segunda-feira, 17 de abril de 2023

O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 2

 Continuação de O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1

Laurent Guyénot


Inversão acusatória

“A crença em um deus cruel torna o homem cruel”, escreveu Thomas Paine (The Age of Reason, 1794). Incontáveis histórias bíblicas demonstram que Jeová é o espírito do assassinato e do roubo. Lemos na lenda de Sansão em Juízes 14:19, que quando “o espírito de Jeová caiu sobre ele”, ele foi a matar e roubar trinta homens, “depois, enfurecido voltou para a casa de seu pai”.

Jeová é o mais cruel dos deuses, mas ele quer que acreditemos que todos os outros deuses são abominações. A história bíblica retrata todas as nações, exceto Israel, como idólatras repulsivos. Mas eles não eram. Os egípcios construíram a primeira grande civilização; sua deusa Ísis os havia ensinado a cultivar trigo e assar pão, e os gregos aprenderam com eles – como tudo mais, de acordo com Heródoto. Eles eram um povo espiritual e pacífico. Os assírios eram conquistadores, e seu deus Assur não era um anjo, mas até a Bíblia reconhece que eles não massacraram os israelitas derrotados, mas os deportaram e os reassentaram. Os babilônios lidaram com os judeus da mesma maneira, permitindo-lhes até mesmo manter sua tradição e sua coesão, e prosperar nas margens do rio Eufrates.

A acusação invertida de intenção genocida é típica de Israel, um país com ogivas nucleares apontadas para o Irã, cujos líderes sempre negaram ter qualquer arsenal nuclear, mas que exorta histericamente o mundo a parar o suposto programa militar nuclear do Irã e a determinação de apagar Israel do os mapas. Isso seria ridículo se Israel fosse apenas paranoico. Mas Israel é o psicopata entre as nações, e isso significa uma tremenda capacidade de manipular, intimidar, corromper moralmente e conseguir o que eles querem.

O psicopata projeta sua própria crueldade e cobiça de poder nos outros. E então ele pensa que aqueles que resistem à sua dominação estão atrás dele. Portanto, ele deve destruí-los primeiro. Do ponto de vista bíblico, as nações devem reconhecer a soberania de Israel e seus reis “prostar-se-ão diante de ti [Israel] com o rosto em terra” (Isaías 49:23), ou serem destruídos. Jeová disse a Israel que identificou “sete nações mais poderosas e numerosas do que tu”, que “tu as derrotarás e as sacrificarás como anátema {equivalente a autorização para aniquilação total}” e não “e não as trataras com piedade”. Quanto aos seus reis, “apagarás o seu nome de sob o céu” (Deuteronômio 7:1-2, 24). E nós lembramos que, de acordo com o falso delator Wesley Clark,*6 filho de Benjamin Jacob Kanne, os neoconservadores tinham planos para destruir precisamente sete nações – outra prova de que eles estão possuídos por Jeová.

{Para o leigo, a política externa dos EUA é dirigida e efetuada, em seu modo decisivo, por americanos, vale dizer a grosso modo, por descendentes sanguíneos de europeus. No entanto, os postos decisivos estavam ocupados quase exclusivamente por judeus: Duas dezenas de neoconservadores judeus haviam sido introduzidos por Dick Cheney (vice-presidente dos EUA de 2001 a 2009) em posições-chave, incluindo (na foto acima da esquerda para direita) Richard Perle, Paul Wolfowitz e Douglas Feith no Pentágono, David Wurmser no Departamento de Estado, e Philip Zelikow e Elliott Abrams no Conselho de Segurança Nacional. Todos judeus.} 

{Comenta Laurent Guyénot: “Do ponto de vista bíblico, as nações devem reconhecer a soberania de Israel e seus reis ‘prostar-se-ão diante de ti [Israel] com o rosto em terra’ (Isaías 49:23), ou serem destruídos. Jeová disse a Israel que identificou ‘sete nações mais poderosas e numerosas do que tu’, que ‘tu as derrotarás e as sacrificarás como anátema {equivalente a autorização para aniquilação total}’ e não ‘e não as trataras com piedade’. Quanto aos seus reis, ‘apagarás o seu nome de sob o céu’ (Deuteronômio 7:1-2, 24). E nós lembramos que, de acordo com o falso delator Wesley Clark {ver nota *6} filho de Benjamin Jacob Kanne, os neoconservadores tinham planos para destruir precisamente sete nações – outra prova de que eles estão possuídos por Jeová.”}


Jeová oferece somente dois caminhos possíveis para Israel: dominação, se Israel mantiver a Aliança de Jeová de separatividade {de Israel em relação aos outros povos}, ou aniquilação, se Israel quebrar a aliança:

“Se você fizer amizade com o restante dessas nações que ainda vivem ao seu lado, se você se casar com elas, se você se misturar com elas e elas com você, então saiba com certeza que Jeová, seu deus, deixará de desapropriar essas nações ante você, e para você elas serão uma armadilha, uma armadilha de poço, espinhos em seus lados e abrolhos em seus olhos, até que você desapareça deste belo país que Jeová seu deus lhe deu. (Josué 23:12-14).

Desapropriar os outros ou ser desapropriado, dominar ou ser exterminado: Israel não pode pensar além dessa alternativa. Uma boa ilustração é o pensamento paradoxal de David Ben-Gurion no início dos anos 1960. Discutindo a determinação de Kennedy em deter Dimona, Avner Cohen escreve em Israel and the Bomb (1998): “Imbuído de lições do Holocausto, Ben-Gurion foi consumido por temores de segurança. […] A ansiedade sobre o Holocausto foi além de Ben-Gurion para infundir o pensamento militar de Israel.”11 Ainda no mesmo período, Ben-Gurion considerou seriamente que, dentro de 25 anos, Israel dominará o mundo, e Jerusalém “será a sede da Suprema Corte da Humanidade, para dirimir todas as controvérsias entre os continentes federados, conforme profetizado por Isaías.”12

 

A proibição da consciência moral

A inversão acusatória é o processo de nascimento do jeovismo {ou javismo}, que apresenta um demônio assassino como o Deus supremo enquanto demoniza o Deus supremo adorado por outros povos. Isso pode ser visto claramente na história do Jardim do Éden em Gênesis, com uma análise crítica histórica muito simples.

Na alegoria do Jardim do Éden, Jeová proíbe o acesso do homem à “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gênesis 2:17). A palavra hebraica para “conhecimento”, daat, é traduzida em grego como gnosis, significando consciência interior ou percepção interior em vez de conhecimento intelectual, de modo que “conhecimento do bem e do mal” pode ser traduzido com precisão como “consciência moral”, a qual é a capacidade do homem de distinguir o bem do mal, o certo do errado, em qualquer situação particular. De modo que a proibição do conhecimento do bem e do mal significa simplesmente a inibição da consciência moral.

Para contextualizar essa história do Gênesis, devemos lembrar que as religiões egípcia e persa ensinavam que a imortalidade é a recompensa pela vida sem culpa. Como a imortalidade era sinônimo de divindade, ser imortal poderia ser expresso como “estar entre os deuses” ou “ser como os deuses”. Mas na Bíblia hebraica é a serpente, mentirosa e enganadora, que tenta Adão e Eva a comer da árvore do conhecimento do bem e do mal com a garantia de que “no dia em que dela comeres, não morrerás”. mas “no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal” (Gênesis 3:5). A serpente fala como a sabedoria religiosa das grandes religiões. Os escribas hebreus podem apresentá-lo como um mentiroso porque, para eles, a imortalidade (“não morrer”) só faz sentido fisicamente: Jeová, eles afirmam, pretendia que Adão e Eva fossem fisicamente imortais na terra e não forneceu nenhum outro mundo para sua vida após a morte deles.  A partir desse ponto de vista materialista, os escribas denunciam a promessa de imortalidade por meio do conhecimento do bem e do mal como enganosa e retratam implicitamente os deuses babilônicos, persas e egípcios como mentirosos.

Nós temos sido educados por tantas gerações por esta história, e estamos tão acostumados a assumir que a serpente do Gênesis é o enganador satânico, que é difícil ver a mensagem da Torá pelo que realmente era: um ataque direto contra as religiões superiores e seu ensino moral de que o conhecimento e a prática do bem e do mal é o caminho para a vida após a morte abençoada. Mas, eu pergunto, se tentar tornar-se como deuses é um impulso luciferiano, por que os Padres gregos da Igreja Cristã enfatizaram o potencial do homem para a deificação (theosis) sob a lógica de que “Deus se tornou homem de modo que o homem pudesse se tornar Deus”?13

Lúcifer, aliás, é a tradução latina do grego Phosphoros (portador da luz), tradicionalmente aplicada à Estrela da Manhã, o planeta Vênus. Em Isaías 14:12-17, o profeta culpa o rei da Babilônia Nabucodonosor II (605-562) por ter tentado “rivalizar com o Altíssimo” e pergunta com sarcasmo: “Como caíste do céu, ó Estrela d’alva, filho da aurora [Lúcifer na Vulgata Latina]?” Descartando a referência ao rei da Babilônia, os exegetas cristãos confundiram “Lúcifer” com a serpente do Gênesis e o declararam o chefe dos anjos caídos, expulso do céu por causa de seu orgulho rebelde. No entanto, se olharmos para o jeovismo {ou javismo} da perspectiva revisionista que estou defendendo, Jeová, o deus tribal que usurpou a majestade do Deus Supremo, se encaixa no arquétipo luciferiano. Jeová é o demônio infernal que quis ser Deus no lugar de Deus.

 

Jeová Moloc

Para entender o jeovismo {ou javismo} – e, portanto, o judaísmo e o sionismo – é importante conhecer o pano de fundo de sua infância, que nada tem a ver com o nascimento do monoteísmo universal. Há uma crescente suposição acadêmica de que Jeová era originalmente o deus do vulcão de um povo tribal especializado em metalurgia (leia aqui).14  Daí seu caráter vulcânico. Qualquer retrato de Jeová teria que se basear em Salmos 18:8: “De suas narinas subiu uma fumaça, de sua boca um fogo que devorava”. De acordo com a “hipótese quenita”, o culto se originou com os quenitas, que acreditavam que, como resultado de uma maldição sobre seu ancestral fratricida Caim, eles deveriam viver como andarilhos inquietos, mas inspirar medo às pessoas entre as quais habitam por sua lei de vingança sete vezes dada por Jeová — revisada em setenta e sete vezes pelo descendente de Caim, Lameque (Gênesis 4:15-24).

            Frequentemente nos é dito que Jeová é o deus que aboliu o sacrifício humano, quando depois de ordenar a Abraão que amarrasse seu filho Isaque, ele segurou sua mão e se contentou com um carneiro (Gênesis 22). No entanto, muito depois de Abraão, alguns líderes israelitas pareciam não saber desse grande progresso e sacrificaram seus próprios filhos como holocausto a Jeová: Jefté em Juízes 11:29-40, Hiel em 1 Reis 16:34, Rei Azaz em 2 Reis 16:3, e o rei Manassés em 2 Reis 21:6. Sem mencionar as 32 virgens midianitas holocaustadas em Números 31 (leia meu artigo “A Holocaust of Biblical Proportions”).*7

Por sua alegada abolição do sacrifício humano, Jeová foi comparado favoravelmente com o deus cananeu Moloc ou Moloch, a quem os primogênitos eram ritualmente sacrificados. Mas estudiosos bíblicos como Thomas Römer especulam que Moloc era de fato ninguém menos que o próprio Jeová. Um de seus argumentos é que o substantivo mlk, vocalizado como Molek no texto massorético (o Tanakh do século IX que introduziu as vogais na escrita hebraica), mas Melek na Septuaginta grega, é idêntico à palavra hebraica para “rei”, melek ou melech (malik em árabe), aplicado mais de cinquenta vezes a Jeová. A expressão Yahweh Melech, “Jeová é rei”, é encontrada no Salmo 10 e ainda é usada em canções religiosas judaicas.

            O segundo argumento para a identidade antiga de Moloc com Jeová vem da proibição Levítica de sacrifícios infantis: a proibição prova a prática e, neste caso, prova que os sacrifícios foram feitos em nome de Jeová e no santuário de Jeová: “Não entregarás os teus filhos para consagrá-los a Moloc, para não profanares o nome de teu Deus.” (18:21); “Todo filho de Israel, ou estrangeiro que habita em Israel, que der um de seus filhos a Moloc, será morto, [porque] contaminou o meu santuário e profanou meu santo nome.” (20:2-5). Jeremias 7:30-31 confirma que “os filhos de Judá” continuaram “a queimar os seus filhos e suas filhas [...] no Templo no qual o meu nome é invocado, para profaná-lo”. Embora Jeová declare que é “o que eu nunca tinha ordenado e nem sequer pensado”, o próprio fato de um escriba ter escrito isso indica que as pessoas que sacrificaram seus filhos afirmaram que isso foi requirido por Jeová. Na verdade, Jeová é pego mentindo, já que admite a Ezequiel, por volta do mesmo período:

“Dei-lhes então estatutos que não eram bons e normas pelas quais não alcançariam a vida. Contaminei-os com suas oferendas, levando-os a sacrificarem todo primogênito, a fim de confundi-los, de modo que ficasse sabendo que eu sou Jeová.” (Ezequiel 20:25-26).

“Dei-lhes então estatutos que não eram bons e normas pelas quais não alcançariam a vida. Contaminei-os com suas oferendas, levando-os a sacrificarem todo primogênito, a fim de confundi-los, de modo que ficasse sabendo que eu sou Jeová.” (Ezequiel 20:25-26).

Em Êxodo, aprendemos que todo primogênito do sexo masculino, humano ou animal, era originalmente sacrificado no oitavo dia após o nascimento:

“O primogênito de teus filhos, tu mo darás. Farás o mesmo com os teus bois e com as tuas ovelhas; durante sete dias ficará com a mãe e no oitavo dia mo darás.” (Êxodo 22:28-29).

Desde que os animais eram oferecidos a Jeová como holocaustos desde tempos imemoriais, a implicação é que o filho primogênito de cada família judia já tinha sido sacrificado como um holocausto também.

De acordo com o registro bíblico, foi o rei Josias (640-609 a.C.) quem aboliu os sacrifícios de crianças, “para que ninguém mais pudesse passar pelo fogo seu filho ou sua filha em honra de Moloc.” (2 Reis 23:10). Mas, segundo Römer, é apenas na era persa que os sacrifícios humanos se tornaram tabu.15 Eles foram substituídos por oferendas de animais, como aprendemos no Êxodo e no Levítico:

“Todo o que sair primeiro do seio materno é meu: todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado. O jumento, porém, que sair por primeiro do sei materno, tu o resgatarás com um cordeiro; se não o resgatares, quebrar-lhe-ás a nuca. Resgatarás todos os primogênitos dos teus filhos. Não comparecerás diante de mim de mãos vazias.” (Êxodo 34:19-20; reproduzido quase literalmente em 13:11-13 e em Levítico 27:26).16

Como em um palimpsesto {um pergaminho ou papiro cujo texto foi eliminado para permitir a reutilização}, lemos aqui duas coisas: no antigo jeovismo {ou javismo}, o primogênito masculino de humanos e animais era sacrificado a Jeová, enquanto no judaísmo reformado elaborado durante o Exílio, o primogênito masculino de humanos era “redimido” por uma oferta animal.

 

O Senhor dos prepúcios

Foi também na Babilônia que os levitas introduziram a aliança abraâmica da circuncisão:

“Quando completarem oito dias, todos os vossos machos serão circuncidados, de geração em geração.” (Gênesis 17:12).

Nas reformas religiosas, as inovações são apresentadas como a restauração de práticas antigas e perdidas. E assim os levitas introduziram seu novo rito como um mandamento pré-mosaico. Para isso usaram ou inventaram Abraão: como figura nascida na Mesopotâmia e herdada da Terra Prometida, é a personificação do programa da casta sacerdotal exilada na Babilônia.

No jeovismo {ou javismo} pré-exílico, todo primogênito do sexo masculino deveria ser oferecido a Jeová no oitavo dia de sua vida (Êxodo 22:28-29), e no judaísmo pós-exílico, todo recém-nascido do sexo masculino deveria ser circuncidado no oitavo dia de vida. dia. Esse paralelo é um forte indício de que a circuncisão foi introduzida como outro substituto para o sacrifício.

A circuncisão não era uma novidade. Era desconhecida na Mesopotâmia, mas era praticada no antigo Egito em meninos de quatorze anos. A circuncisão de homens pré-adolescentes ou adolescentes também era praticada na Síria, mas não de maneira uniforme: os filisteus, um povo indo-europeu do mundo egeu (eles deram seu nome à Palestina), são chamados de “incircuncisos {isto é, não passar pelo processo de circuncisão equivalia nos costumes a não adorar Jeová, já que os indo-europeus não adoravam Jeová}” na Bíblia: Davi ofereceu duzentos prepúcios de filisteus massacrados para Saul como pedido de noiva para sua filha (1 Samuel 18).

Os ritos de circuncisão praticados na antiga Judéia antes do exílio babilônico provavelmente eram consistentes com as práticas dos povos vizinhos, o que explicaria por que nem sequer é mencionado na aliança mosaica. De acordo com o Livro de Josué, foi somente quando os hebreus se estabeleceram na Terra Prometida de Canaã que “Josué fez facas de pedras e circuncidou os israelitas na Colina dos Prepúcios” (5:3).

O elenco sacerdotal jeovista {ou javista} que legislava sobre a comunidade judaica na Mesopotâmia pode ter valorizado a circuncisão como um marcador de identidade étnica, em uma terra onde ninguém mais a praticava. Mas por que eles introduziriam a novidade radical da circuncisão em bebês recém-nascidos? A continuidade com o antigo rito de sacrificar o primogênito no oitavo dia é uma explicação. Mas eu sugiro uma mais sinistra: pela circuncisão do oitavo dia, a aliança de Jeová não é apenas “marcada na vossa carne [de cada judeu] como uma aliança perpétua” (Gênesis 17:13), ela é impressa nas camadas mais profundas e inalcançáveis da subconsciente, através da castração simbólica e da dor traumática. Diferentemente da criança ou do adolescente, o bebê recém-nascido é incapaz de elaborar qualquer significado positivo para a violência que lhe é praticada e de integrá-la conscientemente como parte de sua identidade. Oito dias depois de sair do ventre de sua mãe – um trauma em si, mas natural –, o que ele precisa é construir uma confiança inabalável na benevolência daqueles que o acolheram neste mundo. O trauma da circuncisão altera sua relação com o mundo de forma profunda e permanente.

Por causa de que os bebês não podem falar, os rabinos que defendem a tradição falam em no lugar deles para minimizar a dor física deles. Mas, de acordo com o professor Ronald Goldman, autor de Circumcision, the Hidden Trauma, estudos científicos comprovam o impacto neurológico da circuncisão infantil, para a qual não é usada anestesia. Alterações comportamentais observadas após a operação, incluindo distúrbios do sono e inibição do vínculo mãe-filho, são sinais de uma síndrome de estresse pós-traumático.17 Durante a cerimônia do brit milá, a mãe é normalmente mantida afastada da cena, e os gritos de agonia do bebê são parcialmente abafados pelos aplausos dos homens – uma mensagem em si. Mas quando as mães as ouvem, elas próprias sofrem traumas duradouros, como pode ser lido na página da web do Circumcision Resource Center “Mothers Who Observed Circumcision”*8: “Os gritos do meu bebê permanecem gravados em meus ossos e assombram minha mente”, diz Miriam Pollack. “Seu choro soou como se ele estivesse sendo destrinchado. Perdi meu leite”. Nancy Wainer Cohen: “Irei para o túmulo ouvindo aquele lamento horrível e me sentindo um tanto responsável.”

É razoável assumir, pelo menos como trabalhando hipótese, que o trauma da circuncisão aos oito dias de idade deixa uma profunda cicatriz psicológica. O abuso por parte de adultos, é sabido, desencadeia na mente de crianças muito pequenas um mecanismo conhecido como dissociação. A dor, o terror, a raiva e a lembrança da experiência serão empurrados para fora da consciência ordinária e formarão, por assim dizer, uma personalidade separada, com vida própria e uma tendência a se infiltrar lentamente na personalidade normal. A ideia da malevolência e perversidade das figuras parentais é tão devastadora que a raiva reprimida será desviada para longe delas – neste caso, para longe da comunidade judaica como um pai coletivo. É exagero supor uma ligação causal entre o trauma da circuncisão do oitavo dia e o fato de que os judeus tendem a ser incapazes de ver o abuso perpetrado contra eles por sua própria comunidade e, em vez disso, veem o resto do mundo como uma ameaça constante? {A questão das lideranças judaicas e suas ações através dos séculos sobre sua própria comunidade é uma questão sinistra e central na própria questão judaica}.

Poderia ser que o trauma da circuncisão do oitavo dia criou uma predisposição especial, uma paranoia pré-programada que prejudica a capacidade dos judeus de se relacionar e reagir racionalmente a determinadas situações? O brit milá (“aliança pela circuncisão”) foi inventado há cerca de vinte e três séculos, como uma espécie de trauma ritual projetado para escravizar mentalmente milhões de pessoas, uma “aliança” inquebrável esculpida em seus corações na forma de um terror subconsciente incurável que pode a qualquer momento ser acionado por palavras-código como “Holocausto” ou “antissemitismo”?

Tem sido sugerido que os traumas podem ser transmitidos “epigeneticamente”. De acordo com um estudo conduzido sob a direção de Rachel Yehuda no Mount Sinai Hospital em Nova York, “o trauma do Holocausto é transmitido geneticamente” por “hereditariedade epigenética”;18 posso eu sugerir a professora Yehuda que ela agora conduza um estudo sobre a epigenética da circuncisão do oitavo dia?

Baruch Spinoza disse que “somente a circuncisão preservará a nação judaica para sempre”.19 Isso explica a feroz resistência das autoridades judaicas contra todas as tentativas de bani-lo, desde o imperador romano Adriano (117-138) até o recente projeto de lei islandês,*9 condenado por organizações judaicas europeias como “antissemita”. Deve ser dito que a oposição contra a circuncisão infantil muitas vezes vem de judeus esclarecidos. Abraham Geiger (1810-1874), um dos fundadores do judaísmo reformado na Alemanha, defendeu o abandono desse “rito bárbaro e sangrento”. Mas, nesta questão como em todas as outras, são sempre “os elementos mais etnocêntricos – pode-se chamá-los de radicais – que determinaram a direção da comunidade judaica e finalmente ganharam o dia” (Kevin MacDonald).20 Para proteger seu rito sangrento de críticas, ativistas judeus conseguiram normalizá-lo na Inglaterra e na América do Norte de 1840 a 1960, sob razões médicas fraudulentas*10 – uma demonstração incrível de seu poder sobre a civilização cristã.

Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander

 

Notas

*6 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Retired General of USA: AMERICA TAKING OUT 7 COUNTRIES IN 5 YEARS. STARTING WITH IRAQ:..

https://www.youtube.com/watch?v=iY96Z5Mqn40 

11 Nota de Laurent Guyénot: Seymour Hersh, The Samson Option: Israel’s Nuclear Arsenal and American Foreign Policy, Random House, 1991, página 141, citado em Michael Collins Piper, Final Judgment: The Missing Link in the JFK Assassination Conspiracy, American Free Press, 6ª edição - ebook 2005, página [56] 117. 

12 Nota de Laurent Guyénot: David Ben-Gurion e Amram Duchovny, David Ben-Gurion, In His Own Words, Fleet Press Corp., 1969, página 116. 

13 Nota de Laurent Guyénot: John Meyendorff, Byzantine Theology: Historical Trends and Doctrinal Themes, Fordham University Press, 1974. 

14 Nota de Laurent Guyénot: Ariel David, “Jewish God Yahweh Originated in Canaanite Vulcan, Says New Theory,” Haaretz, 11 de abril de 2018, em haaretz.com.

https://www.haaretz.com/archaeology/.premium.MAGAZINE-jewish-god-yahweh-originated-in-canaanite-vulcan-says-new-theory-1.5992072 

*7 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: A Holocaust of Biblical Proportions, por Laurent Guyénot, 11 de novembro de 2019, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/a-holocaust-of-biblical-proportions/ 

15 Nota de Laurent Guyénot: Thomas Römer, The Invention of God, Harvard UP, 2015, páginas 137-138. 

16 Nota de Laurent Guyénot: Números 18: 15-17 declara resgatável o “primogênito de um animal impuro” (impróprio para consumo), mas proíbe resgatar “o primogênito de vaca, ovelha e cabra”, que são destinados ao consumo dos levitas . 

17  Nota de Laurent Guyénot: Ronald Goldman, Circumcision, the Hidden Trauma: How an American Cultural Practice Affects Infants and Ultimately Us All, Vanguard, 1997. 

*8 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: http://www.circumcision.org/mothers.htm 

18 Nota de Laurent Guyénot: Tori Rodrigues, “Descendants of Holocaust Survivors Have Altered Stress Hormones,” Scientific American, 1º de março de 2015, em www.scientificamerican.com . 

19 Nota de Laurent Guyénot: Benedict de Spinoza, Theological-political treatise, capítulo 3, §12, Cambridge UP, 2007, página 55. 

*9 Fonte utilizada por Laurent Guyénot: celand drops proposed circumcision ban, por David Rosenberg, 30 de abril de 2018, Israel National News.

http://www.israelnationalnews.com/news/245193 

20 Nota de Laurent Guyénot:  Kevin MacDonald, Cultural Insurrections: Essays on Western Civilizations, Jewish Influence, and Anti-Semitism, The Occidental Press, 2007, páginas 90-91. 

The Devil's Trick: Unmasking the God of Israel, por Laurent Guyénot, 17 de maio de 2020, The Unz Review – An alternative media selection.

https://www.unz.com/article/the-devils-trick-unmasking-the-god-of-israel/

Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).

Entre seus livros estão:

LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.

Jésus et Jean Baptiste : Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.

Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.

Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.

Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.

La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.

La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.

JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.

Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.

Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.

“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.

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Relacionado: sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:

Êxodo recorrente: Identidade judaica e Formação da História - Por Andrew Joyce, Ph.D., {academic auctor pseudonym}

Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (parte 2 na sequência do próprio artigo)

Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber

Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber

Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen

Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal

Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}

Raízes do Conflito Mundial Atual – Estratégias sionistas e a duplicidade Ocidental durante a Primeira Guerra Mundial – por Kerry Bolton

Ex-rabino-chefe de Israel diz que todos nós, não judeus, somos burros, criados para servir judeus - como a aprovação dele prova o supremacismo judaico - por David Duke

Grande rabino diz que não-judeus são burros {de carga}, criados para servir judeus - por Khalid Amayreh

Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir

Congresso Mundial Judaico: Bilionários, Oligarcas, e influenciadores - Por Alison Weir

Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber


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