domingo, 22 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 6

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 5

Richard James Horatio Gottheil


Atitude cristã

            Por outro lado, a atitude do mundo cristão frente ao sionismo tem sido em aproximadamente todos casos uma de cordial atenção; em alguns lugares, mesmo uma de promoção ativa. Enquanto aqueles dos mais importantes jornais que estavam em mãos dos judeus ou acordaram o movimento com escassa atenção ou foram absolutamente silenciosos (o vienense “Neue Freie Presse,” do qual Herzl foi editor de folhetim, nunca mencionou a palavra “sionismo” enquanto Herzl viveu), os outros grandes diários do mundo livremente abriram as colunas deles para as notícias do movimento, assim como também fizeram as revistas mensais e trimestrais na Inglaterra e Estados Unidos (por exemplo “Contemporary Review,” “Nineteenth Century,” “Forum,” “Fortnightly Review,” “North American Review,” “International Review,” e “Century”). Em outubro de 1897, o londrino “Daily Chrnonicle” e o “Pall Mall Gazette” publicamente aceitou o programa sionista e advogou a convocação de um congresso geral europeu. Muitos cristãos, é verdade, foram levados para tal caminho por esperanças religiosas de um retorno messiânico dos judeus para a Palestina e a possível conversão deles lá; embora o germânico “Allgemeine Missions Conferenz” declarou que “o sionismo não vai acelerar a conversão de Israel, mas vai atrasar ela” (“Nathaniel,” 1901). Outros, todavia, tinham um sincero desejo de avançar esta tentativa na autoajuda judaica.

            Em adição para aqueles mencionados acima que têm estado ativamente engajados em um projeto ou outro, há um grande número que pela voz deles e de outra forma tem encorajado o sionismo. No início de 1885 o professor K. Furrer da Universidade de Zurique estimulou os judeus russos a trabalharem para a colonização da Palestina pelos judeus; e em 1904 o Secretário John Hay dos Estados Unidos declarou numa entrevista que o sionismo era em sua opinião bastante consistente com o patriotismo americano. O Grande Duque de Baden em 4 de agosto de 1899, proferiu estas palavras para o Dr. A. Berliner: “O movimento é importante e merece vigorosa assistência.” O pintor prerafaelita Holman Hunt foi um dos primeiros a saudar a proposta de Herzl em Londres (1896) com amigável assistência. Ele tinha feito o mesmo (1905) para Israel Zangwill e os territorialistas {judeus que consideravam territórios alternativos fora da Palestina para fundarem o Estado judaico}. O reverendo W. H. Hechler de Viena tinha sido um constante participante no congresso, e tinha sido de real assistência em outras direções. O professor F. Heman de Basel, autor de “Das Aufwachen der Jüdischen Nation” (Basiléia, 1899), também merece menção, pois ele vê no sionismo uma força conciliatória, trazendo judeus e cristãos próximos um do outro. Entre aqueles que têm publicamente pronunciado eles mesmos em favor do sionismo devem ser mencionados Leon Bourgoius, o Primeiro Ministro da Romênia Stourdza, Barão Maxim Manteuffel, Bertha von Suttner, Felix Dahn, Karl Peters, Professor T. A. Masaryk, Björnstjerne Björnsen, Rider Haggard, Hall Caine, Maxim Gorki, e o professor Thomas Davidson. O filósofo Edward von Hartmann, todavia, é da opinião que o sionismo joga a favor dos antissemitas, e August Rohling em seu “Auf nach Zion” (1901) deu de fato cor para esta ideia; mas a conferência de políticos antissemitas em Hamburgo no ano de 1899  o  declarou {o antissemitismo} necessário para opor ao movimento {sionista}, uma vez que ele desperta a simpatia pelos judeus entre a população cristã. A Faculdade de Teologia da Universidade de Genebra colocou como assunto para o prêmio de ensaio do ano de 1905 o tema “Le Sionisme et Ses Aspirations Actuelles.” A coleção de opiniões tem sido publicada por Emil Kronberger, “Zionisten und Christen,” Leipizg, 1900 e por Hugo Hoppe, “Herrvorragende Nichtjuden über den Zionismus,” Koninsbergh, 1904.

 

A “Kultur-frage”

            Embora o número de pagantes sionistas em shekel {moeda judaica} tenha aumentado largamente ano após ano, a oposição esboçada acima tinha, com dificuldades, diminuído, exceto no caso daqueles cujo porta vozes tinha sido Lucien Wolf. Uma grande seção da judiaria ortodoxa ainda vê no sionismo, ou melhor, nos seus promotores um perigo para os estabelecido costume e ritos consagrados pelo tempo, a despeito do fato que uma específica resolução do Segundo Congresso da Basiléia declarou que o sionismo nada faria para militar contra tais costumes e tais ritos. Os rabinos ortodoxos em Grodno {cidade da Bielorrússia} em 1903 declararam eles mesmos opostos ao movimento, assim como fizeram um número de rabinos húngaros em 1904. Por outro alado o {movimento} Haside Zyyon de Lodz {cidade da Polônia} é composta de {judeus} hassidicos; e tais homens com Samuel Mohilewer, o rabino chefe J. H. Dünner na Holanda, o Hakham {palavra com equivalência para a palavra rabino} M. Gaster na Inglaterra, e H. Pereira Mendes em Nova Iorque têm se juntado às fileiras sionistas. O tropeço tinha sido a “Kultur-Frage” {questão cultural}, a questão da relação do sionismo para a moderna educação e para o moderno ponto de vista. O uso da palavra “Kultur” nesta conexão foi infeliz, enquanto o judeu da Europa oriental tinha sido levado a ver este termo como conotação de certas tendências distintivas e antirreligiosas da sociedade moderna. A dúvida tem permanecido, a despeito de todas tentativas para esclarecer a dificuldade pela definição. A questão foi debatida no Primeiro Congresso da Basiléia (na proposição de Birnbaum), mas foi realmente assumida nos terceiro, quarto e quinto congressos, no último do qual ela foi feita parte do programa do partido. A defesa do avanço físico e mental sobre linha modernas, tem provocado oposição em grande parte dos judeus ortodoxos, que de outro forma poderiam ter se juntado ao corpo sionista, enquanto a ideia de restauração ainda forma uma parte do equipamento teológico deles. Os judeus conectados com as sinagogas, e aqueles fora de qualquer distintiva organização judaica, na maioria dos casos ainda olham para o sionismo como uma reação, não somente de um posto de vista teológico, mas do ponto de vista da cultura geral também; e esta última, a despeito dos reiterados pronunciamentos feitos em vários congressos. Em seu discurso de abertura do Primeiro Congresso Herzl disse: “Nós temos nenhum pensamento de desistir mesmo um pé da cultura que nós temos adquirido; ao contrário, nós desejamos alargar esta cultura,” e no Terceiro Congresso ele adicionou, “Nós desejamos elevar nós mesmo para um plano moral ainda mais alto, para abrir novos meios de comunicação entre as nações e preparar o caminho para a justiça social. Assim como o poeta tece canções de sua própria dor, nós iremos preparar de nosso próprio sofrimento o avanço da humanidade em cujo serviço estamos.De fato, uma formal resolução foi adotada no Segundo Congresso para este efeito: “Sionismo procura não somente o renascimento econômico e político, mas também o renascimento espiritual do povo judaico e devemos permanecer sempre sobre o estatuto da cultura moderna, cujas realizações ele {o sionismo} valoriza muito.”

            Para um ainda maior número de judeus, que poderiam talvez simpatizar como o sionismo, a aparente impraticabilidade de plasmar a plataforma {de construção do Estado judaico} e as dificuldades insuperáveis em encontrar um lar para os judeus na Palestina ou arredor dela, juntamente com as peculiares circunstâncias políticas as quais tornam aqueles países o pomo de contenção entre os poderes europeus, ficam no caminho; embora alguns daqueles que agora ficam arredios têm mostrado  uma disponibilidade para se juntar às fileiras sionistas se outras medidas políticas, consideradas para os olhos deles mais práticas, estiverem envolvidas,– por exemplo – aquela conectada com a oferta de um território da África oriental.

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 7


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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