Continuação de O Império Falido - A origem medieval da desunião europeia - parte 1 - por Laurent Guyénot
Laurent Guyénot |
O nascimento da Europa
Vamos
começar no início. Como surgiu a civilização europeia medieval? É geralmente
aceite que brotou das ruínas do Império Romano do Ocidente, cuja queda é
atribuída às Invasões Bárbaras e datada de 476, três séculos antes de Carlos
Magno. O historiador belga Henri Pirenne desafiou essa ideia aceita em Maomé
e Carlos Magno, publicado em 1937, e sua teoria ainda permanece de pé, para
aqueles que a conhecem.
Na
realidade, as Invasões Bárbaras não destruíram o Império Romano do Ocidente,
porque nenhum dos povos “bárbaros” que se estabeleceram nos territórios do
Império jamais procurou destruí-lo. “Nada animava os alemães contra o Império”,
explica Pirenne, “nem motivos religiosos, nem ódio racial, muito menos
considerações políticas. Em vez de odiá-lo, eles o admiraram. Tudo o que eles
queriam era se estabelecer lá e se beneficiar disso. E seus reis aspiravam às
dignidades romanas.”16
Além
disso, eles nunca pensaram que o Império Romano tinha caído, estava caindo ou
cairia. Todos os seus olhos estavam voltados para a capital do Império Romano,
Constantinopla. “Até o século VIII, não há outro elemento positivo na história
do que a influência do Império.”17 O bispo de Roma, naturalmente, era nomeado ou
aprovado pelo Basileu ou seu representante em Ravena (isso é referido como o
“Papado Bizantino”).
“De
todas as características dessa maravilhosa estrutura humana, o Império Romano, a
mais contundente e a mais essencial, era seu caráter mediterrâneo”, escreveu
Pirenne. “O mar interior, no sentido pleno do termo Mare nostrum, era o
veículo de ideias, religiões e mercadorias.”18
Isto é o porquê que todos os povos bárbaros competiram pelo acesso ao Mar
Mediterrâneo. A parte sul da Europa Ocidental permaneceu plenamente romana, tanto
quanto ela negociasse livremente com o Oriente.
Isso mudou em meados do século VII, com a conquista
árabe-muçulmana. Ao contrário dos bárbaros germânicos, os árabes tinham o
projeto de substituir a civilização e o império romano-cristão por uma nova
civilização e um novo império. Portanto, a conquista da Síria e do norte da
África destruiu a unidade do mundo mediterrâneo. A navegação entre o leste e o
oeste colapsou. “No início do século VIII, seu desaparecimento foi completo.”19 A atividade portuária cessou no
Ocidente. A Europa fechou-se em si mesma. Os cofres dos reis merovíngios foram
esvaziados, assim como sua autoridade.
O
norte da Europa (Austrásia, Saxônia e Frísia) foi menos afetado, pois sua
economia baseava-se na exploração de grandes propriedades agrícolas, e não
dependia do comércio mediterrâneo. Assim se explica a ascendência dos francos
austrasianos, que beneficiaram mesmo de uma intensificação do comércio marítimo
e fluvial no Norte, o qual compensou parcialmente declínio do comércio
mediterrânico. Constantinopla começou a negociar através da Russ escandinava
que se estabeleceu em Novgorod e Kiev.
Desde
que o centro de gravidade político mudou para o norte, o papado romano
naturalmente virou-se frente a ele por proteção. Os papas não foram os únicos a
cortejar Pepino, o Breve, e seus herdeiros; em 781, foi arranjado um casamento
entre o filho da imperatriz bizantina e a filha de Carlos Magno. Mas o noivado
foi rompido por causa de brigas religiosas, e a coroação de Carlos Magno em
Roma no dia de Natal do ano 800 marcou a primeira ruptura entre o Oriente e o
Ocidente.
A
cerimônia de coroação manifestou a complementaridade do papa e do imperador: o
primeiro coroa o segundo, faz com que seja aclamado pelo povo de Roma e então
se prostra diante dele. Isso imita o padrão bizantino, exceto por um detalhe
importante: “Em Bizâncio, a coroação imperial nunca foi mais do que uma
cerimônia acessória. Quando o soberano era eleito pelo Senado ou pelo exército
(seja por aceitação tácita ou expressa, por entronização legítima ou usurpada),
ele imediatamente tomava posse de todos os seus poderes. A liturgia da
coroação, que às vezes acontecia um ano depois, nada acrescentava”.20
Houve
outra grande inovação do modelo bizantino: o acordo entre Carlos Magno e o papa
Silvestre I incluía a confirmação pelo primeiro de uma doação feita por seu pai
Pepino ao papa Estêvão II, da cidade de Roma e de um vasto território ao seu
redor. A própria “Doação de Pepino” usou como base legal a “Doação de
Constantino”*3, provavelmente a
falsificação mais corajosamente audaciosa de toda a história da humanidade, e
certamente uma com a maior das consequências.
Primeiro
de tudo, a Doação de Constantino é o fundamento da reivindicação papal de
governar sobre o imperador, pois mostra Constantino, o Grande, dando a
“Silvestre o pontífice universal e a todos os seus sucessores até o fim do
mundo” todas as insígnias imperiais: diadema, tiara, ombreira, manto púrpura,
túnica carmesim, cetros, lanças, estandartes, banners, “e todas as vantagens de
nossa alta posição imperial e a glória de nosso poder”. Sobre a base dessa
falsificação, os papas mais tarde alegariam ter recebido, do próprio primeiro
imperador cristão, toda a extensão da autoridade imperial e o direito de
conferi-la ao imperador de sua escolha ou retirá-la dele – e até mesmo, no caso
de vacância, de governar como imperadores eles mesmos.
Mas
por que parar por aí, pensou o falsificador. Constantino, agora de cueca, cedeu
ao papa “nosso palácio imperial de Latrão”, bem como “a cidade de Roma e todas
as províncias, distritos e cidades da Itália ou das regiões ocidentais”. E para
fazer certo que o papa realmente era o dono do mundo ocidental, Constantino
decidiu se mudar para Bizâncio, “pois, onde a supremacia dos sacerdotes e o
chefe da religião cristã têm sido estabelecidos por um governante celestial,
não é adequado que um governante terreno deva ter jurisdição”. Sobre esta, os
papas proibiriam mais tarde os imperadores ocidentais de residir em Roma.
Conforme
eu disse, a Doação de Constantino é a base para a Doação de Pepino e sua
confirmação por Carlos Magno. Na verdade, paira a dúvida sobre a existência da
“Doação de Pepino”, por causa que nenhum ato autêntico é conhecido.21 O que é bastante certo é que a
propriedade papal foi garantida no final do século 10 pelo “Privilégio
Otoniano” (Privilegium Otãonianum), assinado por Otão, o Grande, cujo
original está nos arquivos do Vaticano. Este documento, referindo-se
explicitamente à Doação de Constantino (e possivelmente uma falsificação em
si), concede ao papa uma longa lista de domínios, incluindo “a cidade de Roma
com seu ducado”, “todo o exarcado de Ravena”, bem como Veneza, Córsega e
Sicília (então ocupada pelos sarracenos).
Este
vasto território, posteriormente alargado ao tamanho de um ducado, atravessa direto
a Península Itálica. Uma rápida olhada em um mapa explica por que os papas
ficarão obcecados com o medo de ver seu Patrimonium Petri tomado em um
movimento de pinça. Sua prioridade constante será impedir que qualquer soberano
reine tanto no sul quanto no norte da Itália. Portanto, antes mesmo de nos
perguntarmos por que a Europa não alcançou a unidade política, temos a resposta
de por que a Itália nunca alcançou sua própria unidade política: a unidade da
Itália foi condicionada pelo desaparecimento dos Estados Pontifícios, e a prova
disso é que ambos aconteceriam simultaneamente em 1859.
Considerando
que todos os privilégios papais listados acima remontam à Doação de
Constantino, não é exagero dizer que a história europeia foi, em grande parte,
moldada – e condenada – por essa única falsificação papal. O padre italiano
Arnaldo de Bréscia (1090-1155) viu nela a mão do Anticristo (ele pagou pela blasfêmia
com sua vida). Um de seus contemporâneos, de nome Wetzel, escreveu ao imperador
Frederico Barbarossa que é do conhecimento de todos em Roma que a Doação é “uma
mentira e uma lenda herética”.22 Ainda,
do século 8 ao século 15, quando a falsificação foi exposta de maneira erudita,
a política imperial do papado baseou-se inteiramente nessa gigantesca mentira.
A Dinastia Otoniana e o
Início Promissor do Império
O
Império Carolíngio durou apenas cerca de quarenta anos, até que, nos é dito,
foi dividido entre os netos de Carlos Magno de uma forma que desafia a lógica
(Tratado de Verdun, 843), e novamente na geração seguinte (Tratado de Prüm,
855).23 Portanto, não vamos nos fixar mais nos
carolíngios, e vamos nos voltar para os Otonianos, os verdadeiros fundadores
do que viria a ser chamado de Sacro Império Romano.
Otão,
o Grande, é filho de Henrique, o Fowler, duque da Saxônia, que em 911 foi
eleito rei por uma coalizão de príncipes que desejava unir seus cinco ducados
(Lorena, Saxônia, Francônia, Suábia, Baviera) contra os ataques dos
dinamarqueses, eslavos e húngaros. O nome “alemão” tendo pouco uso na época, ele
foi designado “Rei dos Romanos”, testemunho do duradouro prestígio da
civilização romana, identificada com a cristandade.
Otão
I, por sua vez, foi eleito rei dos romanos em 936 e acrescentou a esse título o
de rei da Itália por meio de seu casamento com a viúva do rei anterior e uma
guerra de conquista. Sua vitória sobre os húngaros em 955 fez dele o salvador
da cristandade ocidental. Em agradecimento por sua proteção, o Papa João XII o
coroou “Imperador dos Romanos” em Roma em 962. Portanto, foi a salvaguarda de Otão
das fronteiras orientais da cristandade, por um lado, e a união da Alemanha e
da Itália, por outro lado, que constituíram o ponto de partida do Império. Mas
a unidade real da Alemanha e da Itália sempre foi dificultada pela barreira dos
Alpes entre eles e por suas diferentes tradições políticas, sendo a Alemanha
ainda uma confederação perdida de ducados feudais, enquanto a Itália era mais
uma constelação de cidades-estados. Os imperadores, residentes na Alemanha,
teriam a maior dificuldade em conquistar e manter a lealdade das ricas cidades
italianas, cujas tendências separatistas os papas explorariam.
O
filho e neto de Otão I, Otão II e Otão III, foram por sua vez eleitos reis dos
romanos e depois coroados imperadores, respectivamente em 973 e 996. Os
otonianos estabeleceram assim a tradição de acordo a qual os príncipes alemães
elegem seu rei, que por direito se torna o candidato ao título de imperador até
sua coroação pelo papa. Em geral, o rei reinante obtém, durante seu tempo de
vida, o acordo dos príncipes para a eleição de seu filho, mas a realeza
germânica permanece eletiva em princípio.
Enquanto
reivindicavam o imperium para o Ocidente, os Otãonianos reconheceram os
imperadores orientais da dinastia macedônia. Otão I negociou o casamento de seu
filho Otão II com a princesa Teofânia, sobrinha do imperador bizantino John
Tzimisces. Otão III, o filho nascido desta união, cresceu sob a influência de
sua mãe e de sua corte bizantina. Ele próprio obteve a mão de uma sobrinha do
imperador Basílio II, mas quando ela desembarcou em Bari em 1002, foi para
saber que Otão III havia morrido. Ele tinha apenas 21 anos.
A
política externa dos otãonianos foi modelada de acordo com o conceito de
Oikoumene de Constantinopla. Eles favoreceram o surgimento de reinos cristãos
autônomos sob sua tutela, tornando-se o imperador padrinho dos reis que ele
autorizou a usar a coroa. No Oriente, os otãonianos empreenderam a
cristianização dos eslavos além do Oder (Polônia e Boêmia) e dos húngaros. A
Boêmia (capital Pragas) acabou se tornando parte integrante do Império,
enquanto a Polônia acabaria se afastando do Império, mas permaneceria atracada
à Igreja Latina. Na Hungria, sob Otão II, o rei Géza teve seu filho batizado
como Estêvão, e Otão III concedeu-lhe a coroa real.
No
Ocidente, os Otãonianos assumiram o controle da Lotaríngia (a futura Lorena,
incluindo a Alsácia). Otão I a confiou a seu irmão Bruno, também arcebispo de
Colônia. Ele casou sua irmã Edviges com o duque dos francos Hugo, o Grande, pai
de Hugo Capeto, que foi educado por Bruno. O arcebispo Adalbero de Reims,
também membro da família otoniana, e Gerbert d'Aurillac, tutor e amigo de Otão
III, fizeram com que Hugo Capeto fosse coroado rei dos francos em 987.24 Assim, a dinastia real capetiana
nasceu à sombra do Império, como parte do que se chamava na época “a ordem otoniana”.
Em
seu relacionamento com a Igreja, os imperadores otonianos procuraram
reproduzir a symphonia bizantina entre o Basileus e o patriarca
de Constantinopla. Pelo privilégio otãoniano, o papa, uma vez eleito, tinha de
assumir um juramento de lealdade ao imperador. Em 963, Otão I cruzou os Alpes
para depor o Papa João XII e nomear Leão VIII em seu lugar. Ele requiriu que o
povo de Roma jurasse que “não elegeriam ou ordenariam nenhum papa, exceto com o
consentimento de Lorde Otão ou de seu filho”.25
Otão III fez papa seu primo Bruno (Gregório
V), que o coroou imperador em 996. Com a morte de Gregório V, ele colocou seu
tutor e amigo Gerbert d'Aurillac, que assumiu o nome de Papa Silvestre II –
apontando assim para Otão III como um novo Constantino. O direito do imperador
de nomear o papa ou depor um papa indigno era considerado parte de sua
atribuição, como protetor da Igreja — como era o caso no Império do Oriente.
A
Alemanha tinha uma Igreja nacional, confiada a alguns arcebispos e cerca de
quarenta bispos, largamente independente de Roma. Os arcebispos também eram os chanceleres do
Império, e os bispos formavam a espinha dorsal da administração imperial,
contrabalançando o poder dos duques. “O bispado tendia assim a tornar-se um
feudo, especialmente desde que, além dos poderes espirituais, o bispo tinha uma
base temporal composta por terras e rendas diversas.”26 Portanto, não era incomum que os
bispos fossem escolhidos entre os membros da família real. Conforme já mencionado, um irmão de Otão I,
Bruno da Saxônia, foi arcebispo de Colônia, e um de seus filhos bastardos,
Guilherme, foi arcebispo de Mainz.
Em
conclusão, os Otãos lançaram as bases para uma estrutura imperial sustentável a
qual foi respeitada pela maioria dos príncipes da Europa. Embora eles competissem
com o Império Bizantino em algumas questões territoriais, havia uma sensação de
que haviam restaurado a unidade bipartida do Império Romano, sinônimo de
cristandade. Antes da morte prematura de Otão III, havia tido planos para os
dois impérios unirem forças contra os sarracenos que ocupavam o sul da Itália e
a Sicília. Otão III teria então feito de Roma sua capital.
Os
Otãos procuravam e seguiam as tradições bizantinas. Como protetores da Igreja –
ainda entendida como a comunidade dos cristãos – eles também eram responsáveis
por evitar que o papado caísse sob interesses facciosos. Contudo, a Doação de
Constantino foi o verme na fruta. A reivindicação do papa de propriedade
exclusiva sobre Roma e um vasto principado ao seu redor iria, em última
instância, estabelece-lo como um rival do imperador. A cabeça religiosa logo
começaria a morder a cabeça temporal.
A Dinastia Saliana e a
Controvérsia da Investidura
Tendo
Otão III morrido sem filhos, a coroa foi confiada ao neto do irmão de Otão I,
Henrique II (1002-1024). Então o ramo masculino da casa da Saxônia morreu e os
príncipes alemães elegeram Conrado da Francônia, fundador da dinastia Saliana. Em
dez anos de reinado, Conrado II ampliou o domínio do Império, garantindo o
Reino da Borgonha, o qual tinha absorvido o Reino de Arles. Ele usava, assim,
as três coroas da Alemanha, Itália e Borgonha, uma tríade que formava a base de
um edifício político do qual o Império era a coroa de glória. Conrado II foi
sucedido por seu filho Henrique III (1039-1056).
O
“sistema da Igreja Imperial” estava então firmemente estabelecido. Contudo
controle dos imperadores sobre o papado sempre foi precário, pois o poder e as
propriedades do papa eram cobiçados por famílias aristocráticas italianas. Entre
1012 e 1045, os condes de Tusculum monopolizaram a sé de São Pedro. Em 1046,
Henrique III depôs três papas rivais e nomeou o bispo de Bamberg (Clemente II)
em seu lugar. Com a morte deste último, dez meses depois, ele nomeou o bispo de
Toul, Bruno von Egisheim-Dagsburg, que assumiu o nome de Leão IX. O
envolvimento do imperador na nomeação do papa não suscitou protestos, nem da
Igreja nem do povo; estava de acordo com a tradição de Carlos Magno e Otão III.27 Leão IX é, na verdade, um bom exemplo
de papa nomeado pelo imperador, que é altamente considerado pelos historiadores
clericais. Thomas Tout escreve sobre ele:
A despeito de seu nascimento nobre, Bruno há muito se voltou da política para o serviço da Igreja e se tornou um fervoroso discípulo da escola de Cluny. Arcebispo de Toul, governou sua diocese com admirável cuidado e prudência… Nos curtos cinco anos de seu pontificado, ele se lançou de todo o coração a uma política de reforma. … a característica especial de seu pontificado foram suas constantes viagens por toda a Itália, França e Alemanha. Durante essas viagens, Leão foi incansável em realizar sínodos, assistir a cerimônias eclesiásticas, consagrar igrejas, na translação das relíquias dos mártires. Sua energia ubíqua fez com que os principais países da Europa percebessem que o papado não era uma mera abstração e promoveu amplamente a centralização de todo o sistema da Igreja sob a direção do papa.28
Leão
IX queria proibir a prática da “simonia”, a venda de ofícios da Igreja,
considerada uma forma de corrupção. Henrique III apoiou a reforma de Leão IX.
Mas Leão IX cercou-se de reformadores mais radicais, como Hildebrand ou Humbert
de Moyenmoutier, que, em seu Adversus Simoniacos escrito em 1057, deu o
passo radical de assimilar a investidura leiga à simonia.
A
morte de Henrique III em 1056 deixou como herdeiro um filho de cinco anos, já
eleito rei dos romanos em 1054 mas colocado sob a regência de sua mãe. O papado
tomou vantagem da menoridade de Henrique IV para cortar seus laços de
dependência do poder temporal. O partido reformista teve seu candidato Etienne
IX nomeado sem acordo imperial, e seu sucessor, Nicolau II, estabeleceu novas
regras para a eleição do papa: os sete cardeais (bispos de Roma) deveriam
escolher o novo candidato e depois consegui-lo aceito pelo resto do clero
romano. Na prática, isso tendia a reforçar o controle das famílias
aristocráticas de Roma, como os Colonnas e os Orsinis (de quem viria Bonifácio
VIII).
Em
1073, foi Hildebrando quem, depois de trabalhar nas sombras de outros papas, assumiu
o poder com o nome de Gregório VII. O decreto que promulgou em 1075, proibindo
qualquer leigo de nomear um bispo ou um abade, marca o começo da Controvérsia
da Investidura: “Se um imperador, um rei, um duque, um conde ou qualquer outro
leigo presumir dar investidura de qualquer dignidade eclesiástica, que seja
excomungado.”29
Henrique
IV, então com 26 anos, não levou a sério, mas quando interveio na eleição do
arcebispo de Milão, Gregório VII lembrou-lhe que suas ordens eram tão vinculativas
quanto as de Deus. Henrique IV resplicou com uma carta brutal, chamando o
“irmão Hildebrand” de “falso monge”, fornicador e semeador de discórdia. Ele
teve o apoio do episcopado alemão, que se reuniu em Worms em 24 de janeiro de
1076 e declarou Gregório VII um usurpador.
Gregório
VII então empregou a arma mágica que forjou para si mesmo: declarou Henrique IV
excomungado e deposto, pois, diz ele, “eu tenho recebido de Deus o poder de vincular
e desvincular no céu e na terra”.30 No
clima de instabilidade política do Império, vários senhores alemães ameaçaram
eleger um novo rei. Numa tentativa desesperada de evitar isso, Henrique IV
atravessou os Alpes em pleno inverno e implorou, como penitente, o perdão de
Gregório VII, que o deixou esperar três dias e três noites, descalço, na neve,
diante de o castelo de Canossa. Isto é, pelo menos, como esse episódio é
contado pelos cronistas favoráveis ao papa, que o usaram para demonstrar como o
papa pode esmagar um rei alemão e depois resgatá-lo de seu rebaixamento pela
graça.
Henrique
IV obteve o levantamento da excomunhão, mas a trégua durou pouco. Em março de
1080, o Papa excomungou Henrique novamente e aprovou o rei eleito pelos
rebeldes príncipes alemães, Rodolfo, Duque da Suábia. Com a morte de Rudolf, o
papa pediu aos príncipes que encontrassem “um rei adequado para a honra da
santa igreja” e que fizessem o seguinte voto ao legado papal:
A partir desta hora em diante serei vassalo de boa-fé do bem-aventurado apóstolo Pedro e do seu vigário que agora vive na carne, o Papa Gregório; e tudo o que o papa me recomendar com as palavras ‘em verdadeira obediência’, cumprirei fielmente, como um cristão deve (…) Devo, com a ajuda de Cristo, prestar a Deus e a São Pedro todas as honras e serviços devidos; e no dia em que chegar pela primeira vez à presença do papa, tornar-me-ei cavaleiro de São Pedro e dele por um ato de homenagem.31
Isso
foi demais para os príncipes alemães, que agora davam pleno suporte a Henrique
IV. Os arcebispos e bispos alemães depuseram oficialmente Gregório VII e
elegeram como novo papa Wiberto de Parma, o bispo de Ravena, que assumiu o nome
de Clemente III. Quando Henrique IV marchou sobre Roma, Gregório pediu ajuda
aos normandos, que o libertaram, mas saquearam Roma e a incendiaram. Em março
de 1084, Henrique IV era o senhor da cidade e finalmente foi coroado imperador
por Clemente III. Gregório VII morreu isolado em Salerno em maio de 1085.
O
partido gregoriano, no entanto, permaneceu forte e a luta recomeçou quando o
francês Eudes de Chatillon, ex-prior de Cluny, foi eleito papa com o nome de
Urbano II, com as mesmas ideias e a mesma energia de Gregório VII. Urbano II
confirmou a excomunhão de Henrique IV e determinou dirigi-lo para fora da
Itália.
O conflito continuou sob o filho de Henrique IV, Henrique V, que também foi excomungado. Foi temporariamente resolvido pela Concordata de Worms assinada em 23 de setembro de 1122. O imperador renunciou a qualquer direito de nomear um bispo, enquanto o papa reconheceu que os prelados eram vassalos do imperador em relação aos seus domínios, e concedeu-lhe o direito de estar presente ou representado nas suas eleições, e de intervir em caso de discórdia. Em seu livro On the Medieval Origins of the Modern State, Joseph Strayer vê a vitória do papado como o ponto de virada no destino da Europa:
Ao afirmar seu caráter único, a Igreja involuntariamente afiou conceitos sobre a natureza da autoridade secular. … Quando a Igreja e o Império cooperavam estreitamente, como haviam feito sob Carlos Magno e os Otãos, a supremacia imperial podia ser admitida, pelo menos em teoria; mas o Conflito das Investiduras enfraqueceu o Império mais do que qualquer outra organização política secular. Outros governantes estabeleceram suas disputas com os reformadores de forma independente e em melhores condições do que o imperador. (…) Cada reino ou principado tinha de ser tratado como uma entidade separada; as bases para um sistema multiestatal tinham sido lançadas.32
Na
verdade, a Concordata de Worms não foi de forma alguma um golpe mortal para o
Império. Mas a controvérsia da investidura foi apenas uma batalha em uma guerra
muito maior pelo poder político supremo na Europa. A questão, explícita no
programático Dictatus Papae de Gregório VII, era a vontade do papa de
dominar o imperador. O que chamamos de Reforma Gregoriana, devido ao nome de
Gregório VII, foi mais do que uma reforma da Igreja; foi um golpe de estado
liderado por uma conspiração monástica ao longo de dois séculos para fazer do
papa o “verdadeiro imperador”.
A Monarquia Papal
A
ambição teocrática do papa baseava-se em uma doutrina hoje conhecida como
agostinianismo político, extraída da obra do mais influente padre latino. O
agostinianismo tende a absorver a ordem natural na ordem religiosa. Ela desafia
o entendimento clássico de que, desde que Deus criou o homem como ser social,
sempre existiu uma “lei natural do Estado” muito antes da existência da Igreja33. Os primeiros cristãos emperraram neste
princípio, confiando nas palavras de Cristo e de Paulo.34 A Igreja Oriental nunca a contestou,
pela simples razão de que nem o Imperador Constantino nem seus sucessores, que
fizeram do Cristianismo a religião do Império, derivaram seu poder da Igreja.
Os
reformadores gregorianos insistiam, por outro lado, que os imperadores, bem como
todos os soberanos mundanos, não podiam receber sua autoridade diretamente de
Deus, mas somente por meio da Igreja. Esses reformadores eram principalmente
monges, que viam seu estilo de vida sobrenatural como superior ao mundo
secular. O projeto deles, escreve Robert Moore, era “dividir o mundo, tanto as
pessoas quanto as propriedades, em dois reinos distintos e autônomos, não
geograficamente, mas socialmente”.35
“A Igreja” era agora entendida como uma sociedade de elite separada, excluindo os
cristãos comuns. Mas desse primeiro passo seguiu-se um segundo, que era colocar
“a Igreja” acima do resto do mundo cristão, fazê-la um estado acima de
todos os estados. Humberto de Moyenmoutier escreveu em 1057: “assim como a alma
supera o corpo e o comanda, também a dignidade sacerdotal supera a real ou,
podemos dizer, a dignidade celestial sobre a terrena”.36
Pior,
Gregório VII declarou que a realeza não deriva de Deus, mas do diabo:
“Quem não sabe que reis e duques são descendentes daqueles que, por desconsideração a Deus, por arrogância, pilhagem, traição, assassinato, enfim por quase todos os crimes, instigados decisivamente pelo príncipe deste mundo, o diabo, se esforçaram para dominar seus iguais... em ganância cega e presunção intolerável.”37
É
por isso que Gregório VII afirmou ter recebido de Cristo o poder de São Pedro
“para retirar e conceder a quem quer que seja, de acordo com seus méritos,
impérios, reinos, principados, ducados, marcas, condados e propriedades de
todos os homens”.38
Há
um paradoxo, para não dizer uma flagrante hipocrisia, na reivindicação do
papado de estar acima do mundo. Pois o papado tinha seu próprio reino mundano,
os Estados papais. Os papas, portanto,
jogaram o mesmo jogo geopolítico dos reis, apenas com regras diferentes e com
uma arma única com a qual nenhum outro governante poderia competir. Nós vimos
que seu primeiro objetivo era proteger seu estado papal controlando o norte e o
sul da Itália e garantindo que nunca caíssem nas mesmas mãos. Mas isso não foi
o suficiente. Eles desenvolveram uma estratégia de transformar tantos reinos
quanto possível em feudos vassalos da Santa Sé, com obrigações feudais e o
pagamento de um censo anual em prata ou ouro.
Teve
início em 1059 sob o papa Nicolau II (por instigação de Hildebrand), com o
Tratado de Melfi investindo o normando Roberto Guiscardo como duque da Apúlia e
da Calábria (sul da Itália) e, se conseguisse conquistá-la, conde da Sicília
como vassalo do papa. “Assim foi consumada a famosa aliança entre os normandos
e o papado, que ao unir o mais forte poder militar da Itália à política papal,
permitiu à Santa Sé manejar o temporal com quase tanto efeito quanto a espada
espiritual. Assim, o papado assumiu uma suserania feudal sobre o sul da Itália
que durou além da Idade Média.”39
Em
1073, Landolfo VI, príncipe de Benevento (sul da Itália), reconheceu-se vassalo
de Gregório VII, e o principado passou para o domínio direto da Santa Sé com
sua morte. A condessa Matilda, uma forte defensora de Gregório VII (o castelo
de Canossa era sua residência principal), também cedeu a Toscana como feudo da
Santa Sé.
Gregório
VII estendeu suas ambições senhoriais além da Itália. Ele costumava jogar com o
duplo significado de fidelitas, como “fé” religiosa e “fidelidade”
feudal, para reivindicar a suserania da Santa Sé sobre todos os príncipes
cristãos. Cinco príncipes espanhóis aceitaram tornar-se seus vassalos.40
O
tipo de extorsão que Gregório VII usou para submeter alguns príncipes à
vassalagem é melhor ilustrado por esta carta ameaçadora de 1080 ao príncipe
sardo Orzocor:
Nós não queremos esconder de você o fato de que seu país foi procurado por muitos povos: prometeram-nos grandes tributos se permitíssemos que ele fosse invadido; de modo que eles desejam deixar metade de toda a terra para nosso próprio uso e manter a outra metade em fidelidade a nós. Embora isso tenha sido repetidamente exigido de nós – não apenas por normandos, toscanos e lombardos, mas também por certas pessoas de além dos Alpes – nós determinamos nunca dar nosso consentimento a ninguém neste assunto, até que tenhamos enviado nosso legado a você e descoberto sua opinião... Se você perseverar em sua fidelidade a São Pedro, prometemos que, sem dúvida, sua ajuda não falhará agora ou no futuro.41
Em
outro exemplo, Gregory propôs ao rei Sueno II Estridsen da Dinamarca invadir
“uma certa província muito rica à beira-mar, a qual é mantida por hereges vis e
ignóbeis, e nós desejamos que um de seus filhos seja feito duque, príncipe e
defensor do cristianismo naquela província”, fornecido que o príncipe viking
aceite mantê-la como feudo do papa.42
Gregório
pediu a Guilherme, o Conquistador, que “cumprisse fidelidade” a ele,
lembrando-lhe “quão eficaz me mostrei em seus negócios e com quanto esforço
trabalhei para que você pudesse alcançar a dignidade da realeza”. Ele reclamou
que sua reputação havia sofrido com seu apoio: “Foi por isso que fui
estigmatizado com infâmia por alguns dos irmãos, que reclamaram que, ao
conceder tal favor, eu havia dedicado minhas energias a perpetrar tantos
assassinatos”. De fato, o polemista anti-gregoriano Wenrich de Trier satirizou
a política papal em uma carta de 1081: “Não faltam homens que tomaram reinos
pela violência tirânica, cujos caminhos para o trono passam pelo sangue, que
colocaram um diadema sangrento em suas cabeças. Todos esses são chamados de
amigos do senhor papa; todos são honrados por suas bênçãos e saudados por ele
como príncipes vitoriosos.”43
A
política de Gregório VII foi realizada por seus sucessores. Após a crise acionada
pelo assassinato do arcebispo Thomas Becket (1170), Henrique II Plantageneta
foi forçado a revogar as Constituições de Clarendon, que colocaram os clérigos
sob jurisdição real, e a declarar por carta ao Papa Alexandre III: “O Reino da
Inglaterra está sob sua jurisdição; não reconheço, na lei feudal, qualquer
outro suserano que você.”44
Em 1139, Afonso I de Portugal reconheceu-se como vassalo
do pontífice romano e prestou-lhe tributo. Quando seu filho Sancho deixou de
pagar, Inocêncio III o ameaçou de excomunhão. Pedro de Aragão foi a Roma em
1204 e entregou sua coroa a Inocêncio III, para recebê-la em retorno de sua
mão, declarando Aragão feudo do papa. Após a morte de Pedro, Inocêncio III
assumiu a tutela de seu filho, nomeou seus próprios conselheiros e constituiu o
governo do rei menor.45
“Durante seus dezoito anos como papa”, escreve Malcolm Barber, “Inocência fez e
desfez governantes; presidiu, em um momento ou outro, como estados vassalos, os
reinos da Sicília, Península Ibérica e Inglaterra, bem como possivelmente a
Hungria, Polônia e Bulgária.”46 Esta é uma política imperial com qualquer
outro nome.
Foi
também prerrogativa do imperador que os papas se apoderaram quando levantaram
exércitos de “cruzados” em todos os reinos, ducados e condados da Europa,
novamente usando seu poder mágico para decidir a salvação ou danação dos
homens: senhores condenados ao inferno por crimes de sangue obterão sua
passagem para o céu derramando o sangue dos infiéis ou dos hereges. A Primeira
Cruzada foi pregada por Urbano II no Concílio de Clermont em 27 de novembro de
1095. O eco extraordinário de seu
sermão, lançando milhares de cavaleiros e multidões de pessoas comuns nas
estradas, deve ter parecido ao próprio papa a manifestação extremamente brilhante
do poder que Deus lhe dera para reinar sobre a Europa. Enquanto pregava a
cruzada, Urbano II confirmou a excomunhão de Henrique IV e excomungou o rei da
França Filipe I por ter repudiado sua esposa e tomado a de outro. Thomas Tout
aponta:
Nada mostra mais claramente a força e a natureza do poder papal do que o fato de que esse maior dos resultados da monarquia universal da Igreja deveria ter sido trazido em uma época em que todos os principais reis da Europa eram inimigos declarados do papado. Henrique IV era um velho inimigo, Filipe da França tinha sido atacado deliberadamente e Guilherme Rufus da Inglaterra era indiferente ou hostil. Mas no século XI o poder até mesmo dos reis mais fortes contava muito pouco. O que fez o sucesso do empreendimento de Urbano foi o apelo ao enxame de pequenos chefes feudais, que realmente governavam a Europa, e ao entusiasmo duramente feroz e indisciplinado das pessoas comuns, com quem força final da Igreja realmente dispunha.47
Tradução e palavras entre chaves por Mykel Alexander
Continua em O Império Falido - A origem medieval da desunião europeia - parte 3 - por Laurent Guyénot
16 Nota de Laurent Guyénot: Henri Pirenne, Mahomet et Charlemagne, 1937, Texto Tallandier, 2021, página 23.
17 Nota de Laurent Guyénot: Henri Pirenne, Mahomet et Charlemagne, 1937, Texto Tallandier, 2021, páginas 71-72.
18 Nota de Laurent Guyénot: Henri Pirenne, Mahomet et Charlemagne, 1937, Texto Tallandier, 2021, página 19.
19 Nota de Laurent Guyénot: Henri Pirenne, Mahomet et Charlemagne, 1937, Texto Tallandier, 2021, página 162.
20 Nota de Laurent Guyénot: Henri Pirenne, Mahomet et Charlemagne, 1937, Texto Tallandier, 2021, páginas 112-113.
*3
Fonte utilizada por Laurent Guyénot: Medieval Sourcebook: The Donation of
Constantine (c.750-800).
21 Nota de Laurent Guyénot: Uma nota relatando a promessa feita por Pepino, o Breve ao Papa Estêvão II de restituir-lhe as terras tomadas à Igreja Romana (conhecida como Fragmentum Fantuzzanum, a partir do nome de Fantuzzi que a publicou no seu Monumenti Ravennati), é preservado somente num manuscrito do final do século XV ou início do século XVI.
22 Nota de Laurent Guyénot: Marcel Pacaut, La Théocratie. L’Église et le pouvoir au Moyen Âge, Aubier , 1957, página 117.
23 Nota de Laurent Guyénot: Para ser honesto, duvido que essas partições teóricas tenham muito valor histórico.
24 Nota de Laurent Guyénot: T. F. Tout, The Empire and the Papacy (918-1273), quarta edição, Rivingtons, Londres, 1903, página 74.
25 Nota de Laurent Guyénot: Francis Rapp, Le Saint Empire romain germanique, d’Otãon le Grand à Charles Quint, Seuil, 2003, páginas 56.
26 Nota de Laurent Guyénot: Henry
Bogdan, Histoire de l’Allemagne, Perrin, 1999, Tempus Perrin, 2003,
página 66.
27 Nota de Laurent Guyénot: Marcel Pacaut, La Théocratie. L’Église et le pouvoir au Moyen Âge, Aubier, 1957, página 66.
28 Nota de Laurent Guyénot: T. F.
Tout, The Empire and the Papacy (918-1273), quarta edição,
Rivingtons, Londres, 1903, páginas 101-102.
29 Nota de Laurent Guyénot: T. F. Tout, The Empire and the Papacy (918-1273), quarta edição, Rivingtons, Londres, 1903, página 127.
30 Nota de Laurent Guyénot: T. F. Tout, The Empire and the Papacy (918-1273), quarta edição, Rivingtons, Londres, 1903, página 129.
31 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 411.
32 Nota de Laurent Guyénot: Joseph Reese Strayer, On the Medieval Origins of the Modern State, Princeton UP, 1973, páginas 22-23.
33 Nota de Laurent Guyénot: Henri-Xavier Arquillière, L’Augustinisme politique, essai sur la formation des théories politiques au Moyen Age, J. Vrin, 1972, página 37.
34 Nota de Laurent Guyénot: “O que é de César, dai a César; o que é de Deus, a Deus.” (Marcos, 12:17); “Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram estabelecidas por Deus.” (Romanos, 13:01).
35 Nota de Laurent Guyénot: Robert I. Moore, The First European Revolution, c. 970-1215, Basil Blackwell, página 11.
36 Nota de Laurent Guyénot: Malcolm Barber, The Two Cities: Medieval Europe 1050-1320, Routledge , 1992, página 88.
37 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 399.
38 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 296.
39 Nota de Laurent Guyénot: T. F. Tout, The Empire and the Papacy (918-1273), quarta edição, Rivingtons, Londres, 1903, página 115.
40 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 303.
41 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 310.
42 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 317.
43 Nota de Laurent Guyénot: I. S. Robinson, The Papacy, 1073-1198: Continuity and Innovation, Cambridge UP, 1990, página 314.
44 Nota de Laurent Guyénot: Achille Luchaire, Innocent III. Les Royautés vassales du Saint-Siège, Hachette, 1908, reprint Collection XIX, BNF-Partenaires, página 99.
45 Nota de Laurent Guyénot: Achille Luchaire, Innocent III. Les Royautés vassales du Saint-Siège, Hachette, 1908, reprint Collection XIX, BNF-Partenaires, páginas 6-94.
46 Nota de Laurent Guyénot: Malcolm Barber, The Two Cities: Medieval Europe 1050-1320, Routledge , 1992, página 105.
47 Nota de
Laurent Guyénot: T. F. Tout, The Empire and the Papacy (918-1273),
quarta edição, Rivingtons, Londres, 1903, página 138.
Fonte: The Failed Empire - The Medieval Origin of the European Disunion, por Laurent Guyénot, 23 de fevereiro de 2023, The Unz Review – An alternative media selection.
https://www.unz.com/article/the-failed-empire/
Sobre o autor: Laurent Guyénot (1960-) possuí mestrado em Estudos Bíblicos e trabalho em antropologia e história das religiões, tendo ainda o título de medievalista (PhD em Estudos Medievais em Paris IV-Sorbonne, 2009) e de engenheiro (Escola Nacional de Tecnologia Avançada, 1982).
Entre seus livros estão:
LE ROI SANS PROPHETE. L'enquête historique sur la relation entre Jésus et Jean-Baptiste, Exergue, 1996.
Jésus et Jean Baptiste: Enquête historique sur une rencontre légendaire, Imago Exergue, 1998.
Le livre noir de l'industrie rose – de la pornographie à la criminalité sexuelle, IMAGO, 2000.
Les avatars de la réincarnation: une histoire de la transmigration, des croyances primitives au paradigme moderne, Exergue, 2000.
Lumieres nouvelles sur la reincarnation, Exergue, 2003.
La Lance qui saigne: Métatextes et hypertextes du Conte du Graal de Chrétien de Troyes, Honoré Champion, 2010.
La mort féerique: Anthropologie du merveilleux (XIIᵉ-XVᵉ siècle), Gallimard, 2011.
JFK 11 Septembre: 50 ans de manipulations, Blanche, 2014.
Du Yahvisme au sionisme. Dieu jaloux, peuple élu, terre promise: 2500 ans de manipulations, Kontre Kulture, Kontre Kulture, 2016. Tem edição em inglês: From Yahweh to Zion: Jealous God, Chosen People, Promised Land...Clash of Civilizations, Sifting and Winnowing Books, 2018.
Petit livre de - 150 idées pour se débarrasser des cons, Le petit livre, 2019.
“Our God is Your God Too, But He Has Chosen Us”: Essays on Jewish Power, AFNIL, 2020.
Anno Domini: A Short History of the First Millennium
AD, 2023.
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Jesus o judeu - por Thomas Dalton Ph.D. {academic auctor pseudonym}
O Gancho Sagrado - O Cavalo de Tróia de Jeová na Cidade dos Gentios {os não-judeus} - por Laurent Guyénot - parte 1 (demais duas partes na sequência do próprio artigo)
O truque do diabo: desmascarando o Deus de Israel - Por Laurent Guyénot - parte 1
Sionismo, Cripto-Judaísmo e a farsa bíblica - parte 1 - por Laurent Guyénot (parte 2 na sequência do próprio artigo)
Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber
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