segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Esquecendo Eric Hobsbawm (09/06/1917 – 01/10/2012) – Por Alex Kurtagić

Artigo publicado pelo autor  originalmente em 2014.

Alex Kurtagić

Eric Hobsbawm finalmente morreu há exatos dois anos. Ele era um escritor marxista, apologista de Stalin, propagandista comunista e mentiroso profissional, que aumentou seus lucros como um historiador acadêmico. Profusamente abrasado pela classe política, pela mídia e por intelectuais de esquerda da Grã-Bretanha e obscenamente recompensado pelos seus trabalhos, ele foi descrito na imprensa britânica como “nosso maior historiador”.

Eric Hobsbawm nasceu em Alexandria, no Egito. Seu pai, Leopold Percy Obstbaum, era um mercador do Oeste de Londres de ascendência judia polonesa. Sua mãe, Nelly Grün, veio de uma classe média de origem judia austríaca. Leopold já alterou seu sobrenome para Hobsbaum quando Eric nasceu, mas um erro de registro resultou em uma alteração posterior para Hobsbawm.

Em 1919, a família, que era pobre, mudou-se para Viena, Áustria, e mais tarde mudaram-se para Berlim, Alemanha. Durante todo este tempo seus pais falavam com ele em inglês.

Seu pai faleceu em 1929 e sua mãe, em 1931, altura em que ele e sua irmã mais nova, Nancy, foram adotados por sua tia materna, Gretl. Foi durante este período, enquanto vivia em Berlim, que se tornou um comunista, principalmente para ter um “sentido de viver em algum tipo de crise final”.

Quando Hitler se tornou Chanceler em 1933, eles encontraram asilo na Grã-Bretanha, onde Eric foi matriculado na escola de gramática St. Marylebone. A generosidade britânica foi estendida a ele ao ser premiado com uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge. Ao invés de ser grato, todavia, um Eric jovem e estúpido se sentiu superior e quis misturar-se somente com intelectuais. “Eu recusei todos os contatos com a pequena burguesia suburbana que eu naturalmente considerava com desprezo”[1]. É claro.

Na verdade, seu desprezo se estendeu a sua própria família. David Pryce-Jones, ao rever a longa autobiografia de Hobsbawm, fez observações finais sobre seu “afastamento das emoções comuns”.

Seus pais e sua vida triste o deixaram indiferente. Seus tios e tias são descritos aqui com um destacamento frio, livre de qualquer gratidão pelo que fizeram. Ele também tinha uma irmã, mais jovem que ele, de quem ele diz brevemente, “Ela não partilhou meus interesses ou minha vida, cada vez mais dominada pela política”. Em outro lugar no livro, esta irmã é descrita como “uma matrona de país anglicano demonstrativamente convencional e ativista do partido conservador”[2].

Na Universidade de Cambridge, ele obteve um PhD em História. Infelizmente, como era esperado, ele também manteve as más companhias: como membro dos Apóstolos de Cambridge, uma sociedade secreta intelectual dentro da Universidade que era, na época, dominada pelos marxistas. Na sua frente foram incluídos comunistas como Guy Burgess e Anthony Blunt, que também eram amantes homossexuais, bem como Leonard Long e John Peter Astbury, todos traidores de seu país que espionavam para a União Soviética. Outros membros da rede de espionagem de Cambridge na década de 1930 e amigos do acima exposto, foram Kim Philby e Donald McLean[3]. Quando os traidores foram desmascarados muitos anos depois, amigos de Hobsbawm o exoneraram, exceto que ele posteriormente colocou em dúvida suas negações quando, em idade avançada, usou a Lei de Proteção de Dados para ler os arquivos do MI5 sobre ele, querendo saber quem tinha o denunciado. Uma frase reveladora, se houver qualquer coisa.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele lutou contra Hitler, arriscando sua vida como membro do Royal Engineers (Real Corpo de Engenharia do Exército Britânico) e do Royal Army Educational Corps (Real Corpo de Educação do Exército Britânico). Ou melhor – ele ajudou a treinar jovens britânicos destinados à frente de batalha, enquanto ele permaneceu em segurança na ilha. Não que teria sido muito diferente se ele tivesse o que realmente queria: como um comunista declarado e ativo, o exército tinha limitado uso dele.

Em 1946, juntamente com E. P. Thompson, Christopher Hill, Rodney Hilton, Dona Torr, George Rudé entre outros, ele formou o grupo de historiadores do partido comunista. Hill passou dez meses na União Soviética de Stalin, em 1935, e sua intenção de ser a Cadeira de História da Universidade de Keele tinha sido rejeitada devido sua afiliação ao Partido Comunista. Hilton socou o camponês medieval pelo moedor da teoria marxista. Dona Torr, membro fundador do PCGB, era envolvida com propaganda tendenciosa. Rudé veio de antecedentes conservadores, mas tinha caído de amores pela URSS de Stalin, e retornado um ardoroso comunista, que garantiria em breve que ele fosse excluído das universidades britânicas. Com Thompson, Hobsbawm ajudou a lançar a revista “Past and Present”, a qual engajou-se na história revisionista com estilo Marxista.

Em 1947, ele foi autorizado a lecionar história no Birkbeck College, uma “fortaleza” da Esquerda[4]. E de 1949 até 1955, ele foi premiado com uma bolsa de estudos no King’s College, Cambridge; para conseguir isto, tudo o que ele teve de fazer era estar num círculo de colegas na universidade [5]. No Birkbeck, ele se tornou revisor em 1959, professor em 1970, professor emérito em 1982, e finalmente presidente em 2002. No tempo decorrido ele foi eleito Membro Estrangeiro Honorário da Academia Americana de Artes e Ciências (1971) e garantiu uma bolsa na Academia Britânica (1978). Em cima disso, os Estados Unidos concederam-lhe um visto sem problemas, e desde os anos 60 este declarado comunista era permitido a ensinar regularmente na Universidade de Stanford, na Califórnia. Mesmo depois que ele se aposentou, entre 1984 até 1997 ficou hospedado, atuando como professor visitante na New School for Social Research, uma universidade de New York, fortemente influenciada pela teoria crítica da escola de Frankfurt. Em 1998, Tony Blair concedeu-lhe a Ordem dos Companheiros de Honra, uma das mais altas condecorações que é possível conceder a um intelectual britânico[6] (Isto diz muito sobre Blair). Em 2003 foi agraciado com o Prêmio Balzan para Literatura Europeia, no valor de meio milhão de libras esterlinas na época. E sua terceira bolsa foi-lhe dada pela Sociedade Real de Literatura em 2006. Até o fim de sua vida, ele tinha acumulado não menos que vinte graus honorários. Mas, é evidente dizer que esse homem arrogante não estava satisfeito e insistiu que tinham lhe negado promoções justamente devido a ele, girando uma teoria de conspiração de acordo com as quais forças sinistras da burguesia conservadora tinham conspirado para frustrar sua carreira por causa de sua política.

Surpreendentemente, porém não exatamente uma pintura a óleo, Hobsbawm convenceu Muriel Seaman a casar com ele em 1943.  Menos surpreendente, eles se divorciaram após oito anos apenas. Ele posteriormente se casou, e sua segunda esposa, Marlene Schwartz, lhe deu dois filhos: Julia, que se tornou porta voz de imprensa de Tony Blair; e Andy, que se tornou um capitalista e colunista do Financial Times.

Em 1956, quando a maioria dos seus amigos deixou o partido comunista – e, a propósito, todos os seus amigos eram comunistas – em protesto conta a invasão soviética da Hungria, ele se orgulhou e escreveu aprovando a repressão soviética em uma carta datada de 9 de novembro de 1956 e publicada no Communist Daily Worker. Esta carta, escrita quando já era um adulto crescido, com 39 anos de idade, ele posteriormente suprimiu, fingiu que nunca existiu.


Em sua longa e ainda obscura carreira – porque, até a ocasião dos obituários apaixonados impressos em jornais britânicos após sua morte, praticamente ninguém, exceto ‘acadêmicos de esquerda e personagens tolos em jantares londrinos’[7], nunca tinha se ouvido falar dele – Hobsbawm produziu uma enorme quantidade de livros, que ele deixou como a ‘história’ marxista. O fato é que estes tomos mal escritos são um catálogo de mentiras, destinados a eximir de culpa Stalin e o regime comunista soviético.

Em seu livro The Age of Extreme, publicado de 1994, ele deliberadamente minimiza o ataque soviético à Finlândia em 1939-40, dizendo que era apenas uma tentativa de empurrar a fronteira russa para mais longe de Leningrado. Ele também omite qualquer menção do massacre de 20.000 soldados poloneses pela polícia secreta russa em Katyn[8].

Em seu livro de 1997, On History, ele escreveu:
“Frágil como o sistema comunista era, apenas um uso limitado, mesmo mínimo, da força era necessário para mantê-lo de 1957 até 1989[9].”
Imagina-se que os habitantes de Praga, onde os tanques soviéticos rodavam pelas ruas em 1968, teriam uma opinião diferente sobre esse uso “mínimo” da força. Também teriam, presumivelmente, os milhões de artistas, escritores, poetas, intelectuais e pessoas comuns que sofreram ao serem arrebatadas de suas casas e enviadas para os Gulags na Sibéria, onde eles perderam a sua juventude e sua saúde ou desapareceram completamente.

Em sua autobiografia, ele tem uma passagem atacando o “literalmente sem sentido” lema familiar ocidental da Guerra Fria, “Antes morto que vermelho”. Desnecessário seria dizer, que essa é uma inversão de palavras, uma pura invenção. Pacifistas e apologistas soviéticos que cunharam o lema “Antes vermelho do que morto” para persuadir o Ocidente a não se defender com armas nucleares[10].

Naquele mesmo tomo,  ele multiplicou observações eufemísticas como a que a ditadura odiosa da Alemanha Oriental era uma “comunidade firmemente estruturada” e merecedora de crédito porque ele apresentou amostras que não terminaram em execuções[11].

E não só era Hobsbawm um apologista de Stalin, mas ela era um profundo conhecedor da criminalidade stalinista.

Falando em 1994 para o autor Michael Ignatieff sobre a queda do muro de Berlin, cinco anos antes, o historiador foi perguntado como se sentia sobre o seu apoio anterior à União Soviética[12].

Seu entrevistador perguntou,

 “Sendo importante o amanhã radiante que vem sendo criado, a perda de 15, 20 milhões de pessoas pode ser justificada? ” Sem hesitar Hobsbawm respondeu: “Sim”[13].

Claro, é fácil ser um comunista linha-dura quando você vive em uma nação próspera, saudável e tolerante, como o Reino Unido, rodeado por intelectuais comunistas como ele, uma boa parte deles privilegiados com rendimentos privados. Por muitos anos ele teve uma casa de campo no País de Gales na propriedade de Clough Williams-Ellis, um fazendeiro rico e arquiteto barroco cuja esposa Amabel, nascida na família de fama intelectual Strachey, foi um salão comunista[14].

Ele até se deu ao luxo de criticar outros autores, por exemplo, descrevendo George Orwell, ‘como um homem inglês de classe alta chamado Eric Blair’.

Escusado será dizer que, apesar de todos as honrarias, os elogios descabidos e os obituários bajuladores, Hobsbawm irá afundar no ralo da História, para nunca mais ser lido. Porque seus tomos não são história, mas sim propaganda em serviço de uma ideologia assassina; portanto, ele era apenas um escritor – e um corrupto nisso – não um historiador.

{O judeu Eric Hobsbawm, leninista, e distorcedor da História. Talvez o mais difundido autor
para referências históricas no Ocidente, inclusive no Brasil, e através até de jornais como no caso
da biblioteca da Folha de São Paulo que oferece os livros de Hobsbawm. Mais uma vez vemos um
veículo midiático difusor da economia liberal divulgando o trabalho da esquerda e do marxismo.}

Em sua idade avançada, seu rosto era como o retrato de Dorian Gray: cada vez mais desfigurado por seu caráter desagradável e desonestidade, conforme o passar dos anos. Graças a medicina capitalista, no final ficou claro que o seu quadro tinha sustentado ele por muito tempo. Sua malvada ideologia o acompanhou no além-túmulo: no seu funeral tocaram ‘The Internationale’ {o hino comunista por excelência}. Seus restos mortais foram em seguida incinerados e enterrados no cemitério de Highgate, onde também se destaca o túmulo de Marx.

Eric Hobsbawm passará a eternidade no nono círculo do inferno.

 Tradução por Daniel Falkenberg
Palavras entre chaves por Mykel Alexander

Notas


[1] Nota do autor: A. N. Wilson, “Ele odiava a Grã-Bretanha e defendia o genocídio Stanilista. Mas ele é o herói da BBC e do The Guardian. Eric Hobsbawm era um traidor também?” Daily Mail. 02 de Outubro de 2012.

[2] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).

[3] Nota do autor: Veja o comentário de Jonathan Bowden's sobre o círculo de espionagem de Cambridge:

[4] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).

[5] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).

[6] Nota do autor: A. N. Wilson, “Ele odiava a Grã-Bretanha e defendia o genocídio Stanilista. Mas ele é o herói da BBC e do The Guardian. Eric Hobsbawm era um traidor também?” Daily Mail. 02 de Outubro de 2012.

[7] Nota do autor: A. N. Wilson, “Ele odiava a Grã-Bretanha e defendia o genocídio Stanilista. Mas ele é o herói da BBC e do The Guardian. Eric Hobsbawm era um traidor também?” Daily Mail. 02 de Outubro de 2012.

[8] Nota do autor: A. N. Wilson, “Ele odiava a Grã-Bretanha e defendia o genocídio Stanilista. Mas ele é o herói da BBC e do The Guardian. Eric Hobsbawm era um traidor também?” Daily Mail. 02 de Outubro de 2012.

[9] Nota do autor: A. N. Wilson, “Ele odiava a Grã-Bretanha e defendia o genocídio Stanilista. Mas ele é o herói da BBC e do The Guardian. Eric Hobsbawm era um traidor também?” Daily Mail. 02 de Outubro de 2012.

[10] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).

[11] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).

[12] Nota do autor: A. N. Wilson, “Ele odiava a Grã-Bretanha e defendia o genocídio Stanilista. Mas ele é o herói da BBC e do The Guardian. Eric Hobsbawm era um traidor também?” Daily Mail. 02 de Outubro de 2012.

[13] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).

[14] Nota do autor: David Pryce-Jones. “Eric Hobsbawm: lying to the credulous”. The New Criterion 21.5 (2003).




Sobre ou autor: Alex Kurtagić (1970 – ) nasceu na Croácia filho de pais eslovenos. Devido a profissão do pai, viajou e viveu em vários países. Tem fluência em inglês e espanhol, e pratica o francês e alemão. Após completar os estudos nos EUA graduou-se na Universidade de Londres (M.A. entre 2004 – 2005) em Estudos Culturais. Também é músico, desenhista, pintor, escritor e editor (Wermod and Wermod Publishing Group). Seus artigos são publicados nas revistas virtuais The Occidental QuarterlyVdareCounter CurrentsTaki Mag, e American Renaissance.

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