Alan Sabrosky |
“Porque
semearam vento, colherão tempestade” – Oséias
8:7
O
colapso do Governo de Assad na Síria certamente será recebido com considerável
satisfação em Jerusalém e Washington. Ambas as capitais do co-domínio sionista
há muito tempo veem os Assads, assim como viram Saddam Hussein do Iraque e
Muammar Gaddafi da Líbia. Todos eram obstáculos aos desígnios de Israel na
região.
Todos
os três também foram alvos daquela política nefasta de “mudança de regime”
destacada nos EUA após o 11 de setembro, assim como quatro outros países da
região. Agora, os últimos três caiu, embora muito mais tarde do que os
neoconservadores judeus “gaviões-frangos” (chamados assim porque todos
defendiam a guerra, mas muito poucos serviram uniformizados) haviam previsto em
2001.
Então
o que causou o Colapso?
Dinâmicas
internas na Síria que desempenharam sua parte, com certeza, mas eu vou me
concentrar aqui nos fatores externos. Uma das principais razões foi a pressão
implacável e os recursos consideráveis despejados nas diversas milícias e
jihadistas que tentaram derrubar o regime da Síria. O dinheiro fala, e falou
muito alto aqui. Assim como os frequentes ataques aéreos e de artilharia na
Síria. Protegidos pelos EUA, as forças russa na Síria pouco puderam fazer por
seu aliado.
Então,
também, numericamente pequena e politicamente significativa, a ilimitada
presença militar norte americana no terreno sírio teve seu próprio impacto.
Assim como os ataques militares diretos e limitados, mas estrategicamente
significativos, dos EUA e outros países da OTAN contra as forças e instalações
do governo sírio. A imagem importa, e aqui ela importou demais.
A
Síria de Assad nunca poderia se equiparar a isso. Apenas a Rússia (em uma
extensão limitada) e o Irã (em uma extensão menor ainda) realmente fizeram
alguma coisa. Mas a Rússia está presa ao “bebê de alcatrão” ucraniano e o Irã
está tentando safar suas apostas antecipadamente à própria “mudança de regime”
dos Estados Unidos. Uma escassez de aliados fortes e razoavelmente confiáveis
também conta, e contou aqui, mas não de uma boa maneira.
Segundo,
a Síria perdeu a guerra de informação e propaganda, de uma forma muito grande e
decisiva. As mídias dominadas pelos judeus nos EUA e na maior parte da Europa
garantiram que praticamente todas as alegações, não importando quão ridículas,
dos jihadistas e outros elementos
antigovernamentais fossem tratados como uma verdade do Evangelho, na Síria.
Poucos na mídia tradicional contestaram suas afirmações, embora muitos o tenham
feito nas mídias alternativas e nas plataformas das redes sociais.
Não
foi o suficiente. Israel pode destruir Gaza e matar dezenas de milhares de
civis, mas qualquer crítica aos seus crimes de guerra muito reais é quase
universalmente denunciada na mídia e nas capitais ocidentais como
“antissemitismo cruel” que precisa ser suprimido e punido. Essa crítica não foi
nada disso, mas demonstra o grau excepcional da influência judaica em todo o
Ocidente. Também ressalta a precisão do axioma de que “a verdade é a primeira
vítima de guerra”, pelo menos sempre que Israel ou seus interesses estão
envolvidos.
Terceiro,
vale a pena notar que neste evento vimos milícias insurgentes e jihadistas locais fazerem às forças do
governo sírio o que os mujaheddin
apoiados pelos EUA fizeram ao governo afegão e seus aliados soviéticos, e mais
tarde ao Talibã (os descendentes operacionais diretos dos mujaheddin originais) fizeram a outro governo afegão e seu patrão
americano. Parece que os governos locais têm muita dificuldade em resistir aos
insurgentes que tem um santuário externo, assistência externa ou ambos.
Em
todos os casos citados acima, os insurgentes tiveram ambos. Na Síria, as forças
governamentais também tiveram que lidar com ataques militares diretos de
Israel, dos EUA e de outros países da OTAN. O que tornou mais difícil para eles
foi que eles essencialmente lutaram contra essas forças externas com uma mão
firmemente amarrada nas costas.
Além
da defesa, as forças do governo sírio só podiam se engajar ocasionalmente em
duelos de artilharia com os israelenses, mas não responder ataques aéreos na
mesma estatura. Nem os russos podiam ajudá-los, a não ser defensivamente.
Qualquer tentativa de responder diretamente aos ataques dos EUA, de Israel ou
de outros países significava um confronto direto com os EUA, Israel protegido
por seu fantoche norte americano ou a OTAN. Os sírios não poderiam fazer isso
sozinhos, e a Síria simplesmente não valia o suficiente para a Rússia arriscar
esse tipo de engajamento.
Reflexões
Levará
algum tempo para que as implicações de tudo isso se tornem mais claras (talvez
“menos turvo” seja mais acurado). Eu espero que os atuais oficiais do governo
sírio e os altos comandantes militares estejam se perguntando se ainda estarão
vivos na semana que vem. Eu não sou especialista em assuntos sírios, mas o
histórico nessas situações não os tranquilizaria.
Eu
espero, contudo, que uma consideração importante por parte dos vencedores seja
o papel planejado para eles por seus patrões estrangeiros. Queremos nós que o
novo governo sírio seja outro Egito, na medida em que concerne a Israel? Ou é
outra coisa?
Seja
como for, as forças insurgentes – mesmo aquelas fortemente infiltradas – têm se
mostrado excepcionalmente difíceis de prever ou controlar, ou mesmo
influenciar, uma vez que elas chegam ao
poder. Lembre-se de as pessoas que
os EUA armaram para lutar contra os soviéticos no Afeganistão se transformaram
em um Talibã que empregaram algumas dessas armas e técnicas para forçar mais uma
humilhante debacle americana.
A
experiência israelense com essas coisas é ainda mais problemática. Um alto
oficial israelense me disse na década de 80 que eles tinham se infiltrado com
sucesso em todos os governos e movimentos árabes, contando principalmente com
judeus sefarditas. Então, quando Israel criou o Hamas na década de 80 como um
contra peso à OLP {Organização para a Libertação da Palestina}, eu imagino que
eles acharam que fizeram um bom negócio. No entanto, isso também mudou com o
passar dos anos. Infiltrados ou não, deu a Israel uma época mais “interessante”
do que antecipado.
O
caso do ISIS e dos jihadistas sírios
é ainda mais interessante. Agora, “bandeiras falsas” (atacar alguém, mas fazer
as pessoas acreditarem que é outra) é uma especialidade israelense. O Lema do Mossad, a mais conhecida organização de
inteligência israelense, é apropriadamente “Pelo engano, você travará guerra”.
Mossad
e suas organizações irmãs têm vivido de acordo com esse lema desde a fundação
de Israel. Eles têm sido auxiliados ao redor do mundo por cidadãos com dupla
cidadania israelense, ou judeus sem cidadania israelense, alguns cristãos
sionistas ou mercenários declarados.
Exemplos
abundam. Três de relevância particular para os EUA, por exemplo, são o Caso de
Lavon no Egito (1954), o ataque ao USS Liberty (1967) e os ataques de 11 de
Setembro (2001). Vale a pena procurá-los (NÃO confie nem na Wikipedia nem no
mecanismo de busca do Google!), mas aqui vai um começo sobre o último caso
citado.[1]
O
caso do ISIS é ainda mais intrigante. Supostamente uma organização islâmica
militante, que parece ter uma dificuldade excepcionalmente grande em atingir
alvos israelenses ou norte americanos em qualquer lugar do mundo. Esse era um
problema que a al-Qaeda de Osama Bin Laden, com menos ativos, não
compartilhava.
A
despeito dos recursos para colocar em campo frotas de caminhonetes Toyota
brancas com armas pesadas em suas caçambas e outras parafernálias, eles acham
um desafio “quase” intransponível atacar os que deveriam ser seus inimigos
principais. Curioso, não é? Eu me pergunto quantos líderes do ISIS
compartilharam bebidas com seus contatos do Mossad e da CIA.
Por
último, estão os jihadistas sírios,
facilmente a faceta mais fascinante do quebra cabeças sírio. Nós somos
constantemente informados de que essas pessoas são fanáticos islâmicos que
passam as noites sonhando em como matar os não crentes, e os dias tentando
fazê-lo (ou é o contrário). Mas, aparentemente, existem jihadistas “bons” e jihadistas
“maus”. Os primeiros são aqueles que fazem o que os governos ocidentais
(incluindo Israel) querem e atacam os países muçulmanos. Os últimos são aqueles
que aparentemente não o fazem.
Olhando
para frente ou Olhando para o futuro
É
desastrosamente arriscado, na melhor das hipóteses, antecipar o que surgirá
após a derrota do governo sírio. No mínimo, eu esperaria que os novos
governantes ordenassem que os russos saíssem. Claro, poderiam não sair, assim
como os EUA ignoraram as exigências de muitos governos mais fracos para sair.
Poderes imperiais, mesmo enfraquecidos e num mundo caótico, são frequentemente
assim.
Nós
podemos aprender um pouco mais sobre o ISIS e esses “bons” jihadistas na Síria. Precisamente o que eles farão no poder? Eles
serão como o Talibã no Afeganistão? Se não, o que isso diria sobre seu caráter
e a mente de seus líderes? Tempos instigantes, na melhor das hipóteses.
O
que está mais claro é que o que aconteceu na Síria encorajará os israelenses a
lidar com os palestinos dentro e com o Líbano e o Hezbollah fora, especialmente quando Trump for presidente e
reconhecer a soberania israelense sobre Jerusalém Oriental e a Cisjordânia.
Trump é ainda mais devedor de Israel do que a maioria dos presidentes dos EUA,
e Israel capitalizará isso.
Além
disso, com a Síria de Assad removida do tabuleiro, o Irã passará para o
primeiro plano regional. Nenhuma pessoa nos EUA pode agora ser sequer um sério
candidato para Presidente sem estar no bolso de Israel, muito menos ser eleito
para o cargo, mas as duas facções políticas norte americanas[2]
têm prioridades diferentes.
O
que isso significa é que os neoconservadores que estão se apinhando na
administração Trump têm uma grande probabilidade de ver isso como uma
oportunidade de ouro para completar sua agenda de 2001 e neutralizar o Irã.
Conhecendo-os, eles e o dinheiro judeu vão pressionar (talvez devesse dizer
“acotovelar”) Trump para uma de três coisas: (1) apoiar Israel no ataque ao
Irã, (2) juntar-se a Israel para fazer isso ou (3) atacar o Irã sem Israel.
{Anseio dos líderes do judaísmo internacional: um Império Judaico: A Psicopatia Bíblica de Israel - por Laurent Guyénot “Grande Israel”: O Plano Sionista para o Oriente Médio O infame "Plano Oded Yinon". - Por Israel Shahak } |
O
efeito líquido é um 2025 muito mais perigoso do que os últimos anos têm visto,
e eles não têm sido exatamente uma alegria. Nós enfrentamos uma revolta civil
em casa e mais guerra no exterior, se Trump realmente colocar sua agenda em
movimento. Para Israel, a derrota síria e a presidência de Trump são um bom
augúrio para a sua marcha em direção a uma “Grande Israel”. Para os palestinos,
libaneses e tantos outros na razão das coisas, foram de mal a um quase inimaginavelmente
pior. Para os norte-americanos, tempos desafiadores, de fato.
Tradução
por Dignus {academic auctor pseudonym - studeo
liber ad collegium}
Revisão
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
[1] Fonte utilizada por Alan
Sabrosky: Demystifying 9/11: Israel and the Tactics of Mistake, por Alan Ned Sabrosky,
27 de junho de 2011, Veterans Today –
Alternative Foreign Policy.
https://www.veteranstodayarchives.com/2011/06/27/demystifying-911-israel-tactics-mistake/
[2] Fonte utilizada por Alan
Sabrosky: Deadly Delusions: When the Plans Work All Too Well, por Alan Sabrosky,
18 de junho de 2024, The Unz Review – An
Alternative Media Selection.
https://www.unz.com/article/deadly-delusions-when-the-plans-work-all-too-well/
Fonte: Regime Change in
Syria: Another Step Towards “Greater Israel”, por Alan Sabrosky, 08 de dezembro
de 2024, The Unz Review – An Alternative
Media Selection.
https://www.unz.com/article/regime-change-in-syria-another-step-towards-greater-israel/
Sobre o autor: Alan Ned
Sabrosky (1941-), judeu-americano, é um veteranos de dez anos do Corpo de
Fuzileiros Navais dos EUA. Ele serviu no Vietnã com a 1° Divisão de Fuzileiros
Navais e é graduado na Escola de Guerra do Exército dos EUA. Sabrosky
obteve um mestrado em história e um doutorado em ciência política pela
Universidade de Michigan. Ele trabalhou no Foreign Policy Research Institute
durante a maior parte da década de 1970 e foi nomeado diretor do FPRI em 1981. Ele
lecionou na Catholic University e na Georgetown University. O Dr. Sabrosky pode ser contactado pelo docbrosk@comcast.net . Entre seus livros
estão:
Great
Power Games: The Sino American Power Transition,
Council Social & Economic Studies, 1982;
Polarity
And War: The Changing Structure Of International Conflict,
Westview Press, 1985;
The
Strategic Dimension of Military Manpower, Ballinger
Pub Co, 1987;
Prisoners
of War?: Nation-States in the Modern Era, Lexington Books, 1990;
Alliances
in U.S. Foreign Policy: Issues in the Quest for Collective Defense,
Routledge, 2000;
The
War on Terror: The Plot to Rule the Middle East,
Christopher Bollyn, 2017.
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Relacionado, leia também sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:
Por que querem destruir a Síria? - por Dr. Ghassan Nseir
Petróleo ou 'o Lobby' {judaico-sionista} um debate sobre a Guerra do Iraque
Iraque: Uma guerra para Israel - Por Mark Weber
Quem são os Palestinos? - por Sami Hadawi
Palestina: Liberdade e Justiça - por Samuel Edward Konkin III
Libertando a América de Israel - por Paul Findley
Deus, os judeus e nós – Um Contrato Civilizacional Enganoso - por Laurent Guyénot
A Psicopatia Bíblica de Israel - por Laurent Guyénot
Israel como Um Homem: Uma Teoria do Poder Judaico - parte 1 - por Laurent Guyénot (Demais partes na sequência do próprio artigo)
O peso da tradição: por que o judaísmo não é como outras religiões - por Mark Weber
Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (as demais partes na sequência do próprio artigo)
O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1 (Parte 2 na sequência do próprio artigo)
Historiadores israelenses expõem o mito do nascimento de Israel - por Rachelle Marshall
Genocídio em Gaza - por John J. Mearsheimer
{Retrospectiva 2023 - Genocídio em Gaza} - Morte e destruição em Gaza - por John J. Mearsheimer
O Legado violento do sionismo - por Donald Neff
Crimes de Guerra e Atrocidades-embustes no Conflito Israel/Gaza - por Ron Keeva Unz
A cultura do engano de Israel - por Christopher Hedges
“Grande Israel”: O Plano Sionista para o Oriente Médio O infame "Plano Oded Yinon". - Por Israel Shahak - parte 1 - apresentação por Michel Chossudovsky (demais partes na sequência do próprio artigo)
Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber
Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber
Controvérsia de Sião - por Knud Bjeld Eriksen
Sionismo e judeus americanos - por Alfred M. Lilienthal
Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}
Um olhar direto sobre o lobby judaico - por Mark Weber
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