terça-feira, 9 de outubro de 2018

Esquecendo Che Guevara (14/06/1928 – 09/10/1967) – por Alex Kurtagić

publicado originalmente pelo autor em 2014


Alex Kurtagić
            Ernesto “Che” Guevara finalmente morreu há 47 anos. Guevara foi um revolucionário marxista, assassino de massas e guerrilheiro, cuja aparência estilizada tornou-se sinônimo de rebelião da juventude no Ocidente, ao mesmo tempo o símbolo do triunfo e da derrota da ideologia marxista. Até esta data, esquerdistas ocidentais e mesmo a UNESCO continuam a venerar este homem como uma espécie de santo secular.

            Guevara nasceu na Argentina, o mais velho de cinco filhos. Seus pais, Ernesto Guevara Lynch e Célia de la Serna y Llosa, eram de ascendência irlandesa e basca. Infelizmente, esta família de classe média alta também estava encantada com a política esquerdista (uma maneira burguesa de comprar virtude), e seu pai, um firme defensor dos comunistas durante a Guerra Civil Espanhola até abriu a casa da família aos veteranos do conflito, o então jovem Ernestito, que poderia ter sido um médico respeitável, e escritor de viagens bem-sucedido quando crescido, não teve essa chance.

            Se ao menos ele tivesse sido estúpido e um fraco! Mas não. Guevara era brilhante e corajoso fisicamente. Aprendeu xadrez cedo e começou a participar em torneios a partir dos 12 anos. Ele também era um leitor voraz e erudito, gerenciando a acumular ao longo de sua vida milhares de livros, muito louváveis, mas alguns de outros comunistas e até mesmo alguns de Freud. Ele também se destacou como atleta, apesar dos ataques de asma, praticando uma variedade de esportes e ganhando uma reputação como jogador brutal da rugby union. De fato, sua fúria em campo o levou a ser apelidado de Fuser (o furioso Serna). Além disso, ele também gostava de fotografar – uma habilidade abundantemente utilizada mais tarde.

            Em 1948, Guevara se matriculou na Universidade de Buenos Aires. Ele sonhava em se tornar um médico. No entanto, ele também sonhou em explorar o mundo e embarcou em uma série de viagens por toda a América do Sul. Seu cérebro já envenenado de culpa burguesa pela ideologia marxista, o que poderia ter sido uma experiência enriquecedora, em vez disso, transformou-se em um período de ódio. Na sua primeira viagem, em 1950, ele ligou um motor a sua bicicleta e viajou às áreas rurais do norte da Argentina. Em seguida, ele ficou um ano fora da universidade para passar nove meses em uma viagem de 5000 milhas de moto com seu amigo Alberto Granado, seis anos mais velho. O objetivo inicial era passar algumas semanas como voluntário em uma colônia de leprosos no Peru, nas margens do Rio Amazonas, mas a partir daí eles continuaram a viagem através do Equador, Colômbia, Venezuela e Panamá, terminando em Miami, nos Estados Unidos, antes de retornar para casa. Foi neste último trecho que Guevara se convenceu a deixar a medicina. Na mina de Chuquicamata no norte do Chile, ele ficou irado devido as condições de trabalho dos mineiros. No deserto do Atacama, ele se irritou com o desamparado de um casal comunista. E nos Andes, ele ficou irado com a pobreza dos camponeses agricultores. Tudo isso ele culpou ao capitalismo. Ele veio conceber que a América Hispânica devia se tornar uma terra sem fronteiras, tendo sua libertação através de uma revolução armada. Por outro lado, seu amigo mais velho e mais construtivo, embora de acordo de com seu ponto de vista inflexível, passou a desfrutar de uma carreira de mérito como um médico, cientista e bioquímico, abraçando mais postos de prestígio do que ele pudesse ter feito de bom, equipando a Cuba com um exército de médicos bem treinados e sendo co-fundador da Sociedade Cubana de Genética, da qual ele serviu como seu primeiro presidente. Em suma, ele usou sua inteligência e experiência para melhorar a vida de multidões.

            Mas Guevara não seguiu este bom exemplo. Logo que obteve seu diploma em 1953, partiu para uma terceira viagem, desta vez para Bolívia, Peru, Equador, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Em dezembro, ele estava na Costa Rica, atravessando os “domínios” da United Fruit Company. Lá, ele estava irritado mais uma vez pelas práticas desta gigante corporação americana e, adotando um jeito de caçador, jurou sobre o retrato de Stalin que ele não descansaria até que os tentáculos do imperialismo americano fossem esmagados.




            Agora, a United Fruit Company, que tinha operações na região e era especialista em frutas tropicais (bananas em particular), tinha um histórico em xeque. Por um lado, ela construiu ferrovias e fundou inúmeras escolas. Por outro lado, ela tomou as vastas porções de terras não cultivadas e impediu o governo local de construir autoestradas para manter seu monopólio de comércio. A empresa foi frequentemente castigada por intelectuais e ativistas de esquerda.

            Nessa época, Jacobo Árbenz foi presidente da Guatemala, tendo sido eleito com promessas de “reforma agrária”. Sua interpretação da reforma agrária, no entanto, significava expropriar porções de terra não cultivadas de grandes empresas e dá-las aos camponeses sem-terra. O limiar de área mínima não era grande: 2,7 km² ou uma milha ao quadrado. Compensação não devia ser conforme o valor de mercado, mas de acordo com a declaração do imposto de renda de 1952, que foi uma maneira inteligente de garantir o pagamento mínimo, sem argumentos e não sob a forma de pagamento em dinheiro, mas em títulos de 25 anos com 3% de juros, o que significava uma perda líquida. Guevara certamente gostou da ideia e assim foi a Guatemala, para “aperfeiçoar-se” e tornar-se um revolucionário completo.

            Enquanto estava na Cidade da Guatemala, conheceu Hilda Gadea Acosta, uma economista peruana e líder comunista com contatos que achava útil. Ela lhe apresentou a vários funcionários de alto nível do governo Árbenz e de exilados cubanos, ligados à Fidel Castro. Foram eles que o apelidaram de “Che”, em referência ao seu uso frequente do termo (o equivalente argentino para “cara” ou “mano”). Para fazer face às despesas, Guevara procurou um estágio de médico, mas sem sucesso. Ninguém o queria, e ele viveu na penúria. Pouco tempo depois, o governo Árbenz teve a entrega de um carregamento de armas da Tchecoslováquia comunista, que foi observado pela CIA. O governo de Eisenhower tomou uma posição contra ter um cabeça fraca comunista na Guatemala, então Árbenz foi retirado e um liberal pró-americano instalou-se em seu lugar. Depois que Árbenz se escondeu na embaixada mexicana, Guevara foi chamado para a resistência. Isto foi documentado. No entanto, logo que a camarada Gadea foi presa ele se enfurnou na embaixada argentina, onde ele permaneceu até conseguir um salvo-conduto para que ele pudesse fugir para o México. Uma vez lá, casou com a camarada Gadea.

            Esses eventos confirmam a visão de Guevara sobre os Estados Unidos como uma potência imperialista. Nenhuma grande novidade. Ainda, eles adicionaram combustível ao seu ódio, e quando ele deixou a Guatemala, tinha absoluta certeza de que o marxismo armado e violento era o caminho a seguir. De alguma forma, Guevara, campeão dos pobres, optou por não notar que comunismo já tinha empobrecido e semeado a morte de milhões em toda Eurásia, e apesar de ser um rato de biblioteca, posteriormente também decidiu não tomar conhecimento do romance de Alexander Solzhenitsyn, One Day in the Life of Ivan Denisovich, que estava disponível a partir de 1963 em três traduções diferentes e podia ter-lhe ensinado uma coisa ou outra sobre o paraíso dos trabalhadores. Para ele, Lenin e a psicanálise freudiana faziam muito mais sentido.

            Enquanto esteve no México, realizou vários trabalhos. Trabalhou no Hospital Geral, foi docente da Universidade Autônoma do México e foi empregado como um fotógrafo de notícias para a Latina News Agency. Ele estava tão perturbando com a pobreza ao seu redor, que numa paroxística busca de virtude, tão cultural no pensamento da classe média profissional de colarinho branco, foi para a África para ajudar os pobres de lá. Infelizmente, teria sido melhor ele ter as carnes putrefatas de malária nas florestas equatoriais, ou como beneficiário de dardos envenenados dos pigmeus mbuti, Guevara preferiu, em vez disso, renovar sua amizade com os comunistas cubanos exilados. Em 1955 ele conheceu Raúl Castro, que o apresentou ao seu irmão Fidel. Os dois atingiram uma amizade instantânea, e no final da noite Guevara foi inscrito como membro do Movimento 26 de Julho de Castro, determinado a ajudar a derrubar o governo liberal de Batista, apoiado pelos EUA, em Cuba. Guevara se submeteu ao treinamento de guerrilha com tal zelo furioso que, até o final do curso, ele tinha passado todos os guerrilheiros, deixando Alberto Bayo, seu instrutor, estupefato e admirado.

            Inicialmente, Guevara era para ser um médico de campo, mas uma vez que o tiroteio começou, ele abandonou seus suprimentos médicos e pegou uma caixa de munição caída de um camarada em fuga. O guerrilheiro comunista estava nascendo.

            Durante a revolução, Guevara exibiu imensa energia e ousadia. Chegando a beirar imprudência, mas ambos os seus camaradas e, pelo menos em uma ocasião também seus adversários, temeram sua superioridade máscula. Infelizmente, ele parecia ter a capacidade de dobrar o espaço em torno dele, porque as balas teimosamente escapavam de sua anatomia. Guevara também virara professor e passava as horas ociosas lendo clássicos e poesia lírica para seus camaradas. Pérolas para os porcos, obviamente, para qualquer um que dê uma olhada num guerrilheiro marxista latino americano – ou apenas comunistas bandidos em geral, em qualquer lugar. Da mesma forma, organizou escolas para elevar a alfabetização entre os camponeses nas montanhas, apenas para que pudesse mais facilmente doutrina-los com O Capital.

            Uma área em que Guevara verdadeiramente se distinguiu foi em lidar com aqueles que encontravam maneiras mais confortáveis para encher a barriga, ou porque aqueles o que percebiam o mal da ideologia marxista, e foram considerados traidores. Havia pouco que Guevara gostava mais do que de caçá-los e fuzila-los na hora, às vezes se aventurando a deixá-los puxar o gatilho. Só precisamos ler um único relato clinico sobre o primeiro incidente para compreender a vida sem sentido deste homem. Recordando a cena em que um guia do exército camponês, Eutimio Guerra, admitiu sua traição, implorando que sua vida fosse liquidada rapidamente, Guevara escreveu:
            “Eu acabei com o problema dando-lhe um tiro com uma pistola calibre 32 no lado direito do cérebro, com orifício de saída no lobo temporal direito. ”
            Um movimento sociopata exige um líder sociopata, então não é novidade, a metodologia de Guevara provou ser eficaz.

            E isso não foi tudo: Guevara ainda teve tempo de ter uma amante, enquanto sua esposa o esperava no México. Naturalmente, isso acabou em divórcio. Assim encontramos aqui novamente o padrão habitual dos fanáticos da esquerda radical: um amor sem limites para a humanidade abstrata, relacionamentos disfuncionais em casa.

            No fim, não através de proezas militares, mas por covardia de Batista, Guevara chegou à Havana. O Batista corrupto tinha até então já pousado em segurança na República Dominicana, com os bolsos pesados com 300 milhões de dólares, e empanturrados com 2000 vidas da revolução. Seis dias mais tarde, Castro adentrou na cidade.

            Reconhecendo os talentos de Guevara, Castro nomeou-o comandante da fortaleza-prisão La Cabaña. Mas não antes de instituir a pena de morte: era hora para execuções sumárias, ou melhor, o assassinato em massa, porque não houve o devido processo e o escopo nem foi aberto. Guevara, é claro, se destacou em seu novo posto. E para o deleite do seu movimento, a população estava latindo de todo coração por sangue, e aprovava os ex-funcionários da ditadura de Batista em linha defronte os esquadrões de tiro de Guevara. Entre aqueles que foram assassinados estava Rigoberto Hernandez, um ex-zelador de 17 anos de idade, com dificuldades de aprendizagem, que foi baleado devido ser um “agente plantador de bombas da CIA”. Claramente, Guevara se considerava um Robespierre latino-americano. Ao longo do tempo, o número de assassinados, lá e em outros lugares, chegaria bem próximo aos cinco dígitos.

            Guevara foi então enviado para os países do Pacto de Bandung. Enquanto no Japão, o hipócrita assassino ousou escrever: “A fim de combater melhor para a paz, é preciso olhar para Hiroshima”. Quando ele voltou, encontrou Castro com maior poder político, assim, o real motivo de sua missão diplomática na distante Ásia tornou-se aparente.

            Além de seu Reino de Sangue, Guevara também implementou a “reforma agrária”. Ele treinou um exército de 100.000 homens, a fim de alcançar este objetivo a ponto de bala. Grandes posses foram apreendidas com compensação mínimas, rompidas e distribuídas aos agricultores de subsistência. Mais ou menos como Robert Mugabe{guerrilheiro e político do Zimbábue} tinha feito em sua parte do mundo.

            Mas nós temos que dar a Guevara algum crédito, porque durante este período inicial da ditadura militar de Castro, ele juntamente com as milícias de expropriação, brigadas organizadas de alfabetização, conseguiu aumentar a taxa de alfabetização na ilha que era entre 60% a 76% para 96%. Ao mesmo tempo, temos que nos perguntar, para que? Porque ele, o inimigo da classe média, também instituiu políticas de admissão racistas para as universidades, priorizando a cor de pele mais qualificações, e fez o ensino superior universal para que todos os jovens tivessem a ideologia marxista, o igualitarismo radical, e o materialismo dialético pulsante em seu cérebro.

            Embora totalmente sem qualificação ou experiência em serviços bancários ou de negócios, e totalmente ignorante dos princípios econômicos mais elementares, Guevara foi colocado no comando da economia cubana, nomeado por Castro como Ministro das Indústrias, Ministro das Finanças e Presidente do Banco Nacional (Para mostrar o seu desdém para o dinheiro, ele assinava as notas do banco como “Che”). Resultado? Ele rebaixou a economia. Produtividade despencou. Absenteísmo disparou. Investidores ocidentais fugiram. E a ilha tornou-se dependente das fracas economias do bloco comunista.

            Guevara não só destruiu a economia cubana, ele também quase destruiu o planeta. Ele foi o arquiteto da relação soviético-cubana. Isto eventualmente desencadeou a crise dos mísseis cubanos, quando os soviéticos trouxeram para a ilha mísseis balísticos com ogivas nucleares. A crise trouxe o mundo à beira de um confronto termonuclear. No final, a União Soviética retirou os mísseis, e uma linha direta nuclear foi criada entre Washington e Moscou. Guevara, no entanto, ficou enfurecido, e disse em uma entrevista para um jornal comunista britânico sem importância, que se os mísseis estivessem sob o controle de Cuba, Castro teria lançado todos eles. Para ele, pela utopia socialista valeria a pena perder “milhões de vítimas da guerra atômica”. Este é o pietista que apenas três anos antes tinha dito para olhar Hiroshima para a paz.

            Nos anos que se seguiram, Guevara se imaginava um “estadista revolucionário de estatura mundial”. Nas Nações Unidas, vestido com uniforme militar, ele lançou uma rapsódia crítica, entronizando a igualdade e canonizando os fracos. Ele não era Jonathan Bowden {ativista político britânico nacionalista}, mas recebeu uma ovação arrebatadora. Em Nova Iorque, ele conheceu Malcolm X, é claro. E a partir de Paris, ele partiu em uma turnê que incluía as comunistas China, Coréia do Norte, e em partes da África Equatorial. Ele parou na Irlanda, mas talvez de forma reveladora, temia que seus antepassados poderiam ter sido ladrões.

            Demorou até 1965 antes de Guevara finalmente encerrar suas aparições públicas, embora, infelizmente, não por escolha própria. Ele fez um discurso em Argel, na Argélia, onde ele se queixou que a União Soviética não era marxista suficiente. Cuba era dependente do apoio financeiro da União Soviética, de modo que Castro não achou graça nenhuma. Embaraçosamente, a visão de Guevara aproximou-se à de Mao Tsé-Tung. Na verdade, ele foi um apoiador moral e entusiasta do “Grande Salto Adiante” de Mao (1956-1961), uma política fundada na coerção, terror e violência sistemática, o que, segundo o historiador Frank Dikötter, motivou uma das maiores execuções em massa da história humana.

          Apesar dos resultados catastróficos e de 18 a 45 milhões de mortos na China nessa época, Guevara desejava o “Grande Salto Adiante” para a América Latina.

            Mas mesmo um relógio quebrado está certo duas vezes por dia, e a previsão de Guevara que as repúblicas soviéticas voltariam ao capitalismo foi cumprida, de fato mais de que porque o comunismo não funciona do que a União Soviética que não era comunista o suficiente.

            De qualquer forma, parece que Castro pode ter apertado o torniquete, porque depois de Argel, Guevara desapareceu da vista do público. Isso alimentou a especulação ociosa de intelectuais de esquerda e literatos. Eventualmente, Guevara fez a coisa certa e abriu mão de todos os seus cargos no governo, de sua condição de membro do partido, e até mesmo de sua cidadania cubana.

            No entanto, nada de bom resultou disso: a sede de sangue de Guevara permaneceu insaciada, e assim, ele usou sua liberdade reconquistada para ir brincar de Tarzan no Congo. Ele deixou a esposa e os filhos para trás. Por um tempo, ele e um grupo heterogêneo de afro-cubanos colaboraram com os guerrilheiros de Laurent-Desiré Kabila, esperando que a violência iria se espalhar através das fronteiras internacionais, mas ficou desiludido com a falta de disciplina, intransigência, incompetência e liderança corrupta (o que é uma surpresa). Além disso, embora ele esperasse permanecer oculto, os americanos sabiam exatamente onde estava e tudo o que ele estava fazendo, pois eles interceptavam todas as suas informações a partir de uma base flutuante. Depois de sete meses, ele estava completamente desmoralizado, então ele pediu a seus companheiros sobreviventes para navegarem de volta para Cuba, com a intenção de permanecer na floresta e lutar até a morte sozinho. Era a melhor opção que tinha, já que manter-se em um emprego e ser pai de seus cinco filhos era tão desagradável. No entanto, e como ele admitiu, a fraqueza prevaleceu. Ele retornou em novembro de 1965.

            Ele sabia que não poderia voltar a sua antiga vida em Cuba. Castro tinha lido a carta de despedida de Guevara, que havia sido redigida para caso morresse. Portanto, Guevara foi primeiro para a Tanzânia e, em seguida, a Praga, antes de viajar por toda a Europa Ocidental para testar seu passaporte falso. Ele também viajou de volta para Cuba, ainda que brevemente e apenas para abandonar sua família para o bem dela.

            Em 1966, em local ainda desconhecido, Guevara esteve em Moçambique. Ele ofereceu seus serviços para a Frente de Libertação de Moçambique, mas o movimento de Modlane desprezou a oferta, forçando o guerrilheiro sedento por violência a buscar mortes em outros lugares.

            Foi assim que ele terminou na Bolívia, em cujas montanhas, ele organizou uma guerrilha, com o objetivo de derrubar o governo de René Barrientos. No entanto, os agricultores locais lhe deram pouca atenção e informaram as autoridades do governo. Guevara pensava que teria facilidade, no pressuposto de que o exército boliviano era desleixado e mal treinado. Em vez disso, ele encontrou-os disciplinados e bem equipados: sem que ele soubesse, os americanos estavam novamente um passo à sua frente, e vinham treinando e fornecendo as forças armadas bolivianas. Eles ainda tinham um batalhão de rangers {especialistas em luta de selva} treinados em guerra na selva. Enquanto Guevara forçava algumas pequenas escaramuças, ele foi ferido e capturado em pouco tempo. Em um esforço para salvar sua pele, o canalha suplicou-lhes para não o matar, argumentando que ele valia mais vivo do que morto. Mas Barrientos pensou o contrário e rapidamente mandou a ordem. O sargento Mario Terán ansiosamente se ofereceu para puxar o gatilho.

            O que aconteceu depois nos faz pensar o que poderia ser, se Guevara tivesse apenas conhecido o Tradicionalismo e escapado do veneno do dogma marxista, porque no fim é preciso reconhecer que, uma vez encurralado, pelo menos, o patife encontrou seu destino como homem. Terán entrou na cabana onde Guevara estava sendo mantido, e ordenou que os outros soldados saíssem. Guevara se levantou e disse: “Eu sei que você veio me matar. Atire. Faça”. Terán apontou o rifle para ele, mas sua hesitação irritou Guevara, que gritou: “Atire em mim, covarde! Você só está matando um homem”. Terán pulverizou-o com balas, mandando embora da Terra esse infeliz.

            Vale a pena ressaltar o tipo de pessoas que elogiaram Guevara como um herói: Nelson Mandela, Susan Sontag, Frantz Fanon, Jean-Paul Sartre, Ariel Dorfman e Stokely Carmichael. Só isso já diz tudo.

            Desde a década de 60, Guevara tornou-se um sinal odioso de idiotice esquerdista e consciência de moda. A ironia é que muitos daqueles que vestem uma camisa do Che ou tem pendurado no quarto um cartaz do Che sabem quase nada sobre seu ídolo além do fato de que ele era um guerrilheiro marxista – e que talvez seus pais conservadores não gostavam dele. Ainda mais irônico, é a sua glorificação de Guevara na forma de mercadoria de fato, ser feito com os símbolos de sua derrota, pois o comodato desta imagem representa, se alguma coisa, o triunfo do capitalismo americano.



            Assim, Guevara representa uma lição do que acontece quando um homem, que nasceu com boas qualidades, torna-se, por meio de azar e maus pais, um avatar do Senhor das Trevas. O libertador foi, tanto um escravo como um escravizador, pois todo comunismo era uma forma de servidão para algo pior. Por último, a cosmovisão materialista de Guevara também era sintomática de sua escravização por matéria morta, e desse modo deve servir nos exércitos dos mortos.

Tradução por Daniel Falkenberg



Sobre ou autor: Alex Kurtagić (1970 – ) nasceu na Croácia filho de pais eslovenos. Devido a profissão do pai, viajou e viveu em vários países. Tem fluência em inglês e espanhol, e pratica o francês e alemão. Após completar os estudos nos EUA graduou-se na Universidade de Londres (M.A. entre 2004 – 2005) em Estudos Culturais. Também é músico, desenhista, pintor, escritor e editor (Wermod and Wermod Publishing Group). Seus artigos são publicados nas revistas virtuais The Occidental QuarterlyVdareCounter CurrentsTaki Mag, e American Renaissance.


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