Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 8
Desde as negociações em relação a Al’Arish {ou Alarixe,
província egípcia}, Herzl e seus agentes tinham mantido contato com o governo
inglês. O projeto para efetuar uma colonização no Protetorado do Leste
Africano parecia não ter sido uma inteira surpresa. No “Jewish Chronicle” de julho de 1903, ele
foi sugerido por Robert T. Yates. Ele {o projeto de colonização do Leste
Africano} foi, contudo, de nenhum modo procurado pelos líderes sionistas, mas
ele foi espontaneamente oferecido para o Dr. Herzl por Joseph Chamberlain, após
a visita deste na África do Sul depois do encerramento da Guerra dos Boers. Em
uma carta oficial do Ministério de Relações Exteriores, datada de 14 de agosto
de 1903, Clement Hill escreveu para L. J. Greenberg em relação a “forma de um
acordo no qual as propostas do Dr. Herzl devessem ser incluídas entre o governo
de Sua Majestade e o Jewish Colonial Trust, Ltd, para o estabelecimento de
um assentamento no leste da África.” Hill foi dirigido pelo Marquês de
Lansdowne para dizer:
“Que ele tem estudado a
questão com o interesse no qual o governo de Sua Majestade deve sempre
assumir qualquer bem-considerado esquema para a melhoria da posição da raça
judaica... se um lugar pode ser encontrado no qual o Trust e os comissários
de Sua Majestade considerem adequados e no qual recomende ele aos seu governo,
Lord Lansdowne irá ser preparado para entreter propostas favoráveis para o
estabelecimento de uma colônia ou assentamento judaico em pequenas condições as
quais irão habilitar os membros observar os costumes nacionais deles... os
detalhes do esquema compreendendo como sua principal questão a concessão de uma
considerável área de terra, o apontamento de um oficial judeu como o chefe da
administração local, e permissão para a colônia ter uma mão livre em relação a
legislação municipal como a gestão de questões religiosas e puramente
domésticas, tal autonomia local sendo condicionada sobre o direito do governo
de Sua Majestade exercer o controle geral.”
O
projeto do oriente africano e o Sexto Congresso
O Sexto Congresso se aproximava sem uma sombra para
pressagiar a tempestade que estava vindo. Foi realizado na Basiléia entre 23 e
28 de agosto de 1903. É verdade que em 22 de agosto uma reunião preliminar foi
convocada, na qual o Partido do Governo foi severamente criticado por Alfred
Nossig, que pediu “educação nacional” como sendo mais importante e de
necessidade mais imediata que a aquisição de território; mas tal crítica em
parte da oposição era esperada. Embora a base de representação tinha sido
aumentada para 200 shekels por contribuinte, não menos que 592 delegados e mais
de 2,000 espectadores estavam presentes.
O anúncio de Herzl de sua entrevista com Von Plehve criou uma sensação
entre os delegados russos, especialmente entre aqueles de tendências socialistas;
enquanto a oferta feita pelo governo britânico foi recebido com sentimentos
muito variados. Em seu discurso Herzl distintamente disse: “A África
oriental, de fato, não é Sião e nunca poderá se tornar”; e em um eloquente
discurso Max Nordeau falou de um tal possível assentamento como “cenas das
profundezas”. A fração democrática como um todo foi contra a proposta,
como foram a maioria dos delegados russos. Os sentimentos se exaltaram
muito, e chegou a ameaçar até de interromper a reunião. A proposição ante o
congresso era que uma comissão devia ser enviada para examinar o território na
África oriental, e que antes de um voto final devesse ser tomado sobre os
méritos da questão, um especial congresso deveria ser convocado para este
propósito. Depois de vários dias de argumento uma votação foi feita a qual
mostrou 295 afirmativas contra 178 negativas, 90 retendo completamente seus
votos. Esta votação representou a visão do congresso não quanto a conveniência
de aceitar a oferta do governo britânico, mas meramente como para o adequado
espírito no qual tão generosa uma oferta deve ser recebida e sobre as
necessidades políticas do momento. No entanto, foi assumida tendo um
significado muito mais amplo; e embora um piloto foi apenso à resolução
proibindo o uso de qualquer shekel {dinheiro} ou qualquer propriedade do Trust
para o propósito da expedição, os membros russos do Actions Committee e um
número de delegados persistiram em não compreenderem o propósito da votação e
criaram uma demonstração ao deixarem publicamente o congresso.
A
Comissão Oriental Africana
A proposta do oriente africano atuou como um atiçador
de brasa no campo sionista. Ela ameaçou dividir o partido em duas metades
opostas, e reuniões de protestos e discussões foram realizadas em todos os
lugares. O mal-entendido não diminuía. Por um lado, alguns grupos na
Romênia foram tão longe como para iniciar as preparações para África Oriental;
e um especial aviso tinha de ser emitido pela Actions Committee. Por outro
lado, a inibição colocada sobre o dinheiro sionista para os propósitos da
comissão causou um longo atraso na formação e expedição deste organismo. Em
setembro de 1903, a Jewish Colonization Association foi solicitada a arcar com
metade dos gastos da comissão; e ela consentiu em fazer isso no entendimento
que qualquer assentamento feito no oriente africano deveria ser somente na
maneira de colonização simples, e não deveria ter caráter político qualquer
que fosse. Isso exigiu a retirada do pedido, a maior parte das despesas
da comissão sendo posteriormente suportadas por amigos cristãos do movimento.
Foi também notado que uma forte oposição se manifestou na própria África
Oriental. O Lorde Delamere, o alto comissário, enviou um telegrama de protesto
(“Times”, Londres, 28 de agosto), o
qual foi endossado pelo Lorde Hindlip e Sir Harry H. Johnston (02 de setembro);
o último, contudo, mudou sua posição posteriormente (“Die Welt,” 1904, página 42). O sentimento popular tinha sido tão
aumentado entre os judeus que em 19 de dezembro de 1903, um estudante russo de
mente doentia, Haim Selik Loubai, fez um atentado contra a vida de Max Nordau
no baile sionista dado em Salle Charras em Paris.
Simultaneamente com Sexto Congresso Geral foi
realizado na Palestina o primeiro congresso judaico. Foi organizado e
liderado por Usishkin. Setenta delegados e sessenta professores compareceram na
colônia Zikron Ya’akob. Ele foi destinado a ser um mini congresso da
Basiléia.
Uma organização foi fundada, a qual todos os judeus na
Palestina deveriam pertencer se estivessem acima de dezoito anos de idade e
pagar um franco por ano. Os delegados deveriam se encontrar uma vez por
ano, escolhidos por grupos de cinquenta, para o propósito no qual a Palestina
fosse dividida em seis seções:
1 Jerusalém, Hebron,
Mozah, e Artuf.
2 As colônias ao redor de
Ramleh
3 Jaffa e Petah Tikwah.
4 Nazaré, Tiberias, e as
colônias nas vizinhanças.
5 Hudairiyah, Zikron
Ya’akob e Haifa.
6 Safed e as colônias
galileias.
Era para ser uma comissão de ações de vinte e três
membros e um comitê extra, palestino, contendo representantes do corpo de
Odessa, do Jewish Colonization Association, da Alliance Israélite, do Esra, e o
Barão Edmond Rothschild. Não é conhecido que a organização foi aperfeiçoada ou
se ela ou seus comitês realizaram encontros posteriores.
O
levantar do territorialismo
Os membros russos do Actions Committee quando
retornaram para o lar não estavam inativos. Em outubro de 1903, a maioria deles
realizou uma conferência secreta em Kharkof, na qual eles resolveram enviar um
comitê para Viena para exigir de Herzl uma promessa escrita para desistir do
projeto do Leste Africano antes da convocação do Sétimo Congresso, e em sua
capacidade como como um líder dos Sionistas a não se engajar em nenhum outro
projeto territorial. Era para ele
prometer também formalmente trabalho na Palestina e a aquisição de terra lá e
na Síria com o dinheiro do Fundo Nacional. Uma organização do Actions
Comittee russo foi encarregada para a ordem de dar um maior peso nas
deliberações sionistas. Se Herzl se recusasse a cumprir as promessas
demandadas, os russos iriam se abster de enviar mais contribuições para Viena e
iriam iniciar uma ativa propaganda contra o Partido do Governo. Foi nesta
conferência que se inventou o nome “Territorialismo.” Esta indubitável ação
revolucionária por parte de muitos membros do maior Actions Committe, residente
na Rússia, foi recebida com uma explosão de protestos das organizações
sionistas através do mundo, algumas das quais vieram de São Petesburgo, Odessa,
Varsóvia e Baku. A delegação da Conferência de Kharkof, consistindo de A. A.
Belkowsky, S. J. Rosenbaum, e W. J. Temkin, foi para Viena e reuniram uma
sessão da maior Actions Committee em 11 de abril de 1904. Tudo foi feito para
convencer os membros russos não somente da ilegalidade da posição que eles
assumiram, mas também da falta de fundamento do medo deles que ou Herzl ou o
Actions Committee tinham se desviado um milímetro da plataforma da Basiléia; e
as resoluções da Conferência de Kharlof foram permitidas passar sem ação.
A
morte de Herzl
Eles estavam, contudo, deixando uma indelével marca sobre
o movimento sionista como um todo. A oposição para a oferta proposta do governo
inglês em muitos lugares transformou-se em oposição contra o presidente do
congresso. Ele foi amargamente atacado, notavelmente pelo Haham M. Gaster de
Londres, e ele sentiu-se profundamente exposto na posição a qual ele tinha sido
colocado. Através de um tempo os cuidados do grande movimento sionista tinham
agora pesado muito sobre ele. No Sexto Congresso ele tinha reclamado que suas
forças físicas estavam desiguais para a tarefa, e que uma afecção do coração
fez o grande trabalho mais difícil que do que caso contrário teria sido. Ainda
ele foi incansável em seus trabalhos. Em 11 de outubro de 1903, o Rei da Itália
recebeu o rabino S. Margulies de Florença para tratar interesses do sionismo, e
em 25 de janeiro seguinte Herzl teve uma audiência tanto com o Rei como com o
Tittoni, o Ministro de Assuntos Estrangeiros italiano. Nesta ocasião ele viu
também o Papa e o Cardeal Merry del Val. Em 3 de julho de 1904 Herzl deu seu
último suspiro, um mártir para a causa judaica. Não há dúvidas que as
discussões e deturpações consequentes da proposta do oriente africano agravaram
a doença que lentamente dominou seu corpo. Talvez o único estadista judeu
dos tempos modernos que tinha devotado ele mesmo ao serviço de seu povo, ele
tinha feito mais que qualquer única pessoa ou grupo de pessoas para dar a causa
dignidade e deixa-la em pé. Ele tinha sido capaz de unir divergentes interesses
e variadas opiniões sobre fatores fundamentais comuns. Sua fascinante
personalidade e seu tato diplomático tinha feito dele o porta-voz de seus
irmãos. Ele tinha encontrado a questão judaica numa posição filantrópica e na
melhor das hipóteses de agricultura. Ele a deixou em posição econômica e
diplomática. Qualquer que tenha sido seu mérito como um literato alemão (e isto
foi testemunhado mais abundantemente em sua morte), como um edificador dos
ideais judaicos e um libertador de seu povo da servidão mental e moral, ele
está quase como único nos anais judaicos.
A morte de Herzl naturalmente criou consternação dentro
do corpo sionista. Ele tinha unido tanto em sua própria pessoa que ele assumiu
muito dos pesos que outros deveriam ter suportado com ele. A questão de seu
sucessor como presidente da Actions Committee e como presidente do congresso
naturalmente preocupava todas as mentes. Em 16 de agosto de 1904, um encontro
na Actions Committee maior foi convocado para assumir as questões da
organização, e na 17ª conferência anual foi realizado. Uma comissão adicional
para as menores Actions Committe foi eleita, consistindo de Nordau, Wolfssohn,
Katzenelensohn, Warburg, Tschlenow, Usishkin, Alexander Marmorek, Bodenheimer,
e Grennberg, embora nenhuma provisão para tal comissão estava contida na
constituição. Em 18 de novembro de 1904, uma delegação sionista consistindo de
N. Katzenelensohn, J. Jasinowsky, Tschelenow, e Belkowsky, tiveram uma
entrevista com Sviatopolk-Mirsky, o novo Ministro Russo do Interior; e em 4
e 5 de dezembro o Dr. N. Bodenheimer e outros, representando o Actions
Committee, compareceu em um encontro em Frankfurt sobre o Main para o propósito
de regular a emigração de judeus da Rússia. Em janeiro de 1905, o Actions
Committee maior novamente sentou em Viena, e foi resolvido legalizar o National
Fund em Londres sob o controle do Jewish Colonial Trust. Os sionistas
russos, entretanto, começaram a armarem-se eles mesmos para a batalha a qual
foi prevista que iria se levantar no Sétimo Congresso. Em 14 de janeiro de
1905, uma conferência de quarenta e sete pessoas foi realizada em Wilna, a qual
foi decidido que “no que se refere a visão a qual considera possível
realizar o objetivo final do sionismo em um outro país que a Palestina, é
concordado que tal visão é oposta a ambos ideal histórico do sionismo e à
plataforma da Basiléia.”
A
questão do Guas Ngishu Plateau
A East-African Commission of Inquiry {Comissão de Inquérito da África Oriental} a qual tinha sido enviada em 25 de dezembro de 1902, depois do comitê de nove membros apontado pelo congresso daquele ano tinha examinado o projeto na Europa, era composta pelo Major A. St. H. Gibbons, professor Alfred Kaiser, e o engenheiro M. Wilbusch. O governo britânico tinha proposto deixar a delimitação do assentamento judaico proposto para a comissão e às autoridades na África Britânica Oriental. Herzl, contudo, preferiu que o governo devesse oferecer um território definitivo, o qual ele comunicou depois ao Auto Comissário. Este território é conhecido como Guas Ngishu Plateau, cobrindo “uma área de 6,000 milhas quadradas, com fronteira ao norte através de uma linha paralela à linha do Equador, e o ponto de partida do qual é o Keremkie, um afluente do rio Kerio, o qual flui para o lago Rudolf. No oeste é delimitado pela linha do meridiano, o qual é para ser contado desde a montanha Kissmchanga ao Equador, e o qual termina nas colinas Maragolia. No sul a linha de fronteira é tão longa quanto o principal declive do então chamado Vale da Fenda, a grande depressão do oriente africano, é formada pela linha do Equador, da qual marca a linha de fronteira oriental é desenhada quase devido ao norte ao longo da escarpa Elgeyo tão longa como o acima mencionado rio Keremkie.” O relato da comissão foi apresentado ao Actions Committee em 16 de maio de 1903, e tem sido impresso como um Livro Azul Sionista em inglês e alemão (Londres, 1905). As opiniões dos membros da comissão foram divididas; mas em geral o território oferecido foi considerado ser insuficiente para um grande número de colonos judeus, e por estar mais propenso para pastagem do que para agricultura.
Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander
Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 10
Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.
Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4
Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.
Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).
Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:
https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil
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