de matar todos os habitantes de Hai, no campo e no deserto, onde os havia perseguido, e que todos, até ao último caíram ao fio da espada, todo Israel voltou a Hai e passou a população ao fio da espada” (8:22–25). As mulheres não foram poupadas. “E Israel tomou por presa senão o gafo e os despojos daquela cidade,” (8:27). Então veio a volta das cidades de Makkedah, Libnah, Lachish, Eglon, Hebron, Debir e Hazor. Em toda a terra, Josué “não deixou nenhum sobrevivente e voltou todo ser vivo ao anátema conforme havia ordenado Jeová, o Deus de Israel.” (10:40).

Isso certamente ajuda a entender o tratamento israelense dos palestinos para saber que o Livro de Josué é considerado um capítulo glorioso da narrativa nacional de Israel. E quando os líderes israelenses afirmam que sua visão do futuro global se baseia na Bíblia Hebraica, devemos levá-los a sério e estudar a Bíblia. É de muita ajuda, por exemplo, estar ciente de que Jeová tem designado para Israel “sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu,” que “tu as derrotarás e as sacrificarás como anátema”, e “não as tratará com piedade.” Quanto aos reis delas, “e tu apagarás o seu nome de sob o céu” (Deuteronômio 7:1-2,24). A destruição das “Sete Nações”, também mencionada em Josué 24:11, é considerada uma mitzvah no judaísmo rabínico e pelos grande Maimônides em seu Livro de Mandamentos,[44] e ele tem permanecido um motivo popular na cultura judaica. Saber disso ajudará a entender a agenda neoconservadora da IV Guerra Mundial (conforme Norman Podhoretz nomeia o atual conflito global).[45] O general Wesley Clark, ex-comandante supremo da OTAN na Europa (liderou a agressão da OTAN contra a Sérvia há vinte anos), escreveu e repetiu em inúmeras ocasiões,*7 que um mês após 11 de setembro de 2001, um general do Pentágono mostrou a ele um memorando “que descreve como vamos matar sete países em cinco anos, começando no Iraque, e depois Síria, Líbano, Líbia, Somália e Sudão e terminando com o Irã.”[46] Wesley Clark tem conseguido gerenciar para passar como denunciante, mas acredito que ele pertence ao que Gilad Atzmon vê como a oposição controlada pelos judeus,*8 juntamente com Amy Goodman de Democracy Now quem o entrevistou.[47] Somente em 1999 tem ele revelado ser filho de Benjamin Jacob Kanne*9 e um orgulhoso descendente de uma linhagem de rabinos Kohen. É difícil acreditar que ele nunca tenha ouvido falar das sete nações da Bíblia. “Clark é um cripto-sionista tentando escrever história em termos bíblicos, enquanto culpa essas guerras os traficantes de guerra WASP {brancos, anglo-Saxões e protestantes} do Pentágono? Curiosamente, em seu discurso de 20 de setembro de 2001, o presidente Bush também citou sete “estados desonestos” por seu apoio ao terrorismo global, mas em sua lista, Cuba e Coréia do Norte substituíram o Líbano e a Somália. Isso ocorre porque parte da comitiva de Bush se recusou a incluir o Líbano e a Somália, enquanto seus manipuladores de neoconservadores insistiam em manter o número sete por seu valor simbólico? Qualquer que seja a explicação, eu suspeito que a importância de atingir exatamente “sete nações” após o 11 de Setembro decorre da mesma obsessão bíblica que a necessidade de enforcar dez nazistas no dia de Purim em 1946 para igualar os dez filhos de Hamã enforcados no Livro de Ester. Assim como Rabino Bernhard Rosenberg*10 agora pode se maravilhar com o quão profético é o Livro de Ester,[48] a ideia é “realizar,” daqui a algumas décadas, que a Quarta Guerra Mundial cumpriu Deuteronômio 7: a destruição das sete nações inimigas de Israel. Os sionistas cristãos estarão em êxtase e louvor “ao Senhor” (conforme sua Bíblia traduz YHWH). Certamente, cumprir profecias nem sempre é fácil: Isaías 17:1, “Damasco deixará de ser cidade; reduzir-se á a montão de ruínas,” ainda não está pronto.

 

A farsa de Salomão

Eu acredito que Gilad Atzmon está fazendo um ponto muito importante quando enfatizando:

“Israel se define como o estado judeu. A fim de agarrar Israel, sua política, seus procedimentos políticos e a natureza intrusiva de seu lobby, precisamos entender a natureza do modo de ser judaico.”

E eu acredito que o judaísmo é, no centro, a ideologia do Tanak.#6 Não havia judaísmo antes do Tanak, e o Tanak é a única raiz final que liga todas as expressões do judaísmo, sejam religiosas ou seculares — pelo valor dessa distinção. O judaísmo simplesmente murcharia sem o Tanak.

O sionismo é uma expressão do modo de ser judaico. Conforme nós temos visto, é inerentemente imperialista porque é bíblico. Eu irei agora argumentar que também é inerentemente enganoso porque é bíblico. Há dois aspectos da natureza enganosa do Tanak: histórico e metafísico. Para entendê-los, nós precisamos conhecer o contexto de sua escrita. A maior parte do Tanak, incluindo os livros históricos, foi editada durante o período exílico e alcançou sua forma quase final depois que a Babilônia caiu sob o domínio persa em 539 a.C. Essa tese, apresentada pela primeira vez por Baruch Spinoza em 1670,[49] sempre teve uma forte oposição do mundo cristão, mas foi aceita pelo grande historiador britânico das civilizações Arnold J. Toynbee,[50] e agora está conseguindo um terreno alto.[51] Os exilados da Judéia, depois de terem ajudado os persas a conquistar a Babilônia, foram recompensados por altos cargos na corte persa, e obteve o direito de retornar a Jerusalém e estabelecer um governo sujeito à Pérsia. A maneira pela qual esses levitas judaico-babilônicos manobraram a política imperial persa em apoio ao seu projeto teocrático para a Palestina é desconhecida, mas podemos imaginar isso semelhante à maneira como os sionistas sequestraram a política externa do império anglo-americano nos últimos tempos; o edito de Ciro, o Grande, apresentado no início do Livro de Esdras, é comparável à Declaração de Balfour. Em 458 a.C., oitenta anos após o retorno dos primeiros exilados, Esdras, orgulhoso descendente de uma linhagem de sacerdotes aaronitas, foi de Babilônia a Jerusalém, mandatado pelo rei da Pérsia e acompanhado por cerca de 1.500 seguidores. Logo ele se juntou a Neemias, um funcionário da corte persa de origem da Judéia. Como “Secretário da Lei”, Esdras carregava com ele a recém-redigida Torá, e Spinoza sugeriu plausivelmente que ele era o chefe da escola de escribas que havia compilado e editado a maior parte do Tanak.

A história de Israel e da Judéia que temos hoje foi escrita como justificativa para esse empreendimento proto-sionista, que implicava a usurpação do nome e da herança do antigo reino de Israel pelos judeus. Obviamente, nem tudo nos livros históricos é pura invenção: materiais antigos foram usados, mas a narrativa principal que os agrega é construída sobre uma construção ideológica pós-exílica. A peça central dessa narrativa é o glorioso reino de Salomão, que vai do Eufrates ao Nilo (1 Reis 5:1), com seu magnífico templo e seu luxuoso palácio real em Jerusalém (descrito em detalhes em 1 Reis 5-8). Salomão tinha “setecentas mulheres princesas e trezentas concubinas” (11:3) e “vinha gente de todos os povos para ouvir a sabedoria de Salomão e da parte de todos os reis da terra que ouviram falar de sua sabedoria” (5:14). Sabemos hoje que o reino de Salomão é uma invenção completa, um passado mítico projetado como a imagem espelhada de um futuro desejado, uma justificativa fictícia para a profecia de sua “restauração”. Até a ideia de que Jerusalém, localizada na Judéia, já foi a capital de Israel é flagrantemente falsa: Israel nunca teve outra capital que a Samaria. A arqueologia do século XX expôs definitivamente a falácia: não há vestígios de Salomão e seu “reino unido”.[52]

O cambalacho é bastante evidente pela maneira como os autores de Livros dos Reis, conscientes da absoluta infundância de sua história, apoie-o com o testemunho grotesco de uma totalmente espúria Rainha de Sabá:

“Realmente era verdade quanto ouvi na minha terra a respeito de ti e da tua sabedoria. Eu não queria acreditar no que diziam antes de vir e ver com meus próprios olhos, mas de fato não me haviam contado nem a metade: tua sabedoria e tua riqueza excedem tudo quanto ouvi. Feliz a tua gente, felizes destes teus servos, que estão continuamente na tua presença e ouvem a tua sabedoria. Bendito seja Jeová teu Deus, que te mostrou sua benignidade, colocando-te sobre o trono de Israel; é porque Jeová ama Israel para sempre que ele te constituiu rei, para exerceres o direito e a justiça.” (1 Reis 10:6-9).[53]

Quando Ben-Gurion declarou perante o Knesset três dias após invadir o Sinai em 1956, que o que estava em jogo arriscado era “a restauração do reino de Davi e Salomão,”[54] e quando os líderes israelenses continuam sonhando com um “Grande Israel” de proporções bíblicas, eles estão simplesmente perpetuando um engano de dois mil anos de idade — autoengano talvez, mas tudo o mesmo engano.

Mais profundo que o engano histórico, no próprio cerne da Bíblia, reside um engano metafísico mais essencial, que ajuda bastante a explicar a ambivalência do tribalismo e do universalismo tão típicos do judaísmo. O historiador bíblico Philip Davies escreveu que “a estrutura ideológica da literatura bíblica só pode ser explicada na última análise como um produto do período persa,”[55] e a ideia central dessa “estrutura ideológica” é o monoteísmo bíblico. Nos estratos pré-exílicos da Bíblia, o Jeová é um deus nacional entre outros: “Pois todos os povos avançam, cada um em nome de seu deus, enquanto avançamos em nome de Jeová nosso deus para sempre e sempre”, diz o profeta pré-exílico Micah (4:5). O que diferencia Jeová de outros deuses nacionais é o seu ciúme, que supõe a existência de outros deuses: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3). Somente no período persa Jeová realmente se torna o único Deus existente e, por consequência lógica, o criador do Universo — Gênesis 1 sendo comprovadamente retirado dos mitos da Mesopotâmia.

Essa transformação do Jeová nacional no “Deus do céu e da terra” é um caso de crípse, uma imitação da religião persa, para fins de ascensão política e cultural. Os persas eram predominantemente monoteístas sob os aquemênidas, adoradores do Deus Supremo Ahura Mazda, cujas representações e invocações podem ser vistas nas inscrições reais. Heródoto — que, aliás, viajou pela Síria-Palestina por volta de 450 a.C. sem ouvir falar de judeus — escreveu sobre os costumes persas’:

“eles não costumam fazer nem erigir estátuas, templos ou altares, e consideram insensatas as pessoas que os fazem [...] Eles chamam toda a imensidão da abóbada celeste de Zeus, e lhes oferecem sacrifícios nos cumes mais altos das montanhas {...}” (Histórias, I.131).#7

O monoteísmo persa era notavelmente tolerante com outros cultos. Em contraste, o monoteísmo judaico é exclusivista porque, embora Jeová agora reivindique ser o Deus universal, ele permanece sendo o etnocêntrico e ciumento deus de Israel. E assim a influência persa não foi o único fator no desenvolvimento do monoteísmo bíblico, ou seja, a afirmação de que “o deus de Israel” é Um e Único Deus: O ciúme sociopata de Jeová, seu ódio assassino a todos os outros deuses e deusas, era um ingrediente importante dos tempos pré-exílicos: ser o único deus digno de adoração equivale a ser o único deus e, portanto, Deus. Em 1 Reis 18, vemos Jeová competir com os grandes sírios Baal Shamem (“Senhor do Céu”) pelo título de Deus Verdadeiro, por meio de uma disputa de holocausto que termina com o massacre de quatrocentos profetas de Baal. Mais tarde, lemos sobre o general judaico Jeú que, tendo derrubado e massacrado a dinastia israelense do rei Omri, convocou todos os sacerdotes de Baal para “um grande sacrifício a Baal,” e, como sacrifício, massacrou todos eles. Assim, “Jeú livrou Israel de Baal” (2 Reis 10,18-28). Isso nos informa sobre como Jeová supostamente se tornou Deus Supremo em vez de Baal: pela eliminação física de todos os sacerdotes de Baal, isto é, exatamente da mesma maneira que Jeú se tornou rei de Israel exterminando a família do rei legítimo, bem como “todos os notáveis, os parentes e os sacerdotes; não deixou escapar nenhum” (2 Reis 10:11).

Ainda, essas histórias lendárias chegaram até nós em uma redação pós-exílica e, embora possam refletir uma competição anterior entre Jeová e Baal, a afirmação metafísica de que Jeová é o Deus supremo, o Criador do Céu e da Terra, só se tornou um credo explícito e uma pedra angular do judaísmo do período persa. Era um meio de assimilação-dissimulação na comunidade persa, comparável à maneira como o judaísmo reformado imitava o cristianismo no século XIX.

 

O livro de Esdras e a prostituta de Jericó

O processo de como Jeová foi transformado de deus nacional para universal, embora permaneça intensamente chauvinista, pode realmente ser documentado no Livro de Esdras. Ele contém trechos de vários decretos atribuídos aos reis persas subsequentes. Todos são criações falsificadas, mas seu conteúdo é indicativo da estratégia político-religiosa empregada pelos exilados da Judéia por seu lobby proto-sionista. No primeiro edito, Ciro, o Grande, declara que “Jeová, o Deus do céu, entregou-me todos os reinos da terra e me encarregou de construir-lhe um Templo em Jerusalém, então permite que “todo aquele dentre vós, pertencente ao seu povo, [o de Jeová], Deus esteja com ele e suba a Jerusalém, na terra de Judá, e construa o Templo de Jeová, o Deus de Israel – Deus que reside em Jerusalém” (Esdras 1:2–3). Nós entendemos que ambas as frases se referem à mesma entidade, mas a dualidade é significante. Nós encontramos a mesma designação paradoxal de Jeová tanto como “Deus do Céu” como “Deus de Israel – Deus que reside em Jerusalém” no edito persa que autoriza a segunda onda de retorno. Agora é o rei Artaxerxes quem pergunta “ao sacerdote Esdras, secretário da Lei do Deus do céu,” para oferecer um holocausto gigantesco “ao deus de Israel que reside em Jerusalém” (7:12-15). Nós encontramos, mais tarde, duas vezes a mesma expressão “Deus do Céu” (Elah Shemaiya) intercalado com sete referências a “seu deus”, isto é, “o deus de Israel” (tenha em mente que a capitalização é irrelevante aqui, sendo uma convenção de tradutores modernos). “Deus do Céu” aparece uma vez mais no livro de Esdras, e ele está, novamente, em um edito assinado pelo rei persa: Dario confirma o decreto de Ciro e recomenda que os israelitas “para que possam oferecer ao Deus do céu sacrifícios de agradável odor e para que orem pela vida do rei de seus filhos” (6:10). Em todo lugar mais, o livro de Esdras se refere somente ao deus “de Israel” (quatro vezes), “Jeová, o deus de seus pais” (uma), e “nosso deus” (dez vezes). Em outras palavras, de acordo com o autor do livro de Esdras, somente os reis da Pérsia imaginam que Jeová é “o Deus do Céu” — um título comum do universal Ahura Mazda — enquanto para os judeus, Jeová é apenas seu deus, o deus “de Israel”, o deus de seus pais, enfim, um deus nacional. De fato, as autoridades imperiais são informadas de que o Templo de Jerusalém é dedicado ao Deus do Céu, embora a ideia pareça irrelevante para os próprios judeus: quando os judeus são desafiados pelo direito de (re)construir seu templo pelo governador persa local, eles lhe dizem: “Somos servidores do Deus do Céu e da Terra” (5:11) e consulte o edital de Ciro. E quando Neemias quer convencer o rei persa a deixá-lo ir à Judéia para supervisionar a reconstrução de Jerusalém, ele oferece uma oração “ao Deus do Céu” (Neemias 2:4); mas uma vez em Jerusalém, ele pede a seus colegas judeus que juram lealdade a “Jeová, nosso deus” (10:30).

Esse padrão inconfundível nos livros de Esdras e Neemias pode ser tomado como uma pista do segredo mais profundo do judaísmo e uma chave para entender a natureza real do “universalismo judaico”: para os judeus, Jeová é o deus dos judeus, enquanto os gentios devem ser informados de que ele é o Deus supremo e único. “No coração de qualquer judeu piedoso, Deus é um judeu,” escreve Maurice Samuel em You Gentiles (1924), enquanto para os gentios, Jeová deve ser apresentado como o Deus universal que que ocorre de preferir judeus.[56] O padrão é repetido no livro de Daniel quando Nabucodonosor, impressionado com o oráculo de Daniel, se prostra e exclama: “Seu deus é realmente o Deus dos deuses, o Mestre dos reis” (Daniel 2:47).

A hipótese de que a natureza dupla do Senhor (deus de Israel para os judeus, Deus do Universo para os gentios) foi intencionalmente criptografada na Bíblia Hebraica se torna mais plausível quando encontramos o mesmo padrão no Livro de Josué. O livro provavelmente foi escrito antes do exílio, possivelmente sob o rei Josias (639-609 a.C.). Seu autor original nunca se refere a Jeová simplesmente como “Deus,” e nunca implica que ele seja qualquer coisa, senão “o deus de Israel” (9:18, 13:14, 13:33, 14:14, 22:16). Mesmo Jeová chama a si próprio “o deus de Israel” (7:13). Quando Josué fala aos israelitas, ele fala de “Jeová, seu deus” (1:11, 1:12, 1:15, 3:3, 3:9, 4:5, 4:23-24, 8:7, 22:3-4, 22:5, 23:3,5,8,11, 24:2). Os israelitas se referem coletivamente a “Jeová, nosso deus” (22:19), ou individualmente como “Jeová, meu deus” (14:8). Os inimigos de Israel falam com Josué sobre “Jeová, seu deus” (9:9), e ele conta a eles sobre “Jeová meu deus” (9:23). Jeová é uma vez chamado de “senhor de toda a terra” por Josué (3:13) e uma vez “o deus dos deuses” por israelitas entusiásticos (22:22), mas nada disso pode ser considerado como contendo qualquer afirmação teológica explícita de que Jeová é o Criador: é mais como o rei persa se chamando rei dos reis e governante do mundo. Nem a menção de um altar construído pelos israelitas como “um testemunho entre nós de que Jeová é Deus” (22:34) deve significar algo mais do que “Jeová é deus entre nós.” Se o escriba seguidor de Jeová do Livro de Josué tinha acreditado que Jeová era o Deus universal, ele teria escrito que cidades inteiras fossem convertidas em vez de exterminadas para a glória do Senhor.

A única profissão explícita de fé de que Jeová é o Deus supremo, em todo o Livro de Josué, vem de uma estrangeira, assim como nos livros de Esdras e Neemias. Não é um rei, desta vez, mas uma prostituta. Raab é uma prostituta em Jericó, que se infiltra nos israelitas invasores na cidade. Como justificativa para trair seu próprio povo, ela diz aos israelitas que “Jeová o vosso Deus é Deus tanto em cima nos céus como embaixo na terra” (2: 11), algo que nem o narrador, nem Jeová, nem qualquer israelita no livro jamais afirma. É provável que a profissão de fé de Raab seja uma adição pós-exílica ao livro, pois na realidade entra em conflito com sua motivação mais prosaica:

Sei que Jeová vos deu esta terra e caiu sobre nós o vosso terror, e todos os habitantes da terra estão tomados de pânico diante de vós. [...] me dareis um sinal verdadeiro de que preservareis a vida de meu pai e de minha mãe, de meus irmãos e irmãs e de todos os que lhes pertencem, de que nos livrareis da morte.” (2:9-12).

Na redação final, o padrão é o mesmo do Livro de Esdras e revela o segredo do judaísmo pós-exílico: Para os judeus, Jeová é seu deus nacional, mas é bom para os judeus que os gentios (sejam reis ou prostitutas) considerem Jeová como o “Deus do céu”. Isso tem funcionado maravilhosamente: os cristãos hoje acreditam que o Deus da humanidade decidiu se manifestar como o deus ciumento “de Israel” desde a época de Moisés, enquanto o processo histórico real é o inverso: é o deus tribal “ de Israel ” que personificou o Deus da humanidade na época de Esdras — enquanto continuava a preferir judeus.

Adorar um deus nacional com ambições imperialistas, enquanto fingindo aos gentios que estão adorando O Deus Único e Verdadeiro, está manufaturando um mal-entendido catastrófico. Um escândalo público surgiu em 167 a.C., quando o imperador helenístico Antíoco IV dedicou o templo em Jerusalém a Zeus Olímpico, o nome grego do Deus supremo. Ele foi levado a entender que Jeová e Zeus eram dois nomes para o mesmo Deus cósmico, o Pai Celestial de toda a humanidade. Mas os macabeus {nome das lideranças judaicas vivendo sob o governo de Antíoco IV, rei da Síria} judeus que lideraram a rebelião conheciam melhor: Jeová pode ser o Deus Supremo, mas somente os judeus são íntimos dele, e de qualquer maneira os pagãos O adorarem é uma abominação. Além disso, embora os israelitas afirmassem que seu templo era dedicado ao Deus de toda a humanidade, eles também acreditavam firmemente que qualquer não-judeu que entrasse nele deveria ser conduzido à morte. Somente esse fato trai a verdadeira natureza do monoteísmo hebraico: ele foi um engano desde o início, a crípse metafísica final. Somente quando essa farsa bíblica for exposta ao mundo, Sião começará a perder seu poder simbólico. Pois ele é a fonte original do vínculo psicopata pelo qual Israel controla o mundo.

Tradução por Nicolas Clark

Revisão e palavras entre chaves por Mykel Alexander

Notas

[33] Nota de Laurent Guyénot: Alison Weir, Against Our Better Judgment: The Hidden History of How the U.S. Was Used to Create Israel, 2014, k. 3280–94. 

[34] Nota de Laurent Guyénot: Norman Finkelstein, The Holocaust Industry: Reflections on the Exploitation of Jewish Suffering, Verso, 2014, página 6. 

[35] Nota de Laurent Guyénot: Benjamin Ginsberg, Jews in American Politics: Essays, dir. Sandy Maisel, Rowman & Littlefield, 2004, página 22. 

[36] [1] Nota de Laurent Guyénot: Arthur Hertzberg, The Zionist State, Jewish Publication Society, 1997, página 94.

[37] Nota de Laurent Guyénot: David Ben-Gurion and Amram Duchovny, David Ben-Gurion, In His Own Words, Fleet Press Corp., 1969, página 116. 

[38] [1] Nota de Laurent Guyénot: Official website: www.jerusalemsummit.org/eng/declaration.php . 

#5 Nota de Mykel Alexander: Uma das principais manipulações bíblicas do projeto de domínio do judaísmo internacional é através da narrativa de que a divindade adorada pelos judeus, Jeová, é o Deus universal, supremo, portanto, não só o deus dos judeus, mas também de todos os povos. Esse artifício do judaísmo internacional é abordado por Laurent Guyénot no presente artigo e em outros trabalhos dele. As vertentes cristãs, especialmente dissidentes do catolicismo, tais como a sucessão de igrejas anglicanas, protestantes e pentecostais promovem ou se valem de traduções em que a divindade judaica denominada de Jeová, comumente escrita em linguagens ocidentais como Jehovah ou Yahweh ou YHWH seja traduzida como Senhor. Todavia, mesmo sendo o cristianismo uma derivação do judaísmo, na tradição cristã as características da divindade descritas pelos apóstolos cristãos, isto é, as que constam no Novo Testamento, escrito sob a influência dos ensinamentos atribuídos a Jesus, diferem das características da divindade descritas no Antigo Testamento, antecedem os ensinamentos atribuídos a Jesus. Dado tal contexto, houve na tradição cristã em seus primeiros séculos o cuidado de discernir na Bíblia o termo para se referir a divindade do Antigo Testamento como Jehovah ou Yahweh ou YHWH, e para se referir a divindade do Novo Testamento o termo Senhor. Os judeus, na época do surgimento do cristianismo, possuíam uma visão de divindade com muitas divergências da visão de divindade que os apóstolos cristãos possuíam, e outras vertentes ligadas ao judaísmo e ao cristianismo possuíam ainda mais divergências de como compreendiam a divindade, inclusive algumas vertentes conhecidas como gnósticas viam a divindade judaica do Antigo Testamento justamente como o mal. Desta maneira para as passagens bíblicas deste artigo será usada a versão traduzida publicada como Bíblia de Jerusalém (1ª edição, 2002, 12ª reimpressão, 2017, Paulus, São Paulo), da École biblique de Jérusalem (Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém), a qual é vertida diretamente do hebraico, do aramaico e do grego para o português, de modo que nos textos do Antigo Testamento a divindade judaica é traduzida como Yahweh, mas, por fins didáticos, usarei a forma simplificada de Jeová. 

[39] Nota de Laurent Guyénot: Dan Kurzman, Ben-Gurion, Prophet of Fire, Touchstone, 1983, páginas 17–18, 22, 26–28. 

[40] Nota de Laurent Guyénot: Ilan Pappe, The Ethnic Cleansing of Palestine, Oneworld Publications, 2007, página 144. 

*6 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://www.youtube.com/watch?v=Png17wB_omA 

[41] Nota de Laurent Guyénot: Gilad Atzmon, Being in Time: A Post-Political Manifesto, Skyscraper, 2017, páginas 66-67. 

[42] Nota de Laurent Guyénot: Avigail Abarbanel, “Why I left the Cult,” 08 de outubro de 2016, on mondoweiss.net. 

[43] Nota de Laurent Guyénot: Kim Chernin, “The Seven Pillars of Jewish Denial.” Tikkun, setembro/outubro de 2002, citado em Kevin MacDonald, Cultural Insurrections, obra citada, páginas 27-28. 

[45] Nota de Laurent Guyénot: Norman Podhoretz, World War IV: The Long Struggle Against Islamofascism, Vintage Books, 2008. 

*7 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://www.youtube.com/watch?v=iY96Z5Mqn40 

[46] [1] Nota de Laurent Guyénot: Wesley Clark, Winning Modern Wars, Public Affairs, 2003, página 130.

*8 Fonte utilizada por Laurent Guyénot:

https://www.youtube.com/watch?v=7RcSDOt6Amo 

[47] Nota de Laurent Guyénot: Gilad Atzmon, Being in Time: A Post-Political Manifesto, Skyscraper, 2017, páginas 187-209. 

*9 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: The General’s Jewish War Story, por Eric J. Greenberg, 19 de novembro de 1999, Jewish Telegraphy Agence.

https://www.jta.org/1999/11/19/ny/the-generals-jewish-war-story 

*10 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Did Purim heroine Esther prophesy about the Nazis?, por Rabbi Bernhard Rosenberg, 04 de março de 2015, My Central Jersey.

https://www.mycentraljersey.com/story/life/faith/2015/03/04/purim-heroine-esther-prophesy-nazis/24273719/ 

[48] Nota de Laurent Guyénot: Outro exemplo: Bernard Benyamin, Le Code d’Esther. Si tout était écrit…, First Editions, 2012. 

#6 Nota de Mykel Alexander:  A coleção de Escrituras canônicas do judaísmo é nomeada Tanak, acrônimo formado pelas primeiras letras das três partes da Bíblia judaica:

- Tōrāh ou Torá (Lei, instrução) – são os cinco primeiros livros (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio) da bíblia judaica e do Antigo Testamento da bíblia cristã;

- Năḇīʾīm ou Nevi'im (Profetas);

- Kăṯūḇīm ou ketuvim (Escritos).

                Nestas três partes estão distribuídos vinte e quatro livros de origens manuscritas.

                O cânon da Bíblia judaica o qual foi fixado pelos judeus da Palestina no início da era cristã só admite os livros hebraicos, e foi acolhido também pelas vertentes cristãs evangélicas, excluindo complementos gregos adicionados em Ester e Daniel (algumas partes em grego; Susana; Bel e o Dragão), bem como demais livros não oriundos do hebraico (Judite; Tobias; Macabeus I e II mais III e IV apócrifos; Eclesiástico; Livro da Sabedoria ou Sabedoria de Salomão; Baruc; Carta de Jeremias.) originalmente incorporados no cânon católico.  

                Ver:

- Bíblia de Jerusalém, 1ª edição, 2002, 12ª reimpressão, 2017, Paulus, São Paulo. Ver na parte introdutória a listas dos livro da Bíblia Hebraica e lista de livros da Bíblia Grega.

- Brian Kibuuka, A Torá comentada, Fonte Editorial, São Paulo, 2020. Ver prefácio do Dr. Waldecir Gonzaga e apresentação de Brian Kibuuka (páginas 21-24). 

[49] Nota de Laurent Guyénot: Benedict de Spinoza, Theological-political treatise, chapter 8, §11, Cambridge U.P., 2007, páginas 126-128. 

[50] Nota de Laurent Guyénot: Arnold Toynbee, A Study of History, volume XII, Reconsiderations, Oxford University Press, 1961, página 486, quoted on http://mailstar.net/toynbee.html 

[51] Nota de Laurent Guyénot: Thomas Römer, The Invention of God, Harvard University Press, 2016. 

[52] Nota de Laurent Guyénot: Leia por exemplo Israel Finkelstein e Neil Adher Silberman, David and Solomon: In Search of the Bible’s Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition, S&S International, 2007. 

[53] Nota de Laurent Guyénot: Todas as citações da Bíblia são da Bíblia Católica de Nova Jerusalém, que tem a vantagem de não alterar YHWH para “o Senhor”, como a maioria das outras traduções inglesas tem feito por razões não acadêmicas. 

[54] Nota de Laurent Guyénot: Israel Shahak, Jewish History, Jewish Religion: The Weight of Three Thousand Years, Pluto Press, 1994, página 10. 

[55] Nota de Laurent Guyénot: Philip Davies, In Search of “Ancient Israel”: A Study in Biblical Origins, Journal of the Study of the Old Testament, 1992, página 94. 

#7 Nota de Mykel Alexander: tradução de Mário da Gama Kury. Herôdotos, História, Editora Universidade de Brasília, Brasília, 2ª edição. 1988. 

[56] Nota de Laurent Guyénot: Maurice Samuel, You Gentiles, New York, 1924 (on archive.org), páginas 74–75.

 

Fonte: Zionism, Crypto-Judaism, and the Biblical Hoax, por Laurent Guyénot, 08 de abril de 2019, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/zionism-crypto-judaism-and-the-biblical-hoax/

Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).

Entre seus livros estão:

LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.

Jésus et Jean Baptiste : Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.

Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.

Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.

Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.

La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.

La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.

JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.

Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.

Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.

“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.

 __________________________________________________________________________________

Relacionado: sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1 (a parte 2 segue na sequência do próprio artigo).

Êxodo recorrente: Identidade judaica e Formação da História - Por Andrew Joyce, Ph.D., {academic auctor pseudonym}

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber

Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico - por David Duke

Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus - por Khalid Amayreh

Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir

Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir

Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão publicados apenas quando se referirem ESPECIFICAMENTE AO CONTEÚDO do artigo.

Comentários anônimos podem não ser publicados ou não serem respondidos.