Boyd D. Cathey |
Parece
que a cada dia chegam notícias da Polícia Nacional Ucraniana ou do Ministério
da Informação Ucraniano sobre uma nova e cada vez mais terrivelmente repulsiva
barbárie no conflito em curso contra a Rússia. Reunidas para maior efeito sob a
rubrica de “crimes de guerra,” essas acusações não verificadas agora incluem um
suposto ataque químico na cidade de Mariupol, sitiada pelo exército russo (uma
reminiscência das acusações amplamente desmentidas[1] feitas contra o governo
apoiado pela Rússia de Bashar al- Assad na Síria alguns anos atrás). A
acusação, aparentemente, deveria levantar suspeitas, vindo do “[líder] do
regimento voluntário de Azov, Andriy Biletsky o qual disse que três pessoas em
Mariupol sofreram ‘envenenamento por produtos químicos de guerra, mas sem
consequências catastróficas’”.
O
Batalhão Azov é altamente controverso devido à sua celebração da ideologia
nazista e sua história de uso de escudos humanos, seu terror contra civis e suas
histórias fabricadas de crimes de guerra, incluindo o atentado ao Teatro
Mariupol.[2] Mas até mesmo o Wall
Street Journal tocou a história: “As autoridades ucranianas ainda estão investigando
as alegações de que forças ucranianas sofreram um ataque químico russo em
Mariupol…”.
Claro,
John Kirby, porta-voz do Pentágono, interveio: “Não podemos confirmar neste
momento e continuaremos a monitorar a situação de perto. Esses relatórios, se
verdadeiros, são profundamente preocupantes e refletem as preocupações que
tivemos sobre o potencial Rússo de usar uma variedade de agentes de controle de
distúrbios, incluindo gás lacrimogêneo misturado com agentes químicos, na
Ucrânia”. Mais ousada ainda foi a secretária de Relações Exteriores do Reino
Unido, Liz Truss, que prometeu “responsabilizar Putin e seu regime” –
assumindo, é claro, que as contas são verdadeiras.
Mas
o enredo já está formado e a imagem da propaganda é fixada na mente do público,
não importa o que eventualmente possa emergir: este é apenas o mais recente de
uma série de “crimes de guerra” cometidos a mando daquela reencarnação de Adolf
Hitler no Kremlin. Nenhuma dúvida é permitida, nenhum ponto de vista contrário
é permitido para que o dissidente não seja rotulado de “apologista de Putin” ou
“envolvido em traição” (por exemplo, os comentários de Mitt Romney sobre Tulsi
Gabbard).
Neste
conflito, o uso habilidoso de propaganda – imagens visuais, vídeo, “histórias
pessoais de horror” – é um meio muito eficaz empregado pela Ucrânia para moldar
a opinião pública, transmitida sem muito ou nenhum ceticismo por uma mídia
ocidental receptiva, muito ansiosa para cumprir a vontade de Kiev.
Ontem
ainda (11 de abril) chegou a terrível notícia de que uma estação ferroviária na
cidade de Kramatorsk, no extremo leste da Ucrânia (em grande parte habitada por
russos), foi atingida por mísseis, com dezenas de mortos e talvez centenas de
baixas. Os ucranianos imediatamente alegaram que os russos fizeram isso. Não
sei se você notou, mas até agora esse “crime de guerra” teve muito menos
destaque na mídia americana do que o suposto massacre em Bucha.#a
Eu
me perguntei por quê.
Então,
ficou claro: primeiro, os mísseis usados para destruir a estação eram mísseis
balísticos ucranianos Tochka-U (as fotos que o ministério da informação
ucraniano compartilhou com a imprensa mundial indicam claramente isso – veja a
foto acima e o artigo abaixo). Os russos não possuem e não utilizam esse tipo
de projétil. Então, fontes ucranianas cruzaram o que acredito ser uma “ponte
longe demais”: escrita em uma das carcaças dos mísseis está a inscrição: “Para
as crianças” (em cirílico).
Agora,
eu percebo que durante a guerra os militares podem fazer todo tipo de coisas
estúpidas. Mas quando o mundo inteiro e a quase unanimidade da mídia parecem
estar contra você, por que você – a Rússia – combinaria essa impressão com algo
tão idiota e contraproducente como um slogan de um míssil remanescente que
literalmente goteja – gritos de – “Crime de guerra"?
Teria
algo a ver com a última demanda por mais armamento, recursos adicionais, para
manter esta guerra em andamento? Ou, a promessa do presidente Biden[3] em uma cúpula recente com
os líderes da OTAN e da U.E. {União Europeia} (em 24 de março) de que “[nós]
responderemos se ele usar [armamento químico]... em espécie”, sem especificar
exatamente qual seria essa resposta.
Parece
que cada vez que Volodymyr Zelensky deseja um envolvimento ocidental cada vez
mais profundo, mais recursos e materiais ocidentais, um “crime de guerra”
simplesmente acontece. Coincidência ou encenação?
Eu
acredito que se pode questionar a invasão russa, mas espero entender por que
aconteceu e por que o presidente Putin e os russos acreditavam sinceramente que
não tinham outra opção real a não ser empreender a presente incursão.
Especialistas como os professores John Mearsheimer[4] e John Sakwa (por exemplo,
The Putin Paradox, 2020) e o Diretor Executivo do Conselho de Interesse
Nacional Philip Giraldi[5] descreveram com alguns
detalhes, após vinte anos de constantes ações agressivas da OTAN e dos EUA
visando Rússia, os russos estavam entre uma parede e um lugar muito difícil. O
aumento dos ataques e perseguições contra a maioria russa na região de Donbass
(14.000 mortes desde fevereiro de 2014), a real ameaça ucraniana de readquirir
e usar armas nucleares, o envolvimento intensificado dos Estados Unidos e da
OTAN tanto no terreno quanto no governo em Kiev e a possibilidade real de a
Ucrânia ingressar na OTAN – essas ações atingiram um auge nas semanas e meses
que antecederam a ação militar de 24 de fevereiro.
Eu
acho que é historicamente evidente que as potências da U.E. {União Europeia}/OTAN
realmente queriam esse conflito, pois seu maior objetivo nesse conflito
sangrento é a mudança de regime em Moscou. E para fazer isso eles têm que
sangrar a Rússia em um conflito prolongado. Assim, a infusão constante de
armamento e finanças na Ucrânia. Tal ação não se qualificaria como real – e
potencialmente perigosíssima – co-beligerância?
Eu
tenho escrito anteriormente que a preocupação de nossos líderes desse nosso
governo estabelecido não é realmente o pobre povo ucraniano devastado. Em vez
disso, seu objetivo é uma “revolução colorida” em Moscou, mesmo que custe a
vida de todos os ucranianos para atingir esse objetivo.
Há ou deveria haver dúvida e ceticismo suficientes para nos fazer parar e considerar cuidadosamente o que está ocorrendo, a quais propósitos serve e qual realmente é o objetivo.
Já
foi dito que “a primeira baixa em tempos de guerra é a verdade”. E isso não
mudou desde os antigos. E, apesar da histeria da mídia americana, continua
sendo verdade hoje.
Com esse truísmo em mente, transmito um dos melhores, um dos relatórios mais convincentes sobre o que ocorreu na estação ferroviária de Kramatorsk {continua em Mais notícias falsas: ucraniano reivindica bombardeio de estação por russos. Os “corpos” ucranianos não conseguem ficar parados - por Rodney Atkinson}.
Tradução
por Davi Ciampa Heras
Revisão
e palavras entre chaves por Mykel Alexander
[1]
Fonte utilizada por Boyd D. Cathey: Assessment of White House Intelligence
Report About Nerve Agent Attack in Khan Shaykhun, Syria, por Dr. Theodore
Postol, 13 de abril de 2017, Global Research.
[2] Fonte utilizada por Boyd D. Cathey: The Mariupol Theater Bombing - We
don't know for sure what happened to the theatre, but it wouldn’t be the first
time the Ukrainian government made false claims, por Pedro Gonzalez, 22 de
março de 2022, The American Conservative.
https://www.theamericanconservative.com/the-mariupol-theater-bombing/
#a Nota de Mykel Alexander: Ver
especialmente:
- {Retrospectiva 2022 - Guerra Ucrânia-OTAN x Rússia}
- O Massacre de Bucha na Ucrânia e a Busca da Verdade - parte 1, por Boyd D.
Cathey, 20 de dezembro de 2022, World Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/12/o-massacre-de-bucha-na-ucrania-e-busca.html
- {Retrospectiva 2022 - Guerra Ucrânia-OTAN x Rússia}
- A verdade sobre Bucha está lá fora, mas talvez inconveniente demais para ser
descoberta, por Scott Ritter, 23 de dezembro de 2022, World Traditional
Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/12/retrospectiva-2022-guerra-ucrania-otan.html
[3] Fonte utilizada por Boyd D. Cathey: Biden says U.S. would ‘respond’
to Russia if Putin uses chemical or biological weapons, por Christina Wilkie,
24 de março de 2022, CNBC.
[4] Fonte utilizada por Boyd D. Cathey: Why John Mearsheimer Blames the
U.S. for the Crisis in Ukraine, por Isaac Chotiner, 1 de março de 2022, The
New Yorker.
https://www.newyorker.com/news/q-and-a/why-john-mearsheimer-blames-the-us-for-the-crisis-in-ukraine
[5] Fonte utilizada por Boyd D. Cathey: Biden, Zelensky and the Neocons
- When you are in a hole, you can always dig deeper, por Philip Giraldi, 05 de
abril de 2022, The Unz Review – An alternative media selection.
https://www.unz.com/pgiraldi/biden-zelensky-and-the-neocons/
{traduzido ao português como: Biden,
Zelensky e os Neoconservadores - Quando você está em um buraco, você sempre
pode cavar mais fundo, por Philip Giraldi, 26 de agosto de 2022, World
Traditional Front.
https://worldtraditionalfront.blogspot.com/2022/08/biden-zelensky-e-os-neoconservadores.html
Fonte: War Crimes and Propaganda in Ukraine, por Boyd
D. Cathey, 12 de abril de 2022, The Unz Review – An alternative media
selection.
https://www.unz.com/article/war-crimes-and-propaganda-in-ukraine/
Sobre o autor: Boyd D. Cathey (1950-), americano, tem doutorado em história europeia pela Universidade Católica de Navarra, Pamplona, Espanha, onde foi Richard Weaver Fellow, e mestrado em história intelectual pela Universidade de Virgínia (como Jefferson Fellow). Foi assistente do falecido filósofo Russell Kirk e secretário estadual da Divisão de Arquivos e História da Carolina do Norte. Foi de entre 1984-1999 editor sênior do The Southern Partisan, uma publicação trimestral conservadora; entre 1989-2003 fez parte do conselho editorial do Journal of Historical Review. Foi co-editor do livro The Conservative Perspective: A View from North Carolina (1988).
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Relacionado, leia também:
{Retrospectiva 2022 – Guerra Ucrânia/OTAN x Rússia} - É possível realmente saber o que aconteceu e está acontecendo na Ucrânia? – parte 1 - por Boyd D. Cathey e demais partes por Jacques Baud (ex-funcionário da ONU e OTAN)
John Mearsheimer, Ucrânia e a política subterrânea global - por Boyd D. Cathey
Retrospectiva 2022 sobre a crise na Ucrania - por John J. Mearsheimer
Como os Estados Unidos Provocaram a Crise na Ucrânia - por Boyd d. Cathey
{Retrospectiva 2014} – Ucrânia: o fim da guerra fria que jamais aconteceu - Por Alain de Benoist
Aleksandr Solzhenitsyn, Ucrânia e os Neoconservadores - Por Boyd T. Cathey
A Guerra de Putin - por Gilad Atzmon
Crepúsculo dos Oligarcas {judeus da Rússia}? - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}
A obsessão de Putin pelo Holocausto - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}
Neoconservadores, Ucrânia, Rússia e a luta ocidental pela hegemonia global - por Kevin MacDonald
Os Neoconservadores versus a Rússia - Por Kevin MacDonald
{Retrospectiva 2014} O triunfo de Putin - O Gambito da Crimeia - Por Israel Shamir
{Retrospectiva 2014} A Revolução Marrom na Ucrânia - Por Israel Shamir
Sobre a difamação da Polônia pela judaísmo internacional ver:
Sobre a influência do judaico bolchevismo (comunismo-marxista) na Rússia ver:
Revisitando os Pogroms {alegados massacres de judeus} Russos do Século XIX, Parte 1: A Questão Judaica da Rússia - Por Andrew Joyce {academic auctor pseudonym}. Parte 1 de 3, as demais na sequência do próprio artigo.
Os destruidores - Comunismo {judaico-bolchevismo} e seus frutos - por Winston Churchill
Líderes do bolchevismo {comunismo marxista} - Por Rolf Kosiek
Wall Street & a Revolução Russa de março de 1917 – por Kerry Bolton
Wall Street e a Revolução Bolchevique de Novembro de 1917 – por Kerry Bolton
Esquecendo Trotsky (7 de novembro de 1879 - 21 de agosto de 1940) - Por Alex Kurtagić
{Retrospectiva Ucrânia - 2014} Nacionalistas, Judeus e a Crise Ucraniana: Algumas Perspectivas Históricas - Por Andrew Joyce, PhD {academic auctor pseudonym}
Nacionalismo e genocídio – A origem da fome artificial de 1932 – 1933 na Ucrânia - Por Valentyn Moroz
Sobre a questão judaica, sionismo e seus interesses globais ver:
Conversa direta sobre o sionismo - o que o nacionalismo judaico significa - Por Mark Weber
Judeus: Uma comunidade religiosa, um povo ou uma raça? por Mark Weber
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Por trás da Declaração de Balfour A penhora britânica da Grande Guerra ao Lord Rothschild - parte 1 - Por Robert John {as demais 5 partes seguem na sequência}
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