| Ron Keeva Unz |
Carl Degler e In Search of Human Nature
Como expliquei[8]
naquele artigo:
Os escritos de Stoddard focavam-se principalmente em história e política, mas sua visão de mundo foi moldada pelas ideias de seu mentor, Madison Grant, uma figura extremamente influente nas teorias raciais, eugenia e esforços de conservação natural.
Embora formado em direito, Grant nunca atuou na área e, em vez disso, ganhou fama com a publicação, em 1916, de seu livro The Passing of the Great Race, que defendia a divisão das populações europeias em três raças principais: nórdicas, alpinas e mediterrâneas, sendo que a primeira desempenharia o papel preponderante na história mundial e na criação de civilizações dinâmicas. Críticos do final do século XX, como Stephen Jay Gould, de Harvard, denunciaram o livro como a obra mais influente da América em “racismo científico” e observaram que Adolf Hitler havia escrito uma carta a Grant, na qual ele o descrevia como sua “Bíblia.”
| {Madison Grant (1865-1937) foi um advogado americano que produziu influente trabalho sobre a questão racial.} |
A antropologia americana inicial era fortemente dominada por racialistas anglo-saxões, e as ideias de Grant eram amplamente difundidas nesse campo. Baseando-se numa visão de mundo darwiniana, esses cientistas geralmente se concentravam nas diferenças raciais físicas e psicológicas, certamente incluindo aquelas dentro da população branca, e frequentemente se alinhavam a movimentos políticos que visavam restringir drasticamente a imigração em larga escala, especialmente do sul e leste da Europa. Eles também tendiam a ser de direita ou apolíticos em suas visões.
O campo ideológico oposto no início da antropologia foi, em grande parte, criação de um imigrante judeu-alemão chamado Franz Boas, que tinha fortes visões políticas de esquerda. Ao se tornar professor de antropologia na Universidade de Columbia em 1899, ele começou a questionar veementemente as noções existentes de raça e diferenças raciais, concentrando-se muito mais em explicações culturais do que biológicas para o comportamento de diferentes sociedades humanas.
Naqueles dias, antes da descoberta do DNA, a classificação de diferentes grupos raciais dependia fortemente de medidas físicas, sendo o formato do crânio um meio fundamental para separar as populações europeias nas supostas raças nórdica, alpina e mediterrânea. A maior conquista inicial de Boas foi seu estudo pioneiro de 1911, que demonstrou que os grupos europeus que imigraram para a América mudavam rapidamente o formato de seus crânios, aparentemente devido a mudanças na dieta ou outros fatores ambientais, transformando-se, assim, em um grupo racial diferente – uma descoberta surpreendente que chocou a maioria de seus colegas cientistas.
Quando eu li esse relato pela primeira vez, eu fiquei extremamente cético quanto a tal resultado, desde que sabemos que o formato do crânio é determinado predominantemente por fatores genéticos, e não pela dieta ou pela exposição solar. De fato, parece que as conclusões de Boas eram inteiramente falsas,[9] e possivelmente mesmo fraudulentas, embora talvez involuntariamente, sendo produto de seu zelo ideológico em desmascarar dogmas raciais existentes. Ao longo dos anos, diversas fraudes de grande repercussão no campo da antropologia vieram à tona, quase todas pertencentes a um lado específico do espectro ideológico. Talvez o exemplo recente mais famoso seja o de Margaret Mead, discípula de Boas, e seu best-seller sobre os costumes sexuais de Samoa.[10]
A partir de sua base na Universidade Columbia, Boas começou a formar um grande número de doutores em antropologia, e seus ex-alunos logo fundaram novos departamentos por todo o país, gradualmente direcionando todo o campo para sua perspectiva muito menos hereditária sobre o comportamento humano. No final da década de 1920, eles haviam conquistado a vantagem sobre seus rivais acadêmicos nesse conflito institucional oculto, e uma estrutura darwiniana para a compreensão do comportamento humano havia sido amplamente expulsa das ciências sociais acadêmicas. Mesmo a noção básica de raça biológica — antes quase universalmente aceita — tornou-se um tema muito menos debatido, com cada vez menos acadêmicos se concentrando nas diferenças entre grupos humanos, muito menos entre brancos europeus.
A vitória da antropologia boasiana tornou-se avassaladora por volta da época da Segunda Guerra Mundial, e por décadas subsequentes, qualquer noção de aplicar o darwinismo à compreensão da atividade humana ficou confinada às margens da academia. Essa situação só começou a mudar em meados da década de 1970 com a ascensão da sociobiologia, e os mapeamentos em larga escala do genoma humano no final do século finalmente começaram a restaurar a raça ao seu devido lugar, próximo ao centro da antropologia. Muitos dos herdeiros intelectuais de Boas resistiram ferozmente a esse renascimento de uma estrutura darwinista e hereditária, às vezes por meios impróprios. Uma séria fraude científica[11] que está no centro do influente livro de Stephen Jay Gould, The Mismeasure of Man, é um exemplo notório disso.
A fascinante estória dessa luta oculta, que durou décadas, pelo controle da antropologia e sua relação com o darwinismo é contada de forma muito eficaz no livro de Carl Degler, de 1991, In Search of Human Nature, que traz o subtítulo descritivo “The Decline and Revival of Darwinism in American Social Thought {O Declínio e o Renascimento do Darwinismo no Pensamento Social Americano}.”
Como ex-presidente da Associação Histórica Americana, ganhador do Prêmio Pulitzer, Degler certamente possuía credenciais acadêmicas estelares para a tarefa. Por décadas, ele foi um forte defensor das causas feministas e antirracistas, abraçando firmemente o modelo “culturalista” da história humana. Como ele explicou tanto em seu prefácio quanto em uma entrevista posterior, ele iniciou sua investigação partindo do pressuposto de que a vitória boaziana havia ocorrido principalmente com base em fatos científicos objetivos. Mas seus anos de pesquisa em arquivos o levaram, por fim, à conclusão de que os motivos haviam sido, em sua maioria, ideológicos, e que a maior parte das evidências sempre apontou para o contrário.
O {The New York} Times deu ao seu importante livro a posição de destaque em sua seção de Resenhas de Livros dominical,[12] com uma resenha muito favorável de quase 3.000 palavras. Isso incluía uma entrevista anexa na qual o acadêmico reconheceu que seus colegas de longa data lamentariam “que Carl Degler, que passou todo esse tempo escrevendo contra o racismo e o sexismo, tenha se convertido ao outro lado”. Apesar de sua mudança para o campo sociobiológico, quando ele morreu um quarto de século depois, o obituário do Times[13] o homenageou com a manchete “Carl N. Degler, defensor acadêmico dos oprimidos na América, morre aos 93 anos”.
Infelizmente,
a posição do livro de Degler na lista de mais vendidos da Amazon é tão
extremamente baixa que eu suspeito que poucos ocidentais convencionais estejam
cientes de suas importantes conclusões.
{Carl Degler (1921-2014) foi um acadêmico americano que identificou as distorções doutrinárias corrompendo os estudos étnicos nos EUA.}
Um
dos autores subsequentes que mais se baseou nessa pesquisa foi Kevin MacDonald,
e, juntamente com inúmeras outras obras, o livro de Degler tornou-se uma fonte
importante para o capítulo sobre a revolução científica boasiana contido em The Culture of Critique, publicado
originalmente em 1998.
Essa
última obra é extremamente conhecida em certos círculos ideológicos, mas
infelizmente foi retirada da Amazon há alguns anos, sendo agora muito mais
difícil de adquirir. No entanto, uma cópia completa do livro está disponível
neste site em formato HTML, e eu recomendo sua discussão muito mais detalhada e
abrangente sobre essa dramática mudança boaziana na moda científica.[14]
Tradução
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
[8] Fonte utilizada por Ron Keeva Unz: White Racialism in America, Then and Now, por Ron Keeva Unz, 05 de outubro de 2020, The Unz Review – An Alternative Media Selection.
[9] Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: Boas, Bones, and Race, por Charles Fergus, 30 de abril de 2003, The
Pennsylvania State University.
https://news.psu.edu/story/140739/2003/05/01/research/boas-bones-and-race
[10] Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: NEW SAMOA BOOK CHALLENGES MARGARET MEAD'S CONCLUSIONS, por Edwin McDowell,
31 de janeiro de 1983, The New York Times.
https://www.nytimes.com/1983/01/31/books/new-samoa-book-challenges-margaret-mead-s-conclusions.html
[11] Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: Race, IQ, and Wealth - What the facts tell us about a taboo subject, por
Ron Keeva Unz, 18 de julho de 2012,
[12] Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: Dangerous Thoughts . . ., por Richard A. Shweder, 17 de jarço de 1991, The New York Times.
https://www.nytimes.com/1991/03/17/books/dangerous-thoughts.html
[13] Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: Carl N. Degler, Scholarly Champion of the Oppressed in America, Dies at 93,
por Sam Roberts, 10 de janeiro de 2015, The
New York Times.
[14] Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: The Culture of Critique - An
Evolutionary Analysis of Jewish Involvement in Twentieth-Century Intellectual
and Political Movements, Kevin MacDonald, 1998.
https://www.unz.com/book/kevin_macdonald__the-culture-of-critique/
Fonte: American Pravda: Twelve Unknown Books and Their Suppressed Racial Truths, por Ron Keeva Unz, 17 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.
https://www.unz.com/runz/american-pravda-twelve-unknown-books-and-their-suppressed-racial-truths/
Sobre o autor: Ron Keeva Unz (1961 -), de nacionalidade americana, oriundo de família judaica da Ucrânia, é um escritor e ativista político. Possui graduação de Bachelor of Arts (graduação superior de 4 anos nos EUA) em Física e também em História, pós-graduação em Física Teórica na Universidade de Cambridge e na Universidade de Stanford, e já foi o vencedor do primeiro lugar na Intel / Westinghouse Science Talent Search. Seus escritos sobre questões de imigração, raça, etnia e política social apareceram no The New York Times, no Wall Street Journal, no Commentary, no Nation e em várias outras publicações.
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