| Ron Keeva Unz |
William H. Tucker e The Funding of Scientific Racism
Putnam tinha claramente sido ranqueado como um dos mais
importantes racialistas americanos do final da década de 1950 e da década de
1960, um líder nacional na batalha legal para revogar a decisão Brown e manter a segregação escolar
rigorosa, com destaque suficiente para merecer um longo obituário no The New York Times mais de três décadas
depois. Mas talvez por sua trajetória ser tão diferente do que presumimos para
os principais segregacionistas daquela época, ele nunca foi mencionado em
nenhum dos meus livros básicos de história e, até uns poucos anos atrás, seu
nome quase não me significava nada.
Como
eu expliquei em um artigo de 2020,18 eu só
descobri sua história muito interessante por meio da pesquisa de um acadêmico
renomado com visões firmemente antirracistas:
Muito da história oculta dos esforços pró-segregação de Putnam foi posteriormente revelada em um livro de 2002 de William H. Tucker, da Universidade Rutgers. The Funding of Scientific Racism {O Financiamento do Racismo Científico} narra as origens e atividades do Pioneer Fund, que por muitas décadas foi o principal financiador de inúmeros projetos racialistas americanos. O Prof. Tucker teve suas origens na Nova Esquerda acadêmica do final da década de 1960 e era intensamente hostil às posições ideológicas dessa organização, mas seus três anos de pesquisa em arquivos e inúmeras entrevistas pessoais fornecem uma riqueza de informações que, de outra forma, teriam permanecido ocultas.
| {William H. Tucker (1940-2022) foi um acadêmico americano em psicologia contrário aos estudos de realidades raciais.} |
Enquanto o Pioneer Fund só tenha se tornado alvo ocasional do escrutínio da mídia durante a década de 1990, suas origens remontam às primeiras décadas do século XX e a um milionário chamado Wickliffe Draper, que o financiou e fundou. Assim como Stoddard, Grant e Putnam, o próprio Draper era de origem puritana da Nova Inglaterra, o grupo que forneceu uma parcela desproporcionalmente grande da elite intelectual americana desde a fundação da nação até o início do século XX. Ele se formou em Harvard em 1913, foi ferido em combate durante a Primeira Guerra Mundial e, eventualmente, alcançou o posto de coronel na reserva do pós-guerra. Herdeiro de uma considerável fortuna da indústria têxtil, ele nunca seguiu uma carreira, dedicando a maior parte de sua vida a atividades de cavalheiros, como caça de animais de grande porte e viagens.
Embora obviamente desagradáveis para Tucker, as fortes opiniões racistas de Draper pareciam refletir bastante as das principais figuras americanas de sua juventude, como Theodore Roosevelt e Woodrow Wilson, e, no início da vida adulta, os livros de Grant e Stoddard estavam na boca de todos. De fato, Roosevelt elogiou as teorias de Grant e, segundo Tucker, Draper era um dos conhecidos de Grant, considerando o autor um modelo pessoal.
Para os padrões modernos, as elites governantes americanas daquela época abraçavam ideias extremamente racistas, e as opiniões de Draper se encaixavam perfeitamente nesse contexto. Um de seus primeiros projetos foi promover a repatriação dos negros americanos de volta à África, mas tais ideias não eram incomuns na época e, de fato, durante a década de 1920, uma das figuras públicas negras mais proeminentes da América foi o líder nacionalista Marcus Garvey, que propôs fazer exatamente isso.
Draper era dificilmente um tipo de intelectual, mas sua importância residia em sua disposição de financiar generosamente aqueles que o eram, e em sua escolha de sucessores com ideias semelhantes que continuaram a apoiar tais causas por décadas após sua morte em 1972, permitindo que sua influência se estendesse por quase um século, da era de Warren Harding à de Barack Obama. O Pioneer Fund, uma organização sem fins lucrativos que ele fundou em 1937, foi o principal veículo para suas doações, mas a pesquisa de Tucker indica que somas adicionais substanciais também foram desembolsadas diretamente do patrimônio pessoal de Draper. Em particular, parece que grande parte, ou mesmo a maior parte, do financiamento das campanhas de imprensa, distribuição de livros e esforços jurídicos de Putnam pode ter sido discretamente fornecido por Draper, que considerava Putnam um aliado e conselheiro de confiança.
Entre as fundações americanas, o Pioneer Fund dificilmente poderia ser ranqueado como um peixinho, sendo cem vezes menor que Ford, Carnegie, Rockefeller e outras fundações filantrópicas que apoiavam entusiasticamente a crescente onda antirracista na sociedade e no pensamento americanos. Mas, embora gastasse muito menos que seus oponentes ideológicos, o dinheiro do Pioneer desempenhou um papel crucial em subsidiar e manter vivas as doutrinas racistas que outrora dominaram completamente a sociedade americana, mas que começaram a perder força a partir do final da década de 1920, antes de serem completamente marginalizadas entre as elites nacionais nas décadas de 1950 e 1960.
| {Wickliffe Preston Draper (1891-1972) foi um ativista americano para a promoção dos estudos raciais e para a eugenia} |
Por exemplo, a ciência da eugenia foi lançada no final do século XIX pelo polímata Francis Galton, primo de Charles Darwin, e durante décadas foi quase universalmente aceita por indivíduos instruídos de todas as origens ideológicas, com o apoio mais forte geralmente vindo de progressistas e apenas os fervorosamente religiosos sendo os principais resistentes. Mas sob pressão contínua, principalmente de judeus e marxistas, a doutrina iniciou um longo e permanente recuo no final da década de 1920 e na década de 1930. Quase na mesma época, Franz Boas e seu enérgico grupo de discípulos acadêmicos, a maioria judeus, assumiram o controle da antropologia americana, substituindo em grande parte os acadêmicos anglo-saxões que originalmente criaram a disciplina e derrubando as teorias racialistas outrora promovidas por Grant e Stoddard.
À medida que os periódicos acadêmicos tradicionais se tornavam cada vez mais avessos a artigos que continuavam a aderir ao que viria a ser conhecido como “racismo científico”, o Pioneer Fund financiou, em 1960, a criação da Mankind Quarterly, uma nova revista com revisão por pares destinada a preencher essa lacuna. Quando eu digitalizei os arquivos dessa publicação por volta de 2003, seu nome não me dizia nada, assim como os nomes de seus membros do conselho editorial e principais colaboradores. Mas, eventualmente, eu descobri que muitos desses últimos eram, na verdade, acadêmicos internacionais de renome, com currículos acadêmicos ilustres, cuja recusa em aderir a tendências ideológicas os havia excluído dos periódicos convencionais e, eventualmente, apagado seus nomes da nossa mídia e história intelectual, apesar de suas prestigiosas credenciais acadêmicas.
| {O periódico Mankind Quarterly reuniu a elite dos estudiosos dos estudos raciais no pós Segunda Guerra Mundial.} |
Por exemplo, Henry Garrett foi, durante muitos anos, o chefe do Departamento de Psicologia da Universidade de Columbia, presidente da Associação Americana de Psicologia, membro da AAAS e do Conselho Nacional de Pesquisa, e editor de importantes textos acadêmicos. R. Ruggles Gates foi um proeminente geneticista britânico e membro da Royal Society. Robert Gayre, A. James Gregor, Robert Kuttner, R. Travis Osborne e inúmeros outros colaboradores regulares também possuíam sólidas credenciais científicas ou acadêmicas. Embora Tucker seja bastante hostil a esses indivíduos e à sua ideologia, seu livro é útil por fornecer esse importante contexto. Os arquivos da publicação, de 1960 a 2004, estão agora disponíveis para leitura neste site: Mankind Quarterly.19
Tradução
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
18 Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: White Racialism in America, Then and Now, por Ron Keeva Unz, 05 de outubro
de 2020, The Unz Review – An Alternative
Media Selection.
19 Fonte utilizada por Ron Keeva
Unz: 128 edições, de julho de 1960 a julho de 2004
Fonte: American Pravda: Twelve Unknown Books and Their Suppressed Racial Truths, por Ron Keeva Unz, 17 de novembro de 2025, The Unz Review – An Alternative Media Selection.
https://www.unz.com/runz/american-pravda-twelve-unknown-books-and-their-suppressed-racial-truths/
Sobre o autor: Ron Keeva Unz (1961 -), de nacionalidade americana, oriundo de família judaica da Ucrânia, é um escritor e ativista político. Possui graduação de Bachelor of Arts (graduação superior de 4 anos nos EUA) em Física e também em História, pós-graduação em Física Teórica na Universidade de Cambridge e na Universidade de Stanford, e já foi o vencedor do primeiro lugar na Intel / Westinghouse Science Talent Search. Seus escritos sobre questões de imigração, raça, etnia e política social apareceram no The New York Times, no Wall Street Journal, no Commentary, no Nation e em várias outras publicações.
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