quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 11

  Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 10

Richard James Horatio Gottheil


Trabalho educacional

            Em sua influência espiritual e intelectual sobre o povo judeu o sionismo tem especificamente e em muitas formas influenciado a vida judaica. A educação tem sido um dos principais objetos em vista. Assim, no distrito ao redor de Yelisavetgrad {atualmente Kropyvnytsky, uma cidade pertencente ao óblast de Kherson na Ucrânia} fundou-se cerca de quarenta e oito hadarim {escola primária para fins de ensinamento da tradição judaica} modelos; e estabeleceu-se salas de leitura, cursos noturnos, e coisas do gênero. Em 1903 os sionistas fundaram uma escola em Temir Khan Shusa no Daguestão, e a escola nacional para garotas (Bet ha-Sefer) em Jaffa recebe uma subvenção anual da sociedade. O mesmo é verdade da Livraria Central Judaica (Abarbanel Library, ver Jewish Encyclopedia, volume 1, página 27) fundada por um sionista ardente, Joseph Chazanowicz, de Byelostok. Um completo programa para uma universidade judaica foi elaborada por Buber e Weizman e publicada pela Jüdischer Verlag (Berlim, 1901). Em Paris a Université Populaire Juive deve sua existência à sociedade sionista de lá, liderada por Alexander Marmorek; e a as salas Jewish Toynbee em Viena (aberta em 2 de dezembro de 1900), Brünn, Hamburgo, Lemberg, Amsterdam, e Tarnopol têm similar origem.

            Em tentativa para estimar o efeito da sublevação {upheaval no original em inglês} não deve ser esquecido que, embora ele tendeu a consolidar esforços anteriores em várias direções, e para criar novos esforços em linhas muito similares, o movimento próprio foi meramente o ponto culminante de um desenvolvimento anterior. Ele trouxe à tona o Renascimento Judaico e forneceu um canal no qual as várias atividades deste renascimento pode fluir e encontrar uma expressão concertada. Isto é visto, por exemplo, nas organizações estudantis na Áustria e parcialmente na Alemanha.

 

Sociedades estudantis judaicas

            Mesmo ante o surgir do antissemitismo no antigo país, tão cedo como em 1882, estudantes judeus em Viena, da Rússia, Galícia, e Romênia, tinham se abandonados juntos para o propósito de conservar o sentimento judaico e a estimada literatura judaica. Perez Smolenskin deu a esta sociedade seu nome, “Kadimah,” a qual, significa ambos “para frente” e “para o leste”, indicando a direção de sua atividade. A “autoemancipação” de Pinsker tornou-se sua Bíblia, e seu interesse prático foi alistado na colonização da Palestina. Seu primeiro anúncio em hebraico e alemão no quadro negro da universidade criou consternação; Ele foi fortemente oposto pela grande massa dos judeus de Viena, mas a despeito disto continuou a promover o avanço físico e mental de seus membros. Os ordinários “Burschenschaften,” {Fraternidades} “Corps,” {Corpos} e “Landsmanschaften” {Compatriotas} gradualmente se tornaram “Judenrein,” {Judeu puro} sob forte pressão de fora, mesmo indo tão longe como para declarar os estudantes judeus indignos de satisfação pelo duelo. A resposta por parte dos estudantes judeus foi a formação de novas sociedades: em 1892 a “Unitas” para estudantes vindos da Morávia, e a “Ivria” para estudantes do norte da Morávia e Silésia (reorganizada em 1894); em 1895, a “Libanônia,” primeiro para os alunos de veterinária e, mais tarde, para os alunos em geral; em 1897, o “Bar Kochba” para os procedentes da Galiza, onde foram instituídos cursos de hebraico; e em 1898 o “Maccabaea” para estudantes técnicos e o “Bar Giora” para estudantes dos países eslavos do sul. A “Rede-und Lesehalle Jüdischer Hochschüler” {Sala de leitura e discurso para estudantes judeus} e a “Vereinigung der Zionistischen Finkenschaft an der Wiener Universität” {Associação de corpo discente livre Sionista da Universidade de Viena} estão abertas a todos os visitantes. Em outras universidades e escolas secundárias, sociedades semelhantes foram fundadas, por exemplo, o “Ferialverbindungen” {Conexões de férias}: o “Emunah” em Bielitz, o “Astra” em Kanitz, o “Massada” em Viena, os “Severitas” em Loschitz. A estas também deve ser adicionado o “Veritas” em Brünn, o “Charitas” em Graz, o “Kolko Akademickie” em Kolomea, o “Hasmonea” e “Zephirah” em Czernowitz, o “Bar Kochba” em Praga, o “Przedsnt” (“Ha-Shaḥar”) em Cracóvia, a “Associação Acadêmica” em Yaroslaw, a “Makkabaea” em Breslau, a “Hasmonae” em Berlim, a “Herzl” em Königsberg, a “Sociedade Sionista” na Universidade de Columbia, Nova Iorque, e a “Associação de Estudantes Judeus de Zionah” em Giessen. Em várias ocasiões, as reuniões gerais dos delegados dessas sociedades têm sido mantidas, por exemplo, o “Zionistische Studententag” {Dia do Estudante Sionista} em Lemberg em 25 de julho de 1899, e o “Studententag” {Dia do estudante} em Viena, 30 de junho de 1903 e em junho de 1905. Em geral, consulte “Ost und West,” 1901, página 415; Albert M. Friedenberg, “Zionist Studies,” página 23, Nova Iorque, 1904.

 

Sociedades de Ginástica

            Ao longo do tempo linhas similares foram fundadas em um grande número de “Turnvereine” (sociedades de ginástica), as quais tinham como objetivo o desenvolvimento dos músculos judaicos e o fortalecimento da consciência judaica na geração em ascensão. O movimento nesta direção começou mesmo antes do Primeiro Congresso Sionista, tendo sido tal sociedade fundada em Constantinopla no ano de 1894. Ele recebeu um grande apoio moral do espírito nacional engendrado pela propaganda sionista, e o impulso exterior para a formação de tais sociedades separadas foi dado pela exclusão dos estudantes judeus da “Bundesgenossenschaft” de ginastas na Áustria e da acadêmica “Turnvereine” na Alemanha. Foi neste último país que estas sociedades judaicas foram mais agudamente atacadas, notavelmente por um judeu, Rathenau, e pelo “Kölnische Zeitung.” O corpo governamental do “Jüdische Turnerschaft” na Alemanha respondeu o ataque (2 de setembro de 1903) a fim de assegurar ao público que não existia nada antigermânico na ação deles. Em seguida o “Kölnische Zeitung” e o “Frankfurter Zeitung” mudaram em certa medida a atitude deles; mas o “Allgemeine Zeitung des Judenthums” esperou que tais “extravagâncias” não poderiam ser colocadas na porta dos judeus alemães; enquanto o “Mittheillungen zur Abwehr des Anti-Semitismus” {Notificações sobre  defesa ao antissemitismo} enfrentou o movimento com unhas e dentes, olhando sobre ele somente como um meio de propaganda sionista. Por outro lado, semanários judeus tais como o “General Anzeiger” de Berlim, o “Israelitisches Familienblatt” de Hamburgo, e o “Israelitisches Gemeindeblatt” refletiram os sentimentos de uma parte da comunidade judaica ao acolher de coração o novo movimento. Conforme mostra o quadro a seguir, o trabalho da “Turnvereine” tem crescido rapidamente, e no Terceiro Congresso da Basileia, em 1899, uma exibição pública foi dada pelas sociedades de Berlim, Colônia, Freiburg, Mannheim, Mährisch-Ostrau, Prossnitz, Ungarisch-Hradisch, e Viena, e uma segunda “Turnertag” judaica foi realizada em Berlim em 23 e 24 de abril de 1905. O “Bar Kochba” de Berlim tem imprimido uma coleção de canções (“Vereins Liederbuch”), e desde 1902 tem publicado mensalmente o “Jüdische Turnzeitung.”


            Em adição, há sociedades (cujas datas de fundação não são conhecidas) em Hanover, Frankfurt sobre-o-Main (“Jung-Juda”), Brünn, Bern, Samokoff, Bazardjik, Dunitza, Cracóvia, e Lemberg.

            Em acordo com as bases democráticas da organização sionista, as mulheres têm desde o início sido admitidas a terem voz e voto no congresso. Isto tem ocasionado a formação de um grande número de sociedades de mulheres, as quais trazem nomes como “Benoth Zion” (Iași, Sofia, Nova Iorque), “Hadassa” (Viena, Brăila, Nova Iorque), “Jehudith” (Brünn), “Moria” (Viena), “Zion” (Lviv), “Jüdisch Nationale Frauen Vereninigung” (Frankfurt sobre-o-Mein). O trabalho destas sociedades é de um caráter social, educacional e literário.

 

Influência na literatura

            A inspiração que o Sionismo tem dado para o avanço do renascimento judaico moderno é vista em várias direções. De suas fileiras têm vindo a maioria daqueles estudantes de corpos vigorosos, escritores, poetas, pintores, e escultores que têm feito tanto para fazer o desenvolvimento artístico moderno disponível para a vida judaica (ver Buber no “Protocolo fhe Fifth Congress,” páginas 151 e seguintes). Não somente tem o cultivo da linguagem hebraica estado em maior proeminência no programa deles, mas especialmente o avanço da arte com uma distinta inclinação judaica. Ephraim Moses Lilien, Lesser Ury, Judah Epstein, e Herman Struck têm trabalhado a linha e cor; Frederic Beer, Henryk Glitzenstein, Alfred Nossig, e Boris Schatz em mármore e bronze. Em 1901 Alfred Nossig, Davis Tritsch, Buber, Feiwel, e Lilien inauguraram a Jüdische Verlag em Berlim, a qual tem tentado substituir os não elegantes trabalhos de impressão de tempos anteriores pelos os fabricantes de livros de estilo artístico. Além de estar publicado um “Jüdischer Almanach” e o “Jüdische Statistik,” ela tem impresso um número de volumes altamente artísticos lidando com a moderna arte e literatura judaica. A Jüdischer Künstler Verlag Phoenix (1902) em Berlim possui sua origem no mesmo círculo, assim como também o Jüdischer Künsler Aestehetik em Varsóvia.

 

Imprensa Sionista

            Um dos mais potentes fatores da propaganda sionista tem sido sua imprensa. Somente uns poucos dos velhos jornais judaicos estavam inclinados frente ao novo movimento, por exemplo, “Ha-Meliz” e “Ha-Zefirah” na Rússia, o “Jewish World” na Inglaterra, o “Corriere Israelitico” na Itália, o “Jewish Exponent” na Filadélfia, e o “Jewish Comment” em Baltimore. O “Jewish Chronicle” de Londres, embora editorialmente desfavorável, tem sempre dado a mais vasta publicidade para as notícias sionistas e a correspondência relacionada ao movimento.

            Por outro lado, a maioria dos semanários judaicos têm se mostrado eles mesmos mais ou menos violentamente hostis, especialmente o “Voskhod” em São Petesburgo, o “Allgemeine Zeitung des Judenthums” em Berlim, “Bloch’s Wochenschrift” em Viena, e o “The American Israelite” em Cincinnati. Tornou-se, portanto, necessário para a sociedade criar uma própria imprensa sua. Em 1898 Theodor Herzl fundou o “Die Welt,” o qual ele conduziu a seu próprio custo até o Quinto Congresso da Basiléia oficialmente aceito como o órgão do partido. Simultaneamente cresceu um grande número de periódicos sionistas em hebraico, yiddish, espanhol-judaizado, alemão, francês, inglês, italiano, russo, romeno, búlgaro, árabe, etc. Muitas destas são publicações oficiais dos territorialistas sionistas e outras organizações, por exemplo, o “Maccabaean,” da Federação de Sionistas Americanos; “L’Echo Sioniste,” da Federação Francesa; “Israelitische Rundschau” (Berlim), da União Sionista Alemã; “Israel’s Messenger,” dos Sionistas de Shangai. Dos outros somente uns poucos podem ser mencionados: “Der Jüdische Arbeiter” (Viena); “Jüdische Zukunft” (Londres); “Zionisthsche Monatshefte” (Genebra); “Jüdische Post” (Pittsburg); “Ha-Mizpah” (Cracóvia); “Ha-Shahar” (Sofia); “Ha-Shiloah” (Berlim); “Degel Mahaneh Yehudah” (Iași); “Buduschnost” (São Petesburgo); “El Dia” (Plovdiv), “Idea Sionista” (Ferrara); “El-Misrayim” (Cairo). “Ost und West” (Jüdischer Verlag, Berlim) é a primeira tentativa de um jornal judaico artístico; e no “Schlemiel” o judeu – talvez pela primeira vez – recusa-se a levar ele mesmo seriamente. “Unsere Hoffnung” (Viena) é uma publicação juvenil sionista.

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 12


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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