sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 5

 Continuação de Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 4

Richard James Horatio Gottheil


Oposição

            A oposição ao sionismo surgiu de várias partes; e mesmo conforme o movimento abraçou dentro de seus vincos judeus de várias convicções religiosas, assim fez a oposição emanando de diferentes pontos do horizonte. O judaísmo ortodoxo na Europa a princípio manteve-se severamente indiferente, acreditando que por causa de que alguns líderes eram não observantes do cerimonial judaico, o movimento inteiro, então, colocou-se fora de um judaísmo positivo. Era suposto estar forçando a mão da Providência e ser contrário aos positivos ensinamentos do judaísmo ortodoxo em relação a vinda do Messias e o trabalho providencial de Deus na realização da restauração. Na Rússia a extrema sinagoga ortodoxa, não contente com um simples protesto, organizou uma ativa oposição a qual tinha em seu centro o rabino Akiba Rabinowitz e a revista “HaPeles” em Vilna. Uma biblioteca aberta lá pelos sionistas em 14 de abril de 1902, teve de ser fechada por um tempo. No linguajar comum esta oposição foi mencionada como “Gabinete Preto” (Lishkah ha-Shehorah).

            Um aspecto mais teológico foi dado à oposição por alguns dos rabinos europeus. Dr. Güdermann, rabino chefe de Viena, em seu “National-Judenthum” (Leipizg e Viena, 1897) disse que Israel tem sido, desde a dispersão, uma comunidade puramente religiosa, um líder de povos; que sua tarefa histórica tem consistido em oposta ideia do nacionalismo; e que se o judaísmo deve despertar em todos aderentes o comportamento de novamente tornar-se uma nação, seria cometer suicídio. De acordo para Güdemann, a vocação de Israel reside na impressão espiritual que ela tem estado apta a colocar sobre a humanidade e em seu esforço para acelerar o tempo messiânico o qual irá conciliar as nações uma com a outra. Ele sustenta que o judaísmo tem aclimatado ele mesmo em todos os lugares; que Sião é somente um símbolo de dele próprio {ou seja, do próprio judaísmo} e do futuro da humanidade; que neste sentido a palavra é usada nos livros de orações da sinagoga, e que o verdadeiro sionismo não pode ser separado do futuro da humanidade. Em simular espírito K. Kohler formula sua oposição ao sionismo. Ele não chama a si mesmo de um antissionista; mas acredita que num positivo caminho o judaísmo tem outro futuro perante ele. Para ele judaísmo é uma verdade religiosa confiada para uma nação destinada a interligar todas as nações e seitas, classes e raças de homens; sua tarefa é ser um fator cosmopolita da humanidade, baseada ela própria sobre uma passagem bíblica, “Vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” “A missão do judeu é não somente de caráter espiritual ou religioso, é social e intelectual também, e o verdadeiro sionismo exige dos judeus serem mártires na causa da verdade e justiça e paz até que o senhor for um e o mundo for um.” Ele repudia a ideia que a Judéia é o lar do judeu – uma ideia a qual “tira do lar” o judeu ao redor da vasta Terra – e mantém a inteira propaganda um sonho utópico porque mesmo se Turquia estiver disposta, nenhum dos grandes poderes da cristandade iria conceder a Terra Santa para o judeu; que a alta temperatura da Palestina iria não mais oferecer-lhe um solo congenial e saudável; que a Palestina tem pobres perspectivas de mesmo tornar-se um estado proeminente e de atrair o capital judaico; que os elementos incongruentes do qual um Estado judaico seria composto iria militar contra uma harmoniosa mistura numa grande comunidade; e que tão insignificante comunidade seria inapta para lidar com sucesso com as hostis forças reunidas contra ela. Todavia, ele vê com favor sobre a colonização da Palestina por judeus, e vê a “possibilidade do sionismo conduzir a um judaísmo unido e um congresso pan-judaico” (ver “The judeans,” página 68 e sequência, New York, 1899). Claude Montefiore proclamou-se ele próprio um convencido e determinado antagonista do plano sobre a base que o sionismo é calculado para gerar e fomentar sentimentos antissemitas, mais especialmente quando ele é encarado como um ideal glorioso, em vez de uma necessidade triste. Os judeus, ele pensa, são para combater a boa luta, não para se desesperar, mas com autopurificação e brava resistência para esperar o melhor tempo que a civilização irá em curto tempo trazer, quando os concidadãos dela irão reivindicar eles como seus próprios (obra citada, páginas 86 e seguintes).

 

Protestos dos rabinos germânicos

            Fortes denúncias de sionismo foram ouvidas, especialmente na Alemanha. O aparecimento do órgão do partido “Die Welt” foi declarado como sendo uma desgraça (“Allg. Zeit, des Jud.” 11 de junho de 1897); G. Karpeles manteve até mesmo que o judaísmo não era uma religião, mas sim um “sittliche Weltanschauung und geschichtliche Thatsache” {cosmovisão moral e fato histórico} (“Die Welt,” 1905 n° VIII.) Na mesma Associação de Judeus Rabinos da Alemanha, S. Maybaum (Berlim) e H. Vogelstein (Stettin) emitiu um protesto contra os sionistas, que foram declarados ser “fanáticos da Rússia e jovens estudantes de forte ideologia”. Em uma comunicação preliminar os protestantes estabeleceram os seguintes princípios: que os judeus não eram mais que um corpo religioso, e aqueles na Alemanha, alemães nacionais, embora com fidelidade para com a divina religião do Sinai. Eles exigiram um protesto unido de todas as congregações contra o sionismo político; combate a agitação para neutralizar as ações dos sionistas; e uma declaração pública de todas sociedades compostas de rabinos e professores contra o movimento. Dr. Leimdörfer (Hamburgo) associou-se ele mesmo neste protesto (“Die Welt,” 2 e 11 de julho de 1897). Em Hanover o advogado Dr. Meyer propôs em adição um encontro antissionista em Berlim no qual os judeus deveriam proclamar seus sentimentos patrióticos germânicos e nesta maneira desarmar os sionistas (ibidem {“Die Welt,” 2 e 11 de julho de 1897}). Nenhuma de tais ações, todavia, parecem ter sido assumidas; embora, na Inglaterra, vários rabinos foram inibidos pelo rabino chefe de pregar sobre o sionismo, e o haham {em hebraico um estudioso} M. Gaster foi impedido pelo Mahamad {ou seja, pelo conselho de anciões} das congregações espanhola e portuguesa de tocar no assunto enquanto estivessem exercendo suas funções oficiais (1899). O protesto formal apareceu no “Allgemeine Zeitung des Judenthums,” 16 de julho de 1897, assinado pelo Conselho de Ministros. Ela afirma, em primeiro lugar, que as tentativas dos sionistas fundarem um Estado nacional judaico na Palestina são contrárias para as promessas messiânicas do judaísmo como expostas nas Escrituras Sagradas e por autoridades religiosas; em segundo lugar, que o judaísmo exige de seus aderentes servir o Estado no qual eles vivem e de todas as maneiras para promover seus interesses nacionais {ou seja, os interesses da nação na qual cada judeu vive}, terceiro lugar, que nenhuma oposição à isso pode ser feita no nobre plano para colonizar a Palestina com agricultores judeus, porque aquele plano não tem nenhuma conexão com a fundação de um Estado nacional. No mesmo espírito a Conferência dos Rabinos Americanos, a qual ocorreu em Richmond - VA {Estado da Virgínia nos EUA}, em 31 de dezembro de 1898, declarou ela mesmo como oposta para o movimento sionista como um todo na base (conforme um dos membros afirmou) “que a América era a Jerusalém dos judeus e Washington era a Sião deles.”       

 

Lucien Wolf e Laurie Magnus

            Uma atitude de tipo intransigente contra o sionismo tem sido tomada na Inglaterra por Lucien Wolf. Começando com um viés não indistintamente favorável para o plano conforme formulado por Herzl, ele tinha vindo a sustentar não somente a impraticabilidade do esquema, mas a insustentabilidade de suas premissas. Ele acredita que os judeus são de origem aria e que eles não são antropologicamente uma raça separada (uma visão também mantida por Solomon Reinach; ver “R. E. J. “XLVII 1), e que em um período posterior somente um movimento antropológico cetentrional realizou-se; que existe perigo no sionismo, em que ele é o natural e duradouro aliado do antissemitismo e sua mais poderosa justificação; que ele é uma tentativa de virar para trás o curso da moderna história judaica; que ele {o sionismo} é “uma visão ignorante e de mente estreita de um grande problema – ignorante porque ele não leva em conta o decisivo elemento do progresso na história; e de mente estreita porque ele confunde memória política com um ideal religioso.” Como um meio de aliviar a angústia judaica na Europa oriental, Wolf o considera inadequado e em um certo sentido desnecessário. As chances de emancipação na Rússia ele sustenta ser por nenhum meio desesperada; e a questão judaica romena ele pensa estar grandemente melhorada e “de modo gerenciável”. A missão do judeu é uma de tipo mendelssohniana; para mostrar um exemplo para as nações, assumir sua posição sobre elevada tolerância e real universalismo, e “seu mais alto ideal tradicional é indubitavelmente nacional, mas não é a nação de um principado concentrado, mas sim uma nação sagrada de um reino de sacerdotes” (“The Zionist Peril” em “J.Q.R.” XVII. 1 – 25).

            Do ponto de vista do seu efeito sobre o status dos judeus na Europa ocidental e América, o Sionismo tem sido fortemente criticado por Laurie Magnus. Este criticismo pode ser resumido no seguinte extrato:        

“Um voo o qual não é fuga, um abandono, e uma evacuação – esta é a moderna rendição da esperança messiânica: ao invés de gentis vindo para a luz, Dr. Herzl oferece o pequeno quadro do conteúdo judaico, como visitantes estrangeiros, com uma ‘favorável boa vinda e tratamento’. Nós temos chamado isto de uma caricatura do judaísmo. Mas isso é mais que uma sátira – é uma traição. Dr. Herzl e aqueles que pensam com ele são traidores da história dos judeus, os quais eles não sabem ler e interpretam errado. Eles são eles mesmos autores do antissemitismo o qual eles professam matar. Pois como podem os países europeus os quais os judeus se propõem a ‘abandonar’ justificarem a sua retenção dos judeus? E por que deve a igualdade civil ter sido vencida pelo extenuante esforço dos judeus, se os judeus próprios estão a ser os primeiros a ‘evacuar’ a posição deles, e a reivindicar a cortesia pura de ‘visitantes estrangeiros’? (“Aspects of the Jewish Question,” {“Aspectos da Questão Judaica”} página 18, Londres, 1902).

            Esta é também praticamente a posição assumida pelo Prof. Ludwig Geiger, o líder dos judeus liberais em Berlim, embora com mais especial referência para o particular país no qual eles vivem. Ele disse:

“O sionismo é tão perigoso para o espírito germânico – “Deutschthum” – como o é a social democracia e o ultramontanismo {linha católica mais inflexível}. Ele tem alguma coisa de cada: de um é seu radicalismo, do outro é o ultramontanismo – “Jenseitige” {de outro mundo}–, o desejo por uma pátria outra que não seja pertencer a sua linguagem e cultura... sionismo pode ser apto a levantar seu exército de centenas de milhares, se nenhum obstáculo estiver colocado em seu caminho. Assim como nós somos advertidos contra os trabalhos ultramontanos na história e contra os ensinamentos da social-democracia, assim nós devemos estar avisados contra os sofismas sionistas – “Afterweisheit” {além da sabedoria} –. O judeu alemão que tem uma voz na literatura alemã deve, conforme ele está acostumado pelo último século e meio, a olhar sobre a Alemanha somente como sua pátria, e a língua alemã como como sua língua materna; e o futuro daquela nação deve permanecer o único sobre o qual ele baseia suas esperanças. Qualquer desejo para formar junto com seus correligionários um povo fora da Alemanha é, para não falar de sua impraticabilidade, diretamente uma ingratidão frente a nação cujo meio eles vivem – uma quimera; porque o judeu alemão é um alemão em suas peculiaridades nacionais, e Sião é para ele somente uma terra do passado, não do futuro.”

Nenhum oponente do Sionismo tem ousado dizer o que Geiger acrescenta:

A retirada de direito de cidadãos parece ser a necessária consequência da legislação germânica contra o sionismo, a única resposta que a consciência nacional alemã pode dar.” (ver “Stimmen der Wahrheit”, páginas 165 e sequência, Berlim, 1905).

  

Menores objeções

            Enquanto criticismos tais como estes tocaram sobre os princípios basais do sionismo, outros criticismos lidaram com acusações as quais são evidência de forte sentimento levantado sobre todos os lados na judiaria pelo sucessivo progresso do movimento sionista o “Univers Israélite” resumiu a questão ao dizer:        

“O longo e curto disto é, sionistas e antissemitas são uma e a mesma coisa.” O “Reform Advocate” de Chicago falou dos “antissemitas, seus amigos [os amigos de Herzl]” (12 de março de 1898). Um rabino em Marburg classificou o sionismo como “Messiasschwärmerei” {arrebatamento do messias}; e o viajante Edward Glaser acreditou que o sionismo foi colocado a frente pelo governo britânico a fim de quebrar a Turquia e formar um Estado tampão. O Hakham bashi{palavra para designar no Império Otomano o rabino chefe} em Constantinopla postou uma notícia na sinagoga colocando o jornal hebraico “Ha-Zefirah” sob proibição; e o Dr. Block, editor do “Wochenschrift” de Viena, esforçou-se primeiro para obter uma subvenção dos sionistas, oferecendo oito páginas de seu jornal para a causa se o “Die Welt” {jornal sionista fundado por Theodor Herzl em Viena} deixasse de aparecer (“Die Welt,” II, nº 48); falhando nisso ele {Dr. Block} tornou-se um oponente mais determinado. O livro de S. Bernfeld “Am Ende des Jahrhunderts” (1899) tinha uma simples menção do sionismo e do congresso; enquanto aquela porção do livro de Martin Philippsohn “Jahrbuch für Jüdisch Geschichte,” 1898, mencionando o Congresso da Basiléia de 1897, foi contundentemente retirado pelo editor, G. Karpeles. Quando o “Trust” foi fundado, o relatório foi espalhado de modo que cada um dos diretores teriam um bônus de 100,000 marcos para passar os estatutos, e que o único objetivo da corporação era combater ortodoxia. O londrino “Financial News” (28 de abril de 1899, página 872) falou dos “descuidados e irresponsáveis promotores do ridículo Trust.”

            Nos Estados Unidos, também, a oposição cresceu em ritmo acelerado.

O “Reform Advocate” em Chicago sugeriu editorialmente que o real objetivo de Herzl e Nordau era possuir eles mesmos as economias de seus irmãos mais pobres. Isaac M. Wise, presidente do Hebrew Union College, pensou que os sionistas eram “Traidores, hipócritas, ou fantásticos tolos cujos pensamentos, sentimentos, e ações estão em constante contradição uma com a outra” (“Hebrew Union College Journal,” dezembro de 1899, página 47); enquanto o rabino Samfield escreveu no “Jewish Spectator” que “sionismo é uma erupção anormal de sentimento pervertido.” O professor Louis Grossman considerou que a “agitação sionista contradiz tudo que é típico dos judeus e do judaísmo,” e que o “movimento sionista é uma marca de ingenuidade, e não sai do coração do judaísmo, seja antigo ou contemporâneo” (“Hebrew Union College Journal,” dezembro de 1899, página 72).

Tradução e palavras entre chaves e grifos por Mykel Alexander


Continua em Sionismo - por Richard James Horatio Gottheil (Jewish Encyclopedia) - parte 6


Fonte: Richard Gottheil, Jewish Encyclopedia, volume 12, FUNK AND WAGNALLS COMPANY, Nova Iorque, 1905. Entrada ZIONISM.

Consulta de apoio na versão on-line: https://www.jewishencyclopedia.com/articles/15268-zionism#anchor4

Sobre o autor: Richard James Horatio Gottheil (1862 -1936) foi um judeu inglês, acadêmico (graduação na Columbia College em 1881, doutorado em Leipzig em 1886). Também foi rabino nos EUA. De 1898 a 1904, foi presidente da American Federation of Zionists e trabalhou com Stephen S. Wise e Jacob De Haas. Depois de 1904, ele foi vice-presidente da Sociedade Histórica Judaica Americana. Gottheil escreveu muitos artigos sobre questões orientais e judaicas para jornais e resenhas. Ele editou a Columbia University Oriental Series e Semitic Study Series. Depois de 1901, ele foi um dos editores da Jewish Encyclopedia. Ele escreveu o capítulo sobre sionismo que foi traduzido para o árabe e publicado por Najīb Al-Khūrī Naṣṣār em seu jornal Al-Karmil e também na forma de um livro em 1911.

            Entre suas obras estão The Syriac grammar of Mar Elia Zobha (1887) e Zionism (1914).

Fonte as informações sobre o autor: Wikipedia em inglês, consulta em 24 de julho de 2020:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Richard_James_Horatio_Gottheil

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